Avatar: A Lenda de Zara - Livro 2: Terra escrita por Evangeline


Capítulo 12
Cap 11: A Avaliação - Parte 2




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Pela vibração da terra, sentia que ele estava perto da porta por onde a menina havia entrado. Ele era mais pesado do que os outros, e permanecia numa posição fixa. Ela ainda não entendia essa habilidade de sentir a vibração através da terra, mas um pensamento vago lhe invadiu, e uma suspeita surgiu.

Conhecia o tal dobrador de terra muito bem.

Não seria difícil vencê-lo.

Com essa nova capacidade de sentir a vibração na terra, tudo parecia estar em câmera lenta.

A escuridão total era um fator que a ajudava, tudo o que podia fazer era ouvir e sentir. O oponente levantou um dos pés, e antes que ele pudesse bater de volta no chão para começar a primeira marcação da dobra, Zara ergueu uma fina torre de terra embaixo do pé do homem, que foi jogado violentamente para o lado.

Ainda caído no chão, o oponente socou a terra, criando uma parede ao redor de seu próprio corpo. Um método de defesa muito amador. Pensou a menina.

Ele deve achar que eu estou de alguma maneira vendo ou ouvindo ele. Ele não me vê, nem me ouve. Mas o sangue está subindo para a minha cabeça, logo precisarei descer. Se ao menos eu pudesse dobrar a água... Pensava rápido a jovem Avatar.

Zara quebrou a parede que o oponente ergueu, e decidiu deixa-lo saber com quem estava lidando. A menina, com alguns gestos de mãos, transformou todo o solo da arena em sua típica areia movediça.

O homem, com um suspiro surpreso, envolveu-se num casulo desajeitado feito de areia, e lançou-se para o alto. Antes que caísse em outro lugar da areia movediça, puxou uma plataforma vinda da parede, onde ficou de pé.

Zara, já impaciente com aquele combate lento, se soltou do teto e deixou-se cair na areia. Quando estava totalmente submersa nos grãos ela transformou de volta em terra firme, e manteve-se dentro de uma saleta quadrada, no subsolo. Dali sentia muito mais facilmente seu oponente.

Ela já sabia que era Roen. Assim como o mestre estava ciente de que estava lutando com sua pupila.

O Mestre desceu de sua plataforma e começou a sua primeira marcação novamente, mas antes que pudesse terminar mais uma torre de terra o jogou para longe. Essas tentativas de Roen seguiram-se por mais seis vezes, antes de ele finalmente ser mais rápido que o novo “sexto sentido” da menina e conseguir se erguer numa torre de terra e levantar no ar enormes pedregulhos.

O homem martelava o chão com os pedregulhos enormes, confundindo os sentidos da menina no subsolo. Já não conseguia usar audição ou vibração para encontra-lo. Mas ainda podia encontra-lo de outro modo.

Mais uma vez a areia movediça serviria para a menina. Protegida pela areia, ela criou uma espécie de monstro ao redor de seu corpo. Com tentáculos enormes que rodeavam toda a arena, logo sentiu o homem através de um dos tentáculos, e puxou-o pela perna virando-o de cabeça para baixo e erguendo-o no ar. Ela transformou todo o monstro de areia em terra firme, deixando Roen de cabeça para baixo, com todos os membros presos na mais sólida terra. Num movimento rápido a menina se lançou para fora de toda aquela rocha com um pedaço afiado de terra preso entre os dedos.

Ela ergueu uma plataforma de terra até poder ficar de pé, e colocou a adaga de terra no pescoço do homem, que já arfava de susto e cansaço.

As tochas se acenderam novamente, e Zara pôde encontrar o rosto suado e muito sujo de Roen olhando-a assustado e com um sorriso impressionado no rosto. Ele estava com a roupa rasgada em vários lugares, e também com o arranhões um tanto graves.

– Avatar Zara. – Disse o Ancião chamando a atenção da menina e fazendo-a olhar melhor ao seu redor. A Arena estava destruída, assim como suas próprias roupas estavam muito sujas.

Zara, num breve movimento, fez com que todas as alterações feitas na batalha desaparecessem. Desde os pequenos buracos no teto – que passaram despercebidos por todos – até as enormes torres de terra, os pedregulhos e os buracos. Era como se não houvesse lutado.

Em seguida, a plataforma alta onde se encontrava foi levada ao chão, para misturar-se com o solo. Assim como todo o resto, o monstro de terra, agora sólida, também foi rapidamente enterrado, fazendo com que Roen caísse violentamente no chão.

– Desculpe. – Pediu Zara oferecendo a mão para o homem se levantar. Ele segurou a mão da menina com um sorriso satisfeito.

A Avaliação fora um sucesso. Por ser em completo escuro, as técnicas usadas por cada um dos dobradores são segredos apenas deles, muito embora Roen tivesse segurando-se para não encher a jovem Avatar de perguntas.

Já fazia um ano desde que Zara começara a se dedicar apenas à dobra de terra, e agora que não iria mais se preocupar tanto com o elemento não sabia o quê fazer.

“Tenho certeza que descobriu diversas coisas dentro desta arena, Avatar.” Havia dito-lhe o sábio Ancião. E ele tinha, mais uma vez, toda a razão.

Eu aprendi a sentir a vibração dos corpos no solo... Eu aprendi a dobrar terra-silenciosa... E eu dobrei terra de cabeça para baixo! Ainda não posso acreditar! A menina não conseguia se acalmar. Era a primeira vez que esteve tão animada.

– Então, Zara... – Começou Roen, que após a avaliação havia deixado de ser seu mestre. – Tem um lugar aonde quero te levar... – Continuou.

Zara lembrava-se de seu mestre ter dito algo sobre “o verdadeiro teste”. Estava hesitante quanto a isso, mas a animação de ter passado na avaliação não permitiu que o medo entrasse por suas veias.

– Mas é fora de Omashu, um pouco antes do Grande Labirinto... – Dizia Roen um tanto hesitante. – O caminho é um tanto perigoso, mas acho que nós dois damos conta. – Falou.

Os dois já estavam caminhando por Omashu, em direção à saída. Zara não negou o “desafio” de seu mestre, tinha certeza de que seria algo bom para ela, por fim.

Eles saíram de Omashu lado a lado. Ainda estava de dia, mas o entardecer chegou rápido e eles não puderam ver, ouvir, ou sentir um grupo que os seguia.


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