Tourette escrita por B Mar


Capítulo 8
Cap 8 - Letters




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Cap 8

Katniss PDV:

– Mãe. – Ouvi o grito na porta. – Mãe. MÃE.

Fui até a porta e Peter veio correndo para meu lado.

– O pai mandou cartas. Ele mandou cartas. – Falou eufórico.

Peguei o pacote em suas mãos e abri a caixa.

Eram quatro cartas. Duas para mim e duas para Peter, mas um par delas estava estampado com um enorme “Não abra ainda”, então apenas as guardei de volta antes que Peter visse.

– Aqui. – Lhe entreguei. – Bom proveito.

Ele correu para o quarto e revirei os olhos, abrindo o envelope com meu nome.

Catnip,

Primeiro, você sabe que eu não sei fazer cartas, então, ignore meus riscos e rasuras. A viagem foi relativamente longa, mas cheguei antes do anoitecer, então tive tempo de conhecer o complexo. Passaremos uma semana para retomar o treinamento e logo vamos descer para o campo de batalha. Essa carta provavelmente chegará em 5 dias, então devo escrever para você dois dias depois. Tentarei uma carta por semana, mas não devo me garantir tanto se as coisas forem muito agitadas.

Espero que você e Peter estejam bem, e já estou morrendo de saudades dos dois. Minha cabeceira está cheia de fotos de vocês e da nossa família. A propósito, me perdoe, mas eu trouxe aquele álbum que você me deu no nosso último aniversário de casamento. São três meses sem você, é o mínimo que eu peço.

Fiquei boquiaberta. Eu havia feito um ensaio fotográfico bem... Picante.

Na verdade, mais que picante, foi quase como uma revista pornô, mas impressa só uma vez em qualidade mais alta e apenas para Gale.

Não fique preocupada, esses pirralhos espinhudos não vão nem mesmo conseguir tocá-lo, e se conseguirem, precisarão desvendar a senha que colocamos por causa do Peter (filhos, difícil com eles, pior ser eles...).

Estou num alojamento com alguns outros oficiais comandantes. Sei que você não entende muito dessa coisa de militares, então deixarei os títulos por assim mesmo.

A comida daqui é horrível, nem se compara com as maravilhas que você faz na cozinha. A propósito, no dia da minha volta, será que você pode fazer um daqueles seus espaguetes geniais? Eu pediria para você mandar para mim, mas estragaria no correio (ou alguém comeria antes).

Mais uma coisa, pegue um pouco no pé do Peter em relação às aulas de guitarra. Eu sei que ele tem boas intenções, mas precisa de concentração. Se ele tiver dificuldades, você pode falar com o Peeta (acho que você sabe, mas ainda assim preciso afirmar que ele é o melhor guitarrista que conheço fora de uma banda).

Se fosse por mim, eu passaria horas escrevendo para você e descrevendo cada segundo do meu dia, mas não posso. Então, logo você receberá notícias. Eu te amo, erva de gato, e mal posso esperar para voltar para casa e rever você e nosso filho. Espere por mim.

Com amor, saudades e carinho,

Gale.


Sorri quando terminei a leitura. Gale poderia não ser o melhor escritor do mundo, mas ele sabia como tocar o meu coração com apenas algumas palavras.

Fechei o envelope e o coloquei na gaveta.

Eram apenas mais 11 semanas.

* * * * *

Quando o baque da ida de Gale passou, eu e Peter continuamos com nossas atividades normais. Eu tinha uma clínica perto de casa onde trabalhava com dois outros psicólogos – Finnick e Rue -, uma psiquiatra – Johanna – e dois terapeutas – Clove e Marvel –, nós éramos relativamente amigos, e o filho de Finnick era melhor amigo de Peter, junto com a filha de Johanna. Eles viviam na nossa casa, praticamente. Peeta, como melhor amigo da família e professor de meu filho, me dava alguma ajuda na criação dele enquanto Gale estava fora.

Prim estava planejando nos visitar, e estava eufórica para conhecer a casa e rever Peter. Eu estava louca para reencontrar minha irmã, nos últimos anos nos falamos apenas por telefone e redes sociais. Eu sentia tanta falta de abraçá-la.

