The Messed Kids escrita por Ramona Marchio


Capítulo 2
Capítulo 2 - A nova casa




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Acordou em outro lugar. Em sua casa dessa vez. Em seu quarto. Não sabia nem como havia chegado lá. Escutou ruídos vindos da parte debaixo da casa. Barulho de furadeira ligada, passos apressados, coisas caindo, uma mistura de sons que faziam a sua cabeça doer ainda mais. Procurou o celular, o relógio marcava 10h30 da manhã, de um domingo. Tomou um susto quando sua mãe abriu a porta de seu quarto bruscamente.

– Katherine? - resmungou a mãe - Katie, levanta! Vamos. Levanta. Nós vamos sair.

– Sair pra onde? Em pleno domingo de manhã mãe? - resmungou Katie, ainda sonolenta.

– Nós vamos embora daqui! Vai, levanta agora! - disse a mãe já se exaltando.

– Num tô entendendo...

– Cassete. Levanta da droga da cama. A gente vai embora dessa casa. Desse lugar desgraçado. Você entende a minha língua? - gritou a mãe, batendo a porta com força.

Katie guardou todas as suas roupas na sua velha mala de viagem. Ainda sem entender nada da situação. Sua mãe voltou ao quarto depois de uns minutos com duas caixas de papelão.

– Coloca suas coisas nessas caixas. Seu pai vai desmontar os móveis depois. Quando terminar, desce pra tomar café.

– Mãe me explica por favor o que tá acontecendo? - mas ela já tinha batido a porta.

**********

– Colocou tudo no carro querido? - perguntou a mãe, que já estava dentro do carro.

– Coloquei sim amor. Mas sinto que falta mais alguma coisa... - disse o pai de Katie , batendo o porta malas - Ah, sim! Katie.

– Katie, venha logo, não temos o dia todo - berrou a mãe.

Katie descia a escada e passava as mãos levemente pelo corrimão da antiga escada de madeira, olhava cada canto da casa, pois sabia que aquela podia ser a última vez que estaria lá. Por um momento lembrou das coisas boas que passara naquela casa. Aquele natal com a Tia Lucy, em que ganhara muitos presentes. A memória foi se apagando dela, foi lhe deixando como o vento passa no inverno. De repente a casa pareceu vazia. Podia jurar que vira Becky brincando na sala de estar. Rodopiando com aquele lindo vestido de festa azul e cantando Nights in White Satin do Moody Blues daquele jeito que só ela sabia cantar. Os cabelos castanhos voavam no ar, justamente com o vestido, aquele movimento que parecia ser uma dança muito bem ensaiada. Ela ria, e continuava rodopiando até cair no chão. Katie correu para segura-lá. Sentiu o ar em seus braços, fora apenas uma ilusão de sua mente.

Saiu da casa, como se nada tivesse acontecido, trancou a porta levemente, e finalmente se despediu do lugar. Um caminhão estava do lado de fora da casa, Katie deduziu que era o carreto da mobília. Entrou no carro em silêncio e entregou a chave á sua mãe. Adormeceu no banco de trás. Quando acordou estava em uma estrada longa, e o caminhão seguia o carro de seu pai.

– Mãe? Será que agora você pode me explicar o que tá acontecendo?

A mãe a ignorou. Estava distraída de mais olhando para a janela.

– Eu tô falando com você mãe.

Tornou a ignora-lá. Parecia que nem estava nesse planeta.

**********

Já era de noite, e durante esse tempo - depois que Katie acordara - ninguém havia trocado uma palavra um com o outro. Depois de uns minutos de silêncio, o pai parou o carro, em frente a uma grande casa branca, suspirou e disse:

– É, finalmente chegamos. Bem vindos a nossa nova casa.

– Ah, que legal. Grande merda! - resmungou Katie ao entrar na casa nova.

– Olha o jeito de falar Katherine.

– Ah claro pai. Como se fosse fácil não ter raiva de tudo. Becky e Nico morrem. Eu fico em coma por sei lá quanto tempo. Sou usada por um falso médico. E do nada você e a mamãe resolvem mudar de casa? E ninguém me explica porra nenhuma. Muito bom. Muito bom mesmo.

– Entra e cala a boca Katherine - berrou o pai.

– Esse é o seu problema pai. Você não tem autoridade perante ninguém. Sobre mim, sobre os seus funcionários, nem na Becky você conseguia mandar. A única coisa que você sabe fazer é mandar os outros calarem a boca. Você sempre quer ficar por cima. Você sempre quer acabar com a vida dos outros. Só você pode ser feliz. Você acha que vai apagar a morte da Becky se mudando pra uma nova cidade? Sinto muito em te falar, mas não vai. Onde é a droga do meu quarto? O animal aqui tem que se adaptar ao novo hábitat - e assim saiu do carro, batendo a porta.

– Katherine volte aqui - berrava a mãe, enquanto o pai permaneceu calado- KATHERINE!

Katie subiu as escadas correndo, e entrou na primeira porta que avistou, dando de cara com um quarto de menina já mobiliado. Se jogou na cama, e berrava, aos prantos, jogando o lençol pra fora da cama. Sua mãe entrou no quarto, mas dessa vez com movimentos leves.

– Sai daqui, por favor, me deixa sozinha mãe.

– Não, eu não vou sair. Eu lhe devo uma devida explicação.

– Tá, me explica. Eu preciso saber. Ela também era importante na minha vida.

– Eu devia ter explicado antes, eu sei. Não queria estressar você. Nesse estado do qual você está. Me desculpe.

– Eu entendo mãe.

– Bom, vamos ao que interessa. Sua irmã morreu na hora do acidente. Como você já sabe. Nós a enterramos no Cemitério Saint Louis na manhã do dia seguinte. Foi muito triste sabe. A Becky tinha muito sonhos pela frente, ela era uma garota exemplar e - a mãe fez uma pausa e olhou ao seu redor - ela ia adorar esse quarto...

– Mãe, não precisa contar mais nada se...

– Você merece uma explicação - disse enxugando as lágrimas - Daí seu pai e eu, resolvemos nos mudar, para quem saber - fez uma pausa- esquecer o ocorrido, e tentar retomar a vida aqui.

– Mas de quem é essa casa mãe?

– Da sua Tia Lucy. Ela nos deixou morar aqui. Ela tem diversas casas né? Uma a mais, uma a menos...nem faz falta para ela. Bom, eu vou arrumar as coisas com o seu pai. Vejo que se acomodou com esse quarto. Apenas descanse e arrume suas coisas.

– Eu quero ajudar... - sussurrou Katie.

– Eu vou subir as suas coisas e você arruma seu quarto. Já será de grande ajuda.

Aquela mãe sentimental, dera lugar aquela a mãe rigorosa de sempre de Katie. Ela ficou ali, sentada, esperando a mãe subir com suas coisas, observando o quarto.


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