Sam Winchester

— Esse era o meu hambúrguer! — Dean se exaltou ao meu lado enquanto esperávamos atrás da coxia do teatro.

— Não. — Respondi pegando o X-Bacon — Esse é o meu hambúrguer.

Dean me encarou como fazia toda vez que não tinha palavras boas o suficientes para me insultar. Um olhar de reprovação que eu já sabia muito bem ignorar.

Enquanto comia o MEU X-Bacon expliquei a ele:

— Você pediu o Cheddar duplo.

— Mas o que? — Dean se indignou — Pelo amor de Deus Sam, X-Bacon e Cheddar duplo? Sério? É claro que escolhi X-Bacon... Você está comendo a droga do meu hambúrguer.

Revirei os olhos enquanto bebia um pouco de coca-cola.

— Você pediu que número?

— Número 7 — Disse Dean decidido — o número do X-Bacon!

Como eu sou mais responsável e prático que o Dean, havia guardado o panfleto com o número de pedidos da lanchonete na qual fizemos o pedido enquanto seguíamos para cá.

Retirei o papel do bolso interno do paletó e o desdobrei. Lá estava a derrota dele escrito em negrito e caps loock:

7 – CHEDDAR DUPLO

Dean alisou a barba enquanto olhava o panfleto que eu tinha orgulho de erguer bem na frente dele.

— Não — Disse ele lentamente — Acho que pedi o número oito... De onde será que eu tirei sete?

Amassei o panfleto com a mão e joguei no rosto dele.

— Você pediu a merda do número sete! — Gritei irritado com ele — Porque? Porque estava dando em cima da atendente e quando ela perguntou o que você queria você respondeu sete que nem um pseudointelectual.

— Você me chamou de que?! — Ele perguntou aos berros completamente irritado com a minha sinceridade.

— Isso mesmo que você ouviu. — Falei agora ajeitando a gravata e o colarinho.

— Não... — Dean falou mais calmo — Eu perguntei do que foi que você me chamou no sentido de que não faço a menor ideia do que signifique pseu... Pseu... Pseu blah blah blah.

Olhei para Dean após um suspiro.

— Pseudointelectual. — Lembrei a ele — Pseudointelectual é o que você é que significa que você foi alguém que não é para impressionar a atendente da lanchonete.

— Ah sim... Saquei.

Dei um sorriso rápido para ele e me virei para terminar de me arrumar.

Dean Winchester

Pseudointelectual. Na próxima nem pergunto o significado da palavra... Sam só me fez ficar ainda mais confuso. No final das contas tive que comer o Cheddar Duplo... Não que eu esteja reclamando, afinal, hambúrguer é hambúrguer, mas... Como queijo cheddar é queijo cheddar, bacon é bacon... E, todo mundo sabe que bacon que é bacon é melhor que queijo cheddar... No final das contas... X-Bacon sempre virá antes do Cheddar duplo.

Série do dia:

Bom, depois de uns trinta minutos saímos da coxia direto para o palco. Os holofotes já estavam ligados e posicionados para nossas poltronas e também para o sofá dos convidados. E dessa vez eu sabia quem iriamos entrevistar... Afinal, o cara tinha meu respeito... Seu nome é Oliver Queen... E ele já pegou muitas mulheres. É um dos meus, o que posso dizer?

O cara da câmera fez um sinal com a mão... O programa iria começar em dez minutos. Me joguei na poltrona e olhei para Sam... Sam estava sentado normalmente, calmo e esperando o programa começar. Olhei para ele novamente.

Esperei.

Esperei.

Esperei.

E NADA! Nenhum sermão... Nenhum “Não fale besteiras, por favor” Nenhum “Se comporte” ou nenhum “ Se sair dos limites te bato com o script”.

— Sam?

Ele me olhou.

— Você está se sentindo bem?

Sam franziu o cenho.

— Claro que estou. Porque?

Dei de ombros.

— Não vai pedir para que eu me comporte ou que leia o script? — Perguntei fazendo com que ele revirasse os olhos.

— Desisti disso — Falou ele — Apenas peço para que fique calado... E, caso não fique... Eu irei ignorá-lo... Exatamente como fez a Miss Cheddar Duplo da lanchonete da esquina.

Sam sorriu e se virou novamente. Agora essa...

Quando finalmente o programa começou Sam foi o primeiro a falar... Como sempre.

— Olá, eu sou Sam Winchester!

— E eu sou De...

