Austin

Estávamos em setembro, primavera, quando descobri o que aconteceria comigo nos próximos messes. Eu poderia dizer que levo uma vida perfeita, mas no fundo sei que é apenas mais uma mentira. Constantemente me engano acreditando que carros luxuosos, dinheiro, roupas de grife e mulheres me trazem algo de bom, mas parte de mim ainda entende que a vida é muito mais.

No início do ano eu irei me mudar para a Califórnia, mais precisamente para Los Angeles onde a maior empresa de cosméticos do país possui sua sede. Eu ainda me questiono o porquê disso tudo, mas meu pai me limita a vaga informação de que o dono da Corporação Dawson possuí dívidas para com a nossa família e que cabe a mim ir cobra-las. Eu obviamente perguntei o porquê de meu próprio pai não ir lá fazer essa maldita cobrança, mas ele sempre responde que esse é um serviço que apenas eu posso executar.

Não é de se admirar que o Sr. Moon, meu pai, esconda alguns segredos, afinal ele é um homem muito vivido e misterioso. Meu pai e eu não temos uma boa relação, e com isso quero dizer uma relação cheia de afeto e todo esse blá blá blá, somos apenas cordiais e convivemos normalmente, apesar de eu não morar com ele, e sim no meu próprio apartamento. Minha família é dona de uma Companhia renomada de Colchões e eu sou estudante de arquitetura na Austrália, mas como disse antes, terei de me mudar para a Califórnia, então a transferirei para alguma Universidade em Los Angeles.

- Espero que saiba o que está fazendo! – exclamei irritado para meu pai que me olhava sem muita importância.

- Não questione meus planos Austin, o melhor para você é que se mude para Los Angeles. – disse calmamente enquanto lia seu jornal.

- Não entendo pra que tanto mistério, eu nem sei que dívida é essa e muito menos o porquê de precisar morar lá já que vou apenas fazer uma cobrança estúpida. – me levantei aturdido em direção a porta principal, eu estava indo embora.

- Escute bem garoto. – meu pai iniciou, sua voz estava seca e dura. Eu estagnei diante da porta ainda de costas para ele.

- Essa não é qualquer dívida, nós vamos fazer com que o assassino da sua mãe pague pelo que fez. – senti um arrepio forte me percorrer a espinha, meu corpo congelou.

A única coisa que sabia da minha mãe eram apenas coisas tristes e horríveis, a forma como depois de me dar a luz ela foi sequestrada e encontrada morta em um barranco qualquer. Meus olhos marejaram com a súbita lembrança e uma raiva me corrompeu.

- Do que você está falando? – perguntei incrédulo virando-me para ele.

- Estou falando que o dono dessa empresa, Lester Dawson, matou a sua mãe. Pelo simples fato de que ele não aceitava o amor dela por mim. Ele é um homem frio e sem escrúpulos, que sequestrou sua mãe após ela ter você e como era uma gravidez de risco ela não resistiu a longa viagem e a falta de cuidados. – meu ar faltou diante da revelação e com muito custo voltei a falar.

- Mas se ele a amava tanto... porque a levou sabendo que ela não tinha condições de ir? Isso não faz sentido! – ele deu uma risadinha com minhas palavras.

-Nunca foi amor, era doentio. Ele sempre foi obcecado. Entenda, essa é a nossa chance de fazer justiça. – ele cerrou seus punhos, o ódio passando por seus olhos.

- Mas.... o que pretende fazer? O que tem em mente?– perguntei ainda em choque.

- Quero que você seduza a única filha do Lester e que ganhe a confiança da família dela, se infiltre na empresa e me informe tudo que acontece lá. Com suas informações vou acabar com os negócios dele, de um jeito que vai leva-lo a falência. – disse e eu percebi que ele já tinha tudo isso em mente a muito tempo, ele havia investigado a vida do sujeito.

Eu estava dividido, eu queria fazer justiça pela minha mãe, pela mãe que nunca pôde me criar e a qual eu nunca conheci, mas por outro lado eu não achava certo enganar uma garota indefesa e acabar com tudo. Provavelmente meus olhos estavam em perfeita confusão, pois meu pai pegou em meus ombros e fixou seu olhar sob mim.

- Não seja um molenga, você nunca vai ver a sua mãe. NUNCA! E a culpa é desse homem, será que não percebe? O que é leva-lo a falência comparado ao que ele fez? Ele tirou uma vida! – meu pai apertava seus dedos em minha pele e eu pude sentir a raiva passar do seu corpo para o meu me dando a coragem que faltava.

Era isso, eu seduziria a garota Dawson.