–Ah, por favor, é só um jogo! Nada de ruim vai acontecer!

Eu esperava a resposta de Mizla, parado em frente à sua porta.

–Não, Gustavo! Tenho que ajudar minha mãe com as tarefas da casa. Além disso, eu teria que levar minha irmã comigo, se eu fosse.

Ai meu Deus! Era sempre a mesma merda! Todas as vezes que a mãe de Mizla deixava ela sair, tinha sempre que levar sua irmãzinha, a Tiff furacão, como eu a chamava.

–Pelo amor de Deus, você não pode sair uma vez sequer sem levar a Tiff fur...

–Não a chame assim! O nome dela é Tiffany! Enfim, não vou mesmo que minha mãe deixe!

–Por que é tão difícil te convencer a fazer alguma coisa divertida?

Sim, sempre era! Eu não sabia ao certo por que ela sempre recusava se divertir comigo e com nossos amigos... Coisa de menina, eu sempre pensava, afinal, ela poderia estar um pouco certa dessa vez em não querer ir.

Nós iríamos para a casa da Renata jogar aquele joguinho que tem um copo pra ver se era mesmo real. Posso afirmar que não acredito nessas coisas de espíritos mortos entrando em contato com seres vivos e blá blá blá. Queria só ir me divertir e talvez assustar um pouquinho a galera.

–Você sabe que eu tenho medo, Gustavo. Você pode até não acreditar em fantasmas e espíritos, mas eu acredito!

Ta, eu sabia que ela tinha medo, mas e dai? Eu queria que ela fosse! Digamos que eu sou um pouquinho... Humm... "Afim" dela...

–Pelo menos pergunte pra sua mãe se você pode ir! Por mim, vai?

Ela me olhou com uma cara de que ia me matar se eu continuasse insistindo mas apenas virou as costas e caminhou pelo corredor.

Segundos depois ela apareceu com uma figura um pouco mais alta vindo atrás. Era sua mãe. Ótimo. Já sabia o que ela tinha em mente.

–Então, mãe, o Gu quer te pedir uma coisa! - ela se virou para mim - Fala pra ela Gustavo.

Garota esperta... Tudo isso era porque ela não queria ir? Ela tinha mesmo que trazer a mãe dela pra eu pedir diretamente? Que droga! Ela sabe que sempre fico tímido perto da mãe dela!

–Eh... Então, Sra. Schneider... Eh... Humm...

–Desembucha logo menino! - a mãe dela pediu.

–É que, eu queria perguntar se... Se... Se a senhora deixa a Mizla ir pra casa da Renata hoje a noite, comigo. A galera toda vai então não se preocu...

–Você quer ir, Mizla? - a mãe dela me cortou? É isso mesmo?

–Bem, eu não estava querendo, mas... - ela me olhou de relance. Não sei, mas acho que meu olhar de cachorrinho pidão a fez mudar de ideia - Tudo bem, eu vou!

Um leve sorriso surgiu em meu rosto.