PET - 3ª Temporada - Combate nas Sombras escrita por Kevin


Capítulo 27
Capítulo 27 - Um novo horizonte aproxima-se


Notas iniciais do capítulo

Uma segunda chance não aparece todos os dias. Ou você dedica-se e agarra, ou verá o mundo novo desaparecer diante seus olhos.



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Esperar era uma arte para poucos. Mas, dizem que mesmo sem nascer com o dom para algo, com dedicação você pode aprender qualquer coisa. Kevin estava começando a crer que aquilo era verdade. Não havia nada que parecesse tão complicado que após muita dedicação e com um pouco de orientação ele não tivesse aprendido em sua jornada.

– Pensei que ia ficar lá a noite toda. -

Evidente que sempre seria uma pessoa um pouco nervosa. Reclamar da demora era algo normal para qualquer pessoa que estivesse no topo do edifício, em meio a uma tempestade noturna a espera de outro. Mas, a espera havia acabado Gastly havia retornado de sua pequena tarefa noturna e visivelmente havia tido sucesso.

– Pelo visto, terminou sua missão. -

A voz veio por trás de Kevin deixando-o com um sorriso debochado. Ele evitou falar para não criar uma situação chata naquele momento, queria sair logo da chuva e certamente aquela conversa poderia render dependendo da forma que trata-se o recém chegado.

– Eu não poderia ser o único a falhar, não é? - Kevin riu. - Era apenas assaltar um banco. Como eu poderia errar nisso? Aposto que até você faria mais rápido que eu, Mewtwo. -

O pokemon genético, com poderes psíquicos, revirou os olhos. Admitia que não tinha ideia de como iria conseguir pegar o último caderno de Tobias. Guardado em um cofre de banco, os meios normais não eram fáceis e seus poderes psíquicos não atravessavam as paredes sólidas, com materiais anti-psíquicos.

Kevin, no entanto, sabia bem o que fazer. Usou Gastly, seu pokemon fantasma, para entrar e vasculhar cada cofre. Geralmente as pessoas preocupam-se com os poderes psíquicos, não com as habilidades fantasmas. Levou uma hora, mas o pokemon retornou com o caderno, protegendo-o da chuva, com seus poderes.

Agora, Kevin Maerd Júnior havia concluído sua missão com a Sociedade Secreta e estava apto a retornar para a base e discutir como seria o movimento final para lacrar, mesmo que temporariamente, os demônios. Mas, Mewtwo estava ali para convencer o jovem a desistir daquela ideia.

– Sabe que tenho que persuadi-lo a não compor a equipe para essa atividade, não sabe? -

– Claro que sei. - Kevin suspirou. Deu alguns passos para a beirada do prédio e olhou as ruas vazias. Só loucos estavam no meio daquela chuva. - O projeto precisa perpetuar. Conversei bastante com Sabrina e Julia a respeito disso. Compreendo que se formos todos, ninguém continuará a luta contra essas criaturas, caso o pior aconteça. -

– A vontade de seu pai é que você, Kurt, Sabrina e Julia fiquem, mas a tendência é que eu e Morty fiquemos. -

Kevin pareceu não gostar de ouvir falar sobre o pai. Era evidente que ele tentaria proteger os filhos e a sobrinha. Mas, não havia uma desculpa real para que Julia não fosse.

– Precisamos de alguém antigo na equipe para orientar, no pior caso. - Disse Kevin. - Kurt não tem essa capacidade, mas ele é importante pela pesquisa que esta desenvolvendo para replicar as pirâmides de captura. Alguém antigo precisa ficar. Por mais que me doa saber que com isso a segurança da minha irmã estará em jogo. -

– Ela disse a mesma coisa. - Sorriu Mewtwo. - O engraçado é que nenhum dos dois pensou na própria segurança. - Mewtwo pareceu pensar naquilo durante alguns instantes. - Alguém com habilidades psíquicas e com habilidades no sobrenatural do tipo fantasma. Alguém de tecnologia e um membro antigo. Ela sabe que você não se encaixa e deveria ir para a missão, mas todos concordaram que você é o melhor para assumir o manto caso o pior aconteça. -

O Manto. Talvez em qualquer outra situação ele gritasse e atacasse quem desse essa ideia maluca. Mas, para ele assumir tal responsabilidade significava que o atual portador do título deveria abdicar ou morrer. Ele não abdicaria então a opção que sobrava não deixava Kevin tão à vontade. Não pelo fato de Kevin Maerd, seu não tão amado pai, morrer, mas pelas pessoas que morreriam junto com ele.

