Sábado chegou e Julia sentia-se bem melhor, tentou não pensar nos últimos acontecimentos e agir normalmente com Eduardo e em meio a reflexões tomou uma decisão, caso ele fosse aprovado não tinha o porquê dizer o que sentia, afinal aquilo só iria machucá-los, uma vez que Julia o conhecia o suficiente pra saber que ele iria fazer algo pra deixá-la confortável, então resolveu engolir os novos sentimentos para proteger os dois e a amizade deles. Às dez da noite ela já estava pronta, vestia um short jeans preto, uma camiseta bege com detalhes de renda e um casaco leve, fez uma trança em seus cabelos, somente pra deixá-los mais arrumados e sentiu-se linda ao se olhar no espelho, respirou fundo olhando o seu reflexo e tentou se preparar para a noite que teria.

Julia ainda não acreditava que os pais autorizaram sua ida ao show e Eduardo fez um trabalho tão bem feito que eles acreditaram que a ideia tinha sido deles e Eduardo apenas iria ajudá-los a presentear a filha. O show faria parte de um festival de música que inauguraria uma nova arena feita para aquele tipo de evento e ela não cabia em si de tanta empolgação. Sempre foi louca por música nacional, desde muito pequena já ouvia grandes nomes como Chico Buarque, Caetano, Cartola, mas foi nas letras melodiosas de Los Hermanos que ela encontrou a vibe perfeita, eles tinham tudo tão harmonizado e suave que a deixava fascinada, claro que ela adorava um rock, mas nesse ultimo ano optou por músicas que refletisse o estado de espírito que ela precisava ter para passar por tantas etapas importantes e esse show veio como modo de fechar com chave de ouro esse ano tão conturbado e trabalhoso.

– Julia. – chamou Sam.

– Já estou indo. – terminou de passar o rímel e deu mais uma retocada no batom. Ao se olhar no espelho percebeu que estava descalça, deu um tapa na testa e correu pra calçar seus inseparáveis All star vermelho, olhou-se de novo e sorriu diante a imagem.

– Nossa Ju, você vai pra onde mesmo? – perguntou Sam debochando.

– Estou indo encontrar com o Marcelo Camelo, tenho que estar apresentável!

– Mas quem veio te buscar foi o Edu. – falou Sam confuso.

– Tchau maninho. – riu Julia saindo pela porta.

Eduardo estava esperando reencostado na moto e a olhou da cabeça aos pés enquanto Julia corria em sua direção, mas seu sorriso murchou por alguns instantes e falou com um vinco entre as sobrancelhas.

– Esse short não está muito curto?

– Está? – perguntou Julia dando uma volta para se olhar melhor. – Não achei, mas é um show não posso ir de calça.

– Você não vai sair do meu lado nenhum instante. – murmurou enquanto colocava o capacete na cabeça dela com cuidado.

– Sim senhor capitão! – riu Julia.

Foi uma loucura quando chegaram à arena, pois eles resolveram parar para comer algo e demoraram mais do que o esperado, ficaram um bom tempo rodando pelo estacionamento procurando uma vaga, ou melhor, acharam varias porem o irritante do Eduardo não podia deixar a bendita moto em qualquer lugar, Julia estava quase pedindo que ele a deixasse descer quando enfim estacionaram.

– Sério Edu, você precisa de terapia! – reclamou assim que desceu da moto. – Ficamos meia hora pra você achar o lugar ideal. Pelo amor de Deus.

– Deixa de ser chata, nem foi tanto assim. Você queria que eu deixasse Sophie a mercê de maus motoristas? Não mesmo. – respondeu guardando tudo e a puxando para entrarem.

– Ridículo. – murmurou Julia.

Uma vez dentro da arena eles viram que o show dos Los Hermanos seria o terceiro da noite e a primeira banda tinha entrado no palco, então resolveram andar pela arena pra conhecer as coisas, no meio do caminho encontraram alguns amigos e amigas do Eduardo e Julia precisou se controlar pra não voar no pescoço de uma loira que não parava de passar a mão pelo peito dele, Será que tem alguma cola na camisa dele? Garota nojenta! Ela ficava muda quase todas as vezes que ele encontrava um conhecido, pois sempre vinha uma garota risonha e atirada ficar por perto. A segunda banda já estava no palco quando ela não aguentou mais aquelas garotas.

