Abrindo os Olhos de Mário Calderón escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, estou postando o capítulo 24 da fanfic, desculpem pela demora é que agora não tem dado pra postar tão frequentemente.
Espero que gostem e se possível comentem.



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Ao entrar em sua residência, Nanda trazia um lindo sorriso em seus lábios. Por mais que quisesse não conseguia desfazê-lo, o sorriso parecia ter-se congelado, ele permanecia ali enfeitando seu rosto delicado.

Ela era pura felicidade!

Tudo lhe parecia tão mágico!

Tinha a sensação que caminhava nas nuvens!

Custava a crer no que acontecera momentos antes!

O seu Mario Calderón, aquele homem incrível, havia se declarado! Ele a amava! Mal podia conceber tamanha felicidade!

“Como pode ser tal fato? – pensa a jovem, ainda em dúvida - Ele me ama do jeito que sou! Com minha deficiência, com meus limites! Ele me ama! E eu percebi que havia sinceridade em tudo o que ele me falou! Sou a mulher mais feliz do mundo! Como é bom amar e ser amada! Pensei que isso jamais voltaria a me acontecer.”- rodopia toda feliz pela sala, sentindo-se livre, leve e solta.

Era tanta alegria e tanta emoção que Nanda não conseguia se conter e começando a dançar e rodopiar pela sala, dando ali uma pequena apresentação de balé.

Estava com o coração aos pulos!

A sala se tornara muito pequena para suas evoluções!

Nanda colocava seus sentimentos em cada gesto, em cada passo, em cada pirueta. Parecia que seu coração havia explodir, saindo pela boca.

Quem a visse assim notaria claramente que ela dançava colocando para fora tudo o que ia em seu coração.

Nanda expressava seus sentimentos através da dança, sempre fora assim. Este fato se acentuara ainda mais depois que perdera a visão. A dança para ela, era uma maneira de mostrar ao mundo o que ia em seu íntimo. Uma verdadeira terapia. E expressava através dela tudo o que sentia agora. Ela sentia uma imensa alegria por estar vivendo aquele momento tão especial.

Foi justamente assim que dona Edite a encontrou. Ficou surpresa ao vê-la dançando daquele jeito. A boa senhora havia deixado os gêmeos dormindo em seu quarto, depois da oração que fizeram e de conversar com eles tentando acalmá-los e aconselhá-los a terem fé em Deus que tudo viria ao seu tempo.

Dona Edite ficou admirada ao ver a jovem rodopiando, fazendo delicadas evoluções e sempre com aquele lindo sorriso nos lábios.

A boa senhora ficou imensamente feliz, há muito tempo não a via assim tão contente e confiante.

–Nanda, está tudo bem com você minha filha? – arrisca uma tímida pergunta, chegando perto da jovem e coloca sua mão em seu ombro delicadamente.

Fernanda se assusta e imediatamente para de rodopiar. Tentando se equilibrar, tateia uma cadeira e consegue sentar-se ainda ofegante.

–Dona Edite, a senhora nem imagina o que aconteceu! – fala Nanda não conseguindo conter o entusiasmo.

A boa senhora já imagina o que deve ter acontecido, pois depois de ter visto seu Mario a abraçando, pode notar como ele a segurava com imenso carinho, sua intuição nunca falhava. Mas como não queria se mostrar intrometida, se fez de desentendida e com o jeito mais ingênuo do mundo, jeito esse que conseguiu achar no fundo do seu baú de ideias, respondeu-lhe:

–Não sei não, minha filha o que foi?

–O seu Mario, quer dizer o Mario se declarou! Ele disse que me ama! E me pediu em namoro! – despeja a jovem, não se aguentando de tanta felicidade.

Dona Edite arregala os olhos e corre até ela e a abraça com carinho.

–Foi mesmo, minha filha? Conta tudo pra mim. Como foi que ele se declarou? O que ele lhe disse? – pergunta a boa senhora toda curiosa.

Fernanda com um terno sorriso nos lábios, começa a relatar tudo o que ela e Mario conversaram há pouco tempo atrás, diante do portão.

A cada palavra que saia da sua boca, uma lágrima descia dos olhos da boa senhora. Ela sempre torcera muito pela felicidade da jovem que amava como se fosse realmente sua filha. E desde que conhecera o seu Mario Calderón havia simpatizado com ele e algo em seu coração lhe dizia que ele se interessaria pela sua Nanda e a faria ainda muito feliz. A ela e aos seus pequenos irmãos.

Aquele entrosamento entre ele e os gêmeos sempre fora algo que a surpreendera. Parecia que eles se conheciam há muito tempo, como se o Seu Mario sempre estivesse presente em suas vidas. E agora a sua Nanda lhe contando tudo aquilo, era tudo o que essa pequena família precisava.

