Intercambista escrita por Clara Luce


Capítulo 6
Capítulo 6 - Meu Super-Homem Maconhado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! Quero dar boas vindas as leitoras novas e agradecer a vocês por terem comentado. Adoro ler vossa opinião! Espero que curtam o capítulo de hoje e eu prometo que o próximo será beeem melhor.



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–Uau... isso significa que em apenas uma noite eu descobri que meu ex-namorado tinha um filme pornô, andei numa moto roubada, me embriaguei, perdi os sapatos, vomitei num banheiro que não era o meu, fumei maconha, vi Edward Cullen batendo num traveco, fugi de uma boate e agora estou deitada no gramado do quintal da única garota que consegui fazer amizade na WHS esperando o sol se pôr para que eu possa subornar os pais dela para mentirem pros meus host parents para que enfim eu não coloque meus quatro anos de trabalho duro no Brasil água a baixo e seja exportada.

–Bem vinda ao meu mundo. – Disse sorrindo, dando um tapinha no meu ombro. Aquilo me fez rir.

Eu não sabia o que viria a seguir, eu não sabia se tinha realmente fodido com tudo, mas eu sabia que se meus planos dessem errado, eu voltaria pra São Paulo contente sabendo que tive a melhor noite da minha vida com a pessoa mais esquisita e bipolar que já conheci. A verdade era uma só: Eu havia gosta do maravilhoso mundo de Edward Cullen.

(...)

Segunda feira. Mais uma terrível segunda feira. Aqui não é tão ruim porque a escola acaba uma hora mais cedo, porém continua significando que ainda restam quatro dias de trabalho duro. Como de costume fui a primeira a levantar da cama e corri para a cozinha comer meu cereal matinal. A diferença foi que do nada comecei rir com as lembranças do domingo.

Consegui subornar o pai da minha amiga. Ele, claro, se fez de decente recusando de primeira, mas eu - mesmo sabendo que ele aceitaria - implorei. Charlie e Sue ficaram bravos por eu não ter ligado antes, mas me desculpei dizendo que acabei esquecendo. Apesar de tudo, o verdadeiro motivo para eu estar rindo era um só: Edward. Ele era tão engraçado! Sua última frase, antes de me dizer adeus foi “Apesar de não termos transado nem nada, eu me diverti pra caralho”.

Talvez fossemos grandes amigos agora. Ele conseguiu ser agradável, mesmo quando deu um chupão no meu pescoço, que graças a deus só deixou uma marquinha quase da cor da pele, nada que um pó não resolva. Não vou tentar matá-lo por isso, até porque quem o provocou na pista de dança foi eu.

Olhei o relógio e achei melhor ir embora. Mesmo mandando uma mensagem para Jasper não vir me buscar, tinha certeza que daqui dez minutos ele estaria buzinando na frente de casa. Emmett já estava avisado e me daria cobertura.

Coloquei meus fones e saí pelas ruas, admirando meu all star que estava mais limpo do que nunca.

–Hold your horses now (We sleep until the sun goes down); Through the woods we ran… - Cantarolava. Não sei se já comentei, mas sou fã de música Indie e adoro Of Monsters and Men. Eles são demais!

Continuei neste ritmo até que mãos fortes me agarraram pela cintura e taparam minha boca. De primeiro achei que era Edward, mas quando percebi as mãos sujas e peludas, deduzi que estava enganada. Cotovelei a pessoa que tentava me arrastar para uns arbustos e consegui me livrar de suas mãos.

–SOCORRO! AJU... – E ele me pegara novamente.

Não podia ver seu rosto, só sentir seu cheiro terrível e perceber quais eram sua intenções assim que tentara erguer minha blusa. Minha bolsa foi para longe de mim e logo caí no chão feito uma abóbora, chorando desesperadamente, e completamente amedrontada tentava chutar em todas as direções, mas ele se sentou em cima das minhas pernas e só então pude ver seu rosto com uma barba inteira por fazer. Parecia um mendigo de rua, mas seu semblante era mau e sombrio.

Quando seu rosto ia chegar perto do meu pescoço, algo nos atingiu e o corpo do homem foi rolando pela terra junto à outra pessoa. O susto fez com que meus nervos se atrofiassem e eu meio que não conseguia andar. Sentia a vibração do meu coração nos ouvidos quando peguei minha bolsa na intenção de pegar meu celular que só então lembrei-me que havia deixado em casa.

