Eu pensei que deixaria tudo melhor se trabalha-se lá, mas percebi que a cada pessoa que era solidária com outras, se dava sempre mal no final. Igual a mim.

— Delírio Insignificante, Pauline Morris (Jordan Packson).

Os dois estavam na praia, sentados na areia lisa enquanto viam Arbex² libertar os turistas, que corriam e gritavam com medo. Oliver não se importava, queria, mas não sentia nada ao ver pessoas serem mortas por seres estranhamente comuns para ele.

— A Era de Ouro está acabando. — a amiga sussurra ao seu lado.

Ele se virou para olha-la, esperando as grandes orbitas castanhas brilharem por causa dos raios de Sol que batiam em suas mechas douradas, as cinzentas nem pareciam existir naquele momento.

Infelizmente, não havia a coloração castanha, mas sim, uma forte radiação em seus olhos, que estavam, completamente, vermelhos-sangue. Engoliu em seco, afastando-se dela e perguntando:

— Luna?

— Por favor, Ollie. De Chris fora para Luna? — era a mesma voz que ele ouviu por muitos anos, e pela ultima vez, o culpando de algo que... era realmente sua culpa.

Então sua característica mudou, tornando-se uma mulher, mas com os mesmos olhos. A pele era mais branca que o normal, parecendo até um espirito. Seu corpo era mais desenvolvido, seus cabelos mais ondulados e dourados.

— Não pode haver um corpo e duas almas. — diz. — Impossível. Ela terá que ser morta.

...

— Um semideus, cara? Sério? — Charlie joga mais um chiclete de melancia na boca.

— Sério. — Oliver revira os olhos. — Você me escutou?

Charlie sentiu a água cobrir seu tronco, fria e límpida. Piscou para algumas garotas que passavam atrás das costas do amigo e se voltou para o mesmo.

— Hãn, sonho, deusa, Selene... Sim, ouvi. — franziu o cenho. — Por que estamos aqui mesmo? Na piscina?

— As garotas não estão aqui, isso é; sem perguntas ou piadinhas sem graça sobre relâmpagos e sexo. — o garoto de olhos negros levantou uma de suas sobrancelhas. — Espera, você está aqui. Só coloque a parte das perguntas.

— Eu não faço piadinhas sem graça. — se defende. — O.k, não faço piadinhas sobre relâmpagos, agora a outra parte...

O amigo ri.

— Você é mesmo um idiota.

— Eu não sonho com as garotas que eu pego, cara. Mas você...

— Pela décima quarta vez; eu nunca “peguei” a Luna. — bufa. — Ainda estou me perguntando por que lhe contei aquilo.

— Sou seu melhor amigo, relaxa. Não vou ir no quarto da Selene começar a falar tudo que me falou todos esses anos, bem, vou chegar lá bem de madrugada, se ela estiver sensível e precisando de carinho... Estou aqui para ajudar.

— Você não faria isso...

Charlie ri.

— Estou blefando. — coloca uma de suas mãos em seu peito, fingindo estar revoltado. — Como amigo você deveria saber qual hora eu...

— Cala a boca, gafanhoto. — Laila aparece, dando um salto na piscina, molhando algumas garotas tentando se bronzear um pouco perto deles. — Foi mal. — gritou, então se voltou para os dois adolescentes. — Esperava que caísse um pouco mais de água naquelas vadias, mas... querer não é poder, não é mesmo, meus caros?

— O que ela está fazendo aqui? — indagou Charlie.

— Piscina pública, lembra? — a garota revira seus olhos cor de mel, fazendo um coque desengonçado para segurar seus cachos castanhos claros.

— Acho que vou fazer uma visita mais cedo no quarto da Selene. Aqui já está infectado com...

— Não ouse. — Laila apontou o dedo na cara do guarda de olhos verdes vibrantes.

O mesmo colocou mais um chiclete na boca e argumentou:

— Dane-se.

...

— Ninguém sabe que Collinwood está em guerra?