Assim que Nanda chega ao fim do relato, dona Edite não se contendo puxa a jovem de encontro ao peito e chora livremente de alegria.

–Que lindo minha filha! – começa a falar entre soluços, chacoalhando o corpo rechonchudo - Pelo que me contou ele foi mesmo muito sincero. Ele te ama muito Nanda! Pode estar certa disso! – termina mal se contendo de tanta emoção.

Nanda também está muito emocionada e também chora de alegria ao notar a reação da boa amiga.

–Nanda, - começa dona Edite, agora tentando conter um pouco a emoção - você acredita que seus irmãos, aqueles danadinhos viram pela janela você e o seu Mario se abraçando?

–Ah é? E o que foi que disseram? – pergunta a jovem meio encabulada.

–Eles estavam eufóricos – responde a boa senhora - falando que você e seu Mario estavam se entendendo, do jeitinho que eles pediram naquela oração, lembra-se que você me contou no outro dia Nanda?

Nanda faz um sinal de afirmação com a cabeça e dona Edite continua a explicação:

–Eu lhes falei que aquele era um abraço de amizade, pois eles meteram na cabeça que vocês estavam se entendendo, como namorados, você compreende? Olha só a cabecinha daqueles meninos! E não é que aqueles danados estavam certos! – lhe diz a boa senhora, ainda muito emocionada.

Uma onda de ternura se apossa do coração de Nanda ao pensar irmãozinhos, tão amigos, tão carinhosos, sempre torcendo por ela.

–Amanhã eu converso com eles e lhes explico tudo. - fala Nanda a dona Edite – E por falar em amanhã o seu..., quer dizer o Mario virá aqui pedir à senhora e ao seu Alfredo permissão para me namorar.

–Ai que romântico! – suspira dona Edite toda feliz – Ele é mesmo um cavalheiro! Pode deixar que vou falar com meu velho, tenho certeza que ele também ficará contente, pois sempre admirou o seu Mario. E amanhã o receberemos com a maior satisfação. Vou fazer um jantar bem gostoso para a ocasião, pode ficar tranquila minha filha.

–Obrigada dona Edite, a senhora é mesmo uma grande amiga, melhor dizendo uma boa mãe. – diz a jovem abraçando-a emocionada.

Dona Edite não se contém e retribui o carinho da jovem com o rosto banhado em lágrimas, só que de alegria.

As duas conversam ainda mais um pouco, combinando tudo o que farão para o dia seguinte. Por fim se despedem com mais um abraço carinhoso, pois teriam que acordar cedo.

Nanda então, tinha certeza que nem conseguiria dormir, tal a excitação em que se encontrava. Mas ela tampouco se importava, pois sonharia acordada com o seu amor, o seu querido Mario Calderón, o homem dos seus sonhos!

Enquanto isso, em outro ponto da cidade, Mario Calderón ria sem parar ao ver seu ex- melhor- amigo, Armando Mendoza se aproximando possesso, parecendo soltar fogo pelas ventas!

–Seu idiota! – grita Armando - Se não parar de rir, vou quebrar agora mesmo todos os seus dentes desta sua grande boca. Seu infeliz!

“Infeliz é o que não sou! Não mesmo!” – pensa Mario ainda com um leve sorriso entre os lábios. – Nada do que ele me disser vai me tirar deste estado em que estou. Tranquilo, alegre, feliz como nunca estive em toda a minha vida!”

Mesmo assim, Mario para de rir e tenta se controlar, mas ainda tem um sorriso maroto nos lábios, se achega perto de Armando Mendoza e sem pensar muito, passa o braço pelo ombro dele e fala tentando acalmá-lo:

–Não fique assim tão nervoso, meu caro! Deixa que amanhã eu te compro um carro novinho em folha. Venha comigo, vamos nos entender. Isso é o que mais me importa agora. Tranquilize-se.

Ao escutar o que Mario lhe diz, Armando como que anestesiado, abre as mãos, desmanchando os punhos serrados, respira fundo e vai se acalmando instantaneamente.

“Um carro novinho em folha! - pensa ele agora surpreso. – Será que estou ouvindo direito? Mas até que não é uma má ideia!”

–Armando estacione o seu carro ali naquela travessa, logo atrás do meu, precisamos ter uma conversa. – pede Mario calmamente enquanto entra em seu carro e estaciona em uma travessa perto da avenida em que se encontravam.

Armando, ainda meio desconfiado, pois tem medo que ele fuja, entra em seu veículo e faz exatamente o que ele lhe falou.

Mario estaciona e desce de seu carro, esperando Armando tranquilamente na calçada.

“Que atitude estranha! – pensa Armando – Parece que bebeu! Depois do soco que lhe dei na Ecomoda ele é que deveria estar com raiva de mim. O que será que aconteceu, para que mudasse tanto? Será que lhe bateram nesta cabeça oca?”

