Wake me Up escrita por Carol Munaro


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Vocês não fazem ideia do quanto fiquei puta com esse site! Já tava quase arrancando os cabelos. To com o capítulo pronto faz mó cota. Enfim... Boa leitura!



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Cheguei na casa do Brendon e ele já estava me esperando.

– Cadê os papéis? - Ele perguntou pra mim e entreguei pra ele, que começou a ler. - Sua mãe é uma vagabunda de mão cheia. - Ri e sentei-me ao seu lado.

– Ela não é minha mãe. Eu nem precisaria brigar com ela por dinheiro. É só eu entrar na justiça que ganho.

– Isso é complicado, você sabe.

– Sei… Mas eu tenho bem mais direitos do que ela. Alias, eu posso pegar tudo pra mim.

– E vai fazer o que com aquilo tudo?

– Sei lá. Por onde eu começo?

– Conversando com o seu pai, talvez. - Dei de ombros. - Você não tá interessada em saber por que eles esconderam isso de você?

– Eu to é dando graças a Deus! - Ele ficou parado me olhando com uma sobrancelha arqueada. - Que foi agora?

– Você não acha isso meio assustador? Você nem sabe quem é a sua mãe, Anne!

– Eu passei a vida inteira sem mãe, você acha que eu iria me importar justo agora? Eu nem sei o que é mãe, Brendon! - Quase mordi a língua pra não gritar de novo. - Eu vou pra casa. Vou pensar no que fazer.

– Qualquer coisa me liga? Ou vai dar ataque de novo?

– Tchau, Brendon. - Peguei os papeis e saí da casa.

Pra onde eu vou agora? Ou eu vou pra casa e fico sozinha, ou eu vou pra praia e fico sozinha… Ou eu vou atrás do meu, digamos, porto seguro. Eu não gosto de encher o Ethan com os meus problemas. Eu sei que ele também tem os dele, mas nem por isso ele vem me contar toda vez que acontece algo. Ele é meu namorado, não meu psicólogo.

Dirigi até a praia. Deixei meu celular e minha bolsa dentro do porta-luvas, e fui até perto do mar, deitando na areia. Exatamente no mesmo lugar que o Ethan me trouxe no nosso primeiro encontro.

Tanta coisa mudou desde aquele dia. Minha vida deu um giro de 180º graus. E foi em tão pouco tempo, que até me assusta.

– Anne? - Continuei de olhos fechados.

– Eu. - Senti a pessoa deitar ou sentar do meu lado.

– Você tá bem? - Abri os olhos, vendo o Noah sentado do meu lado.

– To ótima. Por quê? - Ele deu de ombros.

– Vi seu carro parado ali.

– Hm… - Fechei os olhos de novo. Era bom ficar ali. Ainda mais sozinha. Pena que eu não estava.

– Não vai perguntar pelo seu pai?

– Não.

– Ele sente saudades de você.

– Meu pai sabe onde eu moro, Noah.

– O que quer que tenha acontecido, vocês têm que começar do zero.

– Já começamos do zero.

– Mas não mesmo. Qualquer um vê que você não esquece.

– Esquecer e perdoar são coisas diferentes.

– Andam juntos.

– Eu não quero falar sobre isso. - Ele deu de ombros. - Ainda mais com você. - Noah não levantou. Só ficou parado olhando o mar. - Desculpa. Eu sei que você só quer ajudar. - Ele sorriu de canto.

– Tudo bem. Eu me intrometi. Eu não faço ideia do que aconteceu. Então, eu não deveria ficar dando opinião. - Não falei nada. Fechei os olhos de novo. O som e o cheiro do mar me deixavam em êxtase. A combinação disso, com a brisa que tocava levemente o meu rosto, era perfeita.

– Você gosta do barulho do mar também?

– Aham. Mas to aqui pra não te deixar sozinha. - Olhei pra ele. - Já viu que horas são?

– Aqui é tranquilo. Não vai me acontecer nada.

Eu não sabia por onde começar. A quem eu to querendo enganar? Eu to completamente perdida. Eu preciso saber de onde eu vim, qual era o nome dela, como ela e o meu se conheceram… E o principal: por que ele escondeu isso de mim? Eu tenho certeza absoluta que tudo seria completamente diferente.

Não demorou muito e fomos embora. Dei carona pro Noah, já que eu iria pra lá. Meu pai estava quase saindo. Provavelmente iria encontrar alguma mulher por aí.

– É algo sério? - Ele perguntou ainda na sala.

– Eu não teria vindo aqui a essa hora se não fosse.

– Você tem escola amanhã. Acho melhor a gente marcar um almoço e conversar amanhã. - Olhei pro Noah e pro pai dele sentados no sofá. O primeiro, mexendo no celular. E o segundo, no notebook.

– Já que você não quer prolongar, vou ser simples. Por que me escondeu que minha mãe é outra? - Os dois olharam pra mim e pro meu pai, que arregalou os olhos. Ele pegou na minha mão e me puxou até o quarto. Ele fez um gesto pra eu me sentar, mas continuei de pé. Cruzei os braços e ele me olhou, sentado na cama. - Eu fiz uma pergunta.

– O principal motivo foi sua vó.

– Ela morreu faz seis anos. Por que não me contou depois?

– As coisas não são simples, Anne. - Ele suspirou. - Pra começar, eu nem namorava a sua mãe. - Revirei os olhos.

– Imaginei.

