Azul. Mas não aquele azul comum que se encontra nas caixas de lápis de cor. Não, é aquele azul profundo, no qual se pode ver várias nuances que se intercalam, como em uma dança louca e não planejada. É um azul no qual se enxerga vários outros tons de azul. Azul-céu, azul-terra, azul-mar... Azul-mar... Esse azul não é um simples azul. É um azul esverdeado, azul misterioso dos quais não conseguimos desviar os olhos, aquele tipo de azul que temos medo que, quando voltarmos a olhá-lo, ele tenha se alterado por completo. Aquele que bate em ondas, às vezes simples marolinhas, e às vezes em tsunamis. Azul-oceano.

Há também aquele azul-tempestade, que quem não conhece imagina que seja apenas uma revolta passageira, mas não. É aquele azul que varre a gente, azul furioso, que nos deixa sem fôlego para contestar qualquer coisa que tenha sido dita. É azul-real, como uma safira ainda não lapidada, jóia em estado bruto, por isso mesmo pura. É azul que demanda respeito, que transpira autoridade e conta histórias de glórias e vitórias.

Existe, igualmente, o azul-inverno... Ele conta sobre campanhas perdidas, guerras desperdiçadas. Ele nos fala de tristezas que vieram muito antes do nosso nascimento (ou seria melhor dizer "descobrimento"?), aquele tipo de tristeza triste mesmo, que o tempo não apaga. É o azul-lembrança, que nos remete à morte e ao esquecimento.

E tem o azul-esperança. O tipo de azul que nunca acaba, porque a esperança é a última a desaparecer. É o azul que tentamos ver no dia a dia, o azul que nos afirma que tudo está bem, tudo vai valer à pena... Azul-futuro, o que faz com que a gente engula as lágrimas e levante do chão, apesar dos nossos joelhos estarem ralados e sangrando. É o azul que você quer ver brilhando mais do que o resto dos azuis, porque esse azul significa que ele ainda não desistiu...

– Oy, menino! Estás a me ouvir?

– Não enche o saco, Portuga...