Amor Alem da Morte escrita por Suzannah Carol


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!! Mudei algumas coisinhas e acrecentei + coisas nesse cap, recomendo ler novamente! 13-11-2009



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O episodio do necrotério durou pouco tempo, o suficiente para um medico nos tirar de lá e mandar-nos para o seu escritório.

-        Meu nome é Hector, e eu sou responsável pelo caso da sua filha. Aline não é?

-        Sim – quem respondeu foi a Carla, e não a Joana, mãe da Aline.

-        Sentem-se por favor.  - ele nos disse indicando as cadeiras a nossa frente e sentando na sua, do outro lado da mesa. A Joana conseguiu se levantar da cadeira de rodas da qual precisara para sair do necrotério, e se sentou em uma das cadeiras que o medico apontou.

Elas continuavam chorando, ainda sem acreditar no que tinha acontecido.

-        Eu sinto muitíssimo pela perda de vocês. – o medico falava sem saber muito o que falar, essa deveria ser a primeira vez que ele falava com os familiares de um morto. Eu não posso culpa-lo, realmente é muito difícil, eu mesmo sou péssimo nisso, ainda mais porque eu posso ver a pessoa que morreu bem ao meu lado, viva, como se nada tivesse acontecido.

-        O que aconteceu? – eu perguntei, eu não sabia se isso seria pior para a Carla, mas eu estava tentando ajudar a Aline, e isso foi o único meio que me veio à cabeça. – Ouve uma batida, foi isso?

-        Sim – o medico parecia mais relaxado. Esse era um assunto do qual ele sabia falar – Ela estava dirigindo, provavelmente para uma festa pelos tarjes que ela vestia. Ela não estava em alta velocidade, nem bêbada, ou seja, ela não foi à culpada pelo acidente. Quando ela estava passando pelo cruzamento de duas avenidas, um caminhão furou o sinal e atravessou com toda a velocidade, ele bateu na lateral do carro dela, exatamente do lado do motorista. Não teve como ela desviar, e o caminhão acertou ela. O impacto foi muito forte e ela morreu na hora. Quando os paramédicos chegaram ao local não havia mais o que fazer. Ela teve um forte traumatismo craniano, hemorragia interna e os ferimentos habituais de um acidente.

-        E o motorista do caminhão? – a Joana, mãe da Aline perguntou entre lagrimas.

-        Ele estava dirigindo bêbado. Ele sofreu algumas fraturas, nada grave. – o medico respirou fundo, um visível rancor do que estava dizendo. - A policia o levou para a delegacia para fazer o BO, provavelmente ele será liberado no final da tarde. – Agora eu sabia o porque do rancor do medico, era revolta, o mesmo que eu sentia, revolta com a lei, com a impunidade. Aquele motorista tinha sido imprudente e irresponsável, por causa dele a Aline estava morta. O que tinha acontecido com a Aline iria afetar para sempre a vida de todos que a conheceram, mas para o motorista não iria mudar nada, ele não tinha se machucado gravemente, era como se ele tivesse caído da bicicleta. Ele não seria preso, não seria punido, ele não sofreria nada, pra ele nada tinha acontecido naquela noite, só mais um atraso no seu trajeto.

-        Não vai acontecer nada com quem matou a minha irmã? – Quando eu ouvi a voz da criança ou meu lado, que chorava pela perda da irmã que ela amava, eu senti um turbilhão de emoções, raiva, ódio, pena, tristeza, angustia e rancor. Raiva do motorista que sairia impune, ódio da justiça que permitiria que aquilo acontecesse, pena da criança que chorava, a qual eu acabara de conhecer, tristeza pelas pessoas que tinham perdido uma amiga, uma filha, uma irmã. Eu sentia angustia por não poder fazer nada, não poder mudar o que aconteceu e rancor por eu ser o único que a via, eu, que não a conhecia, que nunca tinha visto ela, e não a sua irmã que sentia tanto a sua falta, ou a sua mãe que daria tudo para tê-la ao seu lado outra vez.

-        Não minha filha, não vai. Sabe por que? Por causa da bosta que é esse país, dessa justiça que não pune os culpados, desses políticos corruptos que só pensam neles mesmos, que só pensam em ter mais e mais dinheiro, que não ligam pra ninguém alem deles, aqueles filhos...

-        Joana. Calma. – A mãe da Carla interrompeu - Estamos todos revoltados, eu sei, mas não é a melhor hora pra isso. A Bruninha esta assustada, ela perdeu a Aline assim como nós. Nós temos que acalma-la, não é bom discutirmos isso na frente dela. – A Joana acalmou com as palavras da amiga.

-        Desculpa filha. – ela agora falava com a filha caçula, que a partir de agora seria sua única filha – A mamãe esta fora de si pelo que aconteceu com a sua irmã, me desculpe, eu sinto muito. Vai ficar tudo bem. – ela não falou nada, só balançou a cabeça como um sim e continuou a chorar nos braço da mãe.

-        Joana eu acho melhor levar a Bruna lá pra fora, será melhor pra ela não passar por isso – A mãe da Carla sugeriu ao olhar para a criança.

-        Você tem razão Helena. Você pode leva-la pra mim?

-        Claro – Helena era a mais controlada de todos da sala, com exceção é claro, de mim.

-        Bruninha, a mamãe acha melhor você ir lá pra fora com a tia Helena. Tudo bem? – ela disse passando as mãos no cabelo da filha, que novamente só respondeu com a cabeça um sim e saiu da sala com Helena logo após receber um beijo da mãe.

Antes da porta se fechar eu pude ver a Aline. Ela estava indo em direção a irmã, provavelmente para abraça-la, mesmo que a irmã não pudesse vê-la.

Quando saímos do necrotério a Aline tinha permanecido lá, como se quisesse ter certeza de que aquela deitada naquela maca fria era mesmo ela, de que ela estava mesmo morta. Ela tinha permanecido lá durante todo o tempo, durante toda a explicação do medico do que acontecerá, ela só tinha deixado o necrotério agora, para poder silenciosamente abraçar a irmã. Ela tinha ficado um bom tempo na sala e quando saiu o seu rosto não era dos melhores, tenho certeza de que se ela pudesse vomitar, ela vomitaria. Pelo seu rosto eu podia perceber que ela não tinha mais duvidas de que ela estava realmente morta.

Desliguei-me do que acontecia fora da sala do medico e voltei a concentrar no que as pessoas diziam lá dentro.

-...Sinto muito que isso tenha que ser discutido agora dona Joana, mas nós temos que saber o que vocês querem fazer. Se vocês vão crema-la ou enterra-la. Temos que preencher os relatórios de identificação do corpo. Preencher o atestado de óbito corretamente, agora que sabemos quem ela é, e temos que preparar o corpo de acordo com o procedimento que vocês escolherem. Não é a melhor hora pra nada disso, eu sei, mas tem que ser feito, e quanto antes melhor. – Joana respirou fundo, contendo um pouco das lagrimas para poder falar com o medico com mais tranqüilidade, para evitar que sua voz falhasse.

-        Eu entendo. Eu sinto ter que fazer isso agora, mas eu entendo. Eu não quero que a minha filha fique naquele necrotério por muito mais tempo. Ela não merece isso. – ela respirou mais uma vez, e dessa vez falou mais para si do que para qualquer um que estava naquela sala. – Ela esta morta, e eu tenho que entender isso! Ela nunca mais vai voltar!


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Notas finais do capítulo

reviews??
CAPITULO ESTA TERMINADO!!



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