–AAAAH! – Gritou uma voz familiar.

Olhei para onde os dois brigavam e como meus olhos estavam menos embaçados, pude perceber que meu salvador era um só: Edward. E neste momento ele estava caído no chão com as mãos na barriga e o agressor saiu correndo, mas deixou atrás de si uma trilha de pingos de sangue que provavelmente caíam de seu nariz.

–Edward! – Gritei, deixando minha bolsa pra trás e correndo até ele, ajoelhando-me ao seu lado.

Olhei para sua cara de dor e instantaneamente vi sangue escorrendo por baixo de sua mão e encharcando completamente sua camisa branca. Ele tirou a palma dali para que pudesse morder o punho sufocando assim seu grito. Foi aí que a ficha caiu:

–Você foi esfaqueado!

–Merda! – Berrou – O filho da puta fugiu e ainda por cima me esfaqueou! Sortudo da porra! – Então começou rir meio aos gemidos.

Fiquei incrédula e até com raiva por sua atitude. Ele conseguia rir quando estava esfaqueado!

–O que você estava fazendo? – Perguntei, enquanto desabotoava sua camisa.

–Fumava um baseado.

–Tá explicado o porquê dos risos. – Disse brava. Mesmo tendo experimentado esta porcaria, não gostava da ideia de ver Edward metido com elas.

–Deduzi que Jasper não ia levar você na escola hoje e que você também não ia com Emmett por me odiar, ai resolvi te observar enquanto fumava há uns dois quarteirões. Você andava e de repente sumiu, então eu AI!

–Desculpa, não tenho pratica em desabotoar camisas masculinas.

–Eu sei, você é virgem. AI!

Essa última foi de propósito. Senti minhas bochechas arderem.

–Eu não sou virgem, ta legal?

–Os fatos revelam o contrário.

–Que fatos?

–Agora, por exemplo você está mais vermelha que aquela rosa ali atrás, mas o que me convenceu de que você é virgem foi sua reação exagerada quando te chupei no pescoço. E olha, foi no pescoço, imagina se fosse na AI!Porra Bella!

–Não seja inconveniente! Você não me conhece.

–Acha mesmo que se eu não tivesse certeza de que você é virgem eu não teria te atacado sábado? Sou perito nestas coisas.

–Talvez não seja. Já ouvi dizer que drogas afetam o desempenho sexual.

–E o que uma virgem pode falar de desempenho sexual? AI!

–Eu não sou virgem! – Menti, pela última vez.

Edward falou mais alguma coisa, porém eu acabei me distraindo após desabotoar o último botão de sua camisa. Ele tinha um tanquinho magnífico! Seria mais do que perfeito se não fosse o corte do tamanho do meu dedão quase no osso do quadril. O corte não parecia tão fundo, apesar de sangrar bastante.

–...Antitetânica. Ei, você ta me ouvindo?

–Oi? – Disse saindo do meu transe. – Quer dizer, claro que estou.

Edward apenas revirou os olhos e me pediu ajuda pra levantar-se. Liguei para Emmett que em menos de cinco minutos estava lá com o seu Camaro e mais uma vez eu precisei enfrentar o minúsculo banco de trás. Os meninos insistiram para que eu fosse pra escola, ou pra casa, mas eu queria ir com eles, afinal, essa era mais uma oportunidade de ficar longe de Jasper.

–Não está doendo? – Perguntei a Edward, me apoiando entre os dois bancos.

–Está.

–Então, por que não está chorando?

–É só mais uma das cinco. A gente se acostuma com o tempo.

Arregalei meus olhos enquanto ouvia Emmett rir. Edward não parecia estar brincando e eu meio que recuei, encostando-me no couro do banco traseiro. Esfaqueado cinco vezes... Perguntava-me onde estariam suas marcas, porém me lembrei que Edward tinha um pai médico para tratar disso.

Ao chegarmos, preferi esperar na recepção, enquanto Edward entrava direto, sem dar nenhuma informação para a balconista. Algumas pessoas lhe chamaram a atenção, mas para algumas Edward mostrou o dedo e para outras apenas fingiu não escutar. Precisei rir com aquela criancice. Por que ele era tão ele?

