Os dias foram se passando, eu não sei explicar bem o que aconteceu comigo, quando me sentava perto de Kayo, e lembrava de antes, quando vivíamos na nossa pequena e pacata cidade, veio as lembranças de uma Angie pequena brincando com um um Kayo também pequeno. Veio uma Angie de treze e um Kayo de quatorze conversando na aula, ele me fazendo rir. Veio todas às vezes que nós íamos buscar água para nossas mães, veio nossas conversas e nossas brincadeiras.

Eu ontem sentada perto de Kayo, o olhei e senti uma vontade de ficar mais perto, sempre gostei dele, mas agora gosto mais do que antes.

Em meio as incertezas da nossa atual vida, só tenho uma única certeza, quero estar perto de Kayo.

Nós vamos por o pé na estrada, pois o lago secou, mas ainda temos garrafas com água. Vamos todos no ônibus. Pois ele cabe todos, então deixaremos a caminhonete.

Mas sabe algo curioso, hoje de manhã Kayo me disse que tinha algo importante para falar comigo, disse que o encontrasse na trilha, e é para onde estou indo agora.

Chegando na trilha começamos a caminhar em silêncio até ele falar:

–Sabe de uma coisa durante esses anos de convivência, ser seu amigo sempre foi uma honra, mas só que não quero ser mais ser seu amigo. -Kayo disse isso me encarando

–Como é? -perguntei sem entender

E a reposta dele foi me dá um beijo longo, demorado, em que ficamos lá como se fosse o nosso único e último.