Era muito velha para brincar... escrita por Carolina Trindade


Capítulo 1
Prólogo + Capítulo 1




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†PRÓLOGO†

Caso esteja procurando por um conto de fadas ou romance é melhor que feche esse livro e mantenha sua sanidade a salvo. Aqui só encontrará mistério e sangue. Ou pior, talvez não olhe do mesmo jeito para suas companheiras de infância em seus vestidinhos floridos e coloridos dispostas nas prateleiras de seu quarto. Não entendeu o sentido dessas palavras? Continue lendo e entenderá. Se tiver coragem. 

   Essa história começou em uma época de muito frio em uma cidadezinha pacata no interior de Minas Gerais. Era inverno. Talvez o inverno mais forte que já passou por ali. Mesmo assim, por mais forte que o frio fosse, o amor de Jane e John os mantinha aquecidos e felizes. John e Jane eram o típico estereótipo casal apaixonado dos filmes de Hollywood.  

Eles haviam se conhecido em uma festa de um amigo em comum da faculdade em que estudavam. Jane fazia veterinária, que era seu sonho desde a infância, e John, se formou em agronomia para continuar o trabalho de seus falecidos pais no açougue da cidade e nas plantações e gado da fazenda da família em que passaram a viver após se casarem a cinco anos atrás.  

Enquanto John era responsável pelo açougue, Jane ajudava a administrar o gado e as plantações de casa. Ao fim do dia John voltava para casa exausto mas feliz por estar mais um dia com o amor de sua vida, nada o contentava mais que o sorriso singular de Jane e o aconchego de seus braços repletos de amor. 

A vida no interior era muito tranquila e pacífica. Conheciam todos os arredores e nos arredores. Embora estivessem em algumas distâncias desfavoráveis de onde trabalhavam, ou faziam compras, ou até do hospital da cidade, gostavam muito da vida que levavam ali.  

Algum tempo depois, já acostumados com a rotina de vida e sempre apaixonados, o casal foi surpreendido com uma notícia inesperada do médico: os enjoos e cólicas constantes de Jane não eram nenhuma patologia e sim uma criança que estava por vir. Imagine a felicidade do casal com o resultado de seu amor. Era uma notícia maravilhosa! 

Durante todo o período de gestação de Jane, John cuidava mais e mais dela, sempre atencioso aos mínimos detalhes da rotina de uma gestante. Ele tinha muito medo que algo pudesse acontecer à Jane e ao bebê. Eles seriam pais incríveis sem sombra de dúvidas.  

CAPÍTULO 1

Dois meses se passaram. Jane foi ao hospital pela manhã, o médico lhe disse que ainda faltavam duas semanas para a chegada de seu filho. Ela estava muito feliz, mas também muito ansiosa.

Dois dias depois, após chegar do trabalho, Jane foi para o banheiro tomar uma ducha quente pra relaxar. Assim que saiu do banho, começou a se sentir mal.Aa cabeça doía, a garganta logo depois, seguido do estômago. Como se a dor estivesse descendo por seu corpo. Quando a dor lhe alcançou o útero, Jane caiu de joelhos, como aquilo doía!

Foi então que começou o sangramento, o que fez Jane começar a chorar desesperadamente. Pegou o telefone e ligou para John para que ele a levasse ao hospital rapidamente. 

Assim que chegaram ao prédio cinza a algumas ruas da entrada da área urbana, Jane foi tirada do carro às pressas e levada para a sala de urgência, talvez o bebê sobrevivesse àquilo. John ficou na sala de espera preocupado, rezando para que tudo desse certo. Ele amava Jane mais que tudo no mundo, odiava vê-la sofrer, odiava não poder ficar ao lado dela naquele momento. Ela era tudo para ele.

Duas horas depois, um dos médicos foi falar com John. Como sempre, duas notícias, uma boa e a outra má. A boa era que o bebê sobrevivera e estava bem, uma linda menina. A má: Jane não resistiu ao parto, morreu cerca de cinco minutos após o nascimento.

John foi correu até a sala onde Jane estava. Chegou batendo as portas, atropelando o que vinha à sua frente, a única coisa que lhe importava era acreditar que não era verdade. Jane não poderia ter ido logo assim, abandonando-o sem mais nem menos.

Para sua decepção, na maca cirúrgica estava Jane, agora sem cor, sem movimentos, sem respiração, sem batimentos cardíacos. Ele se virou para não ter que ver aquilo. Então num berço de hospital logo à sua frente, havia uma linda menininha, sem dúvidas, sua filha, ela era igual à Jane, a diferença era que seus olhos... Eram vermelhos!

Já era estranho um recém-nascido já estar de olhos abertos, mas aquilo era assustador! A menina tinha olhos vermelhos como fogo, era branca como leite e tinha cabelos negros. Jane tinha cabelos e olhos castanhos, ele era loiro com olhos verdes, mas a semelhança entre a menina e Jane eram imensas, mas não poderia ser sua filha.

Ele foi até a enfermeira que cuidava da menina e perguntou se aquela criança realmente era sua filha. Ela disse:

— Sem dúvidas, meu senhor. Esta é sua filha. Natalie. Esse é o nome que sua mulher deu a ela. Mas não se preocupe, em algumas horas vai poder levar sua menina para casa. – disse a mulher se virando pra limpar alguma coisa. – Só precisamos de mais alguns exames e amostras.

— Amostras?- perguntou John.

— Sim. É impressionante o caso de sua filha. Principalmente esses olhos. Pensamos que possa ser alguma mutação na genética, mas logo poderemos ter alguma certeza. Se quiser pegar, fique à vontade.

— Ah sim, claro. – ele se virou pra menina. – Olá Natalie, seja bem-vinda ao mundo. Eu sou seu pai.

A menina esticou seus bracinhos brancos e magros para o pai, sorrindo. Ele a pegou, sentindo a ternura, amando sua menina assim como amava Jane, assim como os dois amariam se Jane não tivesse morrido. Mas não podia culpar a menina, ele deveria cuidar dela.


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