– Aprendeu a valorizar a vida, não é? - Questionou Mewtwo. - Talvez em um futuro distante, você olhe para trás e perceba que faria a mesma coisa para proteger seus entes queridos. -

– O futuro não é tão distante Mewtwo. - Comentou Kevin.

Kevin havia assumido a identidade de Nivek, uma porção escura de sua alma devido ao peso das mentiras e mortes que estavam ocorrendo a sua volta. O ódio estava tomando conta dele, mas em uma batalha contra Dex, batalha de vida ou morte, não só sua mas de amigos e pokemons, ele percebeu que teria morrido por Détrio, Marcos e Doko, pois estava disposto a morrer por Lucas e os pokemons que ali estavam.

Se alguém tão amargurado estava disposto a morrer por seus amigos, o que pais não fariam por seus filhos? A morte parecia ser algo definitivo e extremo, mas de longe seria pior do que se tornar um vilão diante os olhos das pessoas amadas e ter que agir contra seus princípios, para que os amados tivessem alguma chance de sobreviver.

Nivek estava ficando para trás. A culpa não o corroía e o ódio não o dominava tanto. Queria vingança contra a Estilo de Poder, não conseguia negar, mas não carregava a vontade assassina dentro de si como antes. O pai continuaria morto para ele, e por mais que o homem por trás do manto tentasse demonstrar o amor paternal, certas coisas jamais se justificariam.

– Você, Kurt, Sabrina e Julia. - Comentou pausadamente Mewtwo. - Se nada acontecer, essa será a configuração final. -

Kevin apenas acenou com a cabeça recolhendo Gastly para sua pokebola e caminhando-se para sair do topo daquele edifício.

– Não quer mandar uma mensagem? - Questionou Mewtwo. – Talvez seja a última vez que terá essa oportunidade. -

Kevin nada respondeu continuou caminhando para as escadas. Quando começou a descer, no entanto gritou para Mewtwo.

– Não precisa. Vocês vão voltar. -

Pokemon Estilo de Treinador
3ª Temporada - Combate nas Sombras
Capítulo 27
Um novo horizonte aproxima-se

– Não precisa fingir, está entre amigos. -

A voz angelical arrepiou completamente a pele de Lucas. Acordo a cerca de uma hora, evitou mover-se ou ações que indicassem que havia despertado. Quando os olhos se abriram, pela primeira vez, demorou a entender o ambiente aconchegante em que estava. Não se lembrava de muita coisa, mas para estar em uma cama macia como aquela, sem ser o leito de uma enfermaria, algo não estava certo.

Demorou cerca de dez minutos para resolver levantar-se, mas seu primeiro movimento o fez querer gemer de dor. Seu corpo estava todo machucado, e por trás de todas as dores, pode sentir que parte do corpo estava enfaixada com algo, ou que algo firme estava prendendo algo a sua pele. Fechou os olhos rapidamente, tentando conter as imagens difíceis que sua mente estava criando.

Um medo tomou conta do seu corpo enquanto as imagens ativavam suas lembranças. Ele havia perdido para Dex, mas a vitória não bastou para o jovem de cabelos roxos que o atacou fisicamente capturando-o e fazendo-o vagar por algumas horas atrás de Nivek. A última coisa que ele se lembrava de realidade era o mar, depois disso lembrava-se apenas de muitos momentos de tortura, física e mental. Algumas que ele nem sabia se eram reais, ou apenas delírios devido à condição física em que se encontrava.

– O que... - A garganta doía. Era difícil até mesmo falar. Realmente as torturas físicas não estavam longe de serem bem reais.

– Ele disse que não conseguiria falar muito quando acordasse. -

Abriu os olhos e moveu-os para o lado e pode ver uma garota de vestido florido sentado em uma poltrona, ela tinha uma revista no colo, certamente lia antes de perceber que ele estava acordado.

