Destroyers escrita por Livia Dias


Capítulo 83
Capítulo 75


Notas iniciais do capítulo

HELLO GUYS! Tudo bem?

Capítulo novinho em folha com algo muito importante que muitas leitoras certamente vão gostar e ao mesmo tempo odiar u.u Agradeço imensamente por todo o carinho galera :)

Boa Leitura!!!



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Dylan

As correntes me mantém preso em uma poltrona localizada em uma das salas de aula de NovaHead. A nostalgia é inevitável. Todos os momentos do grupo aqui... Todos os anos que convivemos juntos sem sabermos nosso destino.

A porta abre e Lexi aparece.

— Oi meu amor — um sorriso percorre os lábios dela enquanto ela acende a luz da sala.

Pisco repetidas vezes notando o relógio na parede. São duas da tarde. Faltam quatro horas...

— Lexi... Você está cometendo um grande erro — digo tentando manter a calma.

Ela revela um saco do McDonald’s.

— Trouxe o seu favorito! — Lexi começa a abrir o pacote e colocar os lanches e bebidas em cima da mesa dos professores.

— Lexi! — grito, chamando sua atenção. — Isso é ridículo! Por que quer me manter aqui?

Os olhos dela se tornam levemente alucinados conforme ela se agacha à minha frente.

— Eu vou proteger você meu amor. Depois que tudo acabar vai querer ficar comigo — Sua mão acaricia meu rosto insistentemente. — Sua mente vai clarear em breve.

Encaro-a com puro ódio, principalmente por todas as mentiras de anos. Ela é meia-irmã da Clarissa controla todos os vilões e ainda por cima foi à causadora principal da morte de James e Aurora.

Cerro meus punhos.

— Não vai dar nada certo entre nós. Nunca mais — cuspo em sua face, tentando fazê-la entender o nível de nojo que sinto por ela. — VOCÊ MENTIU PARA MIM!

— E a Clarissa não? — grita Lexi, limpando o rosto, enfurecida.

— Incrivelmente não. — respondo lembrando-me da Wayne. — Clarissa sempre... Mostrou quem era. Ao contrário de você.

Lexi continua me encarando, seus olhos semicerrados.

— Então está na hora de você esquecer aquela vadia — seu tom de voz muda completamente. — Você vai me amar, querendo ou não Dylan Allen.

Ela sai da sala batendo a porta, seus punhos cerrados e a fúria emanando de si. Suas palavras permeiam os meus pensamentos, e chego a engolir em seco agora, completamente sozinho.

Esquecer?

O som de passos chega aos meus ouvidos. Olho para a porta e a vejo ser escancarada. Josh Turner invade a sala a passos ágeis.

— Fazia tempo que não tinha a chance de apagar algumas lembranças — Ele fala com um sorriso amplo e um olhar chegando ao psicótico.

.Lexi se mantém de pé ao lado da porta, com os braços cruzados e um sorriso percorrendo seus lábios.

— Em breve você vai ficar bem, meu amor — sussurra a morena, e pisco repetidas vezes tentando afastar a dor.

Eu não quero esquecer Clarissa Wayne. Eu não posso.

Josh Turner senta-se à minha frente e suas mãos chegam às minhas têmporas. Uma pontada de dor percorre meu cérebro, chegando a todos os nervos do meu corpo. Sou forçado a fechar os olhos com a intensidade do incômodo.

Sou transportado para outro ambiente, completamente diferente e distante. O ar frio me atinge. Tudo ao meu redor parece um emaranhado de névoa, e a imagem transcorre diante de meus olhos bruscamente.

Reconheço de imediato aquele momento. Foi antes de nos tornarmos heróis. O Dylan com o cabelo mais curto e ainda menos experiente do que agora encara a Clarissa de cabelos ainda encaracolados e ar naturalmente rebelde.

— Então - minha voz saiu mais debochada do que o normal. – Você continua roubando coisas?

Clarissa cerrou os dentes, erguendo-se lentamente, como se pensasse em mil maneiras de me matar – o que, com certeza ela está fazendo.

— O que você tem a ver com isso?

Dou de ombros, enquanto caminho em sua direção.

— Eu sou o herói mais foda de Nova York e prendo todos os bandidos, sem falar que sou muito atraente. É, acho que o que você faz tem muito a ver comigo.

— Dá para devolver o cartão? – Sua voz mudou completamente, indicando a falta de interesse que ela possui.

— Éhhhhh... No – Sorri largamente ao vê-la bufar mais uma vez, com frustração. Ao menos tinha chance de me divertir com isso, antes de prendê-la.

