Versus Infernum escrita por Amanda Bricio, Leticia Parsons Jackson, Natan Medeiros, Snowflake Angel, MakeItEasy


Capítulo 5
A última refeição


Notas iniciais do capítulo

Olá Senhores Leitores, agradecemos pela leitura e pelos comentários. Esperamos que gostem desse capítulo: Finalmente encontramos alguma alma de puro pecado! Mas nem tudo vai ser tão fácil quanto essa, hehehe.



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— Então Lilith, qual é a sua com esse cara? Não acredito que queira ser uma simples ajudante dele, estou certo? — Spark decidiu perguntar de forma discreta a demônio.

— Na verdade, anjo, não pretendo me subordinar a ninguém. Mas o mestiço aí, me ofereceu uma ótima forma para que eu possa ter menos trabalho. Já que não existiriam mais portas infernais para serem guardadas — sussurrou ela enquanto pegava um pequeno pote redondo com um líquido totalmente negro.

— Vejo que todos estão ganhando nessa história. Pelo visto, esse mundo vai virar realmente o novo inferno. Agora Laican, faça logo o que tem que fazer. Não sou muito paciente. — Spark falou.

O pequeno homem olhava as três pessoas em sua volta com desgosto, já havia trazido a comida para mais perto de si e se mantinha focado nela. Laican logo tentou roubar um pedaço do frango dele, mas a gula foi rápida o bastante para tirar da mão do mestiço:

— O que vocês querem aqui? — perguntou o homem.

— Você quer fazer as honras? — disse Laican para Lilith.

— Deixe comigo. — ela respondeu animada.

O meio-demônio pegou um pequeno saco, entregou-o à sua companheira e saiu em direção ao balcão da taberna.  A guardiã infernal voltou sua atenção ao homem que continha a alma corroída pelo pecado da gula. Laican já havia lhe explicado a situação no caminho e ela sabia o que devia fazer.

— Acalme-se senhor, me desculpe pelo meu companheiro. Ele só é um tanto complicado de se lidar e está meio bêbado. — ela disse com simpatia ao homem que estava prestes a matar — Nós estávamos de passagem por aqui e queríamos saber se tem algum lugar para passarmos a noite por perto. — Então ela pediu 2 bebidas ao garçom.

O homem não pareceu muito alegre com desconhecidos atrapalhando sua refeição e normalmente se estressaria, mas os homens tinham sumido e a mulher pareceu entender que ele estava com sede após comer tanto. Ela lhe pagou uma boa bebida com um sorriso agradável e não parecia que iria incomodá-lo. Enquanto isso Laican estava observando o anjo, sabia que não devia confiar nele, mas naquele momento o rebelde poderia ser de muita ajuda.

— Ei Spark.

"Não estou com um bom pressentimento sobre isso, mas vamos ver.", o anjo não parava de raciocinar. Ele andou até o balcão quase vazio. O ambiente estava com um tom escuro, com poucas velas ainda acesas. Nada muito amigável, assim como Spark:

— Diga o que quer.

— Quero saber quem é você e por que você entrou nessa de "rebeldia". O céu não é bom o suficiente? — Respondeu Laican.

— Não sei se precisamos discutir isso. O acordo era: eu ajudo você e você me ajuda, simples assim. Sem mais intimidade. — O anjo não queria falar sobre isso com um príncipe infernal, mas ambos prosseguiram conversando.

— Não precisa ficar nervoso, só fiquei curioso. Um anjo rebelde é difícil de encontrar e um bate logo na minha mesa! Então, vai me contar?

— Se você tiver sorte, quem sabe algum dia eu te conte e, corrigindo a sua frase, um anjo rebelde é praticamente impossível de se encontrar. Eles pensam que o céu é essa maravilha toda e que todo mundo vive feliz, na perfeição... Hipócritas, todos eles. Acho que fui o único que realizou tal ato em centenas de anos.

