Povs. Narrador

Duas horas após o vídeo ser encerrado, Estelar ainda estava trancada em seu quarto. Borbulhada em seu pranto e abafada pelos seus soluços. Era uma cena horrível de ser vista e ouvida elos seus queridos amigos, que a amavam tanto, e queriam apenas que aquela dor imensa que ela carregava chegasse a fim.

Kory parecia um zumbi quando o vídeo de Max se encerrou. Ela estava pálida, com os lábios roxos e queixo batendo. Olhos profundos e úmidos pelas primeiras lagrimas que já escorriam pela face pálida e manchada que ela possuía. Mãos tremulas e com suor frio. Mãos essas que, Robin tentou gentilmente segurar e oferecer apoio, antes que Estelar recusasse e saísse correndo para seus aposentos, com o coração apertado e dolorido.

Cyb- É galera, logo agora que eu achei que ela estava conseguindo superar isso tudo! - Dos quatro titãs que estavam sentados na mesa da cozinha, Cyborgue foi o primeiro a quebrar o silencio.

Já estava quase anoitecendo, e eles estavam apenas sentados, tomando um café. Sentindo-se uns inúteis por não poder ajudarem sua amiga, e também, pelo fato de a cidade também não precisar da ajuda deles nesse momento. Jump City estava muito quieta. Seria obra de Slade? Eles não sabiam.

Rob- Parece que não adiantou de nada a pouca melhora. Voltou tudo de novo. E ela já estava ate voltando a comer... – Robin disse, abaixando a voz nas ultimas palavras. Ele recordava em sua mente os momentos que tivera a algumas horas com a ruiva. Ela sentada junta aos outros na mesa da cozinha, degustando devagar o alimento a sua frente.

Mut- Ei cara, não fica assim! – Mutano dava um soquinho no ombro do amigo. Todos sabiam que ele estava muito preocupado. – Já já ela volta ao normal.

Rav- Mão é tão fácil assim Mutano. – A azulada o interrompeu , e lançou um olhar a Robin, que compreendeu de imediato. Mas os outros dois meninos ficaram sem entender.

Cyb- Por que não é assim tão fácil? – disse desconfiado, e ganhando o apoio de Mutano.

Mut- É! O que estão escondendo de nós?

Rob- Não é algo que estejamos de fato escondendo. É apenas uma informação que Ravena me passou. Mas não contamos a vocês, porque... porque.. - Robin começava a se embolar em suas próprias palavras.

Ravena bufou, e, com cara de quem não tem muita paciência, começou a explicar aos meninos uma conversa que havia tido com Robin alguns dias antes.

Rav- Olha! Estamos temendo que Estelar faça algo estupido, como suicídio.

Cyborgue e Mutano ficaram espantados com as palavras de Ravena.

Mut- Haa Ravena, para com isso! A Estelar? Nossa Estelar?

Cyb- Concordo com o musguinho aqui. Ela não seria capaz de fazer isso.

Robin ficou cabisbaixo. Como se quisesse acreditar no que os amigos diziam. Mas não havia duvidas de que, Ravena estava certa.

Rav- É sério gente. Vocês não são capazes de perceber ou sentir com uma intensidade maior os sentimentos e aflições da Estelar. Vi seus sintomas, e suas ações. – Os garotos absorviam atentos cada palavra que Ravena pronunciava, enquanto tomavam alguns goles de café. – Toda vez que estou junto com ela, sinto sua Áurea Negra, e um sentimento de solidão e falta de amor próprio. Acreditem, a depressão que Estelar esta sentindo não é algo a ser ignorado. Ainda mais pelo fato dela ser de Tamaran, onde as emoções possuem uma influencia muito grande em seus habitantes.

Rob- Ou seja – Robin estava cansado de ouvir. Queria poder fazer algo. Nem que seja desabafar seus temores com seus amigos. – Tudo que ela sente é quatro vezes maior do que para um humano. E Ravena me contou que já viu pessoas com sintomas menores retirarem a própria vida.

Rav- Por isso ficamos tão preocupados quando ela sumiu hoje mais cedo. Já devem ter percebido como o jeito dela conosco mudou. Ela esta mais distante, não esta? – Os dois garotos concordaram com a cabeça. – Esse é um comportamento muito comum em pessoas propicia ao suicídio. É apenas uma forma de se afastar dos amigos mais próximos. Para que eles não sofram muito quando ela se for.

Cyb- Nossa! Não acha que devíamos ficar de olho nela? Tipo, 24h por dia? – Cyborgue perguntou assustado.

Rob- Eu fiz a mesma pergunta a Ravena. – Robin dizia serio. E fitava o nada, como se lhe recordasse de algo. – Ela me assegurou que, apesar de todo o medo que temos de Estelar não aguentar e se sucumbir a dor que sente, ela deve ter seu espaço. Não se sentir vigiada.

Mut- Mas ... se ela fizer alguma coisa, será culpa nossa!

Cyb- Concordo! Temos que estar ao lado dela para impedir qualquer coisa!

Rav- Não. – Ravena mostrava a mão , como se pedisse silencio. – Apesar de tudo isso, há algo que já esta impedindo a Estelar de realizar esse ato. Ainda não sei o que a impede, mas espero que continue. Acredite, se fosse para ela cometer suicídio, ela já o teria feito.

Todos se calaram e ficaram pensativos por um tempo. Raiva, culpa, tristeza, agonia, remorso. Todos os sentimentos pairavam e deixaram o ambiente mais tenso.

PEE PEE

Rob- Titãs, vamos!

E enquanto entravam em seus veículos rumo a cidade, Robin disse ao vento...

