The Legend of The Sky's Princess escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 8
Capítulo 8 – As lembranças de Hylia


Notas iniciais do capítulo

Os Flash Backs vieram da minha one-shot "Para Sempre", que relata alguns momentos da deusa Hylia com seu herói.



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Capítulo 8 – As lembranças de Hylia

– Ganon de novo?! – Impa se espantou.

– Agora eu sei que de acordo com a lenda ele deveria voltar com uma grande distância de tempo... – Midna pensava – Mas Ganon tem muito ódio dentro si. Esse ódio deve tê-lo trazido de volta em algum lugar e era. Como ele soube da lenda eu não sei... Estar perdido dentro do portal do tempo pode tê-lo levado a isso. E como essa era foi a única na qual ele conseguia entrar, nos encontrou.

– No dia em que o portal nos trouxe pra cá... – Zelda* falou, lembrando-se do ocorrido – Eu fui acordar Link*, como faço todos os dias. Eu abri a janela e nós vimos uma coluna de luz negra no céu. Parecia vir de Selead Grounds. Quando nós descemos até a superfície pra verificar, encontramos Fi. O portal se abriu sozinho, começou a ventar bastante e nós dois fomos sugados junto com a Master Sword.

– Provavelmente foi obra de Ganon – Midna concluiu – A luz... Nesse momento ele deve ter tentando invadir sua era, mas não conseguiu, mesmo assim causou uma interferência no portal do tempo, trazendo vocês até onde ele se escondeu, aqui.

– Então aquela criatura que viram em Faron Woods... – Link* lembrou-se – Devia mesmo ser um Skull Kid.

– Aquela criatura irritante de novo?!

– Pensamos até que pudesse ser você, Midna.

– Não...! Não pretendo deixá-lo me transformar naquilo de novo, Link! Nem me lembre disso!

– Tudo que Midna disse e o que vocês nos relataram... – Zelda tentava raciocinar – Parece se encaixar perfeitamente... E se um Skull Kid está aqui. Provavelmente teremos uma nova guerra.

– Mas por que Ganon não atacou ainda? – Zelda* questionou – Se ele quer acabar com a gente... Já deve até saber onde estamos.

– Ele nunca ataca de imediato – Impa explicou – Adora brincar de esconde-esconde antes do verdadeiro confronto. Ele deve sim saber onde estão. Só está concretizando todo o seu planejamento antes de dar as caras. Princesa... Devo solicitar um reforço na segurança da cidade e do castelo agora?

– Isso não vai adiantar muito contra Ganon. Nós vimos isso da última vez. Tive que me esconder e fugir. Mas será bom ter um reforço para auxiliar as pessoas se elas precisarem se proteger e fugir de repente. Faça isso, por favor. Eu mostrarei a Midna onde ela poderá ficar enquanto estiver aqui. Cuide disso rápido.

– Sim – dizendo isso, retirou-se rapidamente.

– Então estávamos certos, somos uma ameaça pra vocês dois e o reino de Hyrule – Zelda* disse tristemente.

– Zelda*... – a princesa lhe chamou, fazendo-a encará-la – Não pense desse jeito. Se for assim, nós também somos ameaças pra vocês. Esse Ganon é o que nós conhecemos, ele só quer vocês por nossa causa. Estava nos procurando e acabou encontrando vocês de alguma forma. Aconteça o que acontecer nós lutaremos juntos e nos protegeremos.

– Toda vez que me lembro do Demon King ou de Ganon, penso nas memórias que recuperei da minha vida como Hylia. Quando estive nas duas fontes sagradas, Impa me ajudou a lembrar. Eu vi coisas boas, mas eu também vi muitas dolorosas, injustiça, guerra, perdas... Eu nunca vi tanto sofrimento, nem na batalha que eu e Link* enfrentamos. Até mesmo o herói e Hylia sofreram bastante. Quando chegou a nossa vez de lutar, eu fiquei com medo de que as coisas acontecessem daquela forma de novo.

– Zel...* - Link* lhe disse, mas ela não o deixou completar a frase, sabia o que ele diria.

– Eu sei, Link*. Eu confio plenamente em você e sei que faria tudo de novo. E não me decepcionaria, mas... Você já suportou tanto sofrimento...

– Pequena Zelda – Link a chamou – Eu e Link* entendemos o que se passa em seu coração e conhecemos sua dor. Tenho certeza que ele sofreu tanto quanto eu com a possibilidade daquela que amamos estar em apuros ou machucada quando estávamos longe. Nós também vimos o sofrimento nos olhos de vocês duas. Hylia encontrou um herói com um espírito inquebrável, para lutar pela terra de Hylia e hoje, por Hyrule. E também lutar por ela. Não importa quantas vezes Ganon nos ameace. É pra isso que nós nascemos. A deusa confiou em nós e sei que você confia também.

