Negros, tempestuosos, ameaçadores, exigentes. Olhos de um predador pronto para o abate.

Era descomunal, seu calor incendiava até o mais remoto ponto de meu corpo sem a necessidade do mínimo contato. Eu era atraída para ele sem ao menos perceber.

Estava perdida.

Seus olhos eram perigosos. Encarar-lhe era o mesmo que estar face a face com um dragão. Mas, eu não conseguia evitar. Seu corpo chamava e o meu obedientemente o seguia, quer onde fosse. E, por Deus, eram os mais remotos e inóspitos locais que a mente humana poderia alcançar.

Eu não sabia na época, mas o monstro que você era, era mais assustador do que eu poderia imaginar. Em uma turbulenta noite sem lua, eu pude compreender o quão solitária eu vinha sendo, mesmo que não fizesse a mínima ideia de como isso aconteceu. O que seria aquilo em meu estômago, afinal? Mariposas… Ou borboletas? Quiça fossem mesmo vespas, sedentas pela minha carne.

E, aos poucos, a doce garota ingênua cedia espaço para que o invasor tomasse posse de seu corpo, em todos os sentidos. Eu não podia argumentar, estava domada. Você tinha meu coração em suas mãos. O tipo mais doce e entorpecente de veneno.

Você me fez conhecer outros lados de mim mesma que jamais pensei existirem. Foi capaz de quebrar todas as minhas barreiras e me puxar para encarar o perigo de frente, que cruel! Você deveria saber a covarde que eu era e, ainda sim, me jogou nas garras do predador. Nas suas garras.

Seria proposital, ou você nem ao menos se dava conta que, bastasse um olhar, e eu me derreteria inteira a teus pés, como a boba que era? Realmente não percebia que o motivo que encontrei para continuar respirando havia sido você? Não mais existia Lucy se não houvesse um Natsu por trás de todas as intenções.

Você, sem o menor pudor, me fez atraída com todas as forças, me deixando vulnerável ao que mais temia. Sim, eu havia sucumbido. Havia me apaixonado irrevogavelmente por você e me condenava constantemente por isso. Não era pra ser assim, não era pra ser você!

Acreditei que havia sido transformada no demônio que você era, minhas intenções eram somente voltadas para suas vontades. Tsc. Natsu, você ao menos se dava conta do que realmente acontecia. Me pergunto se alguma vez imaginou o poder que tinha nas mãos... Sua capacidade de me amar, indiscutivelmente, enquanto eu odiava a mim mesma por estar sentindo isso por você me fazia pensar no quão fraca fui capaz de ser. O baque foi grande quando finalmente percebi: Você não era o monstro no fim das contas. Era eu, sempre foi.

Me perdoe por não perceber antes. Você não me condenou ao inferno de emoções, como julguei. Você me salvou da ausência dele. Salvou de todas as formas que alguém poderia ser salvo. Eu não merecia e, ainda sim, você o fez. Natsu... Obrigada por me fazer entender.

"E de tantas formas egoístas que me foram permitidas ser, escolhi, exatamente, aquela cujo mais lhe agradava." — Arcanjo.