Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 31
Nascida para a lua




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– Com certeza - Disse ironicamente - Eu até consigo ver a semelhança entre a minha incrível capacidade para a maldade e a sua .

– Eu não conto mentiras - Sorriu, piscando para mim.

– Então conte-me mais ... - Continuei.

– Bem, seu pai era incrívelmente atrante, um verdadeiro... lobo, se é que me entende - Disse, abusando de suas expressões faciais para dar ênfase em suas palavras - Eu não me apego então foi um caso de uma noite só, porém como você já deve saber, eu fui a primeira mulher da humanidade então fui criada para procriar e blá blá blá. Eu tive você e mais oito lindos filhos, uma princesa e oito homens - Disse, se divertindo com o que dizia. - Sua tribo odeia vampiros como você bem sabe, matou seu pai e meus oito filhos, porém como você ainda estava comigo, foi poupada.

– E como fui criada por ele e não por você ? - Era cada vez mais difícil de acreditar.

– Mirana, na época uma jovem garota, ficou simplesmente fascinada por você quando a encontrou sozinha na floresta, chorando... Eu não podia ficar com você, qualquer uma das criaturas da noite a acharia extremamente fascinante e você correria perigo comigo, por isso eu a deixei... não sabiam quem você era e nem de onde vinha, por isso foi aceita.

– Não sou metade criatura... como posso ser sua filha ?

– Sim, sou um demônio desde que o Senhor dos Senhores denominou isso e tudo, porém o sangue do seu povo é muito forte, um povo que nasceu da natureza para a proteção do que eu fui criada para destruir, fui derrotada na sua criação também...

– E meus oito irmãos ?

– Inocentes mortos. - Disse ele como se aquilo a afetasse de alguma maneira.

– Impossível, de acordo com o meu povo eu cumpro uma profecia antiga ...

– Claro que cumpri! Eu não tenho um filho vindo do meu ventre a milenios, seus dons, sua força e mais alguns detalhes peculiares dentro de você vem de mim.

– Mas não acabou de dizer que o sangue do meu pai...?

– Você veio de mim filha, eu a amamentei, você não é um demônio como eu, não nasceu vampira, não é uma súcubo como minhas filhas, mas ainda é minha filha, ainda possuí um pedaço de mim em você...

– Olha, parabéns, deveria contar histórias - Ri alto, mesmo sabendo que aquilo poderia me custar alto. Ela revirous os olhos e caminhou em minha direção tomando meu rosto em suas mãos. Meus olhos começaram a queimar e então foi como se eu deixasse o meu corpo. - Não...- sussurrei em dor. - Não! - Disse começando a acordar. - Não ... - não podia ser.

– Olha, quando eu sair eu permito que tenha seu momento de negação, mas agora temos coisas importantes para tratar. - Continuou - Com a sua ajuda no ritual, eu ganhei mais poder e isso me permite cuidar e olhar por você, mas preciso que seja cautelosa quando necessário e extremamente precisa quando precisar atacar - Se aproximou tocando-me novamente, desta vez de maneira carinhosa. - Filha, escolha sabiamente, eu olharei por você e irei ferir qualquer um que tentem a ferir, mas existem algumas coisas das quais nem eu poderia proteger, coisas contra quais terá de agir sozinha... chame-me e eu virei... mas agora, apenas volte e desperte a parte que seu pai lhe deixou... qualquer força lhe será necessária. - Disse e em seguida se transformou em sombras.

Eu fui ao chão. Eu não podia acreditar que tudo o que eu tinha vivido não havia passado de uma mentira, não podia acreditar que nem sequer a mãe que chorou por mim quando fui expulsa de casa era minha mãe biológica, não podia acreditar que meu pai, que muitos diziam ter morrido como um guerreiro, na verdade foi brutalmente sacrificado, e acreditava muito menos que estava longe de ter mais... tudo aquilo era perturbante demais. Porém, por mais que tudo ainda fosse inacreditável, eu não era burra ao ponto de ignorar o que ela havia me dito. Me troquei e rapidamente me direcionei para a floresta. Eu me lembrava da vez que o lobo havia me conduzido até o campo de força, mas não precisaria, apesar de não ir a muito tempo ali, eu ainda sabia muito bem aonde encontrar minha casa. Assoviei até que o lobo branco novamente veio até mim.

– Perséfone - A acariciei e ela prontamente recebeu o carinho, demonstrando sua alegria ao me ver. - Me ajude a entrar menina - Ela me observou por alguns segundos, porém longo concordou. Sua cabeça tocou o escudo e ele se abriu por alguns segundos, eu tinha de ser rápida.

Eu sabia a quem deveria procurar e por quem não deveria ser vista, eu não era mais um deles e apenas isso poderia me levar a morte, talvez não por eu ser uma Volturi, mas até que eu explique, já não restaria mais nada de mim. Fiquei feliz por minha mãe ainda deixar sua porta aberta, assim eu não precisaria fazer barulho algum. Encontra-la sentada a sua mesa, apenas me mostrava que ela havia sentido que eu chegava ... era estranho a ver depois de tanto, seus cabelos agora já grisalhos, lhe traziam uma tranquilidade ao rosto, porém ainda era a mesma. Sua expressão de surpresa ao se deparar comigo cortou-me o coração, eu jamais desejaria que ele me visse daquela maneira, eu sabia quanto desgosto traria a ela. Desviu o olhar por alguns minutos, o que cortou ainda mais meu coração, mas depois, levantando o queixo, pois-se a me encarar.

– O que quer ? - Eu sabia que não receberia um tratamento diferente, por mais que me vestisse como um deles, eu não era mais.

– Mãe ...

– Não sou mais sua mãe - Cortou-me amargamente. - Frio.

