Stella

O cerco está se fechando. Meu peito está pesado e não paro de olhar para trás.

— Dylan — chamo-a, vendo a entrada para outro corredor. — Eu preciso voltar. Aurora e James...

— Eles vão ficar bem — o Allen segura meu ombro suspirando em seguida. — É melhor o resto do grupo continuar unido.

O resto. Isso soa tão desesperador. Ashley desacordada. James à beira da morte e agora Aurora cuidando dele. Quem será o próprio a se afastar?

Simon carrega Ashley no ombro e Zack fará nossa segurança no subterrânea. Sophia está pronta para criar um escudo sobre todos. Clary avança disposta a matar qualquer um, exatamente como Dylan e eu.

— Temos que ficar atentos. Os clones podem aparecer a qualquer momento! — o Coisa alerta, tenso como o Tocha Humana.

O vi rasgar ao meio o clone do Zack antes sequer de nos atacar algumas curvas atrás. A quantidade de sangue por todos os lados e o modo como tivemos que correr foi desesperador.

— Acho que chegamos ao segundo ponto — avisa Simon, logo que passamos pela porta que leva a outro extenso salão, cheio de armas antigas presas às paredes.

— Estou me sentindo nos Jogos Vorazes — digo um pouco alto demais.

— Acredite isso é bem pior — Zack fala pela primeira vez em muito tempo. — Bem mais desesperador do que lutar pelo amor de um padeiro ou um assassino de esquilos.

— Não fale assim da Katniss! — reclamo embicando os lábios, mas feliz por ver o Oliver tentando fugir dos pensamentos dolorosos. Temos de tentar ser fortes agora.

O Homem-Aranha segue pelo teto como uma verdadeira... Aranha! (haha). Seu sentido não deve ter detectado perigo ainda.

Assim que chegamos ao meio do salão, grades descem fechando a passagem atrás de nós que acabamos de atravessar. Um frio percorre meus membros. Como James e Aurora vão nos alcançar?

— Atenção aí pessoal! — o Homem-Aranha alerta.

Wolverine e Coisa cercam as crianças a fim de protegê-las. Os Wayne ficam atentos à frente de todo o grupo, enquanto Dylan e eu juntamente de Zack e Sophia protegemos Simon e Ashley.

“Olá heróis!”.

Um telão preso à parede onde se encontra nossa saída do salão revela um homem vestido de verde com diversos pontos de interrogação cobrindo seu terno e sua cartola.

“Vocês devem ter gostado da introdução aos meus joguinhos, não é? Os dois clones eram apenas um sustinho, mas eliminaram dois heróis! Embora... Um deles partiu sozinho mesmo”, o Charada demonstra certa decepção.

Recuo um passo, chocada. Não pode ser... Aurora e James...

“E agora vejam só! Começamos de verdade! Oh, oh! Batman e Mulher-Gato com suas crias! Que meigo!”, os olhos do vilão cintilam maldade por debaixo da máscara que cobre seus olhos. “Adorarei acabar de uma vez por todas com a sua raça, homem morcego, sem deixar qualquer rastro!”.

Batman fica à frente de Charlie e Clary.

— É a mim que você quer! Os deixe ir!

Charada contém o riso antes de finalmente gargalhar.

“Sempre querendo proteger os que ama... Tsc, tsc. O que é o que é, que vem soturna e leva sua alegria? A MORTE!”

O herói cerra os punhos. Clarissa toma à frente da situação, semicerrando os olhos.

— Já que quer tanto extinguir a raça do Batman, porque não deixa os outros irem? Um bando de heróis medíocres não faz o seu tipo!

— Heróis... Medíocres? — o Homem-Aranha murmura, franzindo o cenho.

Charada semicerra os olhos de volta para Clary.

“Sei o que está tentando fazer, Wayne. E não vai conseguir. Todos vocês irão morrer hoje! Com os jogos deste salão.”

— Que pena... Achei que você se garantisse mais... — Clarissa olha as próprias unhas, fingindo desinteresse. Essa é a Clary! — Está com tanto medo assim de deixar que crianças e adolescentes com um bando de heróis velhos e fracos sigam o resto do caminho? Não existe saída daqui!

O vilão parece refletir.

“Vou deixar que sigam porque quero me divertir com a família Batman! Mas não imaginem que existe saída! Tudo o que tiverem planejado vai dar muito, muito errado!”.