— Sejam bem vindos a segunda entrevista de Os Winchester Perguntam — Sam me interrompeu.

Olhei para ele super sério. Ele não deixou eu falar o meu nome... O meu NOME. Mas que merda é essa? E a produção? Fez alguma coisa? Fez? Claro que não! Depois o Dean reclama o Dean é chato! Porque o Dean é isso o Dean é aquilo...

— E hoje vamos entrevistar Oliver Queen vindo diretamente de Starling City! — O senhor “ Sei falar sozinho” continuou.

Aplausos e mais aplausos. Gritos, assovios... E uma platéia cheia de garotas com fogo gritando GOSTOSO. Isso tudo deveria ser para mim! Mas o que? Ah é... O Dean pode ser ignorado.

Oliver se aproximou, tinha cabelos bem aparados e castanhos claros. Olhos azuis e usava terno, mas não gravata.... Nada de gravata. Se fosse o Dean aqui sem gravata ele estaria sendo crucificado agora mesmo... Mas tudo bem, não é?

Veio mais gente com ele... E isso foi ótimo! Digo ótimo mesmo! Vieram com ele mais duas mulheres... Duas ótimas mulheres... E um cara desnecessário, mas como não sou o Sam, não irei ignorá-lo só por ser homem.

Oliver se sentou no sofá ao seu lado esquerdo sentou-se uma das mulheres... Tinha cabelos castanhos e lindos olhos... Como todo o resto. Ao lado direito se sentou a outra... A loirinha... Usava óculos e também tinha lindos olhos como todo o resto... E, falando em resto, o outro homem sentou-se na ponta... Não entendo como esse pessoal de Starling City se parece tanto com heróis de HQ, olhos claros, se é homem é bombado se é mulher é gostosa... Não que eu esteja reclamando, claro que não.

— Seja bem vindo Oliver — Sam se esticou para apertar a mão dele.

— Espero que não se incomodem — Oliver falou — Já que queriam saber mais sobre minha vida achei que seria melhor traze-los aqui também.

Ele olhou primeiro para a da esquerda.

— Essa é a Laurel Lance... Ela é a minha...

— Ex namorada — Ela falou mais rápido.

— Amiga. — Ele olhou para ela e os dois sorriram sem graça.

Daí então ele olhou para a loirinha.

— Esta é Felicity Smoak, minha secretária.

— Não que eu só saiba atender telefonemas, sou muito mais do que isso — Ela falou tão rapidamente que eu me perdi no meio do caminho — Até porque esse garotão aqui — Ela bateu na perna de Oliver — não seria nada sem mim...

Oliver a olhou como se pedisse para ela ficar quieta.

— Ah, claro! Desculpe, as vezes eu acabo falando demais quando estou nervosa, nada que eu não possa controlar, não é Oliver? Falando em você, porque não apresenta o Diggle para eles e...

— Certo Felicity — Oliver sorriu e apontou para o resto da ponta... Digo, o outro homem. — Este é John Diggle, meu guarda-costas.

Ia perguntar algo muito importante, mas Sam me cortou novamente. Fica para a próxima...

— Ah, isso é ótimo, de verdade... Sejam todos muito bem vindos. Mas vamos logo com a entrevista.

Oliver assentiu.

— Todos já sabemos que você passou cinco anos em uma ilha após o náufrago que causou a morte de seu pai...

— Ah, por favor... Não se esqueça da morte de Sarah Lance... Minha irmã — Falou Laurel interrompendo Sam... Naquele momento eu senti que as coisas iriam ficar boas.

— Laurel... — Oliver a chamou, mas ela ignorou ela que nem o Sam faz comigo. Engraçado quando é com os outros.

— Sabe, naquele tempo nós ainda namorávamos... Mas ele me traiu com a minha própria irmã naquele maldito barco onde ela também morreu... Linda história, não é mesmo?

— Sensacional! — Falei olhando para ela interessado — E... Vem cá...

— Vocês ainda acham que eu falo demais... — Falou Felicity com Oliver e Diggle — Tudo bem, eu não sei mentir, mas é óbvio — Ela riu sozinha — É óbvio de que ela não sabe como dizer uma verdade...

O silêncio se formou e todos olharam para ela que parou de rir ajeitou os óculos e uniu as mãos se calando.

— Como eu ia dizendo... — Comecei de novo, mas dessa vez Sam me interrompeu.