— Sabe o trabalho que eu tive para conseguir isso? – Ela indicou o cartão que eu segurava.

— Ah sei – ironizei. – Mais de cem pessoas mortas, rastros inexistentes e ainda faz com que todos acreditem que foi um ataque por conta de uma dívida com drogas.

— Parte disso é verdade – disse Clarissa, ronronando. – O lance das drogas, pelo menos...

Antes que ela pudesse impedir, surgi às suas costas e segurei seus pulsos. Podia sentir o doce perfume de seus cabelos ruivos e a frieza de sua pele.

Respirei fundo e pensei na garota que realmente importava para mim: Lexi Riddle, minha namorada.

— No que você está metida agora? – questionei, tentando afastar os pensamentos nada certos em relação à Clarissa.

Ela tentava se soltar, mas apertei seus pulsos com mais força, fazendo-a bufar novamente, com clara irritação.

— Criei um novo tipo de veneno – respondeu ela, ofegante. Um sorriso perpassou seus lábios avermelhados, indicando o orgulho que possuía por cada merda que fazia.

Maluca.

Clarissa era a bandida mais doida, inteligente e assassina que tive o desprazer (ou prazer) de conhecer.

— Foi assim que matou Stanley Jefferson? - perguntei, afastando os cachos ruivos de sua pele cintilante.

— Você é esperto. - Murmurei, em tom aprovador. - Muito bom mesmo, Relâmpago "McQueen".

Soltei um palavrão, tentando não perder a paciência. Odiava quando Clarissa me chamava assim.

— Considere-se presa - disse, algemando suas mãos.

A garota riu, me deixando ainda mais irritado.

— Do que está rindo?

Clarissa descansou sua cabeça em meu peito e me encarou com seus olhos brilhando de maldade.

— Você não cansa desse jogo? – suspirou. - Você me prende e eu fujo. Simples.

— Não dessa vez – falei, com convicção. Sabia que a algemara de modo certo e Clarissa nunca vai escapar.

— Sabe o que eu sei? - sua voz mudou para um tom sedutor.

Senti nossa proximidade e de repente, esqueci-me de Lexi e do restante do mundo. Aproximei meu rosto do seu, querendo tocar seus lábios e senti-los de uma vez por todas.

— Que você quer me beijar – sussurrou por fim, acertando em cheio meus pensamentos.

Quando comecei a sentir a maciez de sua boca, Clarissa se afastou de súbito, sorrindo maliciosamente.

Balançou as mãos no ar e indicou as minhas. Ao baixar os olhos, percebi que estavam algemadas. Clarissa tirou algo do cinto e vi que era o cartão de crédito do tal Stanley.

Porcaria, ela me enganou.

— Que saudade de você, benzinho - Clarissa beijou o cartão e me encarou em seguida. - Você pensou mesmo que eu ia ficar com você?

Senti a raiva me consumir. Paguei de idiota, puta que a pariu!

— Agora você vai ficar preso ai por um bom tempo – concluiu Clarissa, pensativa. - E eu vou estourar esse lindo cartão de crédito.

Sorriu vitoriosa, como uma criança que acabara de ganhar um brinquedo. Fechei a cara, enquanto tento me soltar.

— Nos vemos na escola amanhã, Relâmpago "McQueen" - Clarissa mandou um beijo em minha direção e saltou de costas do prédio, sumindo do meu campo de visão.

A névoa encobre completamente meus olhos, diluindo a cena no momento que eu corria até o parapeito do prédio para buscar Clarissa com o olhar. Fui transportado para mais uma lembrança.

Estava na minha casa, e o dia acabava de amanhecer. Clarissa fuçava a geladeira e eu acabava de me aproximar. Fora depois de eu tê-la salvo das garras do Bane na casa da Stella.

— Sua geladeira não tem nada que preste — Clarissa comentou encostada no balcão enquanto devorava uma maçã.

Revirei os olhos.

— Pensei que já tivesse ido embora — comentei, pegando a garrafa com água mineral à porta da geladeira.

Clarissa deu de ombros.

— Simon ligou — Fugiu totalmente da questão anterior, desinteressada aparentemente. Franzi o cenho.

— O que ele queria? — Cruzei os braços, depositando a garrafa no balcão da pia.

— Está se sentindo importante e convocou a gente para uma reunião — Fez uma careta quase imperceptível para mim, e lembrei-me de seu pulso quebrado.

Era esquisito vê-la machucada. Às vezes pensava que ela fosse aquele típico vaso ruim que não quebrava, sem nem ao menos sentir dor! Naquele instante, percebi que a Wayne tinha algum traço de humanidade, mesmo que este fosse tão sutil (quase supérfluo).

