Far, far away escrita por Soufis


Capítulo 4
I - Alaska: Ela está no céu com diamantes


Notas iniciais do capítulo

T_T não me odeiem.



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Tinha acabado de deixar Lucy dormindo. Ela estava segura, estávamos seguras.

Andei pelo abrigo aquele lugar aparentava se muito maior por dentro: tinha cozinha, sala e quarto! Estava procurando uma sala de controle, o sol iria se por em poucas horas e esse lugar não tinha energia.

Ah, vai universo. Me de pelo menos uma vela.

Adentrei em um quarto quase sem mobília: ele só tinha uma janela e uma mesa, isso sem contar o papel de parede florido. Aproximei da mesa e abri as gavetas. Soltei um riso. Tinha ali uma vela e uma caixa de fósforos.

Estava quase indo embora quando algo me chamou atenção: um pouco em cima da mesa havia uma parte do papel de parede descascado onde na parede estava escrito: cuida...

Tirei as coisas da mesa colocando-as no chão, a minha curiosidade estava me matando, e subi em cima dela retirando o resto do papel de parede.

Cuidado com os anjos chorando.

Encarei aquilo por um tempo. Anjos? As estátuas. Okay, elas eram estátuas. Não podiam nos machucar, elas não estão vivas.

Mas aquela estatua do jardim estava mais perto.

Aquela casa inteira tinha figuras de anjos chorando.

–ALASKA ME AJUDA! SOCORRO – O grito de Lucy ecoou pelo abrigo.

Corri até a janela, não poderia estar acontecendo o que eu estava pensando. Mas estava acontecendo: os anjos não estavam mais no jardim.

Corri até em direção à sala quando minha boca foi tampada e fui puxada para cozinha.

–Shhhh. Relaxe, okay? Eu não sou um deles. Não. Grite – Ele sussurrou em meu ouvido e eu assenti com a cabeça.

Ele me soltou e eu me virei para encarar seu rosto: ele era mais velho, com certeza, tinha olhos azuis e um pouco de barba para cortar. Mas não deixava de ser bonito.

–Aquelas coisas... Acho que estão com minha amiga. – Sussurrei.

–Onde?

–Eu não sei, deixei-a dormindo na sala e..

–ALASKA ME AJUDA. – O grito dela era agoniante.

–Venha comigo, eu sei como deter eles. A propósito, prazer em te conhecer Alaska, me chamo Jace – Ele pegou meu pulso e correu até a sala.

Chegando lá me deparei com Lucy parada na frente de um dos anjos, esse era diferente, ele tinha uma aparência horrível, parecia um demônio.

–Não pisque – Jace se aproximava de Lucy – Continue olhando para ele. Não desviem o olhar dele.

–T-tá... – Ela disse, parecia apavorada. Estava chorando.

–EU VOU MATAR ESSA COISA. – Gritei pegando uma tábua de madeira que estava no chão, me aproximando da estatua.

–Como você espera matar uma pedra? – Jace debochou – Abaixa isso menina.

Joguei a tábua no chão.

–Certo, e o que fazemos? – Lucy indagou.

–Precisamos fazer com que eles se vejam. Eles não estão chorando, eles estão se protegendo dos outros. Os anjos chorões só podem se mover quando não são vistos, quando são vistos, se transformam em pedra. E uma pedra não pode matar você.

–E esses quadros, e pinturas? – Indaguei.

–É. Vamos ter um problema, - Ele disse percorrendo os olhos pelo local – A imagem de um anjo é um anjo em si própria.

–Temos que olhar para tudo isso?! Porque não simplesmente saímos correndo?! – Gritei

–Pois não vamos olhar para eles. – Ele respondeu

–Certo... E o que fazemos?

–Bem... As maiorias dos anjos aqui estão se vendo. Eles não podem se ver. – Jace disse analisando as coisas.

–Certo... Podemos ir de costas então? – Lucy indagou.

–Sim Lucy, venha de costas até mim, as estátuas e os quadros não podem se mexer.

Ela foi andando até Jace de costas, sem tirar os olhos do anjo, chegando até ela, abracei-a pelas costas e sussurrei em seu ouvido.