Rob- Aguente Star! Estamos aqui se precisar de nós...

OooOOoOOoOOOoooOOoooO

Já era madrugada quando Robin foi acordado por um pesadelo horrível com a pequena tamaraniana. Sua preocupação já o tirava dos sonhos tranquilos e de seu descanso.

Haviam chegado tarde na torre. Feito um lanche rápido, e depois, cada um rumou para os seus respectivos quartos. Robin deixara um prato com um sanduíche no quarto de Star. Esta dormia pesadamente na cama. Tinha os olhos inchados e respiração pesada.

“Deve ter dormido de tanto chorar” Robin pensava.

Ele lhe deu um beijo de boa noite na testa. Percebeu que ela possuía nos braços uma blusa masculina, e estava dormindo abraçada com ela. Suspirou, por saber de quem era o dono da blusa, e depois, saiu do quarto.

Robin, ainda deitado na cama, e com os pensamentos atordoados devido ao pesadelo, resolveu se levantar e beber um pouco de água.

Saiu pela porta, e, enquanto caminhava pelo corredor, sentiu algo ruim. Uma sensação, de que algo estava errado.

Ouviu-se um pequeno ruído vindo das paredes. Ele seguiu o barulho, que o levou ate seu escritório.

Abrindo a porta do aposento, ele quase caiu para trás com o que se deparou. Lembrou-se da primeira vez que a viu, e ela trajava o mesmo uniforme metálico de batalha que usava hoje. Estava tudo igual, retirando a coroa, que ela não possuía agora. Mas, infelizmente, ate o olhar e ódio que ela tinha no primeiro dia em que se viram, estava presente hoje em seu rosto.

Rob- Estelar? – Ele disse, se aproximando e esfregando os olhos, só para ter certeza de que estava acordado. – O que esta fazendo? São 2 e meia da manhã.

A garota parecia nem se importar com a presença do moreno. E mantinha os olhos fixos na tela do computador a sua frente. Fotos de Slade e mapas da cidade estavam espalhados pela mesa

Robin se assustou ao perceber suas intenções.

Rob- Você quer ir atrás dele não é?! – Ele se aproximava e tentou tocar Estelar no ombro para tranquilizá-la. – Olha Star, não pode fazer isso.

A garota lhe lançou um olhar amedrontador, e se afastou de seu toque.

Star- Me diga um motivo para não! – Sua voz transmitia fúria.

Rob- Digo um monte! – Ele estava apreensivo, mas tinha que detê-la. Finalmente, sua dor havia se transformado em raiva. Mas isso não era algo bom. – Você não esta pensando logicamente! Ser impulsionada por emoções não é nada bom. Você ficaria vulnerável a qualquer coisa que Slade fizesse e dissesse. - Ele deu uma pequena pausa, analisando o frágil rosto da menina a sua frente. Rosto o qual ja havia sido muito belo. -Outra coisa,você esta fraca! Não come direito a semanas! Não dorme direito e nem sai da torre. Não esta nas melhores condições para lutar.

Star- Haa, por favor, Robin! – Ela estava impaciente. – Não me venha com baboseiras. Nós dois sabemos que eu não sou uma garotinha indefesa.

Rob- É sério Estel, me escute! – O desespero começava a apertar seu coração. - O mais importante, é que não deve se deixar levar pela raiva! A vingança não ire aliviar sua dor e nem trazer Max...

Star- Não diga o nome dele!!

Retomado do susto que Estelar lhe causara, ele retomou a sua fala.

Rob- ...não vai trazê-lo de volta.

Os olhos dela se encheram de lágrimas. Mas ela as conteve, com uma face de desgosto. Acho que ela havia cansado de demonstrar fraqueza. E resolvido agir.

Star- Não. Matá-lo ira me trazer justiça! E se eu não obtiver sucesso, estarei melhor também.

Robin ficou completamente aterrorizado. Primeiro pelo jeito que ela disse aquelas palavras: fria e indiferente. Segundo, pelo o que ela disse. Robin sabia que, nessa luta, somente um sairia vivo. O que Estelar insinuou nessa frase era: Se Slade ganhasse, ele estaria fazendo um favor a ela, a matando. Algo que ela ainda não havia feito por algum motivo.

O líder dos titãs se sentiu em uma encurralada. Queria gritar, clamando por alguma ajuda divina. Queria ajoelhar aos pés de Estelar e implorar por perdão, e para que ela voltasse a ser que era. Queria voltar ao tempo, para a missão em Tóquio, e fazer tudo diferente, fazer o amor dos dois valer a pena. Queria que Estelar fosse feliz de novo, e que ficasse em paz.

Ele sabia que deveria tentar de tudo para impedi-la, caso contrario, se ela saísse por aquela porta, seria a ultima vez que ele a veria com vida. Mas, se ela voltasse com vida, seria porque matou alguém. E ela deixaria de ser a Estelar boa e carinhosa, que se importava e amava todos os outros.

Isso é, se essa Estelar ainda existia...

OoooOooOooOOooOooO

Povs. Estelar

Star- Slaaaaaaaaaaaaaaade!!! – Meus pulmões já perdiam o folego, enquanto eu esbravejava pela décima vez aos céus, nessa madrugada, o nome daquele monstro.

Depois que discuti com Robin, e o deixei desmaiado na porta de seu escritório, eu escapei em silêncio da torre e vim à procura de Slade.

Já deveria ter se passado meia hora desde que cheguei à floresta e estou à gritar por ele. Acho que não seria necessário procura-lo, já que eu sabia que ele queria se encontrar comigo também.