Quando amamos alguém, acabamos sempre nos preocupando com essa pessoa. Ás vezes, esse sentimento é chamado de “amor”, outras vezes, ele é chamado de “ciúmes”.

— Delírio Insignificante , Pauline Morris e Jordan Packson.

Ela encarou seus olhos negros e pequenos, não acreditava realmente no que o amigo havia falado. Há poucos minutos atrás, estava certa que era apenas ilusões formadas em sua cabeça. E agora, ele diz a ela que Dominick está morto?

— Mas você disse...

— Não importa o que eu disse, Luna. — ele olha para baixo, vendo suas botas escorregadias. — Há algo em você, e não é algo bom.

O corredor fora novamente preenchido por gritos e assobios que viam de outros corredores e mais. No momento seguinte, passou correndo um pequenino garoto, com seu chapéu verde musgo que voltou para trás em direção a Selene e Oliver após eles o chamarem.

— O que está acontecendo? — Oliver pergunta confuso para o garoto, que levanta uma de suas mãozinhas pedindo algo. — Você quer isso? O.K., tome.

O garoto, segurando o saco médio ainda cheio de amendoim, abriu um sorriso que fez Selene ver uma janelinha entre quatro dentes faltando na frente de sua boca, então, ele começou a falar.

— Chegaram os tributos! — os olhos dele brilham sonhadoramente. — Muitos deles estão aqui á procura de outros participantes dos Jogos Ellen! Isso não é incrível? — O garoto não espera a resposta dos dois jovens, ele corre em direção a outro corredor, pulando feliz com seu novo saco médio de amendoins.

— Isso quer dizer que... — Oliver a interrompe. — Eles estão me procurando. — dos mesmos olhos brilhantes do garoto que foi-se embora, os do amigo, brilharam ainda mais.

Selene mesmo assim estava raivosa. Era para que ela o interrompe-se e o ignora-se, não o contrário. Fora Oliver que falou que eram apenas ilusões, que tudo não passava de coisas malucas da sua cabeça. E agora, ele a diz que era verdade, que estava errado e que ela sofria um grande perigo se o governo descobrisse algo?

Claro, ele não disse a última coisa, mas estava claro que o governo não deixaria levar uma coisa valiosa e diferente para fora do país e setor. Mesmo que está tal volta de Selene para Prypat ainda está prevista para demorar mais alguns meses. Mas, se acabar saindo á fofoca que a jovem tem algo de especial. Ela voltaria para o campo de concentração, e isso, não lhe dava lembranças muito boas.

Quando viu, Oliver já havia virado um corredor e nem ao menos avisou a ela, que correu atrás dele gritando para esperar.

...

No palco improvisado, havia uma parte de tulipas e outra de margaridas. Era bonito e simples, o que Selene mais gostava. Chelsea Parker está no centro, com sua bota de cano longo bege e seus cílios postiços, ela começou a falar:

— É um prazer enorme estar aqui. — ela arfa. — Nossos tributos estão esperando novos adversários que iram arrasar nos Jogos Ellen.

Chelsea não parou de falar um minuto, o que fez Selene não ligar mais para o que ela estava anunciando. Só ficou ali, avistando o garoto do chapéu verde musgo comendo o saco médio de amendoim de Oliver.

— Eu gosto mais das tulipas. — uma garota sussurrou ao lado de Selene, que levou um pequeno susto. — É incrível como ela pode falar tanto e respirar pouco. — faz uma careta.

Selene ri um pouco.

— Acho que ela treinou bastante. — diz. — Vamos olha-la fingindo que estamos interessadas.

Essa foi á vez da garota rir.

— Me chamo Kalyn. — ela dá um sorriso tímido. — Sou uma Stobyl.

Selene se lembrou.

Esses eram os poucos momentos que se lembrava de sua vida antes do campo de concentração. Quando era pequena, olhava para as grandes televisões de plasma que eram mantidas através das vitrines de uma loja qualquer de eletrônicos, e sonhava. Sim, sonhava em ser uma Stobyl, mas quando olhou para as suas mãos, percebeu de como não poderia cumprir este sonho.

— Selene. Eu me chamo Selene. — ela disse por fim.

Voltou a olhar o garoto do chapéu verde musgo, mas viu que ele não estava mais ali. O que fez ela se perguntar o que estava havendo de tão estranho nos morados do setor. Então, tomou uma atitude repentina, entrou naquela multidão sem falar nada mais para a garota das tulipas. Seus pés foram pisoteados novamente e seu ouvido direito fora quase acabado após ouvir gritos de uma mãe desesperada.

— Espere! — Kalyn grita correndo atrás dela.

Selene parou, mas não foi pelo pedido da garota, mas sim por que chegou a linha final. Congelada, ela olhou para a única coisa que sobrou de prova do desaparecimento do garoto: um saco médio de amendoins.

— Onde foi parar meu garotinho?

Ela percebeu e descongelou do seu choque. Aquela mãe desesperada que quase causou surdez em seu ouvido direito era mãe do garoto de chapéu verde musgo. Ela estava chorando no pescoço de um homem, que Selene tem a quase certeza de ser seu marido. O homem a olhou triste e esperançoso. Selene não gostou do olhar que foi mandado para ela, parecia o mesmo que sua mãe lhe mandou no hospital, essa foi á última vez que a viu.

— Aqui esta os nossos queridos participantes. — a voz fina de Chelsea acaba chamando a atenção de Selene. — Calouros e novatos. Vamos apresenta-los!

Eles estavam enfileirados em tamanho e poder. Lá estava Oliver Moore, com seu sorriso gigantesco, espremido entre dois tributos, ele olhava tudo em volta. Como se quisesse lembrar-se de tudo aquilo quando acabasse. Era uma boa atitude, Selene achava.

Então, ela percebeu que Oliver não estava sorrindo de verdade, ele a olhava no momento, com tristeza e pena, uma coisa que não era de costume. Mas não importava como, Oliver Moore estava vivendo seu sonho com um sorriso falso.

Os dois tributos eram uma garota e um garoto. A garota tinha um corpo musculoso e uma careta feita por sua face límpida e raivosa, um sorriso torto se corrompia em seus lábios carnudos.

O garoto era um pouco mais diferente, ele usava uma toca vermelha que realçava seus cabelos loiros e olhos dourados. Isso era diferente, Selene nunca viu tanta beleza assim em um só ser humano.

— Quem são aqueles dois? — perguntou para Kalyn que também tinha seus olhos cinzentos vidrados no garoto.

Mesmo assim, ela virou-se para encarar Selene com uma careta um pouco não definida.

— Aqueles são os Irmãos Sullan’s. — a garota das tulipas arrepia-se. — Laila Ayla e Lucius Maclaine. Eles não gostam de usar o sobrenome Sullan, mas isso não importa. — Kalyn olha para o saco de amendoim na mão de Selene e se volta para ela novamente. — Eles são os únicos dominadores de sangue da Era de Ouro.