–Eu vou te proteger

–Sinceramente, o que fez vocês entrarem aqui? – Jace perguntou

–Aqui é um abrigo antibombas, não está vendo o que está acontecendo lá fora? – Disse

–Antibombas?! De onde tiraram isso? Isso é uma casa.

–E-eu não sei... Parecia antibombas, era baixo e... – Proferi ainda olhando os anjos, a culpa disso tudo era minha.

–A casa do lado é um abrigo! Essa é a casa das pessoas que tinham o abrigo. – Ele disse

–E você, Sr. Especialista, o que faz aqui? – Indaguei

–Senti sua presença, digo, August.

–Quem?

–Nosso sátiro.

–Espera... Você é um semideus?! – Lucy indagou animada.

–Sou sim criança. Jace Bass, filho de Zeus.

–Então você vai nos salvar! – Ela disse animada.

–Então, desculpa por interromper a conversa, mas meu olho não está aguentando!

–Certo. Podemos ir para fora, mas esse anjo está tampando a entrada. – Lucy pronunciou agarrando minha mão.

–Tem a entrada da cozinha, mas lá fora deve ter alguns anjos... – Ele disse.

–Não tem. Eu olhei pela janela quando estava no quarto.

–Então vamos. De costas. Olhando para ele. – Jace pronunciou.

Andamos pela sala, nos orientando pela parede, o anjo sempre ficava em nosso campo de vista. Atravessamos a sala e a cozinha e saímos da casa.

Desviei o olhar para trás, para ver se Jace já havia saído, quando notei que o anjo estava na porta da saída.

ESTAMOS FERRADOS. – Berrei, apontando para o anjo.

–Não estamos não... – Jace pronunciou – Estão ouvindo?

Aquele barulho de algo caindo...

–UMA BOMBA. SE ABAIXEM – Gritei e abaixei, abraçando Lucy protegendo-a por trás.

BAM. A bomba caiu em cima da casa, proporcionando uma pequena explosão. Vidros se estouraram e as paredes arrebentaram, lançando destroços para várias direções.

Quando acabou, levantei o olhar, preocupada com que se o anjo ainda estava lá. Mas não, ele havia sumido.

–Estão todos bem? – Perguntei

–Sim – Jace se levantou batendo na roupa tirando a poeira.

–Cof, cof – Lucy cuspiu na grama a nossa frente, uma aflição percorreu meu corpo. Não era aquela sensação dos anjos se aproximando. Era pior.

O que Lucy tossia era sangue.

–Não, não, não. – Soltei Lucy e a deitei na grama observando o ferimento em sua barriga: um pedaço de madeira parecendo uma estaca havia perfurado ali. Provavelmente vindo da explosão.

–Você não vai ir, Lucy eu vou te proteger mesmo se precisar sacrificar minha própria vida. – Pronunciei entre as lágrimas, mas uma parte de mim sabia que estava tarde de mais.

–O céu... - ela pronunciou baixinho, o olhar dela já estava distante e refletia o sol se pondo atrás da cidade. Ela tossiu de novo, cuspindo um pouco de sangue em seu vestido azul - Está igual aquela música.
E era igual à música mesmo: o céu não era de marmelada, mas por culpa do por do sol e das constantes explosões das bombas ele adquiria uma cor semelhante.
A minha visão começou a ficar embaçada por culpa das lágrimas que queimavam minha bochecha.

–Um último segredo... - Ela disse entre uma tosse e outra, quase sem forças.

Aproximei-me dela e deixei meu ouvido perto do rosto dela, ela colocou a mão ao lado da boca como sempre fez.

–Eu acredito em vocês. – Ela disse e se calou.

Ficamos em um silêncio profundo, Jace se aproximou de mim e me abraçou. Eu chorei no ombro dele, ficamos assim por dez minutos, até ele me soltar e pegar uma flor amarela do chão.

–O que é isso? – Indaguei ainda soluçando.

–Uma flor amarela - Jace colocou-a no cabelo de Lucy e fechou as pálpebras dela. - Não é de celofane, mas...

– É como na música – completei – Lucy está no céu com diamantes.


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Notas finais do capítulo

"Picture yourself in a boat on a river, with tangerine trees and marmalade skies"
"Cellophane flowers of yellow and green towering over your head"
"Look for the girl with the sun in her eyes and she's gone"

"Lucy in the sky with diamonds"



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