Nossa História escrita por Isamu H Ikeda


Capítulo 6
Nossa História - Ato 06


Notas iniciais do capítulo

* Demorei né? ;-; Imprevistos tem esse nome por alguma razão, sabem? ;3; usasuahsuahsuahs.

* Sempre planejo em vir aqui e explicar o que aconteceu, mas quando chega a hora eu simplesmente esqueço o que era! e_e Mas bem... Melhor logo postar o capítulo.

* Boa Leitura!



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Demorou muito para que conseguissem dormir. Infelizmente o sono não persistira sequer por meia hora. Eles sabiam que ambos estavam acordados, mas de costas um para o outro, sem coragem de falar alguma coisa. Apenas esperavam e isso já estava os cansando. E aquele silêncio os acompanhava de maneira cruel.

Assustaram-se com um uivo estridente de um cachorro vira-lata que procurava alimento na rua. Então todos os cães da vizinhança puseram-se a dialogar, até que escutaram uma mulher xingar os animais daqueles nomes impossíveis de decifrar que só Shura conseguia entender. Eles riram ao mesmo tempo. A mulher falava tão rápido, mas tão rápido que era impossível não achar engraçado. Não estavam acostumados a ouvirem tantos barulhos noturnos já que o Santuário era um lugar relativamente tranquilo e silencioso. Às vezes sendo totalmente irritante morar lá. Por essas e outras, Aioros gostava de se aventurar pela cidade de Athenas quando era permitido que saísse. Só gostaria de companhia, que nas ultimas vezes lhe foi negada. Só de pensar que o espanhol preferiria ficar fumando com aquele italiano desbocado ficava mortificado.

— Ah, então você também está acordado! – Confirmou Aioros sem alterar sua posição.

— Eu acordei com a gritaria. – Shura respondeu.

— Sei... Seu sono é pesado, Shu.

— Como sabe?

— Eu te cutucava para saber se estava mesmo dormindo. Você nem se mexia...

— Que maldade fazer isso com uma criança...

— Ué, se você não sentia... Não conta como maldade! – Não importava quantos anos Aioros tivesse, ele continuaria sendo um brincalhão. Shura gostaria de ser mais sincero assim, mais descontraído e extrovertido. Ele era o completo oposto do amigo e se sentia mal por isso. Já passara pela sua cabeça que essa diferença os afastaria, mas era justamente isso que atraía um para o outro. Opostos se atraem como dizia o ditado popular. – E você chuta enquanto dorme, sabia? Eu acordava várias vezes com seus chutes.

— Quem sabe eu não estava revidando as cutucadas.

— Não. Você chutava antes de eu beliscá-lo. Mesmo de olhos fechados, nunca errava o alvo. – Dramatizando um pouco, Aioros continuava contando das noites em que era atacado pelas pernas de um garotinho de sono pesado. – Doía tanto... Principalmente quando era entre as pernas...

— Não exagere...! – Shura riu. Afinal era divertido estar junto do outro. Isso ele nunca esqueceu. Só podia estar de fato louco por ter evitado tanto assim a companhia constante do amigo. Querendo se redimir, mesmo que temporariamente, Shura retomou o diálogo. – Já que estamos acordados... Quer conversar?

— Na verdade, quero sim... – Aioros sentou-se, porém não o fitando nos olhos. Mantinha-se fixo em um ponto de fuga no meio do quarto. - Shu, você me odeia agora?

— Claro que não. Por que acha isso?

— Por que você anda estranho comigo. Muito estranho... Me evita, desvia o olhar... Eu fiz alguma coisa errada?

— Não. Não fez nada de errado...

— Então por que você está assim? Aconteceu alguma coisa? Sou seu amigo, pode me contar qualquer coisa, você sabe...

A voz de Aioros era diferente da habitual. Estava fraca, um pouco chorosa, desanimada. Porém o espanhol não conseguia dizer nada. Continuava mudo e imóvel, enclausurado na prisão de pensamentos que ele mesmo criara. Os minutos de silêncio se estenderam e Sagitário, sem mais paciência para isso, pulou em cima dele , ficando cara a cara. Agora Shura não tinha escapatória.

— Aioros, o que você pensa que está fazendo?!

— Vou tirar essa história a limpo! Por que você não responde nada, Shura? O que está escondendo? Diga!

— Por favor, Aioros. Me solta!

— Não vou soltar enquanto não me responder!

Aquilo era um problema. Definitivamente um problema e dos grandes. Um beco sem saída extremamente perigoso. Shura suplicava com o olhar, sem coragem alguma de dizer nada enquanto Aioros o encarava com um misto de seriedade e apreensão.

— Se eu te contar, Aioros, tudo o que acontece comigo, tudo o que se passa na minha cabeça, tudo o que eu sinto... Me pergunto se mesmo assim, você continuaria sendo gentil comigo.

— Por que diz isso? Somos melhores amigos, não somos? Eu sempre te conto tudo sem pensar duas vezes e você era assim comigo também. O que mudou? Me diga, por favor...

— Nada mudou, Aioros... Nada. – Shura respondeu virando o rosto para não voltar a olhar o amigo.

— Não minta. Você anda diferente comigo, então é óbvio que algo mudou. Eu posso ser bobo, mas não idiota. Você sabe disso.