– Link tem razão. Acho que nenhum de nós entende como realmente funciona o fluxo do espaço-tempo. Mas mesmo estando aqui no futuro agora, vocês ainda são do passado. Se fosse acontecer alguma coisa com vocês aqui, talvez já tivesse acontecido algo a mim e a Link bem antes.

– Não desacredito da força dos nossos heróis, só me dói que estejam sempre se machucando tanto.

– Também não gostava de ver Link se machucar, até porque quando isso acontecia eu ficava um tempo sem ninguém pra me carregar.

– Midna! Sua interesseira! – Link protestou, fazendo os outros rirem.

– Você sabe que estou brincando – disse ao amigo, em seguida se dirigindo a Zelda* - Agora eu estou aqui. Bem mais firme e forte que dez anos atrás. Eu ajudarei da forma como eu puder. Não só Hyrule e vocês quatro estão em perigo, como eu e Twilight também.

– Nós agradecemos por nos emprestar a sua força, mas por hora descanse e se recupere – Zelda* lhe respondeu, e a princesa assentiu com um aceno de cabeça.

– Nós dois agradecemos a prova do amor da deusa por nós – Link* disse à noiva, tomando sua mão e beijando delicadamente seus dedos, fazendo Zelda* corar levemente, e rir baixinho em consentimento.

– O melhor agora é pouparmos forças e ficarmos de olhos abertos. Não se afastem do castelo sozinhos – Zelda lhes advertiu, se levantando.

– Você...

– Não se preocupe, Link. Já estou bem melhor.

Quando Link e Zelda se dirigiram com Midna para outro quarto, os outros dois saíram, seguiram para o jardim e sentaram-se em um degrau de pedra, perto da grama.

– Zelda*... O que há de tão ruim nas lembranças que você recuperou? É alguma coisa comigo?

Ela ficou em silêncio.

– Toda vez que falamos nisso, você parece querer chorar.

– Eu nunca te contei, porque achei que não era necessário te causar sofrimento duas vezes.

– Se você sente dor, eu também sinto. Por favor, me conte, Zel.

Ela o encarou por um momento e decidiu atender o pedido dele.

– Nós dois éramos adultos. Eu, a deusa. E você, o herói aprisionado.

– Aprisionado?

– Você sofreu muito, Link. Você se chamava Link, como agora. Ficou muito tempo preso e machucado. Não imagina como me senti quando vi você acorrentado pelas mãos e pés na parede de uma masmorra. Suas roupas estavam rasgadas e você tinham vários ferimentos pelo corpo. Parecia não ter mais forças, estava quase sempre de olhos fechados. E eu pude sentir a dor que destruía seu coração. Até hoje eu não entendi bem como as coisas chegaram a esse ponto, porque eu não me lembrei de todos os detalhes, mas me lembro claramente de Hylia dizendo “O seu aprisionamento foi desejado pelos céus. Foi destinado a fazê-lo forte. Era necessário para torna-lo apto a empunhar a Master Sword. Pelo seu espírito, você a acordou. E servirá como seu mestre por toda a eternidade. Isso porque você ama profundamente a terra de Hylia... E todo o seu povo. Como eu amo. Mas por causa disso sua vida foi cheia de sofrimento. Eu o observei e senti sua dor como uma faca em meu corpo.” Eu vi você preso, vi seu sofrimento, e sofri com isso, da mesma forma que Hylia.

Ele continuou em silêncio, vendo uma tristeza tomar os olhos dela.

– Quando me lembrei disso, já na segunda vez em que rezei nas fontes, eu chorei bastante. Impa tentou me consolar. Demorei um pouco pra pôr meus pensamentos no lugar novamente. Ela disse que estaria tudo bem. Nós estávamos os dois juntos de novo, como Link e Zelda. Que a deusa confiou no herói e que eu devia confiar em você.

Após mais uma pausa ela continuou.

– Chegou o dia em que finalmente você foi libertado e recebeu a Master Sword. Hylia explicou a situação e pediu sua ajuda. O Demon King destruiria tudo e todos e ela precisava de um herói. Entre se vingar do povo que o manteve preso e salvá-lo, você escolheu a segunda opção, mesmo com raiva por sentir que estava sendo usado. O que não deixava de ser verdade. Eu também usei você... Me desculpe de novo, Link*.