— Mas você não o primeiro que vejo e eu só tenho 413 anos... Você aderiu ao pecado?

— Pode-se dizer que sim, mas isso não importa agora. Fale-me de você.

— O que você quer saber?

— Conte-me sobre sua vida, seu passado ou o que quiser. — O anjo precisava saber algo mais sobre o meio-demônio, já que trabalhariam juntos.

— Tive uma ideia! Trocaremos perguntas então. O que acha? — disse Laican, depois tomou um bom gole de rum. Por um instante pareceu até um jovem.

— Pode ser, Não que me agrade muito, mas vamos lá. — Spark não aguentava mais aquele mestiço.

— Como perdeu seu olho?

— Imaginei que seria a primeira pergunta. Bem, perdi numa briga com um demônio. E você, como é ser o Príncipe do Inferno?

— É legal, sem muitos comentários... Então, como você conheceu a raivosa da Lilith?

— Eu não lembro direito... Depois que eu saí do céu. Antes de vir para a Terra, visitei o inferno. E bem... Ela é a Guardiã da entrada. Fiquei por pouco tempo, mas deu pra perceber que ela é bem esquentadinha. Trocamos algumas farpas por eu ser um anjo, nada demais.

— Ela é esquentadinha mesmo! — Finalmente ele concordou com o Anjo.

— Quero saber, o que vocês demônios vão ganhar exatamente com o domínio desse mundo? O lugar já é praticamente um inferno. — Spark passou para um tom mais sério.

— Pra ser sincero, eu não sei. Só estou realizando o pedido do meu pai. Ele diz que aqui na Terra tem algo que não existe nem no céu, nem no inferno. — Laican também se tornou mais pensativo — E o que sabe sobre as esferas do pecado, além do que eu sei?

— Por ter sido um dos anjos mais prestigiados, me foi dito um pouco sobre elas. São poucos que conhecem essa história e alguns nem acreditam que tais almas tão corrompidas podem viver na Terra. Sei é que essas esferas têm o poder de abrir por um longo tempo os portões do inferno. O arcanjo que me contou pareceu bem preocupado só na menção dessa oportunidade, mas foi a muito tempo que ouvi sobre isso. — Em seguida, Spark decidiu perguntar por algo a mais entusiasmante — Então, você e Lilith... Rola algo ou é só parceria mesmo? Juro que percebo algo.

— É só parceria. Além disso, não gosto de coroas. Por quê? Você tem algum interesse nela? — Laican disse despreocupado.

— Eu? Não, mas eu discordo sobre ela ser uma coroa, você precisa de óculos. 

— Você sabe que ela tem mais de 3000 anos! Só não envelhece mais. Além disso, ela me viu crescer, gosto dela como uma tia chata que eu nunca quis ter.

O tom estava ficando amigável até demais para o anjo, então ele cortou a conversa:

— Bom, acho que cansei disso. Falando na Lilith, o que ela tá fazendo?

Porém, Laican já estava observando uma das garçonetes da taverna. Uma garota muito bela, ele a chamou e falou de forma galanteadora:

— O que é necessário para passar a noite ao seu lado?

*****

 Enquanto isso, o lobisomem parecia ter acordado discretamente e Lilith se concentrava em saborear a morte iminente do humano.

 O homem se limitava a responder o que a ela perguntava, aproveitando ao máximo sua refeição, sem saber que seria a última. Quando as bebidas estavam chegando, Lilith se adiantou e, de costas para o humano, pegou ambos os copos do garçom e derramou um pouco de veneno em cada um de forma discreta. Se virando para sua vítima, ela sorriu e lhe ofereceu os copos de maneira que ele escolhesse.

O humano que armazenava a gula pura em sua alma simplesmente pegou um dos copos, bebeu-o até o último gole, comeu mais rápido que um humano parecia poder e bebeu do outro copo que ela deixou na mesa. A demônio sorriu, sua morte já era certa. Do jeito que comia, somado ao fato de sua garganta está começando fechar por conta do efeito do líquido que ela misturara na bebida, ele ia morrer logo por culpa de seu pecado.

