Minha casa estava um caos! Hoje é o dia da minha festa de aniversário. Deixei Margareth encarregada de procurar um decorador. Decidi que iria ser Alice no País das Maravilhas. Um casal montava a mesa principal igual á mesa de chá do Chapeleiro Maluco. Meu vestido azul já estava em cima da minha cama. Decoraram o hall como a sala das sete portas. Eu to maravilhada com tudo! Tudo bem que é meus 18 anos e pode até ser um tema infantil, mas sempre fui apaixonada por esse livro.

O pessoal da decoração não teve grandes problemas com o hall porque a porta é quase idêntica a do filme. Fora a mobília francesa que também tem ali. Na sala, tiraram todos os móveis. Ao redor da mesa principal, eles fizeram algo parecido com o jardim que Alice passa assim que entra no País das Maravilhas. Nos outros cantos, colocaram as árvores e flores do jardim da Rainha de Copas. No lugar que ficaria a pista de dança, colocaram a representação do relógio do Coelho Branco. E, claro, sem dúvidas de que não poderia faltar o Gato de Cheshire, que ficava ao lado da porta que dá para a sala depois do hall. Digamos que ele recepciona os convidados por um pedido meu.

– Uau! Tudo isso em menos de um mês?! Tempo recorde! - Ethan falou parado na porta. - E esse bicho de assusta. - Ele disse dando um peteleco no coitado.

– Não fala assim do Gato de Cheshire! E pra tudo isso sair me menos de um mês eu tive que gastar uma grana absurda! - Ele me deu um selinho.

– Feliz aniversário, meu amor. - Sorri e ele entregou-me uma caixa.

– Obrigada. O que é isso?

– Desembrulha. - Assim fiz. Ele tinha colocado uns quatro livros dentro e personalizado a caixa com várias frases de livros que sou apaixonada.

– É perfeito!

– Sabia que você iria gostar. - Beijei-o novamente.

– Eu realmente amei! - Ethan sorriu.

– "Eat me". - Ele falou lendo o que estava escrito em cima dos docinhos e riu. - Vi um duplo sentido nisso. - Revirei os olhos. - E eu trouxe o baralho que você pediu.

– Obrigada.

– Vai servir pra que?

– Tá vendo onde vai estar aquele sofá e os pufes? - Apontei e ele assentiu. - Apesar do cenário fofo, pensei em uma mesa de jogatina. - Ethan olhou pra mim.

– Já posso ver a putaria que não vai rolar.

– Aí já não é minha culpa. - Ele riu.

– O que tá acontecendo na minha casa?! - Minha mãe disse assim que entrou.

– Correção: minha casa. E eu te avisei da minha festa de aniversário faz semanas.

– Vou ter que aguentar uma festa essa noite?

– Por que não vai pra casa do seu namorado? E pode ficar tranquila porque vou ter a decência de passar a chave na porta do seu quarto.

– Eu queria poder relaxar na minha casa, não na casa dos outros.

– A festa começa as sete. Tem muito tempo até lá. E do seu quarto você não vai ouvir nada antes de começar a tocar o som.

– Senhorita, Jones, acho que a mulher dos docinhos está na porta do condomínio. - Um dos empregados da casa me avisou.

– Obrigada. - Minha mãe subiu as escadas batendo o pé e resmungando como uma criança de 10 anos. Autorizei a entrada da mulher e continuei vendo se tudo estava do jeito que eu queria.

(...)

– Já tem bastante gente lá embaixo. Provavelmente pessoas que você só conhece de vista. - Brendon falou através da porta. Eu estava no closet terminando de me maquiar.

– Eu sei. - Assim que terminei, saí.

– Acho que essa festa vai ser muito louca e... Tá muito gata. - Ri envergonhada assim que ele olhou pra mim.

– Obrigada. Eu acho.

– Gata, porém minha. Sai fora, Brendon. - Ethan falou, me fazendo rir.

– Vocês não vão começar a se pegar na minha frente, né?

– Cala a boca, Brendon. Estamos descendo já.

– É... Vocês vão se pegar. Tchau. - Assim que ele fechou a porta, Ethan pegou na minha cintura e me puxou pra ele.

– Você tá linda.

– Obrigada. - Ele me beijou. As coisas começaram a ficar... Quentes, eu diria. - Acho melhor a gente parar.

– Não.

– Sim. - Peguei na mão dele. - Vem. - Passei a chave na porta. Assim que descemos, vi a pista completamente cheia. E já tinham derrubado bebida no chão. Passamos pela área dos sofás, onde deixei o baralho. Tinha uma garrafa de bebida no meio, claro. E Brendon estava entre o povo.

– Olha só quem tá aqui! A aniversariante! - Ele falou e abriram espaço pra mim e pro Ethan.

– Oi. - Falei e todos sorriram. - Tá bêbado já?

– Não. - Ele respondeu. - Mas tudo indica que daqui a pouco vou ficar. -Revirei os olhos. - Vão querer jogar?

– O que? - Ethan perguntou.

– Todos temos quatro cartas na mão e uma vai passando. Aquele que completar um Four of a Kind...

– Isso não é poker. - Uma das meninas falou.

– Que seja. São quatro cartas iguais do mesmo jeito. - Ele falou. - Enfim, aquele que completar abaixa discretamente e o resto vai abaixando do mesmo jeito. Quem abaixar por último, toma um shot.

– Devia ser tequila. - Ethan falou olhando pra garrafa.

– A gente ficou com preguiça de pegar outra garrafa. - Começamos a jogar. Eu, claro, fui lerda nas três primeiras rodadas. Como não sou de beber, já to vendo as coisas meio embaçadas.

– Anne, se você ficar doidona, você vai pular na piscina de calcinha e sutiã? - Brendon perguntou.

