The Messed Kids escrita por Ramona Marchio


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sonhando acordada




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Não foi um sonho.

Ela acordou totalmente dolorida em uma ala hospitalar, no meio da madrugada. Não entendia nada. Arrancou aqueles fios de seus braços, do qual pareciam que estavam injetando ácido, ao invés de coquetéis para dor. Saltou da cama, mas caiu no chão - pois estava muito fraca - soltando um gemido agudo. Quando se levantou do chão, viu sombras passarem por debaixo da porta, se agarrou as barras de apoio da cama, e se levantou. A porta se abriu subitamente.

– Vejo que a senhorita já se recuperou - disse um homem de aparência cansada, aparentava ter meia idade - Sou o Doutor Tepper, cuidei de você durante esse tempo que esteve em coma.

– Coma...Co...COMA? - ela gaguejou - Como assim Doutor ?

– Sinto em lhe informar este infortúnio Senhorita Smith. Sente-se por favor.

– Eu não quero me sentar Doutor Tepper! Que história é essa de "enquanto você estave em coma"?

– Sente-se - cedendo ao pedido, ela se sentou na beira da maca - Senhorita Smith, preciso que a senhora seja forte.

– O senhor está me assustando. Seja rápido, por favor! - ela sussurrou.

– No dia 27 de setembro de 2010, a senhorita sofreu um acidente de carro, com seu atual namorado - disse conferindo em uma prancheta, as informações - Nicolas David Klein, 19 anos, e com a sua irmã Rebecca Judy Smith, 8 anos. Nomes e idade conferem?

– Conferem mas... - olhou para os lados - como assim, acidente de carro? - sua voz fraquejou - como isso aconteceu?

– Han...vocês estavam na rodovia, próxima ao Velvet Bar, e o carro de seu namorado bateu contra um caminhão, o carro capotou quatro vezes. Sua irmã morreu na hora, e seu namorado á caminho do hospital.

– Becky e Nico, morreram? Mas... Não pode ser! O senhor está mentindo! - ela começou a gritar - Me tirem daqui! Mentiroso! Onde está Nico e Becky? Me responda! - e começou a agarrar o jaleco do Doutor Tepper - BECKY! NICO! - continuou gritando, enquanto puxava seus cabelos e chorava descontrolada - Me responda! - e continuou a puxar o colarinho do Doutor com força.

– Senhorita Smith largue meu jaleco, por gentileza! Senhorita Smith, por gentileza, largue o meu jale... - ela o encarava, com raiva no olhar - Enfermeira Jessica? Enfermeira Jessica? - tirou seus óculos e colocou dentro do bolso - Enfermeira Jessica - gritou - Enfermeira... - uma moça adentrou a sala - Até que enfim! Por favor, dê sedativos a essa paciente descontrolada.

Enquanto o Doutor Tepper segurava Katie, que continuava a se debater, a enfermeira preparava uma seringa com um líquido transparente, que logo foi injetado no braço de Katie.

– Logo fará efeito Doutor Tepper. Com licença. Se precisar, estarei na recepção da ala três.

– Obrigada Jessica. Pode ir. - a enfermeira se retirou - Eu te disse, Senhorita Smith, eu te disse que seria difícil. Tente manter a calma.

Katie soluçava, sentia seus músculos se contorcerem, não conseguia se mexer. Fechou os olhos. Adormeceu rapidamente. Sonhara com os olhos cor de âmbar de Nico, lhe observando pela janela do quarto, fora um sonho tão real. Ele abrira a porta. Deixara uma carta em cima do criado mudo. Dera um beijo em sua testa. E abandonara o quarto. Com atos bem calculados. Acordou com o sol batendo em seu rosto, e com todos aqueles fios introduzidos novamente em seus braços.

A carta estava no criado mudo.

Não foi um sonho.

