Dylan

Acordo em pânico, olhando ao redor e esperando que o Coringa esteja nos atacando. Felizmente (ou não), a cena que se desenrola diante de meus olhos é bem diferente do que imaginei ver.

James e Aurora estão sérios, conversando sobre algo a que sou totalmente alheio. Fico feliz por ver que ambos estão bem, sem nenhum indício de que se feriram seriamente.

Volto meus olhos pelo corredor, percebendo a destruição iminente. Grandes pedaços de concreto estão espalhados pelo ambiente, e os gritos longínquos são facilmente percebidos por mim, indicando que ainda estamos sendo atacados.

Coloco-me de pé, sentindo meus músculos reclamarem de dor. Tento não emitir nenhum ruído, mas James e Aurora já notaram minha presença.

– Relâmpago! – Mrs.Elastic faz questão de me lembrar que agora sou o herói e não o aluno super popular de NovaHead. – Aonde pensa que vai? – Como sempre, ela exibe seu tom de voz autoritário.

James parece desinteressado em nós, permanecendo em seu próprio silêncio, enquanto massageia as têmporas.

– O que ele está fazendo? – Indico-o com um manear de cabeça, encarando a garota ao meu lado.

Mrs.Elastic exibe um ruído de frustração.

– James sentiu a presença do Duende Verde aqui – informa, pensativa. – Mas pelo jeito, Ash, Simon e Zack estão indo atrás dele nesse exato instante.

Não questiono o poder do Turner, porque já o conheço há anos, para saber defini-lo.

James sendo mais velho que Ashley, possui um poder mais avançado comparado ao da irmã; pode ler ou dominar a mente de seus oponentes, obrigá-los a fazer o que quiser, e até mesmo localizar qualquer pessoa, mesmo que esta esteja morta.

– E o Coringa? – questiono, pronto para seguir até esse vilão e arrancar cada um de seus membros. Ele feriu minha namorada, e não posso permitir que ele saia impune.

– Está morto – James se pronuncia, juntando-se a nós, com sua típica calma.

– O quê? – franzo o cenho, confuso com tal informação.

Mrs.Elastic e James se entreolham. Como se decidissem quem vai me explicar tudo, Aurora volta seus olhos azuis para mim.

– A Lady Assassina o matou – diz, esbanjando tranqüilidade.

Cerro os punhos. Essa garota sempre atrapalha meus planos.

– Onde ela está agora? – Encaro James, que coloca as mãos nos bolsos e olha para o teto.

– A S.H.I.E.L.D a capturou – responde, fitando-me por fim. Arqueio as sobrancelhas, surpreso com a notícia. – Os Vingadores também estão por aqui. Mas posso garantir, cara – acrescenta, logo que abro a boca. – Eles não estão interessados em NovaHead.

Mrs.Elastic parece tensa, algo que indica mais problemas.

– E a Metallick? – indago, lembrando-me de nossa colega noturna.

Os olhares trocados entre ambos só indicam o que eu mais temia; perdemos uma heroína para os vilões.

(...)

Logo que o silêncio fúnebre teve fim entre nós, resolvemos agir; não adianta chorarmos agora, pois ainda existem alunos precisando de nós.

James tenta localizar algum Vingador, mas de acordo com ele, as milhares de mentes em NovaHead dão interferência. Ou seja, por enquanto somos apenas nós.

Palhaços-Terroristas tentam nos deter, mas com os movimentos flexíveis da Mrs.Elastic, minha rapidez e os truques de James, nossos oponentes se mostram fracos demais para nossas habilidades combinadas.

– Os Três Mosqueteiros alcançaram o salão – informa James, enquanto atravessamos os corredores apinhados de alunos em desespero.

– Vocês dois, ajudem a Ashley e os outros – Mrs.Elastic para de nos acompanhar. – Vou ajudar os alunos a saírem daqui.

Assentimos, e Aurora rapidamente desaparece de nosso campo de visão.

James e eu nos encaminhamos pelos corredores empoeirados e destruídos, sem trocarmos nenhuma palavra.

Alcançamos as portas do salão, e Turner faz sinal para que eu fique parado. Obedeço, seu pedido, aguardando pelo momento certo de invadirmos o local.

– Então vocês atenderam meu convite – a voz debochada do Duende Verde é facilmente reconhecida por mim, que cerro os punhos, furioso por ele estar aqui.

– Você matou nossa amiga! – a voz desafiadora de Ashley Turner entra em nosso campo de audição. Percebo um sorriso de canto (orgulho, talvez?) repuxar os lábios de James. – E é bom você ter um excelente motivo para que não o matemos agora!

A risada desdenhosa do Duende ecoa em meus ouvidos.

– Não me diga que está tentando usar seus poderes contra mim?

– Se mate de uma vez! – A ordem de Ashley emana poder, embora eu não consiga imaginar a patricinha estressada sem que o motivo envolva roupas e sapatos.

– Bela tentativa – o vilão parece zombar dos poderes da Turner, e logo um grito corta o ar, e uma explosão ocorre no salão.

Neste instante, qualquer sentimento que James possa nutrir por sua irmã caçula, é despertado com este grito.