Meus horários no emprego se combinavam perfeitamente com os de Peter na escola, então nos encontrávamos sempre no caminho de volta.

– Mãe. – Ele me chamou, já na hora do jantar.

– Sim?

Eu tinha plena consciência do nervosismo que meu filho apresentava. Seu pescoço se torcia e ele fazia duas ou três caretas por minuto, além do barulho. Muito diferente de seus padrões.

– Será que nós *Tick* podemos sair para o shopping amanhã. Eu... *Tick* Queria levar alguém.

Franzi as sobrancelhas.

– Amanhã é dia de Taco. – Lembrei.

– Eu sei. – Confirmou, torcendo o pescoço novamente. – E... Bem, ela sabe.

Lhe olhei desconfiada.

– Quer me apresentar alguém?

– Na verdade. *Tick*, *Tick*, *Tick*, eu quero sim.

Confirmei lentamente.

– Eu posso levar a Johanna? Eu deixo vocês dois sozinhos e nós nos encontramos depois. Vocês vão ver algum filme?

Ele negou com a cabeça.

Peter não era devoto do cinema como as pessoas da sua idade. Na verdade, ele adorava filmes, mas só podia ir a seções vazia, porque o lanterninha sempre o tirava das salas por incomodar as pessoas em volta.

– Vai me dizer o nome dela?

Ele ficou pálido, e então vermelho. Fez sons por quase dois minutos e então murmurou algo.

– Desculpe, filho, mas eu não ouvi.

– Thea. – Repetiu. – Ela é da minha classe de ciências.

– Isso é bom, ela deve ser inteligente.

Ele sorriu.

– Na verdade, ela é a pior da turma. Eu me ofereci para dar aulas a ela.

Confirmei e ele voltou a comer.

– E você gosta dela?

Nessa hora Peter realmente se engasgou, e precisou de pelos menos três minutos para voltar a falar.

– Talvez.

– Eu disse à sua tia a mesma coisa quando conheci seu pai.

Depois disso, finalmente ficamos em silêncio. Naquela noite, escrevi uma carta para Gale contando sobre a novidade. Era a primeira menina que Peter me “apresentava” daquela maneira. Todas as outras eram amigas.

Assim que terminei de escrever, ouvi o som do telefone e fui atender.

– Alô?

– Tia Kat? – A voz de Kit soou do outro lado da linha.

– Oi Kit. – Sorri. Christian (Kit) Cresta-Odair era uma cópia exata do pai até mesmo no jeito de falar. – O Peter está no banho, eu posso pedir para ele te ligar quando sair.

– Na verdade, é com a senhora.

Franzi as sobrancelhas.

– Comigo?

– O meu pai precisa falar com a senhora. – Explicou.

– Ah, claro.

Foram poucos segundos até que Finnick soasse do outro lado.

– Kat.

– Finn. – Incentivei.

– Bom... – Ele pareceu ponderar. – O Kit me contou sobre o Peter e a garota.

– É, eu soube sobre ela no jantar.

Ele confirmou do outro lado.

– Eu estava pensando um pouco e, bom, até onde eu sei o primeiro encontro da vida do Peter, e ele nunca namorou. E o Gale está na guerra, vai demorar um tempo... Eu conversei com a Annie e o Kit, e nós pensamos que você fosse precisar de alguma ajuda. Sabe, essas coisas de menino e tudo mais. Eu poderia dar uns conselhos adultos para o Peter.

Fiquei levemente boquiaberta. Eu não imaginava que Finnick, Annie e Kit se importassem tanto com minha família.

– Er... Finn...

– Eu liguei para pedir autorização. – Explicou. – Sabe, ele vai viver um momento importante, e... Achei que seria bom pra ele ter um auxílio básico enquanto o pai não está por perto.

– Você é completamente livre, Finn. – Consegui dizer. – Obrigada. De verdade.

– Não precisa me agradecer. – Ele pareceu sorrir do outro lado da linha. – Vocês são como uma família para nós.

Continua...


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Notas finais do capítulo

~Capítulo revisado em 27/01/2015~



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