Avatar: A Lenda de Zara - Livro 2: Terra escrita por Evangeline


Capítulo 14
Cap 13: Criaturinha Estranha




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Zara acordou com uma gargalhada melodiosa de Roen. Conseguiu reconhecer o lugar onde estava como uma casa simpática, porém abandonada. Estava deitada com a barriga para cima e cabeça apoiada em alguma coisa. Olhou para os lados, mas sua visão estava embaçada, tudo que pôde reconhecer foi uma fogueira e uma versão turva de Roen com alguma coisa no colo.

Piscou algumas vezes e a sua visão ficou nítida. A tal “coisa” no colo de Roen tratava-se de uma criaturinha que a pouco fizera cócegas no homem, causando a risada.

Zara sentou-se com dificuldade recebendo o olhar de Roen e da criaturinha.

– Zara! Que bom que acordou. – Disse Roen sorrindo parcialmente para ela.

A menina levou a mão à cabeça, demonstrando que sentia dores no local.

– Veja só o nosso pequeno herói. – Disse Roen animado, pegando a criaturinha nos braços e mostrando para Zara. A menina olhou brevemente para o animal.

A primeira vista parecia um tipo de cachorro preto, mas olhando melhor, Zaara viu que não parecia nada com um cachorro. Parecia mais um rato do tamanho de um cachorro. Tinha uma espécie de juba com suas protuberâncias no topo, que deveriam ser orelhas... ou seriam chifres?

Na ponta do rabo comprido tinham pelos maiores e um pouco mais claros que o resto do corpo. Tinha a desenvoltura elegante como a de um belo tigre. Suas patas eram como as de um felino, mas o detalhe mais belo da criatura eram seus olhos esbranquiçados e sem vida.

Zara apertou os olhos para ver melhor o animal agoniado nos braços de Roen.

– É fêmea. – Disse Zara um pouco mais interessada.

Roen soltou o animal no chão, e a pequenina criatura sem nome logo foi para perto de Zara. Parecia olhar fundo nos olhos da menina, mas Zara sabia que não, então soltou um pequeno sorriso e encostou a mão no chão com delicadeza. A criatura estremeceu e repetiu o gesto com uma das patas dianteiras, para depois subir no colo da menina e se aninhar ali.

– Vou guardar seu segredo, menina. – Sussurrou Zara. – É o nosso segredo. – Completou.

A tal criatura inominada era cega, e parecia usar a mais nova descoberta de Zara para se virar na vida. A criaturinha sentia a vibração na terra. Zara acariciou os pelos do animal com cuidado, e então começou a observar melhor os detalhes. Na cabeça dela havia o símbolo da Nação do Fogo, num tom escuro de cinza, quase imperceptível. O pelo da juba era mais macio e menos negro, assim como alguns detalhes nas costas, na cara e no comprimento do rabo do animal.

A menina franziu o cenho, curiosa.

– O que será que é? – Perguntou Roen, também curioso, olhando para o pequeno animalzinho.

– Não sei... – Sussurrou Zara. – Mas é lindo... – Disse mais para si mesma do que para Roen.

O Homem estava contente de ver Zara bem, viva, intacta e agora com algum interesse num ser vivo. Desde que conhecera a menina, ela era um tanto fria, olhando-a agora do seu ângulo, parecia apenas uma menininha que descobriu algo muito interessante.

Pelo visto, a criaturinha havia levado os dois feridos para dentro da casa abandonada. Zara conversou um pouco com Roen sobre o que havia acontecido, mas não deram muita importância ao ataque dos bandidos. A menina nunca havia entrado em estado avatar antes, e pelo que vivenciara, decidiu que evitaria entrar novamente, até aprender a controla-lo.

Quando o assunto começou a acabar, Roen arregalou os olhos para a menina.

– Zara! – Exclamou. – Eu não tinha visto, seu cabelo... – Falou deixando o final da frase no ar.