A menina levantou-se e foi até a cama. Lucas ficou tenso e com os músculos rígidos. Depois de tudo o que passará, não importava que falassem que ele estava entre amigos, ele não confiaria.

– Dex... -

– Nivek derrotou-o. - Comentou a menina antes que ele se esforçasse mais. - Foi preso duas vezes pelas ilusões, mas conseguiu encontrar o truque e abateu o Gengar.

Nivek abateu o Gengar? Nunca que ele abateria aquele monstro. Só um mestre poderia contra uma criatura como aquela. Lucas estreitou os olhos observando a menina. Ela tinha um cheiro gostoso de flores e parecia esperar que ele confirmasse que ele confiava nela.

– Vou ajuda-lo a sentar e te dar um pouco de água para que tome alguns remédios. - Comentou a menina sorrindo. - Ou você pode me fazer alguma pergunta que prove que isso não é uma ilusão e que ainda não está preso nas garras daquele sociopata. -

Lucas ficou a encará-la durante alguns instantes. Ela sorria demais, parecia ser uma ilusão mesmo. No entanto, lembrava-se que a nenhum momento Dex tentara fazer uma abordagem mais sútil, para ganhar sua confiança. O negócio dele era pesadelo, dor, tortura, pressão e o que mais fizesse a pessoa o temer. Além disso, Dex não parecia do tipo que se dava adjetivos, apenas chamava-se de Campeão das Sombras. Sociopata estava longe do conhecimento dele.

Havia outra coisa estranha. Nos pesadelos ele sabia que não sentia cheiro. Isso foi o que o manteve vivo durante muito tempo, após algum período de ilusões, ele sentia o cheiro de mar, fingia não sentir nada e lutava para que Dex não percebesse. Ele estava sentindo um cheiro gostoso de flores que aumentou quando a menina aproximou-se. Ele arriscaria um teste.

A menina ficou curiosa. Viu-o parecer morder os lábios e ingerir um pouco do próprio sangue que apareceu na boca. Ficou observando algum tempo a expressão dele que parecia analisar o próprio sangue e logo depois lágrimas começaram a sair do seu rosto.

– Estou... - Ele já se debulhava em lágrimas. - ... Foi horrível... -

A menina permaneceu sorrindo e tocou-o, com cuidado, para ajuda-lo sentar-se. Logo depois esticou o copo d’água com os comprimidos. Ela precisava fazê-lo hidratar-se e tomar os remédios, ou a vida dele poderia ser bem mais problemática do que ele imaginava.

Lucas bebeu, sentindo dor a cada golada e por onde o comprimido passava. Agora, percebia que não havia partes de seu corpo que não estivessem esfoladas, arranhadas, ou cortadas. Estava com muitos inchaços, mas percebia que não estavam roxos, estavam mais avermelhados.

– Cheiro e sabor. -

A menina viu que ele se esforçou para dizer aquelas palavras de uma forma mais branda e nítida possível. Ela manteve o sorriso balançando a cabeça para informar que havia compreendido. Elisa era uma pessoa que pegava as coisas de uma forma bem rápida, compreendeu que ele sabia que não era uma ilusão pelo cheiro e pelo gosto. Realmente Lucas era bem inteligente.

– Imagino que tenha muitas perguntas. O essencial agora é saber que ficou 13 dias nas mãos de Dex. Ele jogou com Nivek por alguns dias, escondendo-se e querendo que ele fosse o mais perverso possível ou não revelaria sua localização. Ele precisou vencer Ganicus para provar, e foi uma vitória incrível. Tive medo por Kevin, ele desceu fundo no lado obscuro dele e ficou muito mexido. Mas, ele resistiu à sedução das trevas. -

Realmente ele teria muitas perguntas, aquele breve resumo da menina ruiva já o deixava agitado. Além de querer saber mais detalhes e coisas bem especificas, só de imaginar alguém enfrentando Ganicus fora do seu juízo perfeito era de assombrar. Mas, diante a todo aquele abalo emocional, o jovem acamado identificou algo que não poderia passar despercebido. A jovem chamara Nivek de Kevin por alguns instantes.

– Quem é você? -

A frase saiu perfeita e furiosa. O jovem tentava erguer-se na cama já segurando o braço dela. Não importava a dor que estava sentindo, ninguém sabia que Kevin era Nivek. Para ela dizer aquilo tão abertamente a garota era encrenca.