– Vou comprar algo pra beber. – murmurou pra Eduardo quando a vigésima garota beijava o rosto dele.

Julia não deu tempo para ele protestar e se misturou na multidão, estava cansada de ficar ali e ver aquelas criaturas se jogando como abutres num pedaço de carne. Nunca havia imaginado que era ciumenta, mas essas garotas não tinham o senso do ridículo, não sabiam se valorizar, onde já se viu? Oi Edu. Quanto tempo... hahahaha tem um sujinho no teu queixo! Ahhhh que raiva... Se ela ficasse lá mais uns minutos ia torcer o pescoço de alguém e o pior de tudo era que ele parecia adorar aquela paparicação. Encontrou uma barraca de refrigerante e ficou na fila, já estava lá á uns minutos quando Eduardo apareceu abrindo caminho e a olhou feio quando chegou perto.

– Eu disse pra você não sair do meu lado e se eu te perdesse? – brigou.

– Já estava enjoada de ficar lá! – rebateu.

– Enjoada de que? – perguntou, mas parou de falar e ficou olhando fixamente pra um cara atrás de Julia.

– Um passarinho me contou que você adora jujuba de laranja! – falou uma voz próxima ao ouvido de Julia que se virou rapidamente pra ver quem era. E deu de cara com um homem da mesma altura que Eduardo, pele morena e um lindo sorriso branco como algodão, de imediato ela não o reconheceu, mas a referencia a jujuba e o sorriso do rapaz fez a mente dela dar um clic. - Pedro? – sorriu Julia. – Ai meu Deus! – exclamou pulando nos braços dele.

– E ai Jujuba?! – falou abraçando-a forte.

– Quando você voltou? – perguntou sorridente.

Pedro foi vizinho de Julia durante toda a infância, mas mudou-se com a família assim que eles entraram na adolescência e Julia mantinha contato com ele, mas não era algo que fazia com muita frequência e nos últimos meses tinham se comunicado bastante, mas ele não mencionou que viria para Belém... Como ele está lindo, será que eu mudei tanto assim e nem notei?!

– Cheguei hoje, meu amigo me disse do show e não podia perder um evento desse poste por aqui! – Sorriu. – Mas nossa Jujuba, como você está linda! – comentou Pedro a fazendo girar, Julia viu de relance um Eduardo com cara de poucos amigos e braços cruzados perto dela.

– Você até que dá para o gasto! – sorriu. – Ah Pedro, esse é Eduardo meu amigo.

– E ai cara. – cumprimentou estendendo a mão e por alguns segundos Julia pensou que Eduardo não fosse aceitar o cumprimento, mas no fim ele apertou a mão estendida. – Amigo da Jujuba é meu amigo também.

– Jujuba? – perguntou Eduardo entre dentes.

– É só um apelido da infância...

– Quando éramos crianças, eu a pedi em namoro e ela disse que só aceitaria se eu levasse cem jujubas de laranja pra ela. – sorriu Pedro segurando a mão de Julia. – Eu lembro que fiquei dias roubando moedas dos meus pais pra comprar jujubas e catei todas as de laranja, você nem imagina a minha alegria quando consegui as cem!

– Eu me lembro desse dia. – riu Julia.

– Claro que lembra, foi nosso primeiro beijo e meu primeiro tapa! – gargalhou.

– Da próxima vez você não rouba beijos de garotas indefesas. – eles riam lembrando-se daquela época, mas ao olhar para Eduardo percebeu que ele não parecia nada feliz. – Está tudo bem, Edu? – perguntou.

– Tudo ótimo! – disse com sarcasmo que Julia não entendeu de onde viera.

– Jujuba preciso voltar aos meus amigos, mas vou te ligar pra gente fazer algo antes de voltar pra casa! – falou Pedro acariciando a mão dela. – Quem sabe não relembramos os velhos tempos. – sorriu sínico.

– Vai sonhando. – riu Julia. – Mas aceito o passeio.

– Ninguém resiste a esse negão aqui! – brincou.

– Veremos. – murmurou ao abraçá-lo.

– Estás realmente muito gostosa. – gritou enquanto se misturava a multidão.

