Wake me Up escrita por Carol Munaro


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Ooi! Boa leitura



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Saí do trabalho. Minha gasolina estava acabando já. E eu só receberia o salário no final do mês. Eu teria que começar a andar a pé.

Resolvi deixar o carro estacionado e fui até a praia, que era ali perto.

Tirei o tênis e sentei-me na areia, olhando pro céu que agora tinha o tom anil.

Em menos de três meses minha vida deu uma virada completamente louca. Eu nunca sei o que esperar do dia seguinte. E eu não faço ideia de como vai ficar eu e o Ethan. Eu queria tanto ama-lo… Ele foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Meu celular começou a tocar. Atendi.

– Anne, eu não acredito que você assinou aquilo. - Era a voz do meu pai.

– Eu sei que isso complicou as coisas pra você.

– Complicou?! Eu vou sair desse casamento com uma mão na frente e outra atrás! - Respirei fundo.

– Posso ir aí pra gente conversar? Ou, se eu for, vai me bater?

– Filha, nao faz assim… - Arqueei as sobrancelhas surpresa. Há quanto tempo meu pai não demonstrava afeto por mim?

– Onde você tá?

– Na casa de um amigo. - Ele me passou o endereço. Fui até lá. Confesso que não imaginava meu pai morando aqui. Ele sempre gostou muito de luxo. Não tanto quanto a minha mãe, claro. Mas não meu pai nunca foi humilde.

Toquei o interfone. Não demorou muito e ele abriu o portão pra mim. É óbvio que não nos abraçamos e aquela coisa toda. Só falamos um “oi”, como se fossemos apenas conhecidos e não pai e filha.

– Como tá sendo a convivência com a sua mãe? - Ele perguntou assim que entramos no apartamento.

– Tenho vontade de mata-la. Mas até que dá pra aguentar.

– E o contrato? - Sentamos.

– Pensei em mim. Eu nunca iria ajuda-la. Mas eu fui burra o suficiente pra deixar que ela me enganasse.

– A vaca da sua mãe pode ser tudo, menos ignorante.

– Eu vou dar um jeito.

– Como? - Ele perguntou cruzando os braços.

– To pensando em algo.

– Vai querer tudo pra você?

– Posso te deixar algo se você me ajudar. Mas quero aquela mulher morando debaixo da ponte.

– Cadê a Anne que só queria o bem das pessoas? - Ri e ele riu junto. - Soube que ela tinha te expulsado de casa.

– Isso não durou muito.

– E o tal de Brian? Falou o que sobre isso?

– Terminei com ele. Agora que ele viu que não passava de um moleque mimado, não sai do meu pé.

– O filho do meu amigo, o dono desse apartamento, ele é um bom menino.

– Não to sozinha.

– Brendon? - Fiz uma careta. Não que ele fosse feio, mas ele é meu melhor amigo.

– Não. Você não conhece. - A porta abriu e um homem e um menino entraram.

– John, essa é minha filha, Anne. - Dei um “meio” sorriso pro tal amigo do meu pai. - Esse é o Noah, Anne. - O garoto sorriu. Sorri também. - Vem pro meu quarto. A gente ainda não acabou a conversa. - Levantei. Senti o olhar do tal Noah em mim, mas fingi que não percebi.

– Achei que tínhamos terminado. - Falei sentando na cama.

– Sobre a ultima vez que eu fui lá na sua casa… Sabe, Anne, eu mudei muito desde aquele dia. Eu não tinha noção do que eu tava fazendo.

– Tá falando sério?

– Você é minha filha. Eu não devia te tratar daquele jeito. - Me mexi desconfortável.

– De uma hora pra outra resolveu virar o pai do ano?

– Não é isso. Eu preciso de você. Eu sei que nesses últimos anos eu sumi da sua vida. Não sei explicar o que aconteceu.

– Não lembro a ultima vez que você me tratou bem a não ser hoje. - Vi pelo olhar que meu pai ficou envergonhado. Confesso que passou pela minha cabeça a possibilidade de ele estar falando assim comigo só pela herança. Mas não é isso. Eu sei que não. É só olhar pra ele. Ele tá sendo sincero comigo pela primeira vez na vida.

– Eu sei… Podemos recomeçar de novo? - Eu fui pega totalmente de surpresa.

– Acho que sim. - Murmurei. Ele sorriu. Voltamos pra sala. Noah e John tinham pedido pizza.

– Vai querer ficar? Ou vai querer ver a cara da sua mãe mais cedo? - Ri. Sentei-me no sofá e peguei um pedaço. Eles conversavam sobre futebol. E eu fiquei lá mofando.

“Achei que ia já estaria em casa essa hora”

Era o Ethan.

“Por incrível que pareça, to na casa do meu pai. Quer vir pra cá?”

“Não tem problema eu aparecer aí?”

– Pai? - Ele me olhou. - Um amigo meu pode vim aqui?

– Claro. - Sorri. Passei o endereço pro Ethan. Continuei comendo a segunda pizza. Parecem que homens quando começam a falar de futebol se empolgam e não param mais.

Um tempo depois, o interfone tocou e eu abri a porta pro Ethan. O apresentei pra eles.

Bom, eu tinha chamado o Ethan aqui pra me fazer companhia. Mas, pra minha infelicidade, ele e meu pai torcem pro mesmo time.

– Ele é o que? Seu namorado? - Noah perguntou enquanto eu comia mais um pedaço de pizza.