– Fique quieto! - Com voz firme, mas um sorriso no rosto a menina tocou o peito de Lucas com a mão do braço livre.

Foi um toque suave, mas que provocou uma dor extrema. Lucas voltou a lacrimejar. Viu menina suspirar e ir até sua poltrona. Sentou-se com calma e olhou para ele.

– Meu nome é Elisa Cruz. - Disse a menina. - Depois que você foi capturado, Nivek esbarrou com minha equipe que indicou a sua ultima posição. Infelizmente, a chuva o atrapalhou no rastreamento e ele acabou fazendo um trato comigo. -

Lucas olhou-a ainda não certa de toda aquela história, mas agora começava a se lembrar, viu-a algumas vezes, com alguns competidores da Liga das Sombras, antes ou depois dos eventos. O comentário dizia que ela era uma agente, que em troca de uma boa quantia ela seria como uma treinadora para você competir com mais eficiência na liga.

– Eu tenho muita admiração por Kevin Maerd Júnior. - A menina mulher mexeu nos cabelos. - Ele havia ido ao hospital mais próximo tentar identificar se você estava nos escombros de uma das pousadas que... desabaram... - A menina fez uma pausa na palavra desabaram indicando que ela sabia que pelo menos uma delas, não foi exatamente um desabamento que ocorreu. - Apesar da mudança do visual, ainda era o Kevin. Mas, ele veio a saber que eu havia reconhecido só dias depois. Nem chegamos a falar sobre isso. Ele sabe que o segredo está bem guardado. Meus clientes emprestaram uma moto para que ele pudesse ir atrás de você. E então, dali em diante, ocorreu um trato. Ajudaríamos a procurar o amigo desaparecido e em troca ele faria um favor. - Elisa deixou o sorriso desaparecer do rosto. - Destruir a Liga das Sombras. -

Lucas sentiu o peso das últimas palavras e por alguns instantes pode vislumbrar como aquele rapaz era criativo. Kevin já era conhecido por suas estratégias estranhas, mas criativas, durante as batalhas. Mostrou-se um perfeito ator nos últimos dias e agora surpreendia com o enlace de situações.

A sorte quis que ele esbarrasse com um grupo que desejasse destruir a Liga das Sombras, assim como Lucas estava forçado a fazê-lo para não ir preso. Levar Elisa e seu grupo na conversa, prometendo desmantelar a Liga enquanto na verdade o plano já existia há tempos era realmente incrível.

– Claro que antes, precisávamos garantir a segurança dos meus clientes e a sua. - Ela sorriu. - Hoje acontecerá o último evento da temporada. Mas, não se preocupe, temos todo o dinheiro necessário para quitar a divida dos meus clientes e a sua. -

Os olhos de Lucas se encheram e lágrimas. Havia um misto de impotência, choque e alivio. Uma impotência por ter sido salvo por completos estranhos. Um choque por descobrir que talvez tenha ficado apagado por quase três semanas. Mas, um alivio de tudo estar no fim.

– Três dos meus estarão no evento hoje para pegar o local da taça, que ocorrerá em duas semanas, tentar ganhar um dinheiro a mais e confirmar a presença de Nivek, que está classificado. Se eles vierem atrás dele para garantir a presença dele, pode rolar alguma situação perigosa que atrapalhe a recuperação de todos. - Elisa sorriu levantando-se. - Enfim, é isso. -

– Toooo... Aiii... Como? Quem? -

Lucas assustou-se com a menção da recuperação de todos. Ele não tinha conhecimento de que mais alguém estava em recuperação. Mas, por um instante lembrou-se que Nivek havia lutado contra Dex e Ganicus. Certamente, para ele não ir pessoalmente ao evento ele não estaria ali.

Elisa viu a aflição e sorriu docemente indo até ele e tentando acalmá-lo. Realmente Lucas Turtle era uma boa pessoa que havia encontrado um caminho desastroso e perigoso em um momento difícil de sua vida assim como ela. Talvez ele não estivesse à procura de uma vingança, assim como ela, mas possivelmente suas histórias eram próximas. Nenhum dos dois tinha consciência de que na verdade, ambos foram arrastados para aquilo pela mesma pessoa, Cintia.

