Bruno's POV

– Senhorita Beatriz, pode me dizer exatamente o que aconteceu? - O médico disse.
– Bem, eu estava preparando uns sanduíches para a festa que íamos fazer na nossa casa, e bem, a cozinha estava escura. O Interruptor ficava perto da pia, eu peguei a faca em cima da mesa e fui me dirigir para acender o interruptor, mas acho que alguém deixou cair alguma coisa, suco, refrigerante, cerveja ou sei lá, e eu escorreguei e caí. Por sorte, muita sorte, a faca não me acertou. - Ela respondeu ainda meio trêmula.

Eu tinha saído pra tomar um ar fora de casa, mas tinha voltado a tempo de ouvir um barulho na cozinha escura. Quando entrei vi Beatriz estatelada no chão com uma faca do lado e muito sangue no chão. Vários pensamentos vieram a minha cabeça: "Será que ela tinha tentado se matar?" Mas não, por que a Bia faria isso? Sem pensar duas vezes corri com ela para o hospital. Agora tudo faz sentido.

– Foi isso que exatamente aconteceu? - Ele perguntou.
– Sim, foi isso que exatamente aconteceu. - Ela confirmou.
– E foi você que trouxe ela pra cá? - Como eu queria respondeu: "Não, não magina, eu vim de táxi e to aqui com uma desconhecida só por diversão". Eu respondi:
– Sim, eu achei ela na cozinha semi-desmaiada e trouxe ela correndo pra cá.
– Bom, não aconteceu nada de grave. A faca acertou a sua coxa direita, e fez um corte não muito fundo. Vou receitar uma pomada pra você passar, pra não infeccionar, e você vai passar a noite aqui, em repouso, ok?
– Sim - Ela concordou. O médico se retirou da sala. - Poxa, por que essas coisas estão acontecendo com a gente? - Ela disse cabisbaixa.
– Ah, não fica assim Bia! Poderia acontecer com qualquer um! - Eu disse tentando consolá-la.
– É, mas isso está parecendo filme de terror... Uma por uma, com todas está acontecendo alguma coisa ruim... - Ela disse - E vocês... Estão sendo como anjos da guarda pra nós... - Ela disse dando um meio sorriso, e eu não pude deixar de sorrir.
– Ah, para com isso Bia... Na verdade, não estamos fazendo mais que nossa obrigação em cuidar de vocês! - Eu disse, mas acho que não surtiu o efeito desejado.
– Quer dizer que nós somos a obrigação de vocês? - Ela disse arqueando uma sobrancelha.
– Não foi isso que eu quis dizer... - Eu disse
– Eu sei que não, deixa disso seu bobo! - Ela disse sorrindo - De qualquer forma, muito, muito obrigada por me trazer aqui, sem você eu ainda estaria lá, desmaiada ou sei lá...
– Imagina Bia... Por você eu faria tudo... - Eu disse me aproximando dela, e ela se aproximando de mim. Estávamos quase dando um beijo quando o médico entrou na sala de novo. Putz.
– Er.. Han, bom Beatriz, aqui está a pomada, é uma amostra grátis, mas não vai dar pra passar todos os dias. Vai ter que usar por uma semana. Quando tiver alta, não precisa ficar de repouso absoluto, mas não faça movimentos bruscos e coisas que possam prejudicar ok? - O médico disse.
– Sim, claro. - Ela respondeu.
– Bom... Bruno, você vai passar a noite aqui com ela? - O médico me disse.
– Han, sim, se ela quiser, claro. - Eu disse olhando pra ela.
– Ah, claro. Não tem problema. - Ela disse ficando meio vermelha.
– Bom, vou deixar vocês a sós então. - Ele disse e saiu da sala.

Nós ficamos nos olhando por um tempo sem falar nada, quando ela disse:

– Desculpa. - Ela disse meio triste
– Pelo que? Por que tá pedindo desculpa? - Eu disse arqueando as sobrancelhas.
– Por te tirar da festa e me trazer aqui por causa de nada... - Ela disse cabisbaixa
– Por causa de nada? Bia, para com isso! Eu já disse que faria tudo por você! - Eu disse e ela levantou a cabeça.
– Mesmo? - Ela disse mordendo o lábio e eu fui chegando perto. Dessa vez nada ia atrapalhar
– Mesmo - Eu disse com voz rouca perto do ouvido dela, e ela sorriu, também chegando perto.

E nós nos beijamos. Foi um beijo calmo e lento. Inesperado.

– Oh, nossa... - Ela disse parando o beijo e sorrindo.
– O que foi agora? - Eu disse correspondendo ao sorriso.
– Eu... To de vestido... Não vai ser nada legal dormir assim! - Ela disse rindo e eu acompanhei.
– É, concordo... Bom, eu vou pegar suas roupas em casa, escova de dentes, e etc... Tudo bem?
– Ah, obrigada Bruno! De verdade, não sei como agradecer! - Ela disse
– Me dá outro beijo e fica tudo bem. - Eu disse e ela sorriu
– Ta bom. - Ela disse e me beijou de novo
– Agora eu vou, me espere e não faça nada de comprometedor em?
– Não vou sair daqui. Han, literalmente! - Ela disse
– Volto logo - Eu disse abrindo a porta e saindo do quarto.

Cheguei em casa e estavam todos dormindo. Subi as escadas até o quarto das meninas. Elas ainda não haviam dormido.

– Cadê a Bia? - Elas disseram em uníssono, totalmente preocupadas.
– Depois eu explico, agora não tenho tempo. Preciso de um pijama e de escova de dentes essas coisas. - As meninas me olharam com um olhar desconfiado de quem dizia: "Você vai explicar tudo depois se não quiser morrer!" Mas me deram as coisas. Eu saí apressado e voltei pro hospital.

– Cheguei! - Eu disse
– Aee, obrigada Bruno! - Eu entrei as coisas pra ela e ajudei-a a ir pro banheiro. Depois de uns 7 minutos mais ou menos ela saiu de pijama e pronta pra dormir. - Hum, pronto.

Eu a ajudei a deitar na cama de novo, e fiquei na poltrona ao lado. Logo depois nós dormimos.