Fiquei lá por cerca de uma hora, até que vi Emmett sair sozinho.

–Ei! Cadê o Edward?

–Carlisle está cuidando dele. Não posso esperar mais, tenho que ir. Tenho prova na terceira aula. Você deveria fazer o mesmo.

–Até faria se não estivesse completamente suja.

–Você quem sabe, eu to me mandando. Tchau.

–Tchau, Emmett.

Voltei a me sentar na maldita cadeira dura. De vez em quando buscava uma água, só para andar mesmo, porém a ansiedade me corroía. Precisava ver se Edward estava bem, me preocupava com ele, o que significava que aquele marrento de merda já era meu melhor amigo. Não fazia ideia do que seria de mim se ele não tivesse me salvado. Decidi buscar informações na recepção e enfim descobrir qual era a sala do doutor Carlisle.

Com uma meia explicação de como me encontrar no hospital, procurava pela sala 34 do corredor “C”. Por ali tudo era um pouco mais silencioso, podia ouvir apenas pessoas tossindo e algumas fuxicando no corredor. A sala 34 ficava bem no final de um e eu sorri vitoriosa por ter conseguido fazer algo certo pelo menos uma vez. Prestes a bater na porta pude ouvir a voz furiosa de Carlisle.

–... Sua mãe?! Você nunca faz nada certo, Edward! Nunca! Acha que não posso sentir este cheiro? Você cheira drogas! Pudera eu ter outro filho no seu lugar, talvez alguém como seu irmão. Tem noção de como nos dá desgosto? Já é a quinta vez que te esfaqueiam, a quinta vez! E eu não vou nem perguntar quem foi, ou o motivo do ocorrido, porque a resposta vai ser só uma: Você. Tudo de mal que acontece na nossa família é por sua e unicamente sua causa!

O que mais me irritou naquilo não foram só as ofensas ou o tom grosseiro de Carlisle, o que realmente me irritou foi que Edward não abriu a boca para se defender. Não abriu a boca para falar que ele se machucou tentando salvar a minha vida. E eu queria matá-lo por isso. Será que não cansa de desafiar minha capacidade mental?! Sem pensar mais nem um segundo, entrei na sala sem ao menos bater, rompendo o silêncio que se formou no ambiente após o breve discurso do pai de Edward, que estava deitado na maca com um curativo na barriga enquanto brincava com seus dedos, não ligando para nada.

–Bom dia senhor Carlisle.

Surpreso, Carlisle me olhou dos pés a cabeça e meio que fez uma careta para minha situação nada agradável.

–Bom dia, Bella. O que faz aqui?

–Vim pedir desculpas.

–Eu que lhe devo desculpas, sabe, não pude te dar atenção na minha casa quando...

–Não, não tem nada haver com isso. É sobre Edward. – Ao dizer seu nome em voz alta, Edward parou o que fazia para me encarar com um ponto de interrogação a cima da cabeça – Por ter colocado-o nesta encrenca.

–Do que está falando? – Perguntou Carlisle, cruzando os braços.

–Ele não te contou que foi esfaqueado tentando salvar minha vida? – Falei num tom quase que sarcástico enquanto saboreava a surpresa e o arrependimento nos olhos dele – Estava indo pra escola quando um homem me atacou. Edward, graças a deus, passava por ali e conseguiu me ver. Se não fosse por ele, não sei o que seria de mim agora. Deve ter orgulho do filho corajoso que tem.

–Por que não me disse isso, Edward? – Perguntou Carlisle, surpreso.- Deveria estar feliz pelo seu feito.

–Essa é minha cara feliz. - Respondeu Edward, dando um sorriso irônico que durou cerca de um segundo.

Revirei os olhos. Perguntei à Carlisle se Edward ficaria bem logo e ele me disse que se tomasse todos os remédios que passou e seguisse todas as suas recomendações, dentro de dez dias já estaria pronto para tirar os pontos. Fiquei feliz em saber daquilo, mas ao mesmo tempo preocupada, pois sabia como era o estilo de vida do meu novo amiguinho. Ele não ficaria sem encher a cara durante dez dias.

Saí da sala ao lado de um Edward sério. Ele parecia estar incomodado.

–O que você tem?