— Ninguém que está dentro deste navio. — Lucius olha para Kalyn. — Por isso precisamos dar um entretenimento que roube a atenção deles até chegarmos a Siterwood.

— Um semideus que deixou Doris Stein no hospital já chamou atenção suficiente. — Charlie pela primeira vez, disse sério. — Não podemos chamar nem tanta ou pouca atenção, se eles quiserem procurar a minha ficha, acharam coisas concretas que estamos espionando e invadindo sem autorização um território inimigo do nosso país.

— Pela primeira vez, tenho que concordar com Charlie. — Laila engole em seco. — Não é muito normal um bando de adolescentes de países diferentes quererem ir para o país da natureza. Ainda mais em uma época de exploração comercial, com a maior biopirataria desde muito tempo.

Kalyn arruma o laço de bolinhas azuis em seu cabelo ruivo e murmura:

— Temos CCE – Centro de Combate para Estrategistas – do nosso lado. — sua voz fica um pouco mais alta, após perceber que todos estavam prestando a atenção nela mesma. — Podemos ficar lá por algumas semanas quando chegarmos em terra firme, dizendo para todos que começaremos a treinar lá e inventando mais algumas baboseiras. — fala. — Vários amigos que podemos confiar estudam lá, ninguém irá espionar um reformatório de adolescentes deprimidos logo em um país paradisíaco como aquele.

— Faltam mais quantas jogadas para chegarmos? — Selene pergunta, mordendo seu lábio inferior.

— Aquilo foi apenas um treino, isso quer dizer que faltam mais duas. — Lucius se virou para Oliver. — Você ainda quer continuar? Sei lá, podemos achar outra pessoa.

O garoto de olhos negros balança a cabeça, negativamente.

— Eu acabei de entrar, não vou sair tão cedo. — sorri.

...

Eles estavam novamente na arena, no mesmo lugar – marcado com a cor azul. Lucius conversava com Kalyn enquanto Oliver coçava sua nuca, nervoso. A primeira vez que esteve aqui – antes de ontem – fora realmente horrível.

Deixar uma mulher em coma não é uma das coisas que estavam em sua lista para este ano, não mesmo. Isso era ruim, o ruim que secava sua garganta e pensava naquele momento que fora derrubado. Ele jogou o raio, ele a deixou mal.

O gongo foi ouvido.

O cabelo encaracolado e loiro da garota que corria em direção a ele balançava histericamente. Sua armadura de metal pesado não se movia, duro como uma pedra. Ela tinha olhos violetas penetrantes, isso dava medo. Oh, se dava.

A palavra “Siteryl’s” era vista cada vez melhor a cada grande passo que a garota dava, ficando ainda mais perto dele. A distância era mínima depois de alguns segundos. Era dourada, pintada cuidadosamente. Se não fosse um pouco assustadora a dominadora que estava usando ela, Oliver acharia que era realmente linda.

“Uma mulher, de novo. Que droga”, pensa, antes de seus olhos capitarem as chamas que bateram em seu braço direito, bem perto do seu pulso. Ele caiu de joelhos, e se achou patético por isso. Mas uma queimação forte fluiu para suas veias, tornando cada vez pior ter forças para levantar.

As chamas correram para suas costas, passando pelo seu pescoço – que secou rapidamente – e fora para a parte queimada de sua cara. Contra o curativo que prendia todos os espaços, a queimação conseguiu seguir a diante.

Lá estava ele, de joelhos na frente da garota, entrando em chamas novamente. Mas não apenas no rosto, na verdade, em seu corpo inteiro. Como uma bomba, está pronto para explodir. Por que a garota ainda não o deixou inconsciente.

Ela nem precisava, sua dominação já estava fazendo isso.

Então, a queimadura foi se secando, igual o que aconteceu com uma parte de seu rosto. Era a primeira dominadora de fogo que vira na vida. Por um momento, pensou que conhecia a garota, mas percebeu que essa dúvida era ainda maior. Não era sua mente que se lembrou, foi sua face. Que sofreu as mesmas alterações com o fogo único da rara dominadora misteriosa. A que queimou sua face, e agora ele por inteiro.