As portas do salão são escancaradas, e o que vejo não é muito animador; Ashley está caída aos pés de nosso inimigo, enquanto Simon e Zack tentam se recompor do ataque recente.

Nunca pensei que fosse ter a chance de rever o Duende Verde. Quero dizer, o Homem Aranha o matou a três anos, antes de mesmo de eu me tornar um herói. E agora, lutar contra esse cara... Não deixo de sorrir com a chance que estou tendo.

Os olhos do vilão voltam-se para nós, no entanto, ele não tem tempo para dizer qualquer coisa. Com minha velocidade o acerto diversas vezes, com golpes fortes e precisos.

O Turner embaralha as cartas, experiente ao se tratar do uso delas. Em um movimento ágil, retira uma do meio das outras, e a ergue em direção ao Duende Verde.

Nosso inimigo ainda está atordoado com os golpes que recebeu, no entanto consegue exibir um sorriso de puro escárnio para nós.

– Acham mesmo que podem me deter? – Ele se coloca de pé, cambaleante.

James nada diz, apenas lançando a carta até o Duende. Este desvia, mas não permito desanimar.

O Ilusionista sempre tem uma carta na manga, literalmente.

– É tudo que tem? – Desdenha o vilão, gesticulando para a carta no chão.

Um sorriso irônico perpassa os lábios de James, e até já sei o que está por vir.

– Você está em uma ilusão, Duende – diz Turner, lentamente. – Está preso ao seu pior pesadelo.

O grito de agonia ecoa pelo salão, e nosso oponente se encolhe, como se sentisse uma das piores dores existentes.

James suspira, quase que entediado.

– Amarre-o com alguma corda, Relâmpago – pede meu amigo, recuperando a sua carta no chão.

– Podexá! – brinco, batendo continência, praticamente zoando da situação.

James revira os olhos, no entanto não tenho tempo de ver sua próxima expressão, pois tempo é dinheiro para mim (ou a salvação de algumas pessoas).

Com a velocidade de um tiro, atravesso o corredor, subo diversas escadas e chego ao último andar, onde vejo um conjunto de mangueiras de incêndio do chão.

Apanho-as sem hesitar e retorno para o ponto de partida.

– Sempre quis usar essas mangueiras. – comento, enquanto amarro o Duende Verde de forma que ele não escape.

Simon e Ashley recuperam-se aos poucos, e Zack os ajuda a se levantar.

James está com os olhos fechados, tentando localizar algum dos Vingadores. Se esse cara tiver algum êxito na tarefa dele, até posso dar uma ajudinha entre ele e Aurora.

Zack estala os dedos das mãos, provavelmente sabendo o que deve fazer.

– Eu tenho que eletrocutar esse cara – diz, como se eu fosse um retardado e pensasse que ele ia cometer algum tipo de abuso ao nosso inimigo.

Sigo até Ashley e Simon, e ambos observam tudo em silêncio. Não parecem bem, e fico pensando no que eles devem ter suportado até chegarmos.

Zack usufrui de uma enorme carga de poder, e por instantes breves, as luzes de NovaHead piscam incansavelmente.

James vira-se para as portas do salão, no exato instante que Aurora (Mrs.Elastic) adentra o local, olhando para todos os lados, de um jeito tipicamente reprovador.

Seus olhos arregalam-se quando ela encara o Duende Verde, e a surpresa perpassa seu semblante.

Um raio comandado pelo Oliver, atravessa o telhado, em uma explosão exageradamente ruidosa e ofuscante.

Tudo dura por poucos segundos, até as luzes voltarem às lâmpadas do salão, e a única coisa anormal ser um cadáver queimado e o corpo de nossa amiga, Stella.

Aurora tira sua máscara, encarando James.

– O que você estava tentando fazer? – questiona, em tom de repreensão.

Deixo um assobio escapar, prevendo uma bela bronca a James. Aurora tem essa (irritante) mania, de dar lição de moral em todo mundo, e suponho que o Turner terá de aturar isso se a quiser.

No entanto, James não têm tempo de responder, pois o ruído de passos alcança nossos ouvidos.

Desencosto da mesa que usava como apoio, voltando à posição de ataque anterior. Meus amigos também adquirem posições de tensão.

Mas não é um vilão que surge diante de nossos olhos. Também não é um aluno ferido, já que a grande maioria foi auxiliada pela Mrs.Elastic.

– Três heróis, um deles possivelmente morto. – Ele para diante de nós, com as mãos nos bolsos da calça. – Outros quatro com habilidades especiais, um deles sendo procurado pelas autoridades. – seus olhos focam em James, que permanece indiferente. – Sem falar na garota mutante pouco conhecida, e a assassina mais procurada.

A imagem de Clarissa Wayne surge em minha mente, como um flash.

Como eu a odeio.

– Muitos me disseram que sou louco por lidar com adolescentes problemáticos – Ele cruza os braços, com a sobrancelha levemente arqueada. – Mas se minha proposta for, talvez, a única salvação da Terra?

Dou um passo à frente, desconfiado e ao mesmo tempo, curioso.

– Qual é a sua proposta?

Nick Fury, líder da S.H.I.E.L.D, exibe um sorriso torto.

– Suponho, cavalheiros, que seja melhor me seguirem.