Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 21
Lágrima humana




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Procurei tudo o que pude a respeito da " mamãe vampira " , mas não encontrei nada que fosse além do que qualquer um poderia saber . Ela era muito ruim , terrível , mais do que uma vampira , ela era Lilith , a mãe de criaturas perversas que deram origem a nossa espécie . Os súcubos foram os primeiros de nós , criaturas incrivelmente sedutoras que perturbavam os homens em seus sonhos para lhes seduzir e roubar-lhes a energia vital , o que não é diferente do que fazemos , apenas mudou toda a tenção sexual , afinal apesar de sermos atraentes , nem sempre precisamos seduzir nossas vítimas . Ela é descrita como a primeira mulher de Adão , que se rebelou por não desejar ficar em baixo e sim por cima durante o coito e foi expulsa do paraíso . Em nossos livros , sempre é descrita a sua maldada , como algo que deveríamos nos espelhar , somos criaturas devassas , caprichosas e perfeitas , assim como nossa mãe desejou que fossemos .

Aquilo me incomodava . Tinha passado um dia todo lendo tudo o que tinhamos ali , graças a minha visão , eu rapidamente conseguia terminar um livro e ainda me recordar de cada uma de suas palavras em minha cabeça e certamente não havia história mais perturbadora do que a nossa . Lilith nunca havia sido vista por mortais ou vampiros , porém todos se curvavam diante a sua imagem , sabia que se ela desejasse , poderia acabar com qualquer com apenas um pensamento e de acordo com Caius , essa criatura sem escrúpulos , estaria diante de nós em alguns dias . Eu ainda era obrigada a deixar meus pensamentos de lado e iniciar os preparativos que deveriam ocupar boa parte do meu tempo e eu nem sequer ainda havia planejado uma decoração .

– Certamente existem formas melhores de se aprender ... - Deixei um dos livros cair , me assustando . Olhei para a porta e lá estava Azazel .

– Certamente existem , senhor . - Abri um sorriso e o reverenciei .

– Senhor ? - Se divertiu . Aproximou-se vagarosamente e se colocou diante a mim , seu olhar cheio em curiosidade e ansiedade .

– É mais velho do que eu ... - Comentei , demonstrando não estar nem um pouco intimidade por sua repentina aproximação . - Mais forte ... - corri minhas mãos por seus braços , pressionando-os levemente . - Mais esperto ... - Acariciei seu rosto delicadamente e me aproximei um pouco mais . - Um predador nato . - Abri um sorriso , deixando meus lábios bem próximos aos seus e depois de quase o beijar , virei a face , fazendo com sua boca tocasse minha bochecha .

– Não tenho certeza de ser o mais perigoso ... - Abriu um sorriso deixando claro que minha provocação havia o atingido .

– Sabemos como silenciar o inimigo . - Comentei enquanto apanhava o livro que havia a pouco derrubado no chão .

– Você não é o inimigo . - Eu ficava feliz em ouvir , era algo que eu desejava saber desde o primeiro momento .

– Como saberei ? Aparentemente não sou digna de suas palavras , apenas de seus incançáveis jogos de sedução . - Cruzei os braços e me recostei a mesa .

– Se eu fosse o inimigo , não teria a salvado . - Se colocou ao meu lado . - Agora , acho que deveria se apressar com o seu trabalho , o relógio está correndo e nem sequer descobriu como fará para deixar Volterra disponível a todos os vampiros e ainda sim não colocar em risco a vida de nenhum humano . - Arregalei os olhos .

– Como sabe que seria um desejo meu proteger os humanos ? - Se aproximou e segurou meu rosto entre suas mãos .

– Vejo em seus olhos ... Makena . - Meu nome em seus lábios fez-me vibrar , deixando-me hipnotizada por aquele vampiro .

– Vou pensar em algo . - Desviei antes que já não mais pudesse controlar os meus instintos .

– Temos ... algo para participar . - Disse ele também se endireitando e em seguida me oferecendo o braço . Hesitei por alguns segundos e passei meu braço pelo seu , permitindo que ele me conduzisse até que chegamos a sala do trono .

Nos posicionamos e dois vampiros nos vestiram com mantos de veludo . Suspirei , tentando não parecer nervosa e caminhei em direção a cadeira vazia ao lado da de Caius , tão majestosa como as outras . Me sentei e permaneci ereta , apenas aguardando para o que nos esperava . As imensas portas do salão comunal se abriram e escoltado , fora nos levado uma jovem vampira . Ela estava assustada em seus olhos pude notar sua dor , se ela pudesse , lágrimas deixaria correr de tão tamanha que era a sua angustia . As portas tornaram a se fechar e eu continuava a tentar parecer imparcial . Um dos vampiros da guarda se aproximou e se postou ao lado da vampira trazendo em suas mãos , uma pasta de couro .

– Pelo crime de criar uma criança imortal . - E em seguida retornou a sua posição .

– Sua defesa ... - disse Aro aparentemente entediado .

