Shussan (semanas depois)

Já passou um bom tempo desde aquele dia. Devo adimitir que na hora fiquei chocado com tudo aquilo. Aoni simplesmente falou tudo, que sabia que Hideki ficava vigando Sayo, que aquele filho da puta a beijou (isso me deixou puto), mas jamais achei que ele também falaria que a amava. Sério, eu não fazia a menor ideia! Já estava na cara que ele gostava dela, coisa e tal, mas eu não achei que fosse tanto. Pensava que fosse o mesmo de um cachorrinho (um gato que age como um cachorro, vai entender...), um animal que gosta e é fiel ao seu dono.

Bem, na hora que estava só eu e Hideki sozinhos, eu estava por dentro com uma enorme vontade de arrebentar a cara dele, mas do jeito que as coisas ficaram, era melhor eu me preocupar com a minha irmã, pois de novo ela iria sofrer. Sim, ela já sofreu antes. Foi algo inevitável, a morte do último gato dela, mas do jeito de ela ficou mal naquela época, não duvidei nada de que ela ficaria pior com isso, pois vi claramente que ela gostava daquele nekomata mais do que qualquer coisa.

O que previ estava certo, na verdade, ela ficou pior do que eu esperava. Sayo ficou tão deprimida que não quis fazer nada além de ficar no seu quarto. Isso me deixou muito preocupado, pra ter ideia, um dia desses os meus pais me chamaram pra voltar pra casa, mas eu não quis. Eu não podia deixar Sayo do jeito que estava.

Hideki

Faz uns dias que não volto pra universidade, meus amigos já até me ligaram várias vezes preocupados e eu dava desculpa de que estava doente. Eu fui um completo idiota por ter feito tudo que Kuro me mandou, talvez se eu não tivesse o obedecido, ou ainda, talvez se eu nunca o tivesse encontrado, as coisas poderiam ser um pouco melhor...

Ainda tou com uma cicatriz do arranhão que ele deu no meu ombro e, óbvio, também tou com o que Aoni fez na minha cara. Claro que dá pra eu esconder o que Kuro fez, mas o outro... Vai ser complicado de explicar se alguém perguntar. Isso é pra eu aprender a não ser idiota!

Depois de ter tomado um banho pra esfriar a cabeça, enquanto secava o meu cabelo, encarei o meu celular. Espera um segundo... Kuro não me devolveu o meu antigo! Fui pegar o aparelho, mas depois parei e pensei "O que estou pensando? É óbvio que ele deve ter jogado ele fora e no tempo que passou, não duvido de estar sem bateria...".

Sentei no sofá da sala e pensei "E agora? O que devo fazer?". A única coisa que posso ter certeza é que, seja lá pra onde Kuro foi, ele com certeza levou Aoni junto. Não sei o que ele planejava, mas sem dúvida não poderia ter ninguém próximo daquele gato para interferir, ou ainda que fosse motivo para ele se recusar a ir junto.

Que complicado...

Shussan

Finalmente voltei da escola, tava louco pra ver se Sayo estava bem e tentar animá-la um pouco (apesar das minhas tentativas anteriores terem falhado).

– Tadaima*! - Cheguei falando

– Okaeri**.

Me surpreendi! Sayo tava na sala vendo tv. É um progresso, já que ela vivia no quarto.

– Nossa, one-chan! Não acredito que você saiu daquela "caverna"!

– Eu tava entediada...

Ela ainda tá com uma expressão deprimete...

– Tudo bem... Ei! Quer que eu faça uns dorayakis***? Sei que você gosta e vou tentar ver se acerto!

– Tá... - Ela falou com um leve sorriso.

Posso considerar que ela se animou um pouco ou não? Bem, peguei os ovos, manteiga, açúcar e os outros ingredientes e comecei a preparar. Não sou um MESTRE da cozinha, mas ao menos sei fazer algumas coisas das básicas para as que eu gosto.

Depois que terminei coloquei tudo numa travessa só e coloquei junto de Sayo para comermos na sala, aí a campainha tocou. Quem será que é? Me levantei e abri a porta pra verificar:

– Kyoko?! (Lembrete: Ela apareceu no capítulo 3 e é ex do Shussan)

– Hum? Você voltou a morar aqui?

– Isso faz tempo, mas tou ainda por opção e não simplesmente por não ter pra onde ir, antes que você pergunte. O que está fazendo aqui?