— Como está seu pulso? — Perguntei, fingindo desinteresse.

Clarissa me encarou com um misto de desconfiança e incredulidade.

— No lugar dele — ironizou, claramente tirando uma com a minha cara. Revirei os olhos, ouvindo a risada (tão rara) dela. — Tão bonzinho — desdenhou, passando por mim. — Melhor se arrumar. O Walker não pareceu muito paciente ao telefone.

Arqueei as sobrancelhas.

 — Fury está morto e você consegue ficar de bom-humor — Ponderei, e ela virou a cabeça em minha direção. — Está pensando em cair fora, não é?

Clarissa cruzou os braços, encarando-me com uma tranquilidade anormal.

— Será que você não percebe? — Meneou a cabeça negativamente. — Eles não precisam de nós. Precisam manter o controle sobre nós. Depois que essa merda acabar, continuaremos sendo vigiados assim como fomos até agora. Esse grupo tá rachado, Allen.

 Novamente a névoa encobriu a lembrança no instante que Clary se afastava do eu antigo, tipicamente marrenta. A névoa diluiu em outro instante, que fazia parte daquele mesmo dia. O Dylan de outrora se encontrava agachado em frente ao carro, observando algo atentamente, enquanto Clarissa mantinha-se impaciente ao lado, suportando a chuva que caia pesadamente.

— Foi só um risquinho — Clarissa revirou os olhos, indignada com o passeio que fizemos em poucos segundos (graças a mim). — Você está fazendo tempestade em copo dágua.

Bufei.

— Duvido que diria isso se esse risquinho fosse na sua moto — Enfatizei, destravando as portas do carro.

A ruiva deu a volta no veículo, abrindo a porta do passageiro.

— Você tem razão quanto a isso — Encolheu os ombros.

Balancei a cabeça negativamente, mal contendo a risada.

O percurso até a casa da Sophia (onde foi marcado o encontro da cambada) foi em completo silêncio. Clarissa não estava disposta a fazer brincadeiras com a minha cara, e eu não quis encher a paciência dela.

A chuva continuava forte quando estacionei em frente à casa dos Thompson que ao contrário dos outros, ficava mais ao Sul de Nova York, próximo ao cemitério da cidade.

Agora entendei porque todos evitavam a Sophia. Mas mesmo com esse pequeno detalhe, não era justo excluí-la como as garotas do time de líderes de torcida faziam.

— Estou começando a odiar chuva. — Clarissa se irritou assim que deixamos o conforto do meu carro para enfrentar a tempestade gelada.

— Me diz o que você não odeia? — Perguntei retoricamente.

— Chocolate quente — Deu de ombros, obrigando-me a revirar os olhos.

 A lembrança foi encoberta no momento que chegávamos à soleira da porta da casa da Sophia. E durante aquele mesmo dia, mais um momento surge diante de meus olhos. O vídeo com todas as verdades sobre o envolvimento de Stella com os Wayne tinha acabado de passar diante dos olhos dos Destruidores no porão da casa da Sophia.

E os pensamentos do antigo Dylan voltaram a ecoar em minha mente, como se eu vivesse novamente aquilo.

Quando Clarissa parecia mais perto de nós, algo a puxava de volta para sua própria escuridão, como uma eterna penitência.

Podia até mesmo vê-la naquele momento, caminhando vagarosamente até a porta, esperando que um de nós (qualquer um!) a convencesse de que Stella não quebrara sua confiança, e sim agira pelo seu bem, que nós deveríamos permanecer juntos mesmo sem sermos um bando de heróis legais.

Que ali era o seu lugar, e que mesmo com suas loucuras sanguinárias, aceitávamos ela do jeito que era.

Mas ninguém disse nada disso, pois sabiam que seria em vão. Em questão de dias estaríamos mortos.

Deixe-a ir, uma voz disse em minha cabeça.

Suspirei mais uma vez, antes de me levantar e... Correr.

Com toda minha velocidade cheguei ao hall de entrada e sai da casa. Clarissa já passara do meu carro, decidida a enfrentar aquela tempestade e a estrada lamacenta.

— Vai tentar me convencer?

Comecei a caminhar ao seu lado, sem me importar com a maldita chuva.

— Não. Eu vou conseguir. — Parei à sua frente, impedindo seu trajeto. — A Stella não traiu sua confiança, e o Charlie é o seu irmão! Sei que você se considera invencível e tudo mais, só que ninguém consegue ficar sem os pais por muito tempo.

— Eu não tenho pais...