– Acho que não. Eu chamaria de uma “ficada séria”.

– Ou fixa.

– Que seja. - Dei de ombros. Eles continuaram conversando sobre esportes. Peguei o celular e comecei a mexer nele. Noah continuou olhando pra mim. – O que foi?

– Nada. – Ele deu um risinho. Revirei os olhos. Não demorou muito e eu e o Ethan resolvemos ir embora. Entramos no meu carro. Fui deixar ele em casa.

– Você tá quieto até demais. - Comentei. Ele me olhou.

– Como você e seu pai voltaram a se falar? - Arqueei uma sobrancelha.

– Ele me ligou.

– Simples assim?

– Ele me chamou pra conversar.

– E a sua mãe? - Isso tá ficando estranho.

– O que tem ela?

– Você voltou pra casa. Achei que tinham se acertado. - Ri.

– Não seja ingênuo, Ethan. - Expliquei tudo pra ele. Desde o dia que ela foi me procurar na casa do Brendon até o dia que ela falou da porcaria da nota no rodapé. Ele não falou nada. Só ficou olhando pra mim. - Que foi?

– Você tentou dar o golpe na sua mãe?

– Por que todo mundo expressa assim? Eu só quis o que é meu por direito.

– Não. Você tentou dar o golpe nela. Assim como ela queria fazer com o seu pai.

– Não seja ridículo. São coisas diferentes. - Ele ficou em silêncio. Continuei dirigindo. Assim que chegamos na casa dele, pensei que ele fosse me beijar, mas ele olhou sério pra mim.

– Não deixa você se rebaixar ao nível da sua mãe. Por favor.

– Ficou louco? - Perguntei rindo.

– Eu to falando sério, Anne. Isso é o tipo de coisa que ela faria. Não você.

– De novo com isso? Eu não fiz nada de errado.

– Tem certeza? Que eu saiba, você não liga pra dinheiro. Mas depois dessa, tenho minhas dúvidas.

– Se eu quisesse tanto dinheiro assim teria continuado o meu namoro com o Brian. - Ele respirou fundo.

– Eu to falando isso pro seu bem. Não tenta… Sei lá… Competir com a sua mãe. Você ainda vai se dar mal por causa disso. Até amanhã, Anne. - Ele me deu um selinho e saiu do carro. Bufei.

(…)

– Como você tá se sentindo hoje, Anne? - A psicóloga perguntou. Não estava no grupo. Ela pediu pra conversar só comigo. Eu não sabia o porquê disso.

– Bem.

– Bem mesmo? Ou é uma resposta automática?

– Por que eu to aqui?

– Pra eu poder te ajudar.

– Eu não preciso de ajuda.

– Anne… Não são só os professores e eu que estamos preocupados com você.

– Quem veio falar com você sobre mim? - Ela parecia relutante em me falar. - Eu sei que alguém veio falar com você.

– Na verdade foram duas pessoas.

– Ethan e quem mais?

– Sim, uma delas foi o Cooper. E um outro menino. Me disseram que vocês namoravam.

– O que o Brian veio falar com você? Ele não sabe mais nada da minha vida.

– Mas ele se preocupa com você. - Me recompus.

– Eu to bem. Mesmo. Bem melhor agora.

– Não precisa assumir uma postura arrogante pra mim, Anne. Todo mundo sabe que você não é assim.

– Você já tá saindo no lucro só por eu estar aqui.

– Sabemos que a separação dos pais nunca é uma coisa fácil, ainda mais com aquilo que você falou na ultima reunião. Eu sei que a convivência com a sua família não tá sendo fácil e… - Me levantei. - Anne! - Ela me chamou, mas eu fingi que não ouvi.

Andei pelos corredores tentando achar o Brian. O Ethan eu até entendo. Ainda mais pelo o que ele falou ontem pra mim. Sem contar que ele sabe de tudo que tá acontecendo. Mas o Brian não sabe mais nada da minha vida. Ele não tem o direito de opinar sobre nada.

– Você tá pensando que é quem pra se intrometer na minha vida? - Empurrei ele contra a parede. Os amigos dele me olharam assustados, assim como ele.

– O que eu fiz? - Brian perguntou.

– O que você fez?! - Respirei fundo pra falar em voz baixa. - Você espalhou que eu to com problemas. Você nem sabe mais o que acontece ou não comigo.

– Eu… - Ele abaixou a cabeça e respirou fundo. - Eu só quis ajudar.

– Desde quando você quer me ajudar?

– Eu sei que eu fui um canalha com você, mas isso não quer dizer que eu nunca liguei pra você. O que tá acontecendo, Anne? Você me conhece mais do que ninguém.

– Você nunca iria querer me ajudar, Brian. E eu espero que você nunca mais se intrometa na minha vida. - Me afastei dele e fui pro estacionamento da escola. De lá, eu iria até o meu trabalho, que também tá começando a me cansar.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, o Noah não vai trazer problemas, tá? Ele é só... Um secundário qualquer. Tenho alguns planos pra ele, mas nada de importante e ele também não vai tentar pegar a Anne ou algo do tipo. Bom, a Anne vai entrar numa fase meio "dark". Se vocês odiarem isso, eu até tiro a ultima frase desse cap e tals... Enfim, espero que tenham gostado e já aviso que não vou postar esse fds porque tenho que estudar (que novidade...) e tenho um trabalho big que alias já era pra eu ter entregado. Mas enfim, Beijos de luz!



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