Hermione tentava recordar aonde estava. Os poucos raios de sol que chegaram até ela a acordaram abruptamente. Ela tentou se mexer,mas a parte de trás de sua cabeça doía demais para isso.

Tateou o chão,procurando uma forma de levantar. Quando finalmente o fez,seu corpo inteiro protestou. Sentia-se tonta com o cheiro de ferrugem que permeava o local.

Aos poucos,sua visão turva lhe permitiu ver onde estava. Em o que ela acreditava ser um porão,as paredes cobertas de mofo. Não tinha nada preso a ela,mas sabia que não seria nada fácil sair dali.

E por quê ela estava ali? Ela se pôs a pensar. Não demorou muito para flashes do dia anterior virem a sua mente. Guerra. Comensais. Dor. Astoria. Agora seu coração batia descompassado,a bile lhe subia a garganta.

Tentou sacar a varinha,inutilmente. A mesma acabou caindo quando foi atingida. Lembranças da guerra lhe vieram a mente. Não sabia como fora seu desfecho,mas sabia que Astoria a usaria para atrair Draco até ela.

''Eu preciso sair daqui....’’ murmurou para si mesma.

Levantou-se com cuidado,ignorando a dor que atravessava seu corpo. Ouviu vozes do lado de fora da porta,quando se aproximou. Tentou força-la para abrir,ou qualquer outra coisa para sair dali. Nada.

Viu seu corpo escorregar pela porta. Perdida.

Ela estava perdida.

– X –

Draco tinha os punhos cerrados. Um misto de raiva e culpa o atingira em cheio,sem aviso. Raiva por não ter desconfiado o que a loira queria,desde a vez em que apareceu para ele. Culpa por não ter a protegido,como viera tentando todos esses meses.

Seu mundo havia desabado mais uma vez. Ele não iria suportar.

Sem pensar,saiu em disparada pela porta. Ouviu vozes o chamando,mas não quis saber. Era culpa dele,a vida de Hermione estava nas mãos dele. Apenas uma voz foi capaz de pará-lo.

''Draco Lucius Malfoy,pare agora!’’ Gritou uma ruiva geniosa.

''Eu não posso!’’ Gritou de volta,se virando para ela e todos que estavam ali. ''Eu não posso ficar parado enquanto Hermione está nas mãos daquela...’’

''Draco,me escuta.’’ Pediu Gina. ''Nós todos queremos ela de volta,não vamos te deixar fazer nada sozinho.’’

''Vocês não me entendem.’’ Começou Draco. ''Eu conheço a Greengrass,eu sei o que ela quer. Acho que todos vocês sabem.’’

''E você acha mesmo que eu vou deixar aquelazinha tirar você da minha amiga? De jeito nenhum!’’ Disse Gina,de um jeito autoritário.

Draco ria fraco,descrente.

''Você não tem jeito,ruiva.’’

''Só por cima do meu cadáver,pode anotar.’’

''O que a Gina tá querendo dizer,Draco,’’ começou Luna. ''é que todos aqui querem tanto a Hermione de volta quanto você,então pode contar com a gente.’’

Draco os fitava em silêncio. Com Hermione descobrira o verdadeiro significado de amizade,lealdade e tantas outras virtudes que sonserinos,ou a grande maioria deles,não tinham.

''E então,o que me diz?’’ Ouviu Gina perguntar.

Draco rendeu-se,por fim. Sabia que precisavam de um plano,e que qualquer coisa seria melhor do que ele viesse a pensar.

''Eu digo que temos muito trabalho,isso sim.’’

– X –

Uma loira cruzava os corredores tempestivamente. Entrou na antiga sala de Draco e sentou-se. Não podia acreditar em tamanha traição. O mesmo sangue correndo nas veias,porém com tantas divergências.

Assim eram Astoria e Daphne. O único laço que as unia era o sangue. Sempre tiveram opiniões diferentes sobre tudo e todos. Esse detalhe nunca fora um problema para a convivência das duas.

Até aquele maldito dia.

''Daphne?’’ perguntou a loira,assim que entrara em casa.

Não obteve nenhuma resposta. Jogou a bolsa em qualquer canto na sala e saiu a procura da irmã.

Encontrou Daphne aos prantos. Nunca foi muito zelosa,mas com a guerra,as coisas haviam mudado. Sentou-se ao seu lado,a abraçando.

''Daph,está tudo bem?’’ perguntou.

Ela continuava em silêncio,sequer olhava para a loira.

''Daphne,o que houve? Fala comigo.’’

Sentiu Daphne se desvenciliar abruptamente de seus braços,se levantando e virando para encará-la.

''Por quê não me diz você o que houve?’’

E então a sua ficha caiu.

Nas mãos da irmã,estava um papel. Ela pegou e logo viu que se tratava de uma carta. Não podia acreditar no que os seus olhos viam.

''Daphne,me escuta. Você n-não pode acreditar nisso,não pode! Isso tudo é...’’

''A mais pura verdade?’’ indagou,sem esperar resposta.

Astoria se viu sem saída. Não podia mais negar,não diante daquela carta. Só pioraria as coisas. Sentiu seu sangue ferver. Blásio pagaria caro por isso.

''Ele não podia ter feito isso!’’ sibilou,mas para si mesma do que para a irmã. ''Você não entende...’’

''Não entendo o quê? Que você me usou para conseguir o que você queria?’’

Daphne agora a fitava com desprezo. Desprezo esse que doía mais do que qualquer coisa.

''Eu não sei de quem sinto mais pena.’’ Disse a Greengrass mais nova. ''De você ou dele. Ele te amava de verdade,Astoria. O que você diz sentir pelo Malfoy não é amor,nem nunca vai ser. Eu acheguei a acreditar que você gostasse dele também,mas como posso ver,eu tava enganada.’’

''Não fale do que não sabe!’’ Esbravejou Astoria,provocando a ira da irmã. ''Ele estava no meu caminho! Eu não podia deixar que.....você não entende.’’

''Então me diz! Me dê uma razão para você ter destruído a minha relação com o Blásio,que não seja esse seu amor doentio que você diz sentir pelo Malfoy!’’

Mais silêncio. Não havia nada mais a ser dito.

''Eu devia saber....’’ Daphne disse,rindo secamente.

Depois da briga,Daphne foi embora. Ainda que estivessem separadas,ela sempre soube como encontra-la. Só precisava da oportunidade certa. E quando encontrou,viu a morena desperdiçá-la,jogando ao vento.

Daphne nunca iria entender. Ninguém nunca iria entender que Draco pertencia a ela.

Ela faria Draco pagar caro,por desprezar seu amor daquela maneira.

''Astoria?’’ Ouviu um dos Comensais de Bellatrix a chamar.

Precisava de ajuda para colocar seu plano em prática,e Bella não hesitou em apoiá-la. Sabia que Astoria seria capaz de terminar o que ela não pode antes de a guerra começar.

''Sim,Rockwood?’’

''Fiz o que você pediu.’’ Disse,vendo a loira abrir um sorriso de satisfação. ''Ela está onde você pediu.’’

''Ótimo.’’ Disse,e então ele saiu da sala.

Ela novamente se viu sozinha. Algumas lembranças tentaram invadir sua mente,mas ela não permitiu. Não iria fraquejar,não agora. Ela desejava nunca ter conhecido o que Daphne tinha com Zabini.

O maldito,como era mesmo o nome? Ah,sim. Amor.

Ela logo voltou seu foco para o que estava prestes a fazer. Não hesitou em pegar o telefone e discar o número.

Uma conhecida voz atendeu no segundo toque.

''Sentiu minha falta?’’