— Ok — Disse ele no tom que sempre usava quando uma conversa se tornava desconfortável e ele tentava fingir de que não havia acontecido nada de tão ruim. — Então Oliver... Como foi passar cinco anos naquela ilha? Ouvi dizer que você voltou mudado.

— Mudado? — Perguntei para olhando para o Sam — Pelo amor de Deus, né? O cara saiu do conforto, do luxo, do dinheiro, da tecnologia, das mulheres e da comida para ficar cinco anos numa ilha furreca que não tinha sinal, gente decente, paz, dinheiro, festa, farra... Você está perguntando para ele... Um milionário de Starling City se ele voltou mudado? Ele não voltou mudado, voltou renascido! Aposto que é uma pessoa totalmente diferente e de novos conceitos agora.

Sam me olhou surpreso e chocado. O resto do pessoal de Starling City, principalmente Oliver, Felicity e o resto, digo, Diggle... Nossa que engraçado, digo Diggle, nome zoado, vou chamar ele de John mesmo... Mas isso soa meio íntimo... E nunca irei querer ser íntimo dele... Jamais... Mas Diggle... Que nome mais... Aiai, é cada uma...

Quando paro para observar o ambiente ao meu redor e não em minha mente noto que estou rindo dos meus comentários mentais e que todos estão me olhando rir como um babaca.

Paro de rir e volto ao assunto, olhando para Sam.

— Sim Sam, eu li a matéria que deixaram para a gente hoje... Viu? Quem é o irresponsável aqui? As pessoas mudam sabia? Oliver Queen é a prova disso!

Oliver, Felicity e Diggle... Aaaaah, vou chamar ele de resto mesmo! Enfim, Oliver, Felicity e o resto me olharam meio desconfortáveis.

— O que você quer dizer com isso? — Felicity, a secretária perguntou rápido como só ela consegue falar — Não é em toda Ilha que se encontram maníacos que te fazem ter que lutar pela sobrevivência matando e se torturando. Por favor — Ela riu nervosa — Quem te disse que Oliver era o vig... — O resto começou a tossir como um louco como se tivesse se engasgado.

— O que você ia dizer? — Sam perguntou

Felicity era observada por todos... Oliver mandava um olhar sério para ela.,..

— É Felicity, o que ia dizer?

Ela riu nervosa novamente ajeitando os óculos.

— Eu ia dizer... Dizer vigia, VIGIA! — Ela riu balançando a cabeça — Quem foi que te disse que Oliver havia se tornado vigia?

Olhei para ela começando a achar que ela estava sob efeitos de droga.

— Ninguém me falou nada sobre vigias... EU não falei nada sobre vigias — Expliquei a ela.

— Que bom... — Disse ela — Porque ele não é.

E... Se aquietou.

Voooooltei a olhar para o Sam... Mas que droga, todo mundo resolveu me interromper nesse programa.

— Então Sam — Ele me olhou — Não acha que todos mudam? Que eu mudei para ser um apresentador melhor? Eu li o script e a matéria sobre o entrevistado... Não acha que eu mereça participar desta entrevista e fazer perguntas ao entrevistado também?

Sam suspirou.

— É, acho que você merece... Pode perguntar.

— Que ótimo! — Falei me virando para Oliver novamente — Estou querendo perguntar isso desde que vocês chegaram...

Oliver se ajeitou no sofá pronto para ouvir minha pergunta.

— Então... Atualmente — estreitei os olhos — Qual das duas você está pegando?

Sam passou a mão pelo rosto com tanta força que quase arrancou o nariz... Oliver pareceu ficar constrangido, mas não mais do que a secretária dele, Felicity.

— O-o que eu e Oliver temos é muito firme e estável — Felicity reveu sua pergunta — Quero dizer... No ramo profissional, claro.

— Eu e o Ollie somos apenas bons amigos agora. — Respondeu Laurel.

Quase sorri com isso... Na verdade, acho que sorri com isso.

— Então... Não tem nenhum envolvimento com as duas? Tipo... Emocional... Carnal...?

— Dean!

— Ai!

Sam me deu outro tapa... Dois tapas na nuca em uma semana UMA semana. Só porque ele é calmo e delicado não significa que ele não tenha uma mão pesada!

— Desculpem por ele... — Pediu Sam — Isso tudo é ódio reprimido porque ele é adotado.

— Mas como é que é? — Perguntei virando para o Sam. Agora deu para ficar nessa...

— Tudo bem — Respondeu Oliver — Estou acostumado a lidar com esse tipo de gente em Starling.