– Não. - Falei como se fosse óbvio e o Ethan mostrou o dedo do meio pra ele. - Vou pegar macarons. - Levantei e eles continuaram jogando.

– Bela festa. - Me pararam no meio do caminho. - E feliz aniversário, Anne. - Brian falou sorrindo.

– Obrigada.

– Amy disse que queria vim, já que a escola inteira estaria aqui. Mas barraram ela na porta. - Ri. Imaginei que ela realmente fosse cara de pau o bastante pra aparecer por aqui.

– Eu proibi a entrada dela faz alguns meses. - Ele riu baixo.

– Eu sei que não sou bem vindo aqui, ainda mais por seu... namorado... acho. Mas.... Sei lá... Queria te ver hoje. - Sorri envergonhada. - Espero que goste do presente.

– Obrigada por ter vindo. E obrigada pelo presente também. - Ele sorriu. Continuei meu caminho atrás dos macarons. Gente que eu nem sabia quem era me parava no meio do caminho pra me desejar parabéns. Olhei no celular e ainda eram quase dez horas da noite, mas várias pessoas já estavam podres de bêbadas. Eu nem queria ver como estava a área da piscina.

Quando voltei pra área do sofá, a brincadeira tinha mudado. Eles estavam brincando de strip poker no meio da minha sala de estar! Ethan estava sem camisa em menos de dez minutos. Sim, senhoras e senhores. Meu namorado está jogando strip poker!

– Ethan Cooper! - Falei e ele olhou pra mim sorrindo.

– Tá divertido. Entra na próxima rodada.

– Claro... Muito divertido! - Ele riu. Pelo jeito bebeu bastante em DEZ minutos.

– Relaxa, amor. Vem cá. - Sentei-me ao lado dele. E já que estavam todos jogando, resolvi jogar também. Assim que entrei no jogo os meninos me olharam de cima a baixo. Provavelmente achando que eu teria que tirar tudo. Coitados. Mal sabem que sou ótima no poker. Única coisa realmente útil que meu pai me ensinou.

Ficamos jogando não por muito tempo, já que eles resolveram se revoltar contra a minha pessoa.

– Décima primeira vez que você vence! Sai daqui, Anne! - Mike atirou um salgadinho em mim, fazendo-me rir.

– Vocês estão quase nus! - Falei e ri mais ainda. As meninas foram saindo aos poucos. Até que só ficou a minha presença feminina em volta da mesa. Ethan colocou a calça e a blusa e pegou na minha mão.

– Vamos dançar. To cansado de ficar sentado. - Levantei também e fomos pra pista. Alguma música desconhecida por mim tocava muito alto. Fechei os olhos e ficamos dançando enquanto bebíamos e, algumas vezes, íamos até alguma das mesas pegar comida.

(...)

– Eu sabia! - Brendon berrou acima da minha cabeça. Eu não sabia aonde ele estava, só ouvia sua voz. Abri os olhos e vi uma menina vomitando no jardim que tem do lado da área da piscina. Uma música não muito antiga começou a tocar e eu comecei a rir, nadando de barriga pra baixo e quase me afogando.

Eu não fazia ideia de onde o Ethan estava e não estava nem ligando pra isso.

– Sai daí! Você vai se afogar! - Brendon berrou de novo.

– Aqui tá óóóóóótimo! - Falei boiando, dessa vez.

– Quem diria... Eu tendo que cuidar de você bêbada. - Ri. Me senti flutuando e ri mais ainda. - Para de rir. E eu quero só ver amanhã quando você acordar e se der conta de que ficou sem vestido na frente de todo mundo.

– Eu to legal.

– To vendo. - Senti algo macio abaixo de mim. Acho que era o sofá. - Levanta os braços. - Assim fez e senti ele passar o vestido por eles, me vestindo. Olhei pro lado e vi que tinha gente se pegando em tudo quanto é canto. Ai que indecência. Duas meninas dançavam na pista parecendo duas stripers. Meus olhos foram fechando e eu fui deitando no sofá. Só lembro do meu corpo pesar.

(...)

Acordei com uma puta dor de cabeça. Deuses! Alguém faz isso passar?!

– Bom dia, meu amor. - Ethan falou deitando a cabeça no meu peito.

– Oi. - Falei baixo.

– Fiquei sabendo do seu mergulho ontem a noite.

– Não me lembra disso, Ethan. Onde você estava que não me impediu de fazer essa besteira?

– Eu comi um brownie que tinha em cima da bancada da cozinha. - Isso explica e muito o sumiço dele.

– Você é muito idiota, Ethan!

– Eu já bebido. Acha mesmo que eu iria conseguir diferenciar um brownie de maconha e um bolo normal?

– Você é um idiota. - Falei rindo. - Bosta! - Disse assim que uma dor aguda atingiu o meio do meu cérebro.

Resolvi levantar pra ver o estrago. Coloquei o hobby, escovei os dentes e saí do quarto. Fui abrindo todas as portas que eu encontrava. Graças a Deus só encontrei o Brendon dormindo sozinho. Porém, assim que fui pra sala, encontrei várias pessoas dormindo no sofá, no chão... Nas cadeiras que ficam na área da piscina e até na escada.

– Bom dia, Anne. - Margareth falou baixo. - Fiz café pra você. - Ela me entregou uma caneca.

– Obrigada.

– O pessoal da limpeza vai chegar daqui a meia hora. E acabei de liberar a entrada pro pessoal da decoração desmontar as coisas.

– Expulsa o povo pra mim, por favor? - Ela assentiu. - Minha mãe chegou?

– Ainda não.

– Bom, vou subir, Margo. Até mais tarde. - Dei um beijo na bochecha dela. Quando voltei pro meu quarto, Ethan ainda dormia. Deitei na cama e fiz o mesmo.