– Não se importe com isso agora, sabe que fiz tudo por você. O que mais aconteceu?

– Nesse momento, você também conheceu o Asa Celeste.

– Meu pássaro?!

– Sim. Eu, como Hylia, cheguei até você com ele. Ele queria que você provasse ser digno de ser um cavaleiro de Hylia e foi embora zangado. Hylia deixou-o ir. Você tinha um espírito inquebrável e um coração corajoso e verdadeiro. Por isso ela escolheu você, e não se arrependeu disso. Essa foi a primeira vez que nos vimos com mais calma. Você era tão bonito... Tanto quanto é agora. Mas como adulto, se parecia com o Link da princesa. E eu realmente usava aquele mesmo vestido branco.

Ele sorriu com o elogio e a esperou continuar seu relato.

– Os dois exércitos lutaram arduamente. Você me protegeu dia e noite. Você enfrentava com toda fúria qualquer um que me machucava, mesmo sabendo que eu podia me curar facilmente. O Asa Celeste finalmente o reconheceu e te carregou pelos céus durante a batalha. Ele te fez prometer que estaria ao lado dele pra sempre. Mas o nosso lado estava tendo grandes perdas. Após a terra virar praticamente um deserto, Hylia tomou aquelas duas decisões. Criar Skyloft, mandando todos os sobreviventes pra lá e lutar sozinha contra Demise e desistir de sua divindade para selá-lo.

– Zel...? – Ele chamou após ela ficar longos segundos sem dizer nada.

– Tudo saiu como ela planejou, mas você ficou pra trás. Seus amigos te chamaram aos gritos pra você ir junto, mas você disse que seu corpo estava pesado, não conseguia se mexer. Apenas nós dois ficamos. Quando Hylia finalmente derrubou Demise, e ele nos ameaçou, como sempre, ela correu em desespero até você.

{Flash Back}

– Link! LINK!

A deusa chamava, enquanto corria até o homem ferido e desfalecido, recostado a uma rocha. O Demon King se fora. O mundo parecia destruir-se. Grandes pedaços de terra se erguiam no ar. O vento fazia o vestido branco e os longos cabelos dourados da deusa esvoaçarem. Abaixou-se ao lado dele, puxando o corpo do herói para seu colo.

– O seu aprisionamento foi desejado pelos céus. Foi destinado a fazê-lo forte. Era necessário para torna-lo apto a empunhar a Master Sword. Pelo seu espírito, você a acordou. E servirá como seu mestre por toda a eternidade.

Por um instante observou seu rosto. Os olhos, azuis como os seus, sempre cheios de vida e coragem, estavam fechados. Acariciou seu rosto e seus cabelos louro escuros.

– Isso porque você ama profundamente a terra de Hylia... E todo o seu povo. Como eu amo. Mas por causa disso sua vida foi cheia de sofrimento. Eu o observei e senti sua dor como uma faca em meu corpo – a esse ponto as lágrimas escorriam livremente por seu rosto.

Sabia que seu herói amado havia ido embora. Falava com a esperança de que aquelas palavras chegassem até sua alma, onde quer que ela estivesse agora.

– Eu me assegurarei de que seu gentil e honroso espírito viverá eternamente. E eu... Eu devo abandonar minha divindade. Na próxima vez que nos encontrarmos, espero estar à sua frente como uma simples humana. Sempre que a terra de Hylia estiver em perigo... Nós devemos reencarnar.

Olhou para ele novamente e seus olhos arderam quando mais lágrimas brotaram, deixando sua visão turva. Aproximou-se dele e o beijou ternamente. Aquela seria a última vez que faria aquilo.

– Eu te amo, Link! Quero ficar ao seu lado pra sempre, meu querido herói – seus braços se fecharam com força ao redor dele.

Numa explosão de luz, tudo desapareceu... Num último flash de consciência, Hylia já não sabia se estava morta ou morrendo, mas pode jurar ouvir a voz doce e gentil de seu herói e vê-lo sorrindo para ela. Uma mão quente e protetora segurou a sua.

– Mesmo que tenhamos perdido nossa vida... Se aquele aprisionamento e tudo que aconteceu me tornou um pouco mais digno da deusa e permitiu que nossas vidas se entrelaçassem... Cada segundo de sofrimento valeu a pena. Eu também te amo, e quero ficar ao seu lado pra sempre, Hylia.

Sentiu os braços fortes a apertarem contra ele e dessa vez chorou de felicidade, retribuindo o gesto, e enterrando o rosto no peito de seu herói. Dessa forma, Hylia e Link deixaram a terra de Hylia e a vida.