— No escritório — Disse Felicity afobada — Não nas ruas... E... Ok.

Mais uma vez calada.

— Então — Sam continuou — Todo mundo já ouviu falar sobre o Vigilante de Starling City... O que ele é para vocês... Quer dizer, já chegaram a pensar que você era o vigilante, não é mesmo Oliver?

— Ah — Ele sorriu — Sim, o vigilante... Muitos acham que ele seja uma ameaça para Starling City, mas eu não vejo por esse lado! Na verdade... Ele tem ajudado a todos, mas ninguém muitos poucos enxergam isso.

— Eu já acho o contrário — Respondeu Laurel Lance — Se ele fosse uma boa pessoa porque se esconderia debaixo do capuz? Sou advogada e meu pai é chefe da polícia... Já pegamos vários casos em que o vigilante matou os alvos. Certo, eram ladrões ou psicopatas, mas esse é o dever da polícia. O vigilante apenas mata e pensa que por isso resolve os problemas de Starling.

— Eu concordo com você! — Respondi piscando para ela... Ela me ignorou, mas levei na esportiva já que ela não era a primeira do dia.

— Bom, e vocês dois? — Sam perguntou para Felicity e o resto.

— Eu não sei quem é o vigilante! — Respondeu Felicity.

— O que acham do vigilante de Starling City? — Sam esclareceu a pergunta.

— Ah, claro! — Ela riu — Bom... As vezes ele me contata... para ajudar, sabe? Como eu falei não sou apenas uma secretária que atende telefonemas e muito menos que serve café... Muitas vezes ajudo na identificação e localização dos alvos do vigilante.

— Nossa! Você é boa em resolver casos então? — Pergunto a ela.

— Não diria resolver casos, isso soa meio Scooby-Doo, mas... Sim, me dou bem nessas coisas.

— Ótimo! — Me exalto — Então, quero pedir um favor seu... É muito importante. Isso que aconteceu comigo me deixou realmente traumatizado.

Sam me olhou e os outros também... Curiosos.

— Na verdade, acho que vocês duas — Aponto para Laurel que é advogada — Poderiam me ajudar... Sabe... É triste dizer isso, mas...

Passo a mão pelos cabelos tornando o momento dramático.

— Eu pedi a merda do X-bacon na lanchonete da esquina e o Sam disse que pedi Cheddar Duplo! Isso é uma calúnia! Será que vocês poderiam hackear a câmera da lanchonete ou investigar profundamente este caso?

Todos parecem decepcionados com o que eu falo e outros pensam até que sou louco.

— Olá! — Falo com eles — Eu perdi um X-Bacon aqui! Isso é emergência de nível A!

— Desculpe, mas posso corrigi-lo? — Pergunta o resto.

— Vai em frente rest... Digo, Diggle! — Mordo a língua para não rir, mas acho que ele não nota.

— Trabalhei para as forças especiais... Esta não é uma emergência nível A... E sim nível I... Idiota!

O pessoal ri, a platéia também... HA HA HA, muito engraçado, nossa!

Fecho a cara para ele e de repente decido falar umas verdades para aquele pessoalzinho de Starling City.

— Olha aqui — Me levanto da cadeira — Eu me recuso a continuar esta entrevista! Sabe o que eu realmente acho de todos vocês? Vou começar por você resto! Quem você chama de idiota? É só um guarda costas! Eu caço demônios já vi anjos e demônios e... Posso ficar a vida toda falando como sou mais foda do que você, mas vamos falar da outra pessoa... Felicity!

Diggle me olha sério como aqueles bandidos de gangue do jogo GTA.

Felicity quando vê que gritei seu nome ela se assusta.

— Eu acho você gostosa! E é só isso que acho de você... Oliver!

Aponto o indicador para ele e ele se levanta ficando um pouco mais alto do que eu, mas não me intimido pelo fato dele ter uma cara de cão raivoso muito ruim.

— Você é o pior Playboy Bilionário que já vi no mundo! Parece uma planta morrendo! Não curte, não grita e não pegou a secretária ainda! Que tipo de ser humano é você?!

Olho para Laurel.

— E você Laurel... Porra Laurel! Você também é gostosa e é só isso que acho!

Terminado tudo, me jogo na poltrona emburrado como uma criança de dez anos que viu que não tem leite em casa para preparar o Nescau e cruzo os braços.

Sam me olha feio, mas depois olha para os convidados na esperança de que tudo se ajeite.