– Quando ela falou que estava grávida, decidimos morar juntos. Sua vó surtou. É óbvio que ela não aceitou. Ela pediu a sua guarda assim que você nasceu. E não preciso falar que ganhou. E as coisas ficaram mais fáceis pra ela quando sua mãe pegou pneumonia poucas semanas antes do parto. Não preciso falar que sua vó era uma das pessoas mais influentes da cidade. Pra ela seria uma absurdo se eu aparecesse com uma filha do nada. Foi aí que a Julie entrou na história. Você sabe que…

– Ela é filha de uma amiga antiga da vovó. Eu sei. - Ele se calou.

– Eu tive que aceitar. Como eu iria te criar sem dinheiro, sem um trabalho que desse pra eu me sustentar direito, sem nada?

– E minha mãe?

– Sumiu depois que saiu do hospital. Eu não sei pra onde ela foi. - Engoli em seco. Senti meu maxilar travar. - Não me olha assim. E não pense que eu não a procurei.

– Você pretendia o que? Me deixar morrer sem eu saber de nada?

– Você tinha se acostumado com a Julie. Eu iria fazer o que?

– Eu me sentiria bem melhor em saber que nunca tive nenhuma relação com ela. - Me escorei na parede. - Qual é o nome dela?

– Christina. O que você quer fazer agora?

– Não sei. - Me endireitei. - Vou pra casa. - Ele levantou e me deu um beijo na testa.

– Qualquer coisa, fala comigo, tá? - Assenti, me despedi dele e dos outros e fui pra casa.

(…)

Parei na frente da casa do Ethan. Eu tinha relógio em casa e sabia que já está tarde. Era quase uma da manhã.

– Abre a porta pra mim? - Pedi quando ele atendeu o telefone. Assim ele fez.

– Resolveu passar a noite aqui? - Entrei na casa. - Ajudou o Brendon em que?

– Ele tinha umas coisas lá pra arrumar.

– Hm… - Fomos pro quarto. Eu já estava de pijama. Então, só deitamos na cama. - Não tem nada te preocupando? - Fiz que não com a cabeça.

– Mesmo?

– A gente tem que acordar cedo amanhã.

– Não importa. O que aconteceu?

– Minha mãe não é a minha mãe. Foi só isso.

– “Só” isso? Anne, isso é muito sério.

– Nem é algo que vá mudar muita coisa na minha vida. - Contei toda a história que o meu pai contou. - Eu não sinto nada. Eu nem sei quem ela é! E eu to feliz por não ser filha da vadia da Julie.

– Você vai atrás da sua mãe? - Dei de ombros.

– Não sei. Ela não foi atrás de mim.

– Talvez ela tenha motivos pra isso.

– Eu não levo muita fé nisso, Ethan. Faz tanto tempo e ela sequer deu as caras. - Ele começou a fazer carinho na minha cintura.

– O que pretende fazer? - Não falei nada. Ele me olhou surpreso.

– O que foi?

– Primeira vez que você não sabe a resposta pra essa pergunta.

– Eu não sei nem se eu deveria fazer algo. O que você acha?

– Eu não posso te responder, amor. É a sua vida. - Ele me deu um selinho. - Não fica assim…

– Vamos dormir, Ethan. Depois eu penso sobre isso.

– Não quero você triste.

– Eu não vou ficar. - Ele me beijou. O abracei e não demorei muito pra dormir.

(…)

– Pedi pra minha mãe comprar as caixas com salgadinhos. - Brendon falou. Estávamos no intervalo.

– Tem que comprar as bebidas ainda. - Ethan falou. - O que mais que tem que fazer? - Encostei a cabeça no ombros do Ethan.

– Eu tenho que comprar uma roupa pra mim. E acho que dá pra encomendar uns docinhos, né? Aí você pede lá na confeitaria. - Falei.

– Por mim, tudo bem. - Ethan respondeu.

– Parece que alguém tá querendo voltar com tudo. - Amy falou parada do lado da mesa. Me endireitei.

– Ah… O que você quer?

– Acho patético essa sua ideia de convidar a escola pra sua festa de aniversário.

– Sempre fiz isso. Aliás, você fez isso na sua desse ano por minha causa. Então, não venha me encher o saco.

– Mas ao contrário de você, a minha reputação continua intacta aqui nessa escola.

– De vadia e de capacho da Anne? Bela reputação… - Brendon riu.

– Sua vida acabou quando você terminou com o Brian. - Ela ainda acha que tá por cima. Essa menina me dá tédio.

– Muito pelo contrário. To bem melhor agora.

– Esse daí faz mais o seu tipinho ridículo mesmo. - Ela falou do Ethan. Gargalhei.

– Quem foi que ele pegou como segunda opção porque eu estava comprometida? Ah! É mesmo! Você! - Ri de novo. - Quem o Brian pegou só pra me provocar quando terminamos? Você de novo! Amy, você não pode falar absolutamente nada de mim porque você vive dos meus restos. Inclusive aquele vestido que eu te emprestei pra uma festa, mas você, simplesmente, resolveu entender que era um presente. E não foi só uma vez que isso aconteceu. E você lembra quem era quando chegou na cidade? Cara… Quem seria você sem mim? Tchau, Amy. Não me enche a paciência. - Encostei a cabeça no ombro do Ethan de novo.

– Ela ficou puta da vida! - Ele falou rindo no meu ouvido. Dei de ombros.

– Eu só falei a verdade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Beijos!



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