{Fim do Flash Back}

– Isso é a última coisa que eu lembro – ela terminou, e Link* pode ver novamente as lágrimas brilhando em seus olhos, mesmo que ela insistisse em segurá-las – Eu sei que aquilo já passou. Que nós estamos juntos de novo, mas ele e você são extremamente parecidos e não deixam de ser, ao menos em parte, a mesma pessoa. Quando lembro disso, meu coração dói.

– Agora que eu entendo o que se passa... Obrigado por ter me contado, Zel, e me desculpe pelo mesmo motivo.

– Você tem o direto de saber, Link*. Acho que está explicado o seu encontro fantástico com seu pássaro quando você era criança, e a nossa atração no dia em que nos conhecemos em Skyloft.

Link* refletiu por um momento, lembrando-se do momento em que conhecera o Asa Celeste, um pouco antes de conhecer Zelda*. O pássaro simplesmente pousara na frente de Link* quando ele estava sozinho, sem nenhuma razão aparente, olhando-o tão profundamente que Link* sentiu como se Asa Celeste pudesse ver dentro da sua alma. Naquele momento, assim como no encontro com Zelda, ele sentiu fortemente que aquele encontro não era o primeiro.

– Eu também sempre me perguntei sobre aquilo, foi estranho e maravilhoso.

{Flash Back}

Link* corria pelos campos de Skyloft, parando de repente ao ver outra criança sentada na grama. Ambos se encararam por vários segundos, pareceu algo mágico, os olhares presos um ao outro, como se já se conhecessem há séculos. Ela abriu um enorme sorriso. Link sempre ouvira falar de amor à primeira vista, mas só agora entendera do que se tratava. Queria correr e abraça-la desesperadamente, mas se conteve, havia acabado de conhecê-la. Não entendia como podia sentir tanta falta de um abraço que nunca recebera.

Zelda sentiu seu coração encher-se de paz. Como se alguém querido finalmente tivesse voltado para ela após uma viagem muito, muito longa. Nunca o vira antes. Ela era bem resolvida em relação a sentimentos, mesmo sendo apenas uma criança. Sempre sabia bem o que sentia, mas dessa vez não estava entendendo o próprio coração. Só sabia que não podia deixa-lo ir, precisava falar com ele, qualquer coisa que o fizesse permanecer ali ao seu lado.

– Eu sou Zelda. Zelda Hylia. Como você se chama?

– Link.

Retribuiu o sorriso e aproximou-se, sentando ao lado dela.

– Link... Acho que já ouvi esse nome antes.

– Hylia... Também parece que já ouvi esse nome há muito tempo.

Durante mais alguns minutos conversaram um com o outro, até aquela sensação lhes tocar de novo.

– Zelda... – ela o encarou – Tem certeza de que já não nos vimos antes?

– Também sinto isso... Eu não sei, Link. Mas foi muito bom conhecer você hoje.

Ela lhe deu um sorriso que fez o coração de Link se derreter, e entrelaçou sua mão com a dela. Nesse momento, ambas as crianças sentiram algo estranho, que nunca haviam sentido, mas que sabiam já conhecer. Tinham certeza. Já haviam unido suas mãos e se olhado daquela forma antes e talvez ido ainda muito além. Aquele abraço que Link desejara, que nunca acontecera, era quase como se pudessem senti-lo.

– Talvez a gente tenha se conhecido em outra vida...

– Outra vida...?

– Papai contou a história de uma deusa chamada Hylia e seu herói, que juntos salvaram o mundo há muito, muito, muito tempo. Antes mesmo de Skyloft existir. Muitas pessoas viveram antes de nós.

Apenas pensaram por alguns instantes. A história tinha sentido, mas muito pouco na cabeça de duas pequenas crianças. Ouviu Zelda gargalhar novamente.

– Esqueça isso, Link... Talvez um dia a gente descubra.

Ele retribuiu o sorriso e correu de mãos dadas com ela, quando ela se levantou e o puxou na direção da academia.

{Fim do Flash Back}

Por um instante, observaram o céu, já claro e ensolarado após a chuva.

– Está tudo bem agora. Nós queríamos ficar juntos pra sempre e acho que estamos conseguindo.

Os dois soltaram um riso, ela sabia que Link estava falando dos vários Links e Zeldas da lenda. Link* a envolveu com um braço, puxando-a para perto.

– Se sente mais leve agora que me contou?

– Bastante.

– Ficará tudo bem. Eu prometo, minha querida deusa.

Ela riu e virou-se para ele. Sob o lindo arcoíris que se formava no céu, eles se abraçaram forte e se uniram num beijo apaixonado.


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