– Ela estava doente , muito doente , iria morrer e eu não podia deixar que acontecesse ... Senhor , eu lhe suplico , não permitirei que ela faça mal algum ... zelarei por ela - Ajoelhou-se diante a Aro e senti meu peito se apertar , tanto que não pude nem a olhar nos olhos .

– Makena . - Aro chamou-me . O tom de sua voz era firme e deixava claro que era uma ordem . Me voltei para ele e aguardei suas palavras . - Olhe-a nos olhos e diga-me o que vê ...- Engoli em seco , porém fiz aquilo que mandava . A mulher não conseguia manter sua cabeça em pé , por isso caminhei até ela , levantei seu rosto delicadamente e deixei que as memórias pudessem fluir . Era uma santa comparada aos outros vampiros , se alimentando de bolsas de sangue , uma enfermeira caridosa que sobrevive para ajudar os humanos que cometeu o erro de transformar uma jovem menina que estava na fase terminal de um câncer e agora trazia a mesma como filha . A menina tinha um bom coração e não aparentava nenhum risco para a nossa espécie , porém não era isso que Aro esperava que eu dissesse , aquele veredito já havia sido dado . - Então ?

– A criança existe . - Disse e retornei para o meu lugar , aquilo era muito cruel .

– Culpada então ... - Abriu um sorriso . - Execute-a ... filha . - Olhei para ele incrédula . Ele sabia que eu mal conseguia me alimentar de humanos , não poderia matar uma vampira com tanta bondade no coração .

– Senhor . - Caminhei em direção a ele e lhe concedi a minha mão para lhe mostrar o que eu havia visto e ele de bom grado a aceitou . Porém a expressão em seu rosto me mostrava que aquilo não o convenceria . - Traremos a morte a criança , mas não a esta mulher que tem tanto a oferecer .

– Não ! Minha filha ... - gritou a mulher , provocando-me ainda mais angustia .

– A morte virá ... para as duas filha . - Disse Aro . - Agora vá e obedeça-me . - Eu não acreditava no que ele desejava que eu fizesse , esperava que mudasse de ideia em algum ponto , mas não . Tive de me colocar em frente a ela , levar minhas duas mãos ao seu pescoço e rezar para que não precisasse fazer , era uma injustiça .

– Aro ... - comecei .

– FAÇA ! - Gritou ele me assustando e a todos os presentes . Abri os olhos e a olhei para aquela mulher que parecia aguardar a sua sentença . Não podia explicar , mas , se acalmou e inclusive sorriu e acenou para que eu continuasse . Deixei que minhas unhas penetrassem sua carne e apertei , fazendo com que sua cabeça se partisse . - Muito bem - Arfei e fui ao chão , era horrível . Eu não tinha mais dúvidas de que viva entre monstros . Virei-me e fiquei diante a Aro , todos se assustaram e me perguntei o motivo .

– Isso ... é uma lágrima ? - Perguntou Marcus . Levei a mão ao rosto a ponto de enxugar a lágrima , transparente e ... humana .

– O que ... ? - Eu estava confusa , sabia que aquilo era impossível e nem sequer havia a sentido escorrer , sabia que aquilo havia me partido o coração , mas me feito chorar ?

– É raro entre os vampiros , mas acontece . - Disse Azazel , cortando o clima que havia se formado .

– Eu já li algo sobre isso . - Continou Caius . A julgar pela maneira como encaravam aquilo , sabia que aquela era uma tentativa de me protegerem e eu estava grata por isso .

– Mande o próximo ... - Gritou Aro desconsiderando por fim o que havia acabado de acontecer , sai correndo da sala antes que fosse forçada a fazer aquilo de novo , sai correndo pelos corredores e por fim cheguei a uma escadaria de pedra que parecia dar a lugar algum . Subi correndo e notei que havia ultrapassado todos os meus limites , continuei a subir e a subir , vendo que aos poucos minha visão ia tornando aquilo mais confuso . Os degraus se tornaram turvos e eu podia ouvir minha própria respiração acelerada , eu já não estava mais na escadaria . A folhagem se enroscava em meus pés e prometia me derrubar a qualquer momento , haviam galhos que me cortavam as canelas e eu podia ouvir os sinais de uma tempestade que se aproximava . Cai ao chão , bati a cabeça em uma das pedras , e por alguns segundos senti que aquele era o fim , porém eu tinha que continuar . Levei o vestido as mãos novamente e me levantei , continuando a correr , mesmo que não pudesse ir muito rápido . Podia ouvir latidos e um predador silencioso , pude sentir que tinha medo de ambos . Cai novamente , tentei me levantar ... mas já era tarde demais , o vampiro havia me alcançado .

Abri os olhos assustada . Eu havia chegado ao topo do palácio de Volterra , a lua estava ao alto e meu corpo se pressionava contra a beirada quase despencando da grande altura . Deixei que meu corpo corresse por entre a parede de pedra e levei as duas mãos a cabeça .

– O que é que há de errado comigo ?


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