O telão apaga, e meu peito parece mais pesado. Teremos que deixar os Wayne.

— Vocês tem que chegar ao subterrâneo — o Batman se pronuncia. — Faltam poucos metros. Encontramos vocês depois.

— Mas... — murmuro, não querendo deixá-los. Perdemos Aurora e James. Agora Clarissa?

— Nos vemos daqui quinze minutos — Dylan sela seus lábios aos de Clarissa rapidamente, antes de começarmos nossa corrida para fora do salão.

Grades descem assim que passamos pela porta.

— Estou com tanto medo por eles — Sophia diz com uma expressão infeliz.

Um barulho de serras elétricas soa assim que nos afastamos do salão. Resisto à vontade de voltar e avanço com o pessoal.

— Charlie e Clarissa são os filhos do Batman — Dylan fala com esperança. — E o próprio Batman e a Mulher-Gato estão lá. Confio neles.

O Homem-Aranha para o grupo por um segundo depois de percorrermos vários metros. Estamos próximos à saída para o subterrâneo.

— Algum problema? — o sr.Fantástico questiona com a face séria.

— Senti algo — responde o herói.

Figuras aparecem à nossa frente e marcham até nós. Mais de meia-dúzia. Logo elas são iluminadas por lâmpadas ainda acesas do corredor, revelando-nos pessoas desfiguradas com olhares vazios. Quase como zumbis.

Wolverine grunhe mostrando as garras.

Com certeza isso é coisa da Caroline e do Jack. Tocha Humana é o primeiro a reagir, lançando chamas contra eles. As figuras queimam, mas pouco a pouco suas peles se reconstituem.

— Merda — Wolverine xinga, evidentemente irritado por aparentemente ter seu gene implantado nos inimigos.

As criaturas continuam avançando, quase como zumbis.

— Precisamos de um plano — Sue Richards diz. — Temos que chegar do outro lado.

Repentinamente as figuras param. Suas mãos erguem-se e as mesmas chamas lançadas pelo Tocha Humana voltam contra nós.

Sophia é rápida e cria um escudo para nos proteger.

— Não temos tempo para lutar contra merdas imortais que tem nossos poderes! — o Coisa berra, furioso.

As chamas continuam acertando o escudo da Soph que aos poucos começa a recuar. Sue lança o seu poder de proteção, auxiliando-a.

— Pensem em algo! Rápida! — grita a Mulher Invisível.

— Eles capturam energia — o sr. Fantástico diz rapidamente. — Qualquer poder nosso poderia voltar de maneira ainda mais destrutiva.

— Eu poderia envolvê-los com minha teia — sugere o Homem-Aranha — o meu poder não é destrutivo.

— Seria como empalhá-los — fala Simon, em tom pensativo.

— Posso carregá-lo para sermos rápidos e evitar qualquer ataque — sugere Dylan, trocando um soco com o herói Aranha.

Limpo a garganta, atraindo a atenção do grupo.

— Posso ajudar com isso também — volto os olhos para Wolverine. — Mas vou precisar de uma forcinha.

(...)

— Desfaçam os escudos ao meu sinal — diz o sr.Fantástico a Sue e Sophia que assentem. — 3... 2... 1...

Ambas param de lançar seus poderes e o Homem-Aranha é carregado nas costas por Dylan, lançando teias e acertando todos os inimigos em uma velocidade impressionante.

— IEEEEEEEEEEEE! — o grito do garoto Aranha ecoa eufórico.

Volto-me para Wolverine e ele está com as garras prontas.

— Você sabe o que está fazendo? — Ele pergunta com desconfiança.

Sorrio.

— Sou profissional — Fecho os olhos e me concentro no metal. As propriedades do Adamantium, sua densidade e resistência. Ele não é fácil de absorver.

As criaturas estão completamente obstruídas após terem absorvido a teia. Não conseguem efetuar qualquer ataque.

Com um único menear de mãos, partículas de metal atingem meus oponentes como tiros em seu peito. Um a um eles caem mortos, com balas de Adamantium presas em seus corações.

Cambaleio prestes a cair com o excesso de poder.

— Boa garota — Wolverine me ampara antes que eu atinja o chão.

Sorrio fracamente.

Conseguimos avançar, passando pelos corpos no chão e temendo que o tempo se esgote antes de chegarmos ao nosso objetivo.