Marie andava calmamente pelo corredor, observando tudo que acontecia em volta dela com atenção, procurava por algum oficial de comando, quando viu um tumulto na frente da entrada do complexo. Havia alguns pequenos grupos de conversa pelos corredores e logo na entrada ela viu um rosto conhecido, como sempre a garota de cabelos brancos estava calada, mas era quase impossível se afastar da pequena multidão que se formava ali, Lara tinha um olhar triste e distante e não prestava muita atenção nas pessoas que puxavam conversa com ela.

Mais rostos conhecidos apareceram, Edward, Evy, Arya, todos com os olhares tristes. Inspecionando mais a multidão encontrou a general Black conversando com duas pessoas que estavam de costas para ela. Se aproximou mais dela, cortando a multidão, as duas garotas com que ela falava ficaram em silêncio esperando alguém falar alguma coisa, elas eram estranhamente familiares, mas não conseguia lembrar de onde já tinham visto.

Como ninguém falava nada, ela aproveitou a oportunidade para despejar as novas informações na general.

— General, eu consegui descobrir o que você pediu.

— O que? Ah, olá Marie.— a mulher encarou Marie com uma frieza absoluta e, quando não obteve o resultado esperado, voltou a falar— Você não percebeu, pela multidão, que alguma coisa importante estava acontecendo?

— O que eu tenho pra te falar também é importante.

— Tá bom.— e se virou para falar com um garoto— Arrume um lugar para essas duas, resolvemos o resto depois, e vocês quatro,— falou para os quatro que tinham retornado da missão— vão descansar, podemos precisar de vocês logo.— a multidão começou a se dispersar e Black se virou para Marie novamente— O que você quer me falar?

— Lembra que você disse para conseguir juntar os pedaços daqueles arquivos que encontramos em Berlim, porque não dava pra tirar nada daquilo?

— Não.

— Bom, você falou para eu fazer isso e bem, foi isso que eu fiz, aqueles dossiês eram experimentos genéticos que estão sendo realizados há bastante tempo e, pelo que eu entendi, só começaram à dar resultados satisfatórios há pouco tempo. Tinha alguma coisa há ver com uma bomba também, mas essa parte eu não entendi, por isso eu acho bom você dar uma olhada.

— Já estou sabendo disso... Espera, uma bomba.

— Eu falei que era importante. Como foi a missão?

— Não foi bem sucedida e ainda perdemos uma agente. Voltando à bomba, uma bomba?

— Bomba não, mísseis carregados de soluções químicas, e não é um, são vários, eu ainda não determinei quantos, mas estão entre cinquenta e cinquenta mil, ou seja, além de destruir praticamente toda vida na Terra ainda vai deixar o planeta inabitável por algumas décadas.

— Por que você não me chamou antes?— Black aumentou o tom de voz e a preocupação.

— Eu tentei te encontrar, mas o seu celular não está online.

—Ok, chame todos os técnicos disponíveis e indisponíveis, e descubram méis sobre isso. O que você sabe? A potência dos mísseis, se já estão prontos, se pretendem lança-los logo, qualquer coisa!

—Como eu disse, eu não sei quantos são, mas sei que, independente da quantidade, vão destruir a vida na Terra. Também sei que ainda faltam alguns últimos ajustes nos mísseis, então o lançamento não vai ser logo.

— Pelo menos isso!

***

Todos os agentes estavam na sala de controle, o que significa mais de setenta e cinco pessoas numa sala que não foi feita para comportar tanta gente de uma vez, mas, como diz o velho ditado, tempos desesperados pedem medidas desesperadas. Cada um tinha seu próprio computador, mas somente os vinte primeiros que chegaram conseguiram uma cadeira e mesa, os outros se acomodaram como foi possível, cerca de vinte pessoas pegaram uma cadeira no refeitório e ocuparam os cantos da sala, os outros se amontoavam sobre o chão, até Lara, que tinha acabado de chegar ocupava um lugar na multidão.

O barulho era ensurdecedor, como qualquer mínimo avanço tinha que ser reportados aos superiores, a cada meio segundo alguém gritava para informar que havia passado por mais uma camada de segurança de qualquer lugar parcialmente útil. As vozes s sobrepunham umas às outras, já que cada pessoa tinha que gritar mais alto que a anterior para conseguir ser ouvida, a algazarra irritava os ouvidos de Marie, que como descobridora do fato ocupava um lugar de destaque, passando os avanços mais importantes aos dois generais que comandavam todo aquele local. Ela havia feito um tipo de quadro de notas com uma das duas mesas digitais, com as informações em destaque e o que ainda tinham que descobrir, Marie ainda tinha que organizar toda a busca da melhor forma possível, para que não tenha mais de uma pessoa seguindo o mesmo caminho para conseguir informações.

Mesmo com toda a bagunça e barulho, Marie via que aquilo fluía numa harmonia surpreendente, todas as pessoas trabalhando juntas, se ajudando e colaborando, tinha uma beleza impressionante, e até uma certa sincronia. À cada minuto avançavam um pouco mais na busca por informações e estavam cada vez mais perto de salvar o mundo. "Salvar o mundo", aquilo parecia coisa de ficção, e não era aquilo que estava acontecendo? Apenas mais um filme que no final faria parte da história humana e viraria somente um fato há mais para entediar estudantes.

Marie estava confiante com o resultado daquela "força tarefa". Os soldados, mesmo não tendo muito conhecimento na área da informática, queriam ajudar de qualquer modo que fosse possível, serviam como garotos(as) de recado, andando de um lado para o outro e tropeçando no tumulto que estava formado ali, outros buscavam documentos, pen-drives, celulares, tablets e outras coisas para os espiões.

— Estamos estreitando os números dos mísseis produzidos.— ela informava aos generais, que faziam ligações diferentes à todo momento e, entre uma ligação e outra, gritavam por silêncio, apesar de que suas vozes eram engolidas pela barulheira— Invadimos o banco de dados WUS, mas não tem nada sobre esses mísseis. A Inglaterra conseguiu nos barrar de entrar no banco de dados principal do país, mas entraram em contato conosco e alegam não saber sobre tais mísseis.— isso continuou por cerca de duas horas, até que um grito tão alto e estridente fez com que todos se calassem.

—SILÊÊÊNCIO!

O olhar de todos na sala se dirigiu à um garotinho, que não devia ter mais de doze anos, ainda gritando em cima da uma cadeira e com um tablet na mão.

Ao perceber que a atenção estava voltada para ele, o garotinho desceu da cadeira calmamente e se dirigiu às duas mesas, saltando as pessoas no caminho. Estranho, pensou Marie não sabia que tinham pessoas ainda em treinamento ali, ou será ele um pequeno prodígio? O garotinho já tinha chegado ao lado da mesa digital, tinha os cabelos castanhos e sardas marcando todo o rosto. Ele se virou para Black.

—Com licença. — e tocou no tablet.

Então as duas telas digitais que cobriam a parede mostraram as duas o mesmo mapa, com múltiplos pontos piscando amarelos por todo mundo, e um ponto, na Alemanha, piscando vermelho, deste, vários pontos bem menores saiam, se movimentavam vagarosamente pelo globo.

—Marie Sweeney, — ela ouviu a voz da general Black chamá-la— você não disse que os mísseis não estavam prontos?— Marie assentiu com a cabeça— E que eles não lançariam os mísseis logo? — ela assentiu novamente, concordando com a general— Então, o que são estes pontos no mapa?

Ela demorou alguns segundos para responder, seus olhos estavam atônitos observando o mapa, o silêncio à impedia de respirar normalmente e seu coração batia tão forte e rápido que ela imaginava que todos na sala podiam ouvir.

— Eu imagino— ela começou pausadamente — que sejam os mísseis.