–Nada.

–E o que seria “nada” para Edward Cullen?

Ele não me respondeu e começou a andar rápido, como se quisesse se afastar de mim. Já sabia o que era: Ele não gostou de ser defendido. Pelo pouco que o conheço, sei que no fundo gosta de dar uma de noviço rebelde e odiaria ser defendido por uma garota. Não deixei barato e apertei meu passo, acompanhando-o sem problema nenhum.

–Não pode andar tão rápido. Seus pontos vão estourar.

–Cala a boca e para de me seguir.

Parei no meio do caminho com minha boca formando um “O”, porém mesmo assim ele não parou e eu precisei correr para chegar até ele.

–Aonde vamos agora? – Perguntei, andando de lado ao passar pela enorme porta do hospital.

–Você eu não sei, mas eu estou indo pro bar.

–O que?! Você enlouqueceu? Acabou de ouvir seu pai dizendo que não pode beber.

–E é exatamente por isso que eu estou indo pra lá.

Vendo que ele nem pensava em parar, corri um pouco mais até impedir seu caminho e segurá-lo pelos ombros. Ele tentava passar por mim de qualquer jeito, até que pegou meus punhos e tirou-os de si de forma grosseira, deixando-me para trás novamente.

–EI! – Gritei, em sua cola.

Assim que se virou revirando os olhos não hesitei em me aproximar um pouco mais e dar-lhe um belo tapa na cara. Seu rosto terminou para o lado e sua boca ficou aberta.

–Será que você tem que resolver tudo na violência? Ai!– Perguntou, massageando seu rosto.

–Tentei ser simpática,- não adiantou - tentei usar a força,- não adiantou - só me sobrou usar a violência. Acorda pra vida, meu filho! Isso não tem nada haver com seu pai, tem haver com você e com a sua saúde. Se quer desafiá-lo, prometo que assim que estiver curado nós vamos roubar um carro e encher a cara naquela boate, mas por favor, por mim, não faça nada que te fará mal durante estes dez dias.

Ele me olhou com os olhos serrados e parecia passar por uma luta interna, até que ergueu os braços e se deu por vencido.

–Que tal irmos até a sua casa? – Propus – Eu posso cozinhar alguma coisa pra gente comer, eu to morrendo de fome. Não posso te dizer para irmos até a minha por causa da Sue e do Charlie, sabe, eles te odeiam.

Ele riu e assentiu. Sugeri para que pegássemos um táxi, mas acabamos embalando na conversa e decidimos caminhar. Edward me contou que o que lhe machucou não deve ter sido uma faca, mas sim um estilete ou algo menor, pois o corte, a pesar de doloroso, não foi tão profundo quanto pensávamos.

Ao chegarmos lá me senti um pouco desconfortável. Encontrar a mãe de Jasper estando junto a Edward seria um tanto quanto constrangedor. Espero que ela não pense o pior de mim. Enquanto ao meu rolo com meu atual/ex-namorado, não vou esperar ele chegar da escola para ir embora. Quanto mais adiar a hora do nosso encontro melhor. Meu celular – que aliás paguei trinta e cinco dólares – deveria estar recheado de ligações suas.

–Espero que sua mãe não se incomode. – Falei, ao entrarmos na casa gelada. Tudo parecia silencioso demais.

–Ah, não se preocupe. Ela e Dorota foram à um evento beneficente. Sempre fazem isso de segunda feira e geralmente voltam bem tarde.

–Oh! Melhor ainda. Seria estranho ver sua mãe numa situação como essa. Aliás, preciso de uma camisa e um short seu emprestado. Também preciso saber onde é o banheiro e onde está seu shampoo. – Disse sorrindo, enquanto subia as escadas da enorme casa.

–Acho que você está se sentindo à vontade.

–Mamãe, eu estou?! – Exclamei, gargalhando em seguida.


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Notas finais do capítulo

Spoiler Capítulo 7 - Quase lá

Não consegui olhar para trás e encarar seu rosto. A vergonha me consumia. Entrei em seu banheiro e peguei minhas roupas sujas que estavam no canto, colocando-as após tirar as dele. Me olhei no espelho e notei as pequenas marcas vermelhas deixadas por seus beijos ardentes. Deus, por que ele tem que ser tão quente?!

XOXO



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