Shelter escrita por MayChan


Capítulo 16
Youth


Notas iniciais do capítulo

Kya aa a, óia eu aqui já de volta pro cês meus lidjos ✧ᕦ(◕ヮ◕ˇ)ᕤ✧
Finalmente to de férias, a l e l u i a, isso significa que eu voltei a ter tempo para escrever mais tuts tuts ╮(─▽─)╭ Mas por enquanto, quero que apreciem esse ~extra~ que eu havia prometido e, aliás, queria muito escrever, que conta mais sobre a May. Acho que vão ter mais dois ao longo da história, contando como tudo isso acabou e, quem sabe, eu coloco um lemon ai no meio, não sei ainda щ(ಥДಥщ) But, é isso ai, ele foi escrito em 1ª pessoa, perdão aos que não apreciam muito esse tipo de narrativa, mas é que se trata de algo muito pessoal pra se passar na 3ª pessoa.
A música do capítulo é Youth, da Daughter ♡ e bom, eu simplesmente amo essa música e acho que ela passa tudo o que ficou nas estrelinhas do capítulo pela sua sombriedade e acima de tudo, honestidade.
Espero que gostem do capítulo e boa leitura ♡



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[música]

If you're still breathing, you're the lucky ones

(se você ainda está respirando, está entre os sortudos)

'Cause most of us are heaving through corrupted lungs

(porque a maioria de nós está ofegando com pulmões danificados)

Setting fire to our insides for fun

(incendiando nosso interior por diversão)

Sugihiro’s POV

Sabe, chega uma hora na nