Capítulo 10 – Os tempos paralelos e o secreto amor da infância

Desceram até os vários baús enfileirados lado a lado, apenas observando-os por um tempo. Link* abriu o primeiro deles, encontrando livros grossos e um tanto velhos, mas bem conservados dentro.

– Vamos levar pra mesa – Link pegou os livros e os levou, logo todos os vários livros estavam na mesa.

Zelda* olhou atentamente as capas, elas tinham títulos: Hylia, Skyward Sword, A Link to The Past, Oracle of Seasons, The Legend of Zelda, The Legend of Zelda II, Ocarina of Time, Majora’s Mask, Wind Waker, Phantom Hourglass e por fim Twilight Princess, o único livro que parecia novo.

– Ainda que tenhamos conversado a tarde inteira naquele dia, ainda há muito que vocês não sabem – a princesa lhes alertou.

Nos momentos que se seguiram os dois habitantes de Skyloft se entreteram com livros nos quais as histórias se confundiam no tempo. Em alguma era, após um rei cometer vários erros, a primeira princesa Zelda fora posta para dormir, para que pudesse despertar anos depois, e o rei prosseguiu com um novo reinado, dessa vez mais sábio. Em outro livro havia a lenda de uma princesa Zelda com poderes misteriosos e uma espada dourada que descera dos céus junto com uma misteriosa força para salvar a princesa de uma maldição. Em todas em histórias havia um Link e uma Zelda, que se encontravam sempre em alguma momento.

– Várias dessas histórias nós não conseguimos entender quando aconteceram, ou como se encaixam com as outras – Link explicou - Há linhas de tempo alternativas. Essas histórias soltas podem ser futuros diferentes que partiram de um mesmo ponto. E nós não temos ideia de quem escreveu algumas delas.

– Papai... – Zelda* disse para si mesma ao ver a assinatura do pai nos textos das páginas iniciais de Skyward Sword.

– Então Gaepora é mesmo seu pai... – Link comentou.

– Sim – ela* confirmou sorrindo ao lembrar-se dele, sentia saudades, mesmo não fazendo tanto tempo que não o via.

– O livro de Hylia está assinado por alguém que não conhecemos.

– Deixe-me ver, Link*.

Ele lhe mostrou a assinatura no final das páginas. O sobrenome era “Hylia” como o de Zelda* e seu pai, mas não sabiam quem era.

– Papai guarda livros como esses há tempos. Diz que foram passados pelas gerações da família, mas nunca os vi, ele só me contou as histórias.

– Um deles deve ser esse – Link* lhe respondeu.

Ele* e Zelda* folhearam os dois livros por mais algum tempo e os fecharam.

– Não querem saber do futuro? – Link lhes perguntou.

– Até que sim, mas... – Zelda* começou – É algo que ainda vai acontecer. Não sabemos o que pode mudar se nós tomarmos conhecimento do que ainda não vivemos, isso pode alterar tudo pra todos nós. É melhor preservar o futuro.

– Eu concordo com ela – Link* falou.

– Eles tem razão – Zelda disse ao marido – É uma decisão sábia.

– Esses dois parecem se encaixar – Midna estava olhando dois livros ao mesmo tempo, que também não pareciam tão velhos, Ocarina of Time e Majora’s Mask.

– Bem, esses dois... – Zelda começou, sem saber como prosseguir – É uma longa história... Algo triste aconteceu e Link não gosta de lembrar.

– O que quer dizer? – Midna lhe questionou e olhou novamente os desenhos dos dois livros – Link... Zelda... – os quatro a olharam – Princesa... Essas duas crianças... São tão parecidas com você e Link...!

O casal ficou em silêncio por algum tempo.

– É porque somos nós, Midna.

– Que?! – Ela olhou novamente a imagem das duas crianças, com os o casal mais novo se colocando ao seu lado para ver também – Quem bonitinhos!! – Ela exclamou sorrindo – Esse filhote é Epona?

– Sim. O Link que conseguiu Epona numa aposta no Rancho Lon Lon fui eu mesmo, quanto eu tinha dez anos.

– Por que não nos contaram que eram vocês naquele dia? – Zelda* lhes perguntou.

– Porque a parte da lenda traçada por nós se dividiu em duas linhas de tempo, isso daria um nó na cabeça de vocês. Preferimos contar quando viéssemos aqui.

– Por favor, nos conte o que houve – Link* pediu – O Link que perdeu a mãe e foi criado como um Kokiri... A Zelda que se tornou uma sábia e sabia usar magia... Quando Ganon veio atrás da ocarina do tempo então... Eram vocês dois?

– Sim, toda a história, éramos nós. Nos conhecemos no jardim desse castelo há muito tempo quanto tínhamos dez anos – Zelda disse – O castelo era um pouco diferente do que é agora. Eu estava espionando meu pai falar com Ganon. Ele não tinha acreditado no meu sonho e eu estava com medo. Nesse momento, Link apareceu atrás de mim. Nos tornamos amigos imediatamente, sentíamos nos conhecer de algum lugar. Foi quando pedi ajuda a Link e ele foi e voltou no tempo várias vezes pra salvar Hyrule e a mim. Mas no final de tudo isso se criaram dois futuros possíveis. Eu, no futuro enviei Link de volta para que ele recuperasse sua infância.

– Eu contei a Zel sobre o futuro e ela tomou precauções para que Ganon fosse preso e me mandou viajar pra longe pra evitar que ele tomasse a ocarina do tempo. Navi havia desaparecido quando voltamos e eu queria muito encontra-la. Quando nos despedimos, Zel disse que apesar de ser uma viagem temporária, ela sentia que não nos veríamos mais. Quando eu e Epona partimos na direção da floresta dos Kokiri nós acabamos nos perdendo. Não sabíamos onde estávamos e no caminho eu encontrei um skull kid, talvez o mesmo do qual nos falaram em Ordon. Deve ser por isso que ele sabe tocar a Saria’s Song, ele já ouviu antes. Ele me roubou a ocarina e eu e Epona fomos arrastados pra um lugar chamado Términa.

– O Link que salvou Términa era você também? Então por que nos disse que ele desapareceu? – Link* ficava cada vez mais confuso.

– Quando eu salvei Términa não consegui encontrar Navi. Eu voltei com Epona percebemos que estávamos na mesma floresta. Tentamos encontrar o caminho de Hyrule, o caminho da floreta Kokiri, mas só andávamos em círculos. Minha memória estava confusa, eu tinha esquecido de muitas coisas. Depois de várias semanas vagando naquela floresta estranha eu encontrei um vilarejo chamado Ordon. Eu e Epona passamos a viver nele.

– Muitos anos se passaram. Eu esperei por Link cada dia, mas ele nunca voltou. Quando Ganon estava pra ser executado, a triforce do poder o escolheu e ele se libertou. Foi quando fiquei presa no castelo, conheci Midna, quando lhe pedi que buscasse um herói e ela me trouxe Link de volta. Meu coração pulou de felicidade quando reconheci os olhos daquele lobo, mas ele não parecia se lembrar de mim. Isso me doeu, mas não havia tempo pra tentar entender. A partir daí se desenrolou toda a história que contamos a vocês naquele dia.

– Por acaso isso tudo vocês escreveram nesse livro aqui? – Midna se referia a Twilight Princess – Eu sou linda até nos desenhos – ela falou com um sorriso enquanto folheava o livro interminado.

– Sim. Quando encontramos essa sala, decidimos continuar a história. Esse ainda tem muitas páginas vazias.

– Zelda... – a menina* lhe chamou - Se esse esconderijo mágico foi obra da Zelda que sabia utilizar magia, não foi você?

– Não exatamente. Eu estou na linha de tempo de quando, no futuro, enviei Link de volta, ele me contou tudo e nós mudamos as coisas. Essa Zelda pertence à linha alternativa de tempo que parece ter se criado num futuro em que Link não voltou para recuperar sua infância. Ela era a Zelda que se disfarçou como Sheikh, membro dos Sheikah, por sete anos, para ajudar Link a derrotar Ganon. Sheik tocava a mesma harpa que você tem, Zelda*. Ela também foi passada ao longo dos séculos. Nessa linha em algum tempo depois que ela retirou seu disfarce e os dois se reuniram, Link foi derrotado e Hyrule até deixou de existir.

– Como assim?! – Os outros três se espantaram.

– Também ficamos chocados – ele disse – Nesse futuro, Ganon me derrotou, tomou toda a triforce e os sete sábios o selaram junto com o Reino Sagrado que se transformou em um mundo de trevas. Houve paz por um tempo, mas outra guerra e formou depois. Hyrule caiu em desgraça e o sangue Hyliano enfraqueceu. Hyrule se tornou apenas uma lenda antiga. Tempos depois Houve outra princesa Zelda, outro reino, e alguém apareceu querendo quebrar os selos dos sábios. Ele matou o rei, enfeitiçou os soldados e sequestrou as descendentes dos sete sábios. Ele matou todas e as mandou par ao mundo das trevas, sendo sua próxima vítima, a princesa.

– Nessa era também houve um Link. Ele recebeu um pedido de ajuda da princesa presa no castelo, por telepatia, e foi resgatá-la. O selo do Reino Sagrado foi quebrado e quem entrasse lá se tornaria um monstro, mas Link apenas se transformava num coelho e ainda tinha um espelho para voltar quando precisasse. Nesse ponto se parece com o que vivemos na época em que conhecemos Midna.

– Esse Link encontrou a Master Sword numa floresta, e enquanto isso Zelda foi encontrada pelos soldados. Link evitou que ela fosse mandada ao reino das trevas, mas acabou sendo puxado em seu lugar. Ele conseguiu salvar todas as descendentes sacrificadas e por fim, a princesa. Deposi de derrotar Ganon, com a triforce, ele trouxe a paz de volta a Hyrule.

– Essa é nossa outra linha de futuro – a princesa disse – Depois disso a história fica muito, muito confusa. Lemos muitas coisas sobre acontecimentos que se repetem. Zeldas sequestradas, presas nos castelos, Ganon ameaçando Hyrule, que hora prevalece, hora desaparece. Não temos muita certeza, mas a partir do livro de Ocarina of Time você pode seguir duas linhas.

A princesa folheou algumas páginas e tirou uma única folha, na qual parecia haver um esquema. A partir de Ocarina of Time, via-se o seguinte:

èMajora’s Mask à Twilight Princess

Ocarina of time

èA Link to The Past à Wind Waker à Phantom Hourglass

– Há outras histórias que nós não sabemos onde se encaixam. Também não sabemos como a Zelda do outro futuro fez pra tudo isso estar presente na nossa linha de tempo também, mas eu sei usar magia de muitas maneiras, e ela talvez mais ainda. As únicas certezas são de que a lenda que partiu da deusa Hylia começou com vocês e o que sabemos sobre nós mesmos – ela disse.

– É muita informação... – Zelda* concluiu.

– Vou levar séculos pra absorver tudo isso – Link* falou um tanto nervoso.

Já fora surpreendente demais quando os dois haviam lutado para selar o Demon King, descobrir que todas aquelas lendas de Skyloft eram verdadeiras e agora descobriam tudo aquilo de uma vez. Preferiam não tentar conectar demais todas as histórias ou enlouqueceriam.

– Link! – Zelda* lhe chamou – E Navi? E a floresta? Você tinha amigos lá, não tinha?

– Eu nunca consegui voltar lá e Navi nunca voltou pra mim. Também não sei de onde veio aquela floresta estranha em que me perdi – ele tinha o olhar cheio de tristeza – Depois que Midna voltou pra casa, eu e Zelda passamos a nos ver mais vezes. Quando ela descobriu que eu ainda tinha a ocarina do tempo, me pediu desesperadamente pra tocá-la, e trouxe minhas memórias de volta ao longo dos dias, com cada uma das canções que eu havia esquecido. Fiquei confuso quando me lembrei da nossa infância, da floresta, de Navi... Fiquei triste também. Mas acabamos nos tornando noivos e nos casando, e eu sou muito feliz até hoje.

Zelda sorriu ao ouvi-lo.

– Em alguns livros há alguém chamada Hero’s Shade. Quem era ele? – Link* perguntou.

– Eu o conheci – Link lhe disse – Também é uma informação confusa. Quando eu o conheci estava lutando pra salvar Hyrule e Twilight. Ele não me deixou claro quem ele era ou de onde tinha vindo, mas me ensinou muitas técnicas secretas importantes com a espada. Acreditamos que ele seja o espírito do Link que morreu. Ele sente remorso por não ter passado suas habilidades adiante. Por isso ajuda os Links de outras eras, como um meio de aliviar sua dor.

– Não acha estranho que o caminho da floresta Kokiri tenha desparecido, Link? Se você recuperou suas memórias, não se lembrou do caminho? – Zelda* lhe questionou.

– Lembrei sim, mas toda vez que eu tentava ir na provável direção da floresta Kokiri, aquela floresta estranha aparecia no meu caminho e eu não me atrevia a entrar nela de novo. Eu estava casado e era feliz apesar de sentir falta de Navi, Saria e meus amigos de infância, não queria ariscar desaparecer e perder minha memória de novo.

– Quem é Saria? – Midna perguntou.

– Minha melhor amiga na floresta. Os kokiri são crianças que se vestem de verde e nunca crescem. Eles nunca deixam sua floresta. Quando fui embora Saria me isso como símbolo de sua amizade – ele puxou uma ocarina cor de palha de seus itens – Eu a guardo até hoje.

O silêncio se seguiu por algum tempo até que Zelda se pronunciou.

– Agora que esclarecemos o restante da história, qualquer dia desses vamos fazer uma visita à Malon. É outra velha amiga, filha do dono do rancho. Vocês irão conosco. Acho que é melhor darmos um descanso aos nossos cérebros agora – ela disse – Tudo bem por vocês?

– Sim – os três responderam.

– Ainda não sei o que dizer – Midna comentou – Tudo isso tão de repente... Imagino como ficaram quando encontraram esse lugar.

Após os livros estarem todos de volta aos baús, se dirigiram à escada.

– Pra abrir a passagem de novo, devemos tocar a canção da deusa ao contrário. Já perceberam que as canções da deusa e da princesa são uma só?

– Uma só...? – Zelda* pensou nas notas por um tempo e ao tentar tocar Ballad of The Goddess ao contrário, pode ouvir claramente Zelda’s Lullaby.

Ela* e Link* arregalaram os olhos em surpresa.

– Nós tocamos bastante essas duas, mas nunca percebemos isso – ele falou.

– Nós também ficamos surpresos. Descobrimos por acaso quando Link estava tentando tocar todas as músicas que conhece ao contrário.

Zelda tocou novamente a passagem se abriu, permitindo que deixassem o lugar, cujas luzes se apagaram e o chão tornou-se sólido novamente após passarem, como se não houvesse nada ali.

– Você ainda tem esperanças de encontrar Navi e rever a floresta depois de tantos anos, Link? – Midna lhe questionou.

– Sim. Navi era uma amiga muito querida. Eu ficaria muito feliz se um dia ela voltasse – ele lhe respondeu quando deixaram a biblioteca junto com Impa.