– Seus pokemons levaram uma surra maior que a sua. Os pokemons de Nivek também sofreram com um ataque... Mental muito forte. - Elisa preferiu não falar sobre o Comedor de Sonhos. Lucas precisava descansar e certamente iria querer muitas explicações a respeito do ataque, além de deixa-lo preocupado com coisas que talvez não tivessem solução no momento. - Mas, Nivek cuidou de todos. Ele parecia uma enfermeira Joy. -

Elisa lembrava-se com perfeição como o jovem Maerd, antes de desmaiar instruiu sobre algumas essências que deveriam transformar em vapor, ou fumaça, e deixa-los inalar enquanto não acordassem. Curiosos dos motivos identificaram que eram alimentos bons para o cérebro. Só após Nivek acordar e explicar o tipo de luta que ocorreu dentro do navio eles foram entender as essências.

Kevin iniciou o tratamento de todos assim que saíram. O mais urgente eram os danos que poderiam ter sido causados ao cérebro dos atingidos pelo Comedor dos Sonhos. Ele não sabia muito do que fazer, leu pouquíssimo sobre isso no material que a Joy lhe enviou, apenas que deveria cuidar dos danos de alguma forma. Após acordar teve mais tempo de pesquisar.

Cada pokemon de uma forma particular, recuperando a energia e cuidando para que o desgaste mental fosse recuperado. Para os pokemons foi mais fácil do que para os humanos. Cuidar dele próprio era uma coisa, mas cuidar de Lucas era uma completamente diferente. Ele não sabia como o jovem estava e nem porque permanecia inconsciente. Tratar dos ferimentos externos era mais fácil do que de possíveis sequela

– Pode... chamá-lo? - Questionou Lucas.

– Infelizmente não. - Elisa parou junto a porta. - Ele disse que precisava resolver algumas coisas importantes, mas que voltaria a tempo da taça. -

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Eram quadros brancos com escritas negras que eram preenchidas todo o tempo após alguns instantes de discussões. Algumas vezes as vozes começam a ficar mais altas, com tons sérios, mas logo voltavam ao tom mais calmo.

A concentração daqueles oito era grande. Não havia um moderador naquele debate, apenas uma pessoas que fazia as anotações nos quadros parecia querer sempre confirmação. Elisa parecia curtir querer uma confirmação do grupo antes de escrever algo nos quadros. Para a jovem aquele momento era o último de seu trabalho para com seus sete clientes, criticidade, decisão, argumentação, lidar com conflitos e amizades. Se aquele exercício funcionasse, aqueles sete não iriam cair novamente em situações sombrias.

Um barulho interrompeu a discussão. Elisa levantou o olhar e todos viraram-se. Lucas estava em pé, parado na entrada a sala. Dez dias passaram-se desde que ele despertara, podendo alimentar-se melhor e até mesmo a tomar outros remédios, ele a dois três dias já conseguia andar pela casa onde ele e os pokemons recuperavam-se e os demais esperavam o fim de tudo aquilo.

– Gostaria de juntar-se a nós? - Questionou Elisa sorrindo. - Aposto que seria um ótimo exercício para sua mente. -

Lucas ficou olhando um pouco sem graça. Seus pensamentos estavam bem lentos e não queria que as pessoas percebessem. Imaginava que fossem os remédios, mas tinha medo de descobrir, dentro de algumas semanas, que na verdade algo estava muito errado com ele. Mesmo sem saber que os golpes mentais que levara deixavam sequelas, ele começava a desconfiar que ele tinha problemas.

Ele observou dois quadros, em particular. Um estava com a foto de Nivek junto a foto de quatro pokemons. Lucas piscou algumas vezes os olhos tentando entender. Shiftry, Skarmory, Infernape e Meganium. Ele não se lembrava nem de metade daqueles pokemon, sem contar que alguns tinham uma marca que ele não precisou pensar muito para entender que era o número de mortes que já havia causado. Ele tentou imaginar quanto tempo havia se passado realmente desde que se separa de seu amigo, não havia como seu time ter mudado tempo.