Assim que estaciona seu veículo atrás do de Mario, Armando desce e junta-se a ele na calçada.

–O que está acontecendo? – pergunta a Mario – Você está diferente, parece que tomou um porre.

Mario dá uma boa gargalhada e o encara com amabilidade.

–De certo modo você tem razão. Eu tomei mesmo um porre, mas não é esse tipo de porre que você deve está se referindo, é outro tipo de porre.

Armando coça a cabeça sem nada entender.

“Será que a pancada que levou na cabeça foi mesmo forte e ficou assim meio abestalhado? - pensa Armando preocupado, e já ficando na defensiva – Se ele me atacar, pois pode estar doidão, já corro pro outro lado da rua.”

Mario observa o seu ex melhor amigo com certa curiosidade, reparando no seu jeito muito desconfiado.

Como que lendo seus pensamentos Mario lhe diz:

–Armando, não tenha medo, eu não estou louco não. - fala dando outra boa gargalhada - Estou se pode assim dizer louco de amor.

Armando fica assustado. Não acredita no que escutou.

“Ele deve estar louco mesmo! O Mario Calderón louco de amor! Só pode ter pirado!” – medita Armando.

–Venha meu caro, vamos entrar naquele restaurante, vamos beber algo enquanto eu te explico tudo. – fala Mario ao ex- melhor- amigo.

Armando concorda imediatamente, pois crê que indo a um local público, com várias pessoas, estará livre se porventura der um ataque de loucura nele, terá testemunhas e a quem recorrer.

Os dois, então, entram num restaurante ali bem perto, onde estavam acostumados a ir por várias outras ocasiões.

Assim que entram se sentam e um garçom vem atendê-los.

Ambos pedem cada qual uma dose do uísque preferido de Armando.

Logo que são servidos e assim que o garçom se afasta, Mario dá um grande gole na bebida e começa a falar com Armando.

–Bem meu caro, sei que deve estar boiando, sem nada entender, mas vou lhe contar o que aconteceu comigo, desde o princípio - o ex amigo permanece em silêncio, curioso pelo que Mario tinha a dizer - Logo que deixei a Ecomoda, depois de levar aquele soco de você. –fala esta última frase olhando para Armando e nota que o mesmo fica meio sem jeito.

“Será remorso?” – pensa então Mario com um quê de satisfação.

Assim que começa o relato, Armando o ouve ainda meio ressabiado.

Conforme Mario vai contando o que se passou com ele, a fisionomia de Armando vai mudando, de desconfiado para surpreso e de surpreso para desacreditado.

Custa a acreditar que Mario Calderón tenha simpatizado com os dois garotos. Justo ele que nunca tinha se ligado a criança alguma.

Bem isso é o que ele pensava, depois de muitos anos de amizade com Mario.

“Vou continuar ouvindo o Calderón. Mas custo a acreditar! Será mesmo verdade tudo o que ele está me contando? Ou será mais uma de suas falcatruas?”- reflete Armando ainda desconfiado.

Mario presta atenção na reação do ex melhor amigo e percebe claramente que ele duvida de tudo. No fundo sabe que é mesmo difícil alguém como Armando acreditar nele, depois de ter agido mal com a Betty. Mas não se intimida e continua a contar tudo o que se passou com ele há poucos dias atrás.

Quando Mario conta que conheceu uma moça cega e está perdidamente apaixonado por ela, percebe que Armando dá uma risadinha irônica.

“Agora ele foi longe demais! – pensa Armando super desconfiado – O Calderón, o homem que gostava de se exibir com as mais belas modelos, que me criticou quando eu lhe disse que amava a Betty? Que apelidava as pessoas pelos seus defeitos? Será possível? Custo a acreditar!

Mario observa atentamente o rosto de Armando Mendoza, sabe que para ele é difícil acreditar em tudo o que estava falando, sabe também que teria que ter muita paciência, pois para ele também foi muito difícil se conscientizar que se apaixonara por uma mulher deficiente. Teria que ser o mais sincero possível com seu ex melhor amigo.

E quem sabe poderia conquistar de novo sua amizade? Pois no fundo sabia que eram homens muito parecidos. E quis o destino que se apaixonassem por mulheres que de alguma maneira eram diferentes das que estavam acostumados a se relacionar. Diferentes pois tiveram o poder de transformá-los em seres humanos melhores.

Armando Mendoza era um homem que fazia falta em sua vida, no fundo sempre gostara de tê-lo como amigo. Aliás o único amigo que tivera, que convivera com ele por toda a mocidade.

Seria muito bom voltar a velha amizade. Tinha certeza que isso voltaria a acontecer. Algo lhe dizia que Armando entenderia o que ele sentia por aquela pequena família que invadira o seu coração, como se fosse uma tatuagem. Algo lhe dizia que ele entenderia o que pode fazer o amor de uma mulher no coração de um homem.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.