**********

"Querida Katherine,

Eu já sentia que deveria partir, muito antes deste acidente ocorrer. O acontecido só me influenciou a fugir, pois eu estava precisando de uma escapatória disso tudo. Estou indo embora pois estou cansado de esconder o nosso namoro dos seus pais. De ter que praticamente sequestrar você pra poder sair com você por apenas meia hora. E de ir na sua casa e fingir que sou mais um amigo teu, para que seus pais não desconfiem de nada, mesmo sabendo que eles tem uma certa ideia de que namoramos do mesmo jeito. Creio que você é muito nova ainda pra entender certas coisas da vida, como a minha atitude banal, de deixar tudo para trás por medo do que as pessoas possam pensar sobre nós. Principalmente seus pais.

Não pense que estou te deixando porquê não gosto mais de você. Estou fazendo isso pois sou covarde de mais para ser teu. Você merece uma pessoa melhor do que um mero rapaz pobre, que não tem nada a lhe oferecer, se não o amor que tem. E ninguém vive só de amor Katie. Infelizmente.

Sei que sou como uma tarde monótoma de inverno, inexpressável com aquilo que faz. E fugaz com aquilo que deseja. Por isso, lhe deixo explicado em palavras o meu eterno arrependimento de ter feito tal coisa contigo. Pois creio que não conseguiria dizer isso pessoalmente. Sei que o que estou fazendo, é pura tolice e um ato de infantilidade, mas os dilemas que estávamos enfrentando eram de mais para mim. E se eles continuassem a acontecer, eu realmente não sei o que eu faria. Não seria capaz de dar conta. Já não bastava os problemas que eu tinha que enfrentar na minha própria casa. Mesmo amando você, não dá mais para viver disso Katie. Eu simplesmente não vou mais lutar nesta guerra. Me assumo como um covarde. Vou começar uma vida nova, com outra perspectiva. Eu vou ficar bem. Espero que também fique. Este é o meu adeus. Sempre me lembrarei de você como uma criança, garota. Sinto muito.

Nicolas D. Klein"

**********

Uma agitação vinda do corredor fez Katie guardar rapidamente a carta embaixo do travesseiro, e enxugar a diversas lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Sua mãe adentrou o quarto gritando seu nome, foi diretamente ao encontro de seus braços e não parava de beijar e abraçar a filha. Logo atrás, um homem alto e moreno vestindo um jaleco branco, também adentrou o quarto, ela observou que no seu crachá estava escrito: Doutor Henrie Tepper.

– Espere. Doutor Henrie Tepper? O senhor por acaso tem algum outro parente médico?

– Senhorita Katie. Receio que o Doutor Tepper que você conheceu era um impostor. Justamente também com a Enfermeira Jessica. Foram esses os nomes que eles usaram com a senhorita? - disse o homem pausadamente.

– Não estou entendendo absolutamente nada.

– A polícia acaba de chegar Dr. Tepper. - disse uma enfermeira loira que abrira a porta repentinamente para a entrada dos policiais. Três homens entraram no quarto.

– Dr. Henrie Tepper? - disse um policial barbudo cumprimentando o Doutor - A senhora deve ser Anne, a mãe de Katie - continuou, cumprimentando a mãe de Katie - e você, é Katie Smith. Bem, vamos lá mocinha. O que lembra do ocorrido da noite passada?

– Se o senhor se refere ao doutor que me atendeu a noite passada...

– Exatamente. Me diga, o que se lembra? - disse o policial, enquanto anotava algo.

– Ele veio aqui depois que eu acordei, ele me explicou que eu estava em coma devido a um acidente que eu sofri, com meu namorado e minha irmã. Ele disse também que eles dois haviam falecido. E eu espero muito que isso seja mentira - segurou o choro.

– Katherine, sinto muito em te dizer mas, pelo menos o que ele lhe disse, era verdade. Realmente você sofreu este acidente, justamente com seu namorado e sua irmã, e ambos faleceram. O Dr. Tepper que lhe atendeu era um falso médico. E ele lhe injetou um remédio poderoso. Você dormiu por dois dias. Não sabemos de seu paradeiro nem de Jessica. Você se lembra de mais alguma coisa que possa nos ajudar ?

Gostaria de aquilo tivesse sido um sonho.


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