O segundo quadro que mostrava uma série de possibilidades para apostas. Ia das prováveis chaves, passando pelos vitoriosos e derrotados, seguindo por quais pokemons seriam usado e por quanto tempo, até o inusitado quesito mortes. Eram até aquele momento 20 itens marcados com um determinado valor e o objetivo da aposta.

– Estamos estudando os finalistas da Liga das Sombras. - Disse um dos clientes. - Iremos a Taça quitar nossas dividas, dar uma força para o Nivek e vamos tentar fazer um dinheiro para retomar nossas vidas. -

– Você enfrentou alguns deles. Suas opiniões serão ótimas. - Disse outro.

– Nivek é responsável por uma grande arte do dinheiro que adquirimos, por isso tudo o que ganharmos será divido entre todos. - Elisa sorriu indicando um lugar para que Lucas pudesse sentar-se. - Você também receberá uma parte. -

Lucas começou a seguir para um lugar vago. Ele já sabia que era o dinheiro de Nivek, além da promessa de acabar com a Liga das sombras, que estava mantendo-o em recuperação junto a Elisa e os demais, mas não esperava que iria receber algum dinheiro para retomar sua vida depois daquilo. Ele não iria receber dinheiro daquela forma, ele iria ajudar de alguma forma.

– E então? - Questionou Elisa. - Quer sugerir alguma aposta para analisarmos? -

– Devem tomar cuidado nas apostas em cima do Ronald. Ele tira trapaças conforme o ambiente. - Disse Lucas. - Talvez possamos apostar que ele vai usar algum equipamento estranho para ganhar vantagem. -

Um sorriso manifestou-se em todos. Era aquele tipo de visão que a maioria não alcançava ainda. Lucas era um bom treinador e muitas da liga das sombras entendiam isso, lutas contra ele significava ter que usar de artimanhas mais elaboradas e pesadas, ou perderia de forma humilhante. Com Lucas apoiando-os naquela tarefa eles iria ter muitas apostas seguras, mesmo que pequenas.

Além de Nivek existiam outros 11 competidores que eles precisavam estudar.

Spartacus, Ganicus, Claudius e Gaulês eram os organizadores e os mais misteriosos. A cada temporada eles traziam um pokemon novo. O único não derrotado e um desafio era Spartacus que para muitos era o mais forte, apesar de o mais perigoso ser Ganicus. Por serem os idealizadores, era difícil apostar em cima deles. A única certa que tinham era que quem os vencesse iria ter que permanecer na liga, ou seria cruelmente caçado por eles. Certamene, Nivek seria alvo eterno de Ganicus.

Dex era o campeão. Qualquer aposta resultava na sua vitória e a do Gengar. Poucos entendiam seus movimentos, mas finalmente começavam a entender que ele usava das ilusões para destruir a mente do usuário. Nivek o venceu em uma situação completamente diferente da taça e certamente ele viria para uma revanche.

Peter Smith era o membro menos conhecido. Sabiam que era o segundo colocado da taça passada e que possuía pokemons poderosos, mas que foram destroçados por Dex na competição passada. O que significava que ele viria com pokemons novos ou com partes metálicas. Esse ponto era uma ótima aposta, mas fora isso não sabiam mais nada a respeito. Havia um boato de que ele possuía um dom psíquico incomum, mas aquilo era algo que nunca confirmariam.

Sebastian Green era um competidor antigo que dizia sempre ser um competidor em busca da atuação perfeita. Um bioquímico brilhante que havia enveredado pelo caminho das sombras. Cada um de seus pokemon recebia um coquetel para liberar o potencial de seus músculos e alguma deficiencia. Sempre musculosos ao máximo. Se um humano levasse um ataque de qualquer um deles, desmaiava no mesmo momento, caso não viesse a óbito.

John Tech era um competidor bem antigo. Ele gostava de tubinar seus pokemons com partes robóticas. Seu principal pokemon era um Starmie, com as pontas de aço que absorviam a eletricidade e superaqueciam dependendo da rotação. Sempre estava no final da taça e as vezes acaba simplesmente abandonando a luta fazendo um trato por muito dinheiro. Ao que parecia gostava de estar ali para arrumar dinheiro para suas pesquisas proibidas, além de testá-las. Era um competidor perigoso e que não se importava em matar, mas que não estava preocupado com a vitória.