Aioros estava certo. Ele não era idiota. Nem um pouco. Cedo ou tarde ele iria lhe perguntar isso, não iria? Se era doloroso para Shura, assim também era para ele. E o que o capricorniano menos queria naquele momento era machucar o outro. De novo.

— Eu... – O espanhol ainda não olhava-o diretamente – Eu... Eu não sei como dizer isso...

— Dizer o que, Shura?

O mais novo se emudeceu. Seus lábios tremiam e seus olhos se fecharam. A expressão que tinha no rosto era de choro. Ao vê-lo, Aioros assustou-se e o soltou.

— Shura...?

Percebendo que o mais velho o soltara, o espanhol voltou o rosto para cima, abrindo os olhos deixando que algumas lágrimas escapassem. Não sabia que seria tão difícil e horrível dizer o que sentia. Ele forçou um sorriso a sair.

— Sabe? Não sei por que estou chorando... É vergonhoso, não? Um homem como eu chorar assim.

— Não é vergonhoso... Mas por que está chorando?

— Por que dói... Dói carregar essa culpa de ter provocado a sua morte...

— É por isso?... Eu não te culpo, Shura... Nunca te culpei e o que isso importaria agora? Estou vivo novamente! Estou de volta! Estamos juntos outra vez... Não era isso o que você queria?

Por que seu peito estava doendo tanto? Seu coração parecia que ia explodir a qualquer minuto e que morreria outra vez, ou mais duas vezes no mínimo. Por que tudo isso estava acontecendo? Sentia-se confuso. Era mesmo a coisa certa a fazer?

— Era... – Shura disse com a voz falha e com as lágrimas ainda a caírem. – Estar junto de você, Aioros, era o que eu mais desejei desde que te conheci. Eu não me importaria nem de ser uma sombra sua, contanto que eu estivesse sempre perto de ti e que você virasse para mim sorrindo daquele jeito totalmente besta que tanto me cativava. Eu esperava ter isso todos os dias, mas não aconteceu. Você foi dado como traidor, mas na verdade fui eu quem te traí. Te persegui e joguei toda a culpa daquela noite em você... E então você morreu. – Ele fez uma pausa enquanto Sagitário o olhava surpreso e o escutando cuidadosamente. – Você tem idéia do quanto isso dói? Consegue entender por que é difícil para eu olhar seu rosto sem lembrar de nada disso? Que éramos melhores amigos e eu te golpeei pelas costas?

— Shu... Não foi bem assim... Eu sei que você não fez por querer... Você quer que eu diga “Eu te perdoo”? Se isso ajudar eu digo!

— Mas Aioros...!

— Eu te perdoo, Shura. – Ele disse, simulando o melhor dos sorrisos que poderia ter naquele momento. Nisso, sentiu que Shura relaxou o corpo e então se afastou, sentando-se na cama deixando-o livre.

Ainda sem olhar para o amigo, Shura também se sentou de frente para ele. Após agoniantes minutos levantou o rosto para olhá-lo, mas sua expressão não era a que Aioros esperava.

— Sabia que o quê eu mais gosto em você é o seu sorriso?

— Por quê...?

— Por que é bonito de tão idiota. – Ele riu cansado. – Você é bobo, distraído, gentil... Não importa o quão mais velho você seja eu sempre vou te comparar com uma criança. – Shura deu mais uma pausa. Seus lábios começaram a tremer outra vez e desviou novamente o olhar. Pensou que se falasse olhando para Aioros não conseguiria terminar. – Mas é isso que tanto me encanta em você. Por onde passa tudo se anima e as pessoas se tornam tão otimistas quanto você. – Capricórnio não conseguia continuar sem fazer pequenas pausas, algumas para respirar fundo. – Você nunca se abala por nada, ou pelo menos é o que demonstra. Está sempre de pé, dando exemplo para todos os outros. Por mais que a situação esteja ruim, você consegue enxergar o melhor dela e dizer “não se preocupe, tudo vai dar certo”. E você nunca se enganou... As coisas melhoravam. Você... Você encanta as pessoas, mesmo que não tenha intenção e é por isso que tanta gente gosta de você. E... Eu... Eu esperava que você jamais soubesse o quanto é adorado por muitos...

— Por quê? – Aioros perguntou agora mais confuso do que antes.

— Porque... Se soubesse o quanto é fácil para você fazer amigos, talvez preferisse...

— Ter outros amigos? – Aioros o cortou. – Shura, você tem medo que eu te troque por outra pessoa? É isso? – Quem cala consente, e Capricórnio não respondia nada. – Você é o meu melhor amigo! Eu nunca te trocaria por nada e nem ninguém! Mas sendo assim... Me pergunto por que você me evita... Por que se afasta quando me aproximo, por que não conversa comigo como antes ou por que prefere andar com Máscara da Morte, ou Aphrodite, do que comigo... Estou vivo de novo e tudo o que você faz é se afastar. Isso magoa.

— Não é que eu quisesse me afastar... Era... Era medo.

— Medo de que? Do que você tem tanto medo afinal?

— De dizer que te amo.


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Notas finais do capítulo

* E agora Aioros? 8D AOPSKDOPFJOGJDOIFGJ
Até a próxima ;3