– Caso não saiba ainda, sou amiga da sua irmã e estou preocupada. Então, vai ser grosseiro assim mesmo ou me deixar entrar? (Nota da autora: Que casal lindo s2 kkk)

– Não tou sendo grosseiro e entre logo, fiz um monte de dorayakis mesmo...

Kyoko entrou e enquanto eu fechava a porta ela se aproximo de Sayo fazendo um monte de perguntas, enquanto Sayo só respondeu:

– Está tudo bem, só estou um pouco doente...

– Tem certeza disso? Qualquer coisa você pode me contar, sério!

– Eu já disse que está tudo bem.

– Hum... Onde está o seu--

Percebi na hora o que ia ser o final da frase, então peguei ela e tapei a sua boca.

– Ei, Kyoko, dá pra vir comigo rápido pro mercado aqui perto? Acabei de lembrar que tem umas coisas que acabaram.

A puxei para fora do apartamento e fechei a porta, logo em seguida a arrastei para as escadas pra Sayo não ouvir a conversa pelo corredor. Enfim a soltei.

– O que deu em você?!

– Você ia perguntar do gato, né? Pelo amor de Deus, Buda, Odin, Maomé e todas as dividade do universo; não fale daquele gato de duas caudas perto dela!

– Que exagero (Deus, Buda, Odin, Maomé e todas as dividade do universo?), mas por quê? O que houve? Me fale a verdade.

– É complicado.

– Shussan, eu tou preocupada, só quero, de repente, ajudar de alguma forma.

"Você não pode" - Balbuciei - Hum, olha, a história é meio longa...

Ela se enconstou na parede e falou "Eu espero" então suspirei e tentei adapitar a história toda, por exemplo, ao invés de falar que o gato era um nekomata e que podia assumir uma forma quase humana falei que ele era o gato de um cara que o estava procurando faz tempo e que no tempo que ele foi conhecendo Sayo, coisa e tal eles foram ficando amigos. Contei a verdade sobre a parte do Hideki, nada a esconder e depois falei da briga no cinema, só que completei dizendo que Sayo falou besteira sem querer e que o deixou chateado e assim ele foi embora. Não disse exatamente o que foi.

– Puxa... História bem longa mesmo...

Ela acreditou?

– Bem, - falei - Ela tá sentindo um pouco de culpa com isso tudo por isso que ela tá deprimida. Pra você ter ideia, desde aquele dia eu que tou fazendo tudo pra ela, só não ajudo a tomar banho e a vestir a roupa.

– Aí já é de mais, né? Hu hu! Engraçado... Assim paresce que VOCÊ é o irmão mais velho.

– Quando o último gato dela morreu foi quase a mesma coisa, não é nada de mais.

– É sim, é fofo.

Senti meu rosto esquentar... (Nat: Shussan corando? Aí ficou mais fofo ainda, kkkk/ Shussan: CALA A BOCA!!)

– N-não venha falando comigo assim! Foi você que terminou comigo por que percebeu que gostava de outra pessoa, não é?!

– Sim, tou só brincando, hu hu. Hum... Acho que não dá pra ficar deixar a Sayo lá esperando, não é?

– Ah é! A Sayo!

– Hi hi! Bom, eu vou embora agora, só tinha passado pra ver se Sayo estava bem.

– Certo, até.

Ela foi decendo as escadas. Quando entrei no apartamento Sayo foi logo dizendo:

– Não precisa tranSformar um tabu falar no Aoni. Eu não me importo...

– Mentira.

Começou a sair lágrimas dos olhos dela. Que droga... A abracei e ela enfim liberou o choro. Odeio ver minha irmã mal assim, mas o que posso fazer pra resolver isso?

Depois que ela sa acalmou, voltou pro seu quarto. Ela não comeu nem dois dos dorayakis (comeu um e deixou metade de outro). Falhei mais uma vez em animá-la...

De repente ouvi a porta bater. Kyoko de novo? Assim que abri, era aquele filho da puta.

– VOCÊ?!

–------- (dias antes)

Droga... Por que fui tão ingênuo em acreditar nele? Foi mentira, foi tudo mentira. Ele mentiu pra mim!

Estou um pouco tonto, minha cabeça dói e sinto uma fraquesa. Onde estou? Eu ouvia um som estranho e repetitivo, com de fossem várias coisas caindo acima de mim, sem necessáriamente me atingir. Também estava escuro. Tentei erguer um de meus braços, mas senti que tinha algo acima de mim, meio frio e dava pra sentir uma vibração no mesmo rítimo daquele som estranho.

Parece que tou numa espécie de caixa de metal e está chovendo.

Que droga...

Irmão...