Julia ainda sorrindo virou-se pra procurar por Eduardo, mas ele andava pra comprar seu refrigerante ficou lá esperando e quando ele voltou nada falou apenas entregou a bebida e começou a andar na frente, os locutores haviam acabado de anunciar ao show e caminharam pra se misturar. Ela percebeu que algumas pessoas começaram a sair e quando percebeu tinha apenas alguns espectadores, uma banda como Los Hermanos não era apreciada por todos, afinal música boa nem sempre é, ela estava ansiosa e dançava levemente ao som do DJ que tocava nos intervalos tentando ignorar a carranca que Eduardo fazia ao seu lado, mas não conseguiu ignorá-lo por muito tempo e quando viu já estava parada na frente dele com as mãos na cintura.

– O que você tem?

– Nada. – murmurou olhando pra frente.

– Como nada? Estás ai com cara de quem comeu e não gostou! – rebateu Julia.

– Já disse que não tenho nada! Jujuba! – respondeu ainda sem olhá-la e debochando do apelido.

– Você está com ciúme? – riu Julia. – Que bonitinho!

– Deixa de ser ridícula, claro que não! – resmungou Eduardo olhando pra ela pela primeira vez.

– Ficou a noite toda com um monte de mulheres ao teu redor e eu nada disse. – Eduardo deu de ombros. - Ahhh se vai ficar com essa cara azeda, vou procurar pelo Pedro e assistir ao show com ele! – falou começando a andar, mas Eduardo a segurou pelo braço a puxando pra trás com força, ela perdeu o equilíbrio e bateu com tudo no peito dele. – Porra Edu!

– Olha a boca. – repreendeu. – Veio comigo e vais ficar comigo! Nada de procurar teu namoradinho...

A banda entrou no palco e Julia esqueceu completamente o que ia falar, pois ao ouvir o dedilhar do violão de Marcelo Camelo seu mundo pareceu girar na batida daquele som, olhou maravilhada para o palco e deixou-se levar pelas melodias já a muito conhecidas, a voz de Marcelo e Rodrigo deixava seu coração leve era como estar em casa... Cantava as músicas sem se importar com o amigo com quem brigava á alguns minutos, só queria curtir aquelas músicas e se deixar relaxar pela sua banda favorita, quando eles começaram a cantar “outro alguém” Julia sentiu cada palavra daquela música como se fosse um aviso para sua falta de atitude em relação a seu sentimento por Eduardo, olhou pra trás e seus olhares se encontraram por segundos intermináveis, aquele verde tão vivo a deixava com as pernas bambas, ainda mais quando ele a olhava com tanta intensidade, desde a primeira vez que o viu foram seus olhos que mais lhe chamou atenção, eram tão vivos, doces e rebeldes ao mesmo tempo, ela via muito de si ali e isso a deixou curiosa, mas agora ela sabia que não foi a curiosidade que os aproximou e sim um amor sutil, que aos poucos foi tornando-se forte e intenso, ela nunca havia acreditado no amor, afinal a única referencia que ela tinha dele não era boa, era um amor doentio, que machuca e fere, se é que podia dizer que o que seus pais sentiam uma pelo outro é amor, mas ela só havia sido apresentada a aquele e é claro aos amores nos livros, mas eles eram ficção e ali olhando para os olhos verdes e intensos de Eduardo ela soube o que era o amor... Ele deu um sorriso torto e eliminou o espaço que os separava e a abraçou por trás, beijando seus cabelos com carinho, Julia se acomodou nos braços dele e voltou a curtir o som, mas muito ciente de que o homem que ela amava estava ali a abraçando.

Eduardo havia ficado fora de si quando viu o modo como aquele amigo de Julia a tratava, claro que ele conhecia outros tantos amigos dela, mas aquele cara havia beijado ela, havia vivido coisas que ele não tivera a chance e ficava falando aquilo como se fosse à coisa mais normal do mundo, ele se segurou muito pra não arrancar Julia dos braços do cara, tudo ficou ainda pior quando o maldito a convidou para sair e depois de ouvir a resposta de Julia, foi ele que precisou sair de perto ou faria uma besteira. O começo do show interrompeu a discussão deles e Eduardo ficou ali assistindo Julia se maravilhar com cada música, ela dançava lentamente e parecia não ter a noção de como estava linda ou como ele estava se controlando pra não chegar mais perto e tomá-la nos braços, uma música começou a tocar e ele viu Julia morder o interior da bochecha como fazia quando ficava pensativa e logo em seguida olhar pra ele... Eduardo sentiu como se ela fosse um imã, aqueles olhos o aprisionaram fazendo-o largar qualquer racionalidade e agir por impulso; foi até ela e a abraçou, ficaram ali abraçados durante varias músicas e vez ou outra Julia levantava a cabeça pra olhá-lo e ele se limitava a beijar o rosto dela ou cheirar seu pescoço, não precisava de permissão pra fazer aquilo, era natural, era certo...

– Eu adoro essa música. – disse Julia começando a dançar nos braços dele.

E a tal música era a única que Eduardo conhecia da banda, ele sabia o que precisava fazer, não planejou nada ou pensou a respeito, apenas precisava agir, sentia que não tinha momento mais propício, ela ali em seus braços e a música sendo cantada ao vivo, aquela era a sua chance e a música dizia tudo o que sentia, quando chegou à parte que ele achou a mais adequada à situação, se abaixou e cantou no ouvido de Julia.

– “Sei que você já não quer o meu amor, sei que você já não gosta mim, eu sei que eu não sou quem você sempre sonhou, mas vou reconquistar o seu amor todo pra mim...” – Eduardo a sentiu ficar tensa e a virou de frente. – Ju, desculpa por ainda a pouco, sou um ciumento quando o assunto é você e aquele cara me tirou do sério! Mas isso teve um lado bom, percebi que não posso mais esconder isso de você... – ele olhou nos olhos castanhos dela e disse com toda sinceridade que conseguiu reunir em sua voz. – Eu te amo...

Julia fechou os olhou ao ouvir as ultimas três palavras e sorriu, pulou nos braços dele e o abraçou com braços e pernas. – Repete... – murmurou beijando o rosto dele.

Eduardo a segurou em seu colo e riu meio que assustado com a reação dela. – Todo meu discurso?

– Não seu tapado, só a última parte... – ela continuava beijando o rosto dele todo e tinha um sorriso lindo nos lábios.

– Que eu te amo?

Julia gargalhou e o beijou com intensidade, Eduardo só então pareceu entender o porquê daquilo tudo e devolveu à intensidade do beijo, se deliciando nos lábios macios e doces de Julia, ele tinha plena consciência do que estava fazendo e aquilo deixava o momento mais especial, nunca imaginou que ela reagiria assim, pensou que ela iria rir e brigar com ele, mas nunca imaginou que terminariam um nos lábios do outro...

– Nunca pensei que diria isso, mas... – ela deu um selinho nele e murmurou ainda com os lábios próximos aos dele. – Amo você!

Eduardo se deliciou ao ouvir aquilo, nem nos mais delirantes sonhos pensou que seria dessa maneira, eles nunca haviam dado indícios de algo nesse sentido, claro que ele escondia seus sentimentos desde o inicio, mas nunca percebeu nada vindo de Julia, ela era sempre tão coesa sobre seus sentimentos e nunca demonstrara nada, mas agora era completamente o oposto, ela agia como se não se importasse com as mascaras, ela estava ali por inteiro pra ele. Julia desceu no colo dele e ainda abraçados voltaram a ver o show, sorridentes como nunca, vez ou outra voltavam a se beijar ou Eduardo sussurrava algo que fazia Julia sorrir lindamente e se aconchegar em seus braços... Não assistiram a última banda e caminharam de mãos dadas até o estacionamento e dessa vez Eduardo não fez questão de parar pra falar com nenhum de seus amigos que encontravam pelo caminho, pois tudo que ele mais queria estava ali segurando sua mão, a viagem de volta foi o mais lenta que habitualmente, Eduardo queria estender por mais tempo a sensação de Julia agarrada a ele. Quando enfim chegaram à casa da avó dela, pois Julia dormiria ali hoje, pra não incomodar seus pais ao chegar tarde em casa.

– Você não quer dormir aqui? – perguntou Julia depois de um longo beijo. Eduardo levantou a sobrancelha pra ela. – Eu disse dormir!

– Não vou te arranjar problemas?

– Precisamos aproveitar todos os momentos, logo você vai embora e...

– Ei... – chamou Eduardo levantando o rosto dela para olhá-lo. – Não vamos pensar nisso ainda, é um destino incerto ainda nem sei se vou ser aprovado, vamos nos preocupar na hora certa!

– Tudo bem. – Julia escondeu fundo aquele medo e sorriu. – Você vem?

Eduardo sorriu e pegou a mão dela estendida, assim que entraram em casa Julia foi direto tomar um banho e Eduardo resolveu fazer o mesmo. Julia deixou a água fria relaxar seu corpo e repassou cada momento em sua mente, estava extremamente feliz como nunca havia ficado, lembrou-se de como seu coração ficou leve quando ouviu que ele a amava, Cristo, como esperei por aquilo! Ou melhor, não esperei... Foi tão bom, que nem tive a capacidade de imaginar algo semelhante. Pensou ao sair do banheiro, já completamente vestida e penteando os cabelos, sorriu ao vê-lo deitado displicentemente em sua cama, só com a calça jeans, suspirou diante da imagem, claro que já tinha visto ele assim várias vezes, mas agora era diferente, mesmo sabendo que construiriam uma outra relação, também sabia que não precisariam passar por muita coisa, como aquele desconforto inicial dos recém casais, porque eles já se conheciam, sabiam as manias um do outro, eram amigos acima de tudo e ela sabia que essa amizade não mudaria, sabia que o amor deles construiria uma relação cheia de carinho, teria brigas, afinal eles eram assim, mas teria amor acima de tudo... Julia estendeu a toalha e entrou por debaixo das cobertas deitando no braço estendido dele.

– Você não tem ideia do quanto estou feliz. – disse Eduardo beijando a ponta do nariz dela.

– Se for proporcional a minha felicidade, eu imagino sim! – riu Julia unindo as mãos dele.

Beijaram-se lentamente aproveitando cada movimento de lábios e tentando conhecer um ao outro, era uma beijo cheio de carinho e de amor recém-compartilhado, em pensar que perderam tanto tempo escondendo aquilo um do outro, mas agora entendiam que tudo precisava ser ao seu tempo, talvez se tivessem feito isso antes não desse certo, Julia aprendeu muito com ele nesses meses, viu que era possível ser feliz apesar de não se achar merecedora e percebeu que ela própria se julgava mal, ela era seu principal carrasco e foi preciso um desconhecido lhe provocar uma crise de asma pra perceber que a vida ainda poderia trazer muitas coisas boas.

– Amo você... – sussurraram ao mesmo tempo entre o beijo.

Julia ainda sorrindo aconchegou-se nos braços dele, dormiram assim abraçados e cheios de esperança pelo que viria pelo menos aquela noite eles seriam apenas um casal comum, eles iriam esquecer todas as responsabilidades que insistiam em carregar nas costas, por apenas uma noite seriam jovens apaixonados e felizes... Depois pensariam nos resultados que poderiam mudar o rumo das coisas, mas algo dentro de Julia dizia que se Eduardo precisasse mesmo ir embora nada mudaria, pois eles tinham algo mágico, algo que parecia ter vindo de muito tempo, o modo como se conheceram e como desde o inicio ela se sentiu atraída por ele, não só no quesito amoroso, mas sim como pessoas que haviam se reencontrado e agora ali nos braços dele sabia que o amor deles também era antigo, como velhas almas que se reencontraram, ela acreditava nisso, acreditava que era possível reencontrar pessoas nessa vida e desde que viu Eduardo soube que aquele rapaz de olhos verdes seria aquele que mudaria sua vida pra sempre, era só preciso dar chance pra ele fazer isso e se permitir a sentir... Poucos sabem, mas o amor não basta ser sentido, temos que permitir que ele entre em nossa vida e nos envolva por inteiro, como num abraço amigo, ele pode ser seguro, confortável e quando encontrar a pessoa certa saberá que aqueles braços que te envolvem são os certos e no fim saberá o que é o amor.

“Porque eu cheguei aqui com um fardo

E ele parece tão mais leve

Desde que eu encontrei você

E, querida, você deveria saber

Que eu nunca poderia continuar sem você

Olhos verdes...”

Green Eyes– Coldplay

Fim