— Tem sim, porque que eu saiba você é bonita e demoníaca demais para ter vindo de uma trouxinha amarrada em uma cegonha — Finalmente, Clary me encarou. — Você sabe que os Wayne estão em Las Vegas! Diferente de mim...

Parei de falar momentaneamente, medindo cuidadosamente minhas palavras. Clarissa meneou a cabeça negativamente.

— Você sabe o que vou fazer. E eu não ligo para o que vai acontecer, porque ninguém se importa quando precisei! Ninguém esteve comigo fazendo festinhas de aniversário, ou me ajudando com o dever de casa! Ninguém esteve comigo quando comecei a andar, a falar e a ler! Ninguém me deu presentes de Natal ou me ajudou com a minha fantasia de Halloween, porque eu nunca participei dessa merda!

Encarei-a completamente atônito. Clarissa desviou o olhar, mantendo os punhos cerrados.

— Você não entenderia — Ironizou ela, cruzando os braços.

— Eu nunca conheci minha mãe — Disse repentinamente, e de certa forma me senti um tolo. — Então, acho que te entendo sim.

O silêncio se interpôs entre nós. De repente, tudo pareceu evaporar ao nosso redor. A sensação da chuva gelada acabou quando em um rápido movimento estava diante dela.

Apenas agora...

Clarissa se retesou um pouco, completamente tensionada diante da minha proximidade. Meus dedos alcançaram a pele alva de sua face e quando ela me encarou com seus olhos negros, sabia o que queria fazer.

E sabia que era um caminho sem volta.

Meus lábios se aproximaram dos seus, necessitados e desejosos um do outro. Uma maneira sutil de escapar disso tudo, de cairmos na realidade de que somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.

E não sei porquê estava fazendo aquilo, recordando as nossas claras demonstrações de ódio.

Parecia loucura, mas era como se tudo aquilo fizesse parte da minha rotina. Era como se a mínima sugestão de que Clarissa fosse embora tinha o poder de desmoronar algo dentro de mim.

A primeira sensação que tive quando finalmente quebrei nossa distância, era que a Clary estava tão nervosa quanto eu (mesmo que nunca admita). Ela relaxou depois de um tempo, suas mãos alcançando minha nuca e conseguindo o efeito desejado; fazer com que eu a abraçasse ainda mais forte.

Nossos lábios seguiram unificados em um beijo calmo e ao mesmo tempo sôfrego. Uma quentura acompanhada de um conforto inesperado me preencheram imediatamente.

Senti a ruiva se distanciar, como se tivesse acabado de levar um choque. Sua expressão é de atordoamento e confusão, mas não permiti que ela pensasse demais.

Minha mão chegou à sua cintura e a arrasto para junto de mim. Seu corpo bateu contra o meu peito e tratei de calá-la com um segundo beijo, ainda melhor do que o anterior.

Percebi então o que eu tentava esconder (o que nós dois tentávamos esconder). Que desde aquela noite no prédio quando a Clary explodiu o galpão do Stanley e me algemou, queríamos ter conseguido aquele momento como estávamos fazendo ali.

A segunda percepção que tive, era que Lexy nunca me fez sentir algo tão intenso. E as palavras do meu pai finalmente começaram a fazer sentido.

— Você queria isso tanto quanto eu — Ofeguei, fitando-a seriamente e... Deus, como os olhos dela são bonitos.

 Abri os olhos. Meu coração bate desenfreadamente e a dor de cabeça é inevitável.

O que foi? — Lexi questiona com um tom irritado.

Josh parece atordoado.

— As emoções são muito fortes — diz ele com a voz enfraquecida.

— Inútil! Inútil! — esbraveja Lexi, reunindo energia em sua mão e lançando contra o homem.

Ele emite um urro de dor e cai no chão, inerte. Lexi ocupa o lugar de Josh Turner, tentando assumir uma expressão carinhosa e feliz diante de mim.

— Vou cuidar disso eu mesma — suas mãos alcançam minhas têmporas.

Uma carga mais forte de energia percorre meu cérebro, e dessa vez é impossível conter o grito de dor. Sinto algo ser retirado de mim pouco a pouco, estraçalhado em mil pedaços, diluído ao vento.

Não. Não. Eu não posso deixar. Não posso permitir...

— Não force! Esqueça ela! ESQUEÇA!

Não aguento toda a pressão em meus membros e mente, e acabo caindo na inconsciência, perdido entre o que é o real e o que é mera imaginação.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo carregado de ação e muitaaas novidades com o capítulo da Clarissa! õ/

Até o próximo capítulo ;)

Beijokas!!!