— Me desculpem, mas tenho que me retirar — Oliver avisa — Essa entrevista foi... É.

Ele se levanta, não olha para mim e desce do palco ajeitando o terno calmamente. Os outros três permanecem meio perdidos no sofá.

— Bem — Sam começa ajeitando a gravata no pescoço como se ela o sufocasse — Acho que podemos prosseguir sem o Oliver!

— Acho que isso tudo está indo longe demais. — Responde Laurel.

— Acho isso tudo ridículo — O resto fala me encarando. Olho para ele de canto de olho e permaneço emburrado.

— Mas... Então...

Sam é interrompido quando ficamos no escuro, todas as luzes se apagam como em um bleckaout e escutamos o câmera praguejar dizendo que estamos fora do ar.

Quando as luzes voltam novamente vejo um treco verde segurando um arco e flecha... Não, não é um treco verde, é uma pessoa de roupa verde... Capuz... Arco... Aaaah! Deve ser o tal do vigilante que estavam falando...

— Dean Winchester — Ele fala com uma voz meio zoada grave demais estranha demais monstruosa demais enquanto mira a flecha em minha humilde pessoa. — Você falhou com este programa!

— E lá vamos nós — Diz Felicity se ajeitando no sofá.

Laurel se levanta de imediato do sofá surpresa por ver o Vigilante que tanto quer prender e blah blah blah... Esse programa está com um ar dos seriados da CW hoje. Terrível isso...

Sam parece uma criança abestalhada de boca aberta vendo seu herói favorito ao vivo e em verde.

— Eu falhei com o programa? — Me levanto olhando para ele — Até você? Vem cá... Será que é demais perguntar ao Dean se está tudo bem, sei lá... Tipo “Nossa Dean, como foi seu dia?” Ou então “Poxa Dean, sinto muito pelo X-Bacon!”

O vigilante puxa o arco a flecha preparando para soltá-la em minha direção quando olho bem para ele....

— Eeei! — Falo apontando o indicador para ele — Eu te conheço de algum lugar!

— O que? — Felicity se levanta — Claro que ele não estava aqui, eu não conheço ele... Ninguém conhece ele … Quer dizer... Ninguém sabe quem é que está por debaixo do capuz.

O resto puxa Felicity pelo ombro e ela volta a se sentar no sofá.

— Isso! — Falo me lembrando — Você é parecido com o Arqueiro verde do HQ que eu lia quando era menor.... Sabe, o arqueiro verde que — Começo a rir.

— Qual é a graça? — O vigilante me pergunta sem abaixar a flecha.

— É que no HQ o nome real do Arqueiro verde era Oliver Queen... E a gente estava entrevistando um cara aqui meia boca que tinha o mesmo nome...

Sam balança a cabeça negando e vejo que ele pronuncia a palavra “idiota” silenciosamente para mim. Ignoro.

Mas aí observando a cena paro de rir e olho para o restante dos convidados...

— E sabe o que mais? — Pergunto — No HQ ele também namorava com uma mulher chamada Laurel Lance.... Que nem você!

Laurel me olha como se fosse louco. E vejo que Felicity começa a se desesperar enquanto o resto fala algumas coisas para ela.

— É... E depois ela se torna a Canário negro com aquele grito supersônico e tudo mais... Realmente muito engraçado tudo isso, não acham?

— Ér... — Sam se levanta — Acho que está na hora de encerrarmos o programa. — Ele vai até o câmera principal e se despede — Bom pessoal, apesar de tudo espero que tenham gostado do programa de hoje com a super atuação do Dean... Que, não fez de propósito, era apenas atuação... E, está tudo certo, é isso aí, até a próxima!

A câmera é desligada e o pessoal da platéia e dispensado para fora do teatro. Sam sai que eu nem vejo e eu fico sozinho... Ou melhor... Eu e o Arqueiro verde, Vigilante, capuz... Sei lá o nome dele... Ficamos sozinhos.

— Acho que está na hora de livrar este programa de ameaças como você! — Diz ele com aquela vozinha ferrada que mais parecia a voz do boneco Billy do filme Jogos Mortais.

— Então — Diggle dando um passo para trás... Quero dizer, digo. — Acho que agimos todos de forma equivocada... Mas eaí? Esse tom da sua roupa é inspirado na do lanterna verde ou...

Ele solta uma flecha que passa rasgando meu paletó e é nessa hora que eu vejo que é a hora certa para correr.

E pensar que tudo só piorou depois do X-Bacon.