Ronald era um trapaceiro de marca maior. Habilidoso estava sempre com um equipamento novo para dar vantagem aos seus pokemons. Ele interferia pessoalmente na luta e isso era uma desvantagem grande para competidores mais contidos e menos corajosos. Sem os equipamentos eles era um competidor mediano que deixava os pokemons lutarem pelos instintos. Mas, havia um problema, Ludicolo, seu principal pokemon, era realmente forte.

Murilo era um competidor altamente trapaceiro com pokemons altamente poderosos. Vaporeon era sem dúvida a maior preocupação de todos os competidores. O grupo havia sentido na pele o poder e desconfiava que ele iria ficar entre os primeiros colocados, se conseguisse recuperar-se do combate contra Lubia. Seu principal recurso era levar as pessoas na conversa, distraindo-as e enganando-as. No entanto as mesmas eram usadas normalmente fora as batalhas, o que significava que a luta com ele poderia não haver muita diferença do que eles presenciaram. O único conhecimento que poderia ajudá-los e uma boa aposta era o fato de que uma luta entre Nivek e Murilo se tornaria uma forra por tudo o que aconteceu. Afinal, se Murilo não tivesse ferrado com Nivek em seu primeiro encontro, quando fugiam de Draco das Neves, muitos dos problemas não teriam ocorrido.

Muller havia sido o último a se classificar, vencendo os dois últimos eventos. Seu principal pokemon passou a ser o Absol que possuía uma bela cicatriz e um chifre de metal após uma batalha nada amistosa com Nivek. Ele estava declarando que a vingança contra Nivek era certa. Apesar de ser o último classificado Muller era muito perigoso já que tinha uma coleção de pokemons vasta. Acreditavam que apostar na aparição de um novo pokemon poderia render um bom retorno.

Ninguém imaginava como seria o formato da competição da Taça, uma vez que sempre mudava. Mas, tinham certeza que fosse como fosse, o resultado seria 1 competidor campeão, quatro organizadores satisfeitos e sete outros competidores precisando de ajuda médica para seus pokemons e talvez até para si mesmos.

– Precisaremos ficar alertas. - Comentou Elisa. - A taça é um evento diferente dos outros. Nele os conflitos e perseguições de quem não está classificado não pode ocorrer. Muitos membros são contratados para fazer a proteção do local. Mas, como Nivek participará e é obrigatório ficarmos até o final da premiação, onde será informado o inicio do próximo, teremos de ter um plano de saída e uma proteção. Nunca se sabe o que pode acontecer. -

Com sorte Nivek sequer lutará. Turtule lembrava-se perfeitamente do que iria ocorrer. Bivek ligou pedindo o local da Taça e certamente a policia já estava organizando o plano final. A Taça não teria seu final.

– Acho importante estarmos um pouco mais ocultos. - Comentou Lucas chamando a atenção do grupo. - Próximo a mesa de apostas. - Ele fez uma pausa. - Se algo acontecer, temos que pegar nosso dinheiro e sair sem ser vistos. Além disso, todos pretendemos retomar nossas vidas. Essa será a última chance deles gravarem nossos rostos. Deveríamos chegar lá com um visual diferente, se vierem atrás de nós por qualquer motivo vão procurar nosso visual de agora e o visual da taça. -

– Então faríamos uma troca de visual agora e outro após a taça. - Um dos clientes parou surpreso com a ideia. - Realmente é uma ótima ideia. Não motivos para virem atrás de nós se pagarmos tudo. Mas, pensando sempre no pior das hipóteses, a medida iria ser primordial. -

– Não só por isso. Muitos competidores são vingativos. Ia propor mudança de visual após o final de tudo, mas não vejo problemas em uma mudança para o evento final também. Isso vai realmente confundir. Todos podem dizer que irão para regiões diferentes após o final. Vamos planejar isso amanhã. -

Lucas inclinou-se para pegar um pouco de suco. Mas, sua mão não fechou ao redor do copo. Fico apenas tremendo, como se estivesse com um espasmo muscular. A maioria não reparou, mas o único que viu não entendia o que Lucas estava fazendo. Parecia que ele tentava pegar algo, como um copo de bebida, mas não havia nada a frente dele.


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