Graças o brutamontes, Zara fora obrigada a cortar uma grande parte de seu cabelo. A parte superior estava quase intacta, mas o cabelo perto da nuca estava muito curto.

A menina passou a mão pelos fios e sentiu uma estranha angústia. Era como se tivessem tirado uma tonelada de suas costas. Ela franziu o cenho e tentou puxar os fios para o alto da cabeça, para prender em seu habitual coque. Toda a parte superior do cabelo ainda estava comprida, e ficou presa com perfeição. Mas a metade inferior sequer alcançava o coque, e ficou caída na nuca da menina.

Angustiada, Zara repetiu o processo algumas vezes, mas o resultado era sempre o mesmo: Metade preso e metade solto, metade grande e metade curto. Por fim a menina desistiu. Olhou para Roen um tanto desanimada e recebeu um olhar compreensivo de volta.

– Bem, você ia me levar a algum lugar. – Lebrou Zara.

– Sim, amanhã de tarde nós vamos, é melhor descansar um pouco aqui por enquanto. – Falou Roen, levantando-se com certa dificuldade.

– Aonde você vai? – Perguntou a menina.

– Vou pegar mais lenha para a fogueira. – Respondeu Roen fazendo uma careta de dor ao colocar a mão na cabeça. Ainda sentia as dores da briga.

Estava no meio da madrugada, e a fogueira se apagava aos poucos. Mas Zara não queria deixar Roen sair dali.

– Espere, sente aqui. – Pediu a jovem Avatar apontando para o espaço a sua frente. Roen sentou-se na frente de Zara, de costas para a mesma. Logo a menina estava com as mãos cobertas por uma fina camada de água que trouxe dos dutos de escoamento.

A água em suas mãos começou a brilhar levemente, Zara sorriu nostalgicamente por lembrar-se de que era exatamente aquilo que fazia quando estava em casa, quando sequer sabia que era o avatar.

Ela começou a cuidar dos ferimentos de Roen, um por um.

– Às vezes eu esqueço que você dobra água. – Disse Roen um tanto envergonhado, sem sequer saber o porque. A menina riu um pouco.

– Eu também... – Sussurrou. Só depois percebeu a importância daquilo... Passara tanto tempo entre dobra de terra, terra, dobra de terra e amis terra que se esquecera de que seu lar era no gelo.

Por fim, Zara adormeceu acariciando a pequena criaturinha em seus braços enquanto Roen ia buscar mais lenha. Pretendia chegar em casa na semana seguinte, despedir-se de Roen e usar tudo o sabia para ir o mais rápido possível para casa. Dobra de água e de terra era o que bastava para a menina chegar ao Polo Norte.

Naquela noite, não tão longe dali, um rapaz virava-se para os lados na cama, sem conseguir adormecer. Estava deitado desde o entardecer, mas só por saber que dia era o dia seguinte, o menino não conseguia pregar os olhos.

Sua vida havia mudado muito no ano que se passava, mas as mesmas maldições o atormentavam, e os mesmos segredos ele precisava guardar de todos. Esconder a sua dobra parecia cada vez mais difícil agora que ele estava cada vez mais habilidoso. Mas era necessário.

Naquele dia ele tinha um compromisso. Já havia saído da Nação do Fogo há mais de uma semana para honrar um velho amigo da pátria.

Virou-se de barriga para cima e suspirou.

Agora que já era dia, o rapaz levantou-se e foi até a janela de sua instalação temporária, olhando para o céu colorido pelo sol. Pensava em penas uma coisa. Sua mente era invadida por acontecimentos de um ano antes, onde dobrara fogo no lugar mais espiritual que já visitara - depois do Oásis Espiritual - para a pessoa mais desconcertante com conhecera.

– Feliz Aniversário, Zara. – Sussurrou desanimado.


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Notas finais do capítulo

Futuramente vou colocar um desenho da criaturinha. '-'