Brown, ainda atordoado, abriu os olhos e percebeu que estava novamente na taberna, com a visão um pouco turva. Então se levantou e foi até Lilith discretamente, em busca de explicações. Ela havia relaxado, seu objetivo ia ser facilmente cumprido. Notou que o lobisomem se aproximava, o que era bom para ela, pois ele poderia ajudá-la.

— Que bom que acordou. Qual é o seu nome mesmo? Acho que você não se apresentou não é? — disse ela, se levantando da cadeira.

— Meu nome é Brown... Não lembro bem o que aconteceu, mas acho que perdi alguma coisa, não é?

Ela observou o humano, que ainda comia feito um porco. Triste cena, especialmente para antes de morrer. Então decidiu usar o lobisomem para facilitar a sua vida, encarou os olhos dele e disse:

— Esse cara é importante e você vai me ajudar a carregá-lo para fora do bar assim que ele não conseguir mais comer. O que deve ser em uns 30 segundos. Além disso, os dois ali estão tendo uma conversa "civilizada" e você não precisa se preocupar com nenhum deles se não quiser começar outra briga. — disse ela num tom meramente informativo.

— Realmente, esse cara que deve pesar toneladas. Mas para onde vamos levar ele, não vai causar um alvoroço nas pessoas do bar? — O lobisomem estava meio perdido e apenas aceitou o que ela disse, já meio hipnotizado por Lilith.

 A gula começou a tossir, tinha se engasgado quase completamente. Agora, era só levá-lo para fora.

— Rápido! Leve-o para trás da taberna, vou na frente. Não demore, pois ele tem que chegar vivo lá. Você tem menos de um minuto.

Ela correu para trás da taberna e o lobisomem, um pouco receoso, a seguiu com o sujeito que já estava quase morrendo. Ela se libertou da forma humana e invocou seu bidente, desenhando um círculo para conectá-la com os portões do inferno. O homem, ainda consciente, ao ver a forma de Lilith tentou se soltar e fugir. Ele era mais forte do que Brown esperava e ele teve que usar toda a sua força na forma humana para colocá-lo no círculo.

Então a demônio abriu o saco que Laican havia lhe entregado. Ela não sabia como ele tinha conseguido aquela raridade, mas adorava sentir seu poder. O objeto era uma pequena adaga feita com uma pena de uma asa de anjo e uma escama de cauda de demônio, ela tinha história muito sombria e um poder de confinar almas humanas. Logo, Lilith liberou o poder do círculo, invocando um portal para o inferno. Então enfiou a Adaga de Midgard no coração daquele humano e, no segundo em que a alma deixou o corpo, disse de forma imponente:

— O destino deste não é mais o inferno! Invoco o poder de guardiã para rejeitá-lo! Essa alma é do puro pecado e não entrará mais no céu ou no inferno! Ela usará da vida que teve mergulhada na gula para abrir completamente estes portões e trazer discórdia ao mundo que a corroeu completamente! Eu, Lilith, Guardiã desses portões aprisiono esta alma agora! — E no instante que ela terminou de pronunciar essas palavras, o fogo que estava em volta do círculo e do humano se extinguiu. Dessa maneira, o portal desapareceu, levando o corpo sem alma e deixando somente a esfera com a pura gula no centro do círculo.


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Notas finais do capítulo

Pequena curiosidade para vocês:

Miguel Castelliano recebeu o nome Laican de seu pai, Azazel. Isso aconteceu enquanto ele ainda era criança e começava seu treinamento para ser general do exército do reino da Ira. Durante esse treinamento, o menino conheceu Lilith, que ficou responsável por lhe ensinar magia e feitiçaria. Mas ele era um péssimo aluno.



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