Tourette escrita por B Mar


Capítulo 3
Capítulo 3




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Cap 3

Katniss PDV:

Me encostei à porta enquanto Gale lavava o cabelo, sem que ele percebesse minha presença.

Em alguns meses nós faríamos sete anos de casamento, e eu estava ansiosa. Todos sempre falavam da “crise dos sete”. Pelos que todos me contavam, eu havia passado por ela quando estávamos no 4º ano.

Eu e Gale estávamos no segundo ano de tentativa para filhos, mas não estava dando certo, além da pressão do trabalho. Em poucos meses, estar com ele havia se tornado uma tortura, nós brigávamos todos os dias e eu decidi passar uma temporada na casa da minha irmã, Prim. Nós até demos entrada no divórcio.

Numa noite, ele estava caindo de bêbado quando nos encontramos na rua. Eu o segurei e, por causa do escuro, ele não me reconheceu. Nós nos sentamos num banco, ele chorou em meu ombro dizendo que sentia falta da esposa, que havia sido um idiota e que faria de tudo para me ter de volta. Quando eu tentei beijá-lo, ele me afastou e disse que era casado, e que não poderia fazer aquilo comigo.

No dia seguinte, eu já estava de volta à nossa casa.

– Aconteceu alguma coisa? – Ele se preocupou e, quando lhe olhei, notei que ele já tinha se vestido.

– Não. Só... Pensando.

– E no que tanto pensa? – Incentivou.

Dei de ombros.

– Aquele ano. – Contei. – Só me lembrando da sua declaração de amor.

Ele riu enquanto secava o cabelo displicentemente com a toalha, arrumando-o para um dos lados.

– Eu vou buscar o Peter. – Avisou. – Você vem?

– Tudo bem, vamos lá.

Voltei para o quarto e troquei de roupa enquanto ele terminava de se vestir.

– Eu encontrei um amigo quando estava lá hoje. Posso te apresentar ele. – Avisou. - Ele é como um irmão pra mim, nós lutamos juntos no período em que estávamos no Iraque.

– Ele estava no nosso casamento? – Estranhei.

– Não, não. Ele estava num hospital. Por isso que fiz aquela viagem antes do casamento, se lembra?

– Lembro sim. – Murmurei, recordando-me. Na época, achava que Gale havia ido para uma despedida de solteiro e havia dado a desculpa do amigo internado.

– Ele perdeu uma das pernas. Eu não sei bem como aconteceu, ele não me disse muito sobre o que aconteceu.

Confirmei e ele saiu do banheiro.

– Vamos?

– Vamos. Eu acho que nós poderíamos levar o Peter pra ver a sua mãe hoje. Eles ainda não se conheceram. Tem os seus irmãos também.

Ele confirmou, feliz.

– Acha que os meninos vão gostar dele?

– Eles vão adorar. – Afirmei.

Ele sorriu e seguimos para o carro. A escola era relativamente perto e ainda faltava algum tempo para o sinal tocar.

Programamos a tarde. Era pouco mais de 11h. Nós almoçaríamos e ligaríamos para Hazelle, os meninos deveriam chegar da escola perto das 14h, e faz muitos anos que eles não vêm Gale. Seria uma grande surpresa.

O som que avisava a saída me fez despertar e seguimos até onde os alunos estavam. Os mais velhos iriam ao refeitório, para seguir para a outra aula daqui a uma hora, mas a classe de Peter ainda não fazia dois turnos.

Uma loira logo se aproximou enquanto conversava com meu filho sobre algo que parecia interessante.

– Peter. – Gale chamou e eles nos olharam.

Meu marido seguiu à minha frente enquanto ela me analisava da cabeça aos pés.

– Senhor Hawthorne. – Ela sorriu, decidida a me ignorar. – E...

– Senhora Hawthorne. – Sorri falsamente. – Esposa do Gale e mãe do Peter.

– É um prazer conhecê-la. – Ela retribuiu. – O Peter é um garoto muito esperto.

Ela intercalou os olhares entre mim e Gale.

– Ele se parece bastante com o pai.

– Todos dizem isso.

E era verdade. Peter tinha uma incrível semelhança com Gale e sua família.

Os dois se afastaram e ela se aproximou de mim.

– Senhora Hawthorne, eu notei que o Peter... Ele... Hum... Tem uns gestos, e faz alguns sons. Por acaso ele tem a síndrome de Tourette?

– A escola não avisou? – Franzi as sobrancelhas.

– Não. – Estranhou. – Bom, o namorado da minha irmã tem a síndrome de Tourette. Ele está testando um novo medicamento, eu imaginei que...

– Eu trabalho na área. – Interrompi. Eu tinha mestrado em psicologia iria começar a especialização em psiquiatria, já que havia terminado a faculdade de medicina há alguns meses.

Segundo Gale, eu era multifuncional.

– E você...

– Eu não vou drogar o meu filho. – Avisei. – O medicamente bloqueia a transmissão de hormônios importantes, é preferível que...

– Senhora Hawthorne, eu tenho certeza que você compartilha do meu incômodo. – Ela me interrompeu. – A senhora sabe que os barulhos que o Peter faz são praticamente insuportáveis.

Arqueei uma sobrancelha, mas pigarreei.

– Eu vou dar um jeito nisso. Com licença.

Ela se foi e Gale me olhou com receio.

– Peter, você...

– Eu posso mudar de turma, mamãe? – Pediu baixinho.

Encarei Gale.

– Claro. Você pode escolher a sua turma, filho.

– A professora é legal, mas ela disse que eu devia fazer tratamento para a Tourette.

– Como ela disse isso? – Gale se preocupou.

– Disse que os barulhos eram insuportáveis, e que eu devia me tratar. Que tudo isso era ridículo e que eu parecia um cachorro. – Narrou, envergonhado.

Senti um rosnado preso em meu estômago e me levantei.

– Katniss... – Gale me chamou.

– Entra no carro com o Peter, Gale. – Avisei. – Eu vou resolver isso.

– O que vai fazer? – Meu marido se preocupou.

– Vou mudar o Peter de turma e ter uma conversa com a professora dele.

Gale respirou fundo, mas obedeceu.

Segui a passos duros pelos corredores vazios quando o cabelo loiro da ex-professora de Peter me chamou a atenção.

– Com licença.

– Sim? – Ela se virou.

Não lhe dei tempo para reações, e espalmei minha mão com força em seu rosto, fazendo-a cair.

– O que...

– Isso é pelo meu filho.

Saí no mesmo ritmo e entrei na diretoria.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Eu só acho que a Kat adora estapear as pessoas. Kk
Gostaram? Comentem, favoritem, recomendem, sejam fofos.
~Esse capítulo foi agendado no dia 02/01/2014~
~Capítulo revisado em 27/01/2015~



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