Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 42
Destino premeditado


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu não sei se o próximo capítulo vai ser o último, tudo depende do andamento... Mas eu só queria adiantar que meus planos é de apresentar logo o epílogo, mas não tirem conclusões precipitadas kkk



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Tentei tampar com os dedos, a luz do sol, porém minha mão era pequena demais para impedir que os raios chegassem até meus olhos. A grama sob o meu corpo, acariciava e fazia cócegas e o aroma das flores que me cercavam, tranquilizavam-me ainda mais. Minha mão ainda estava à frente de meus olhos quando ele surgiu, bloqueando a luz do sol com seu corpo. Tão belo que quase pude ver suas asas. Sua mão foi ao encontro da minha e com rapidez e precisão, puxou-me para os seus braços, acariciando em seguida o meu rosto, enquanto abria o sorriso mais belo que eu já havia visto. Quando seus lábios tocaram os meus, pude sentir o mais doce dos sabores, eu já não podia mais negar, não estava mais simplesmente apaixonada, eu o amava, o amava perdidamente.

– Ela disse que se eu não a buscasse em segundos, ela mesmo viria - Disse, ainda contra os meus lábios.

– Alice precisa aprender a controlar sua ansiedade - Revirei os olhos - Tudo vai ser perfeito. - Sorri.

– Basta que você esteja lá e será mágico - Beijou-me novamente.

– Eu digo o mesmo. - Sorri abertamente.

Naquela manhã, quando eu havia saído despreocupadamente para caminhar e me ver um pouco longe de tudo, eu de fato não estava preocupada, mas agora, enquanto Alice termina de fechar o zíper do vestido em minhas costas, é quase como se meu coração estivesse pronto para voltar a bater. Pela janela, eu podia observar as pessoas começarem a chegar. Rostos que eu jamais havia visto antes, vindos de todos os lugares do mundo, olhos de diferentes tonalidades de vermelho e âmbar, vampiros de todos e filhos da lua, sentados lado a lado. Eu não sabia se havia sido uma boa ideia convidar a aldeia, mas me parecia o certo a se fazer depois do acordo selado entre eles e Caius. Não haveria mais perseguição aos lobos por parte dos vampiros, não haveriam mais sacrifícios e eles já não eram mais obrigados a viver reclusos nos muros que Aro havia construído, mas no fundo, eu sabia que não era isso o que me deixava nervosa. Eu estava prestes a caminhar sobre um caminho de rosas, sob diferentes olhares, para enfim me casar com aquele que eu amo. E se quando eu chegasse à frente ele não estivesse lá ? E se finalmente ele tenha se dado conta de que eu não sou suficiente ? E se ele disser não ?

Alice deve ter percebido meu nervosismo, pois me deu um puxão que me fizera retornar para realidade e fugir de meus pensamentos dentro de segundos. A repreendi com o olhar e recebi um sorriso em resposta, ela não estava ali para brincar. Passei a mão pelas flores que haviam sido pregadas ao corpete do vestido e revirei os olhos. Eu havia pedido a Alice que preparasse-o, eu sabia que ninguém se sairia melhor do que ela é por isso lhe dei total liberdade para que escolhesse o modelo da maneira que desejasse, mas ela tinha ido muito além do que eu jamais poderia imaginar. Tinha tanto tecido e tantos tipos de pregas e detalhes que eu mal conseguia assimilar tanta informação. Eu nem sequer tivera tempo para o observar melhor e agora, com a visão limitada que eu podia ter da peça em meu corpo, sabia que seria o centro das atenções de qualquer maneira, não importando o que quer que eu fizesse. Eu ao menos esperava que não ficasse tão feio em mim, eu queria estar bonita hoje... Só hoje.

Se eu fechasse os olhos, ainda poderia me lembrar com precisão do rosto dele contra a luz, cintilando como um verdadeiro diamante, brilhando ainda mais do que o sol. Ele sim não precisaria de esforço algum, pois já era incrivelmente belo e eu ainda duvidava que fosse possível que ele se tornasse ainda mais. Nos últimos dias as coisas complicaram. Eu havia oficialmente voltado a ser uma vampira e uma Volturi, não que isso me agradava. Marcus nos deixou sem prévias e eu simplesmente não pude deixar Caius sozinho, a simples ideia me causava arrepios. Ele havia percebido que passar a eternidade ali não seria a minha opção, mas eu não fugiria, não se isso significasse que eu ficaria com ele e quando ele finalmente pediu a minha mão, todos os meus medos sumiram, ele me amava e para mim isso bastava. As mãos de Alice alisavam o vestido e nos segundos seguintes ela se colocou ao meu lado, um enorme sorriso no rosto e com os olhos cheios de satisfação.

– Uma bela peça para uma rainha... - Seus olhos brilhavam em um intenso dourado. Fiz uma careta para o termo. - Valeu a pena costurar isso a mão...

– Ah não Alice... Não me diga que costurou a mão - Voltei-me para ela, indignada. - Não era para se dar tanto trabalho...

– Foi bem rápido na verdade e além do mais nós não dormimos. - Ela deu de ombros.

– É bem... Chamativo - arregalei os olhos.

– Não comece... Estou casando uma segunda irmã e não permitirei que seja como a outra que não usou nada além de um pouco de cetim. - Me fez rir.

– Ah... Você está aqui... - Minha mãe apareceu ao batente. Estava maravilhosa, mesmo em seu rosto irreconhecível. Para que não atraísse os olhares, ela havia assumido uma forma diferente, porém fizera questão de ser uma versão envelhecida do que seria o meu rosto, tornando inegáveis a nossa semelhança. Os olhos vermelhos emoldurando seu rosto, apenas aumentavam os pontos parecidos, levantou curiosidade por parte dos outros, mas ela simplesmente não pode perder a piada.

– Mãe... - Suspirei, finalmente me acostumando a chamar daquela maneira.

– Está tão linda... - Ela suspirou. - Eu trouxe algo - Se aproximou com uma caixa de madeira em mãos e me pergunto se já estava ali antes. Alice e eu esperamos ansiosas enquanto ela removia a tampa e revelava uma enorme coroa cravejada de diamantes que me fizera engasgar. - Eu a usei durante muitos anos... Quando meus filhos ainda me chamavam de rainha... - Ela disse pensativa admirando o brilho das pedras. Alice suspirou profundamente, claramente impressionada e com um sorriso, nos deixou sozinhas.

– Não preciso usá-la ... - Disse, notando o quanto a peça parecia significar para ela.

– Colocá-la em sua cabeça hoje significa muito mais do que você pensa... - Começou, deixando-me apreensiva com o rumo de suas palavras. - Eu não vou forçá-la a usar, mas eu queria muito que o fizesse..

– Lilith - A repreendi, me afastando vagamente da coroa.

– Eu estou cansada filha e você como minha ultima filha de sangue é a única que poderia...

– Lilith... - Disse novamente, esperando que ela não continuasse.

– Assumir o meu lugar. - Ela disse, simplesmente disso e me deixou apavorada. - Quando disser sim para o Volturi, vai governar os vampiros de qualquer maneira... Eu apenas estou lhe concedendo um controle maior... Estou lhe passando os genes da criação... Da raça...

– Mãe... Por favor... - Sussurrei, implorando, suplicando.

– Seu pai deixou este mundo a muito tempo e finalmente chegou a hora de assumir meu lugar junto a ele. - Ela disse decida.

– O que acontecerá se eu não a colocar ?

– Nada... Eu jamais a forçaria - Ela disse, com os olhos brilhantes. - Eu provavelmente continuaria em meu lugar... Não é como se fosse morrer - Ela revirou os olhos. - Eu amo você - Ela suspirou e me abraçou - Agora se apresse... Tem um vampiro no altar prestes a ter um ataque... - Ela sorriu e enfim me deixou sozinha.

Ela me deixou sozinha com aquela coisa. Eu não sabia se ela tinha ideia do que havia acabado de colocar em minhas mãos ou plantar em minha cabeça, mas agora, sentia como se meu estômago fosse revirar. Andei olhando de um lado para o outro, observando aquilo, até que percebesse que eu já não tinha mais tempo, nem mais o que fazer. Coloquei as saias do imenso vestido em minhas mãos, sem sequer me olhar no espelho e sai, deixando aquilo para trás. Eu não podia carregar aquele fardo, seria egoísta por uma última vez. Desci as escadas enquanto praguejava não poder andar mais rapidamente com todo aquele tecido. Quando senti o perfume das rosas que cobriam o chão, me tranquilizei. Enfim havia chegado a hora do meu tão sonhado felizes para sempre.

Meus pés descalços tocaram a grama coberta por rosas de diversas as cores e aos poucos caminhei em direção ao altar, sozinha, levando em minhas mãos um buquê de rosas azuis. A princípio não consegui nem sequer levantar os olhos ou prestar atenção na doce melodia que tocava. Pude sentir o braço de alguém contra o meu e ao levantar os olhos, me deparei com os olhos dourados de Carlisle. Sorri para ele agradeci, agora ele me mantinha de pé, fazendo-me suportar os olhares acusadores. Meus olhos caminharam vagarosamente até encontrarem os deles e então nada mais nos cercava, nada mais existia, nada mais fazia sentido. Pude sentir meus pés se acelerando, mas nem sequer me preocupei. Eu não via a hora de estar em seus braços. Carlisle passou meu braço a ele e ainda, sem tirar meus olhos dos dele, sorri. Eu o amava tanto que o meu peito doía, o amava tanto que se precisasse de oxigênio em meu corpo, sufocaria com o grande sentimento que não parecia parar de crescer. Pronunciamos as palavras, dissemos "sim" um para o outro, porém nada parecia sequer se mover, pois ele estava parado diante a mim, olhando-me com uma paixão que me fazia queimar. Seus lábios começaram a se aproximar e eu mal podia conter a excitação em saber que eu em breve os sentiria contra os meus, mas depois de um rosnado que fizera com que nós separássemos, eu percebi o que de fato acontecia.

Os filhos da lua agiam por instinto, atacando ferozmente seus inimigos naturais que se defendiam com unhas e garras, um verdadeiro banho de sangue. Antes que eu pudesse notar, Caius havia se juntado ao seu povo e lutava ferozmente contra um dos guerreiros lobo. Ele era bom, mas eu não precisava continuar a assistir para saber qual seria o final. Lilith apareceu ao meu lado segurando a coroa, que eu havia deixado para trás, em suas mãos. Olhei para era incrédula e ela permaneceu em silêncio. Foi quando eu percebi. Eu nunca tive uma escolha. Tudo ao nosso redor se congelou, exceto nos duas, todos estavam petrificados ao nosso redor como se o relógio houvesse parado. Um lobo segurava a cabeça de Caius nas mãos e em seu pescoço eu começava a ver as primeiras rachaduras e seus olhos estavam presos aos meus.

– Me pergunto se meu nascimento foi mesmo um acidente... - Semicerrei os dentes - Como a deusa poderia se descuidar a ponto de ter uma filha ?

– Emma - Seu sorriso demonstrava o quanto estava tranquila e radiante - Sim - Suspirou - Eu queria ter uma filha que pudesse herdar o meu gene...

– Como...

– Me pergunto se de fato eu poderia tê-la trazido você para a minha vida se eu não houvesse montado um romance de conto de fadas para você... - Maneou a cabeça, cruzando os braços.

– O que quer dizer com isso...?

– O vampiro jamais teria tido a chance de se apaixonar por você se eu não tivesse interferido, teria a matado assim que teve a chance, tomado cada gota do seu sangue sem sequer pensar duas vezes.

– Como assim... - Olhei para ela balançando a cabeça, foi quando meus olhos encontraram os de Caius - o que ele sente por mim... Não é real ?

– Oh não, claro que é. Eu apenas precisei bloquear a raiva dele por alguns segundos para o fazer enxergar com clareza... Para fazer com que ele a desejasse... O amor que ele sente agora é real, eu apenas fiz com que ele a desejasse não a amasse - Apesar da dor, não pude deixar de sentir alívio. - Eu de fato amo seu pai, e já cuidei disso por muito tempo... Eu precisava de alguém para me substituir e agora - Ela estendeu a coroa para mim - Acredito que tenha uma escolha a fazer - Fez um gesto na direção de Caius.

– Me disse que não me forçaria...

– Não estou forçando, você ainda pode escolher o contrário - Um sorriso perverso tomou os seus lábios, finalmente fazendo-me compreender o porquê de se referirem a ela como o diabo.

– Quando me vingou contra Aro não estava me vingando... Estava vingando seus interesses. É isso o que sou para você, uma solução de problemas.

– Sim sim e o sangue que usou no ritual foi para depositar meu DNA em suas veias - Disse dando de ombros - Agora ande logo... Ah não ser que vai recusar.

– Ah, não mesmo - rosnei. Tomei a coroa em minhas mãos e a encaixei em minha cabeça, observando em seguida o tempo descongelar e retornar ao exato momento em que Caius segurava minha mão.

Começando da barra do vestido e indo até o topo, o tecido, como se estivesse banhado em sangue, se tornou carmesim. Eu não mentiria, a sensação era deliciosa. Eu podia senti-lo fluir em minhas veias, formigando sob minha pele, tornando-me ainda mais vibrante. Podia sentir as mudanças, era quase como estar viva novamente, o sangue havia tornado a correr porém meu coração ainda não batia. Pude observar os olhares surpresos e como se compreendessem, um a um, inclusive os lobos, se colocaram de joelhos diante a mim enquanto ela assistia de longe com um sorriso orgulhoso nos lábios. Eu podia ver a força partir dela e vir ao meu encontro, tornando-me o que ela costumava ser. Eu não sabia se ela compreendia o que acontecia, para mim estava mais do que claro. A minha vida toda, de fato eu havia sido bondosa, colocado todos diante as minhas vontades e isso parecia ter me custado muito caro, mas, eu não havia brincado quando dissera que aquele seria o meu felizes para sempre. Caminhei com firmeza ao encontro dela e retirei seu véu que a escondia dos demais convidados a deixando exposta. Eu nem sequer sabia que ela usava um, mas agora, não havia nada que meus olhos não vissem, nem sequer os espíritos que pairavam ao redor pareciam poder se esconder de meus olhos. Era como se houvessem dois mundos, existindo em apenas um lugar sem que um possuísse consciência do outro.

– Você parece adorar que multidões furiosas devorem pecadores - Sorri largamente.

– Você não faria isso... É boa demais - Rio debochadamente.

– Tem razão mamãe ... - Sorri - O que vou lhe dar é muito mais leve e muito melhor.

– E o que poderia ser ? - Seu deboche não dava nem sequer uma folga.

– Lilith, você debochou de mim... Sua deusa– Enfatizei o termo - Não é mais digna de minha graça, não é mais digna da imortalidade - Abri um sorriso malicioso. Pausei a mão em seu peito e depois de um sopro, ela foi ao chão.

– Você não... - Ela levou a mão até a boca.

– Eu sugiro que corra... Você sabe como vampiros reagem á sangue humano...

– Como você...? Sua ingrata, eu lhe dei uma vida, um amor...

– E quando morrer, eu permitirei que seu espírito encontre o de meu pai... Considere como um agradecimento - Meu sorriso se estendia. - Aproveite sua vida Lilith... Eu realmente espero que ela seja bem longa. - Disse, enquanto a observava sair correndo assim que escutou o primeiro chiado de um dos vampiros.

Agora eu enfim poderia parar e desabar. A coroa pesava, porém, eu jamais tive escolha. Como eu poderia ser egoísta quando estava prestes a perder o homem que eu amo ? Eu fui tola ao acreditar que poderia viver em uma simples casinha longe das obrigações de um Volturi e agora, as obrigações serão a minha menor dor de cabeça. Com olhos confusos, ele se aproximou e eu soube que tudo havia voltado. Eu ainda não poderia pertencer a ele e ele não pertenceria a mim, e nunca pertenceria caso ele não aceitasse. Suas mãos encontraram as minhas e eu temi, sabendo que em segundos, eu provavelmente o perderia.

– O que aconteceu meu amor ? - Perguntou com os olhos apreensivos e preocupados - Ainda temos que nos casar. - Ele sorriu com ternura.

– Não... Escute... Precisamos conversar.

– O que foi ? Eu não entendo. -O puxei para um dos cantos e antes que ele pudesse me impedir, disse tudo a ele. - O que...? - Apertou-me com força.

– Se quiser me matar agora ou não se casar, eu vou compreender perfeitamente... - Suspirei, sentindo meu coração se estreitar.

– Porque não vem comigo, diz sim e depois vemos na dor de cabeça que isso vai dar ?

– Ainda... Me quer ?

– Sei que pode parecer idiota e egoísta o que vou dizer agora tendo em vista a sua dor... Mas... Eu só consigo ser grato à deusa por não permitir que eu a matasse, por ter me dado a chance de me apaixonar por você...

– Não dissemos sim ? - Perguntei, ainda apaixonada por suas palavras.

– Ainda precisamos nos beijar... - Arqueou as sobrancelhas.

– Pode vir - Sorri, mostrando-lhe que todos os olhares já estavam sobre nós de qualquer maneira.

– Eu amo você Sra. Volturi - Sussurrou se aproximando.

– Eu amo você Sr. Volturi - Disse, permitindo por fim que seus lábios encontrassem os meus.


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