– Mirana - Disse, sentindo meus olhos se encherem, porém me contive - Preciso da sua ajuda.

– Diga! - Ao menos não me questinou ou recusou de prontidão, eu ainda tinha chance.

– Preciso despertar a fera em mim . - Disse decidida me ajoelhando a ela. Deitei minha cabeça em seu colo como costumava fazer quando estava desesperada e abracei suas pernas - Meu grande propósito se aproxima..

– Seu propósito era ter morrido nas mãos daquele vampiro, para que não se tornasse um monstro, agora eu vejo isso, não se pode contraria o destino que ele revida.

– Mãe, o destino quis que eu me apaixonasse perdidamente por aquele mesmo vampiro.

– Eu me recuso a ajudar um frio. - Disse empurrando-me no chão.

– Porém eu não. - Virei-me não acreditando em quem estava ali, ou no que ela havia dito. Sem ter envelhecido nada além do que já havia, lá estava Anástasia, minha doce avó. - Pode odiar a menina por ela ter olhos vermelhos, mas a menina está viva - Disse levantando-me do chão. - Culpada foi você de ter a oferecido em sacrifício, o veneno nas veias dela é culpa sua.

– Mãe, como eu poderia deixar que levassem minha filha de sangue ? Era minha única escolha... - Lua, eu me lembrava de Lua.

– Não veio de você mas ainda é minha neta, ainda mais amada do que aquele pedaço de carne mimado e irritante que saiu de você. - Disse cortando minha mãe. - Venha menina - Sem pensar duas vezes eu a segui.

Eu não havia a procurado em primeiro lugar, pois ela era uma sacerdotisa anciã, a mais poderosa que conhecíamos e imaginei que me ver daquela maneira, a magoaria muito, porém, ela acabou lidando muito melhor do que aquela que pensei que ficaria ao meu lado. Era bom estar de volta a sua cabana, estar ao meio de todas aquelas ervas e pedras que costumavam me deixar maravilhada. A energia ali era muito puro e tudo o que cercava a minha avó costumava ser mais do que místico. Me sentei aonde ela me mostrara e em seguida ela se sentou a minha frente. Deu-me um soco na testa como repreendimento.

– Menina burra, - disse irritada - Não aprendeu nada daquilo que lhe disse ? - Sorri, mesmo envergonhada, eu sentia falta dela. - Não se apaixone por um frio, se for um frio não venha aqui... - Lembrou-me ela das conversas que tinhamos.

– Eu sei...

– Eu já sabia que esse era o seu destino - a olhei confusa. - Você sempre demonstrou grande interesse pelos frios, mesmo dizendo que os odiava, eu sentia a atração e curiosidade pairar de você ... você não é uma de nós...não possui o ódio mortal por eles no coração.

– Mas meu pai...

– Sua mãe ganhou nessa - Sorriu, dando de ombros.

– Sabe quem é minha mãe ? - Perguntei arregalando os olhos.

– Qualquer um que pudesse a observar poderia dizer, você sempre muito habilidosa, assim como a filha de Ancanôn seria, e Ancanôn apenas teve filhos com uma mulher... se é que podemos chamar aquilo de mulher.

– Ela me mandou aqui.

– Sendo ela ou não, você viria a qualquer hora... sua fera a chamaria - Disse se levantando - Vê a lua cheia de hoje ? É uma lua pós lua de sangue, todos os nossos filhos da lua não suportam ficar longe da energia que ela emana ... é perfeito. Vá para a floresta, dance com a lua como costumava fazer e espere - Disse como se fosse a coisa mais simples de todas.

Ouvimos um barulho e aquela foi a minha deixa, se um filho da lua me encontrasse ali, seria fatal. Diferente de nossos descendentes, os quileutes, somos os primeiros, mais fortes e com uma rivalidade muito maior contra os vampiros, já sendo imaginável o quanto minha relação seria proibida caso eu ainda fosse um deles. Eu já estava nua sob a lua, dançando invocando os elementos como costumava fazer, eu não tinha pressa. Eu não fazia a menor ideia do que aconteceria, mas não seria bonito. Eu podia sentir minha pele aos poucos se esquentando, não parei, aquilo não poderia parar, dancei com ainda mais intensidade, a ponto que fui escutando um certo estralar. Em seguida foi como se cada osso do meu corpo se partisse, fui ao chão, gritando de dor. Meus gritos aos poucos se tornaram ugidos ferozes, como os de uma verdadeira fera, porém ao mesmo tempo, pude sentir algo dentro de mim lutando contra aquilo, uma mistura de quente e frio, eu me revirava, enfiava meus dedos a terra a medida que a dor se tornava cada vez mais intensa. Olhei para a luz enquanto a dor aos poucos ia parando, eu não havia me transformado... e nem iria... porém havia acontecido, eu podia sentir o poder da fera dentro de mim. Eu me sentia exatamente como uma fera, porém ainda na forma humana.

Levantei, me jogando rapidamente contra a floresta a procura de qualquer animal que pudesse satisfazer a profunda cede e fome que eu sentia, eu precisava de sangue para o vampiro e carne para o lobo. Um animal me bastou, eu o devorei por completo, mesmo sabendo que a mistura mais tarde não seria agradável ao meu estômago. Levantei me sentindo tonta, ainda nua, caminhei com a visão turva por entre as árvores, eu podia sentir o poder da lua indo embora, a fera em mim seria adormecida, cai ao chão e antes que apagasse, pude notar que uma silhueta feminina havia se formado por entre a sombras e esta me observava com cuidado, seu cheio deixava claro se tratar de um vampiro e a energia negativa, indicava que ela era exatamente o que eu procurava.


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