Já era noite em Asgard, a lua pairava pelas águas e Thor as observava da sacada do quarto onde estava com Jane, que estava sentada folheando, de maneira lenta quase preguiçosa, um livro de físico-química. Ela estava mais lenta que o normal porque sabia que amanhã seria o dia. Ela e Frigga tinham combinado de sair logo de manhã, se vissem alguém elas dariam uma desculpa qualquer. Frigga não tinha deixado muito claro como ela iria por um fim na vida da cientista mas Jane confiava muito na sogra.

–Como está se sentindo? –O loiro se sentou ao seu lado em outra poltrona vermelha.

–Devagar. –Ela arfou.

–Pode acreditar em mim, eu estou dando meu sangue para descobrir um jeito de te ajudar. Um jeito que não precise de Loki. Só você e minha mãe para me impedirem de matá-lo. Ele foi preguiçoso, não ajudou por maldade.

–Não precisa se preocupar com ele, eu estou bem, vou ficar muito bem. –Ela fechou o livro e o colocou de volta em uma mesinha ao lado. Respirou fundo e pousou lentamente a mão na face do deus loiro que já aparentava estar cansado. Assim como ela, ele tinha envelhecido muito desde a descoberta do problema dela. Afinal saber que sua midgardiana protegida estava com uma energia da destruição a correndo por dentro, não era uma emoção fácil.

–Eu a amo. –Ele beijou a mão dela.

–Eu também te amo. –Jane sorriu tímida.

Em outro local da grande Casa, Loki andava freneticamente, de um lado para o outro em seu cômodo.

–Mandou me chamar? –Sif abriu a porta sem nenhuma cerimônia.

–Mandei. –Ele parou de andar e se virou para a guerreira. –Entre e feche a porta.

–O que poderia ser tão urgente, eu estava ocupada. –Ela vestia a velha roupa de luta, provavelmente estava se exercitando, mas nada seria mais importante do que o que Loki tinha pra falar e ele não ia pedir desculpas por interrompê-la.

–Quero que se sente e cale a boca. Tenho algo sério para tratar com você. –Ele aprontou para uma poltrona. A moça respirou fundo e se sentou no local indicado.

–Pode falar, diva. –Ela riu insolente.

–Shhhh. –Ele sibilou. –Hoje algo caiu sobre minha cabeça e eu tenho que resolver um pequeno problema mas de uma maneira um tanto ilegal.

–Ilegal?

–Me deixe terminar. –Ele estendeu a mão para ela, como quem pede licença. –Não podes esperar eu terminar, que inferno. Entenda, eu não ajudei a Jane a se livrar da energia da destruição e agora ela realmente está morrendo. Só que ela iria demorar um tempo para morrer, então ela e minha mãe armaram um plano para matá-la sem deixar vestígios. Tudo para poupar meu irmão de terrível sofrimento.

–E o que isso tem a ver comigo? –A morena franziu a testa entediada.

–Nossa, como sua comoção é emocionante. Você e Jane eram grandes amigas, certo? Eu percebo.

–Termine de falar. –Ela falou mais alto.

–Ela irá morrer amanhã, presumo que seja logo cedo, assim ninguém irá ficar sabendo. Se ela morrer a culpa vai ser minha e Odin me proibiu de ajudá-la, já que eu já tive minha oportunidade. Então o plano é: vou invadir o quarto dela a noite e simplesmente vou curá-la. Mas eu preciso da sua ajuda para entrar e para guardar a porta e também se eu precisar de alguma ajuda, algum sacrifício para completar o feitiço, vai saber. –Ele deu de ombros e se sentou na beira da cama.

–Você está louco. Completamente fora de si. Como nós vamos invadir um quarto que é protegido pelos guardas?

–Eu achava que você era mais forte que dois ou três guardas. –Ele jogou a isca, era obvio que Sif não o deixaria duvidar de sua força. Nunca.

Ela respirou fundo e disse:

–Quando começamos?

Ele riu alto, uma risada nada falsa.

–No meio da noite. E você vai dormir nesse quarto, assim quando der a hora não preciso ir ao seu encontro para então, resolvermos esse problema.

–Eu? Dormir aqui? –Ela se levantou irritada.

–Você não entendeu o plano? Não tem a ver com seu corpinho escultural, eu só preciso que você me ajude a não ser morto.

–Eu deveria deixar você morrer. Thor iria caçar você até os fins da terra e o mataria, cortaria sua cabeça em segundos.

–Você se importa comigo. –Ele falou reto.

–Como assim? Quem te disse isso? –Ela franziu a testa novamente.

–Ninguém. Se você não se importasse não teria vindo aqui quando mandei te chamar. –Ele sorrio com o canto da boca.

–Maldito. –Ela gritou e deu alguns passos até a porta.

–Depois do jantar voltamos juntos para o quarto, ok? –Ele entrelaçou as mãos sobre o colo.

–Infelizmente sim. –Ela respirou fundo e saiu do quarto.

Loki voltou a rir, era incrível como ela ficava nervosa ao lado dele. Era divertido tê-la por perto, ela o tirava do tédio. Era uma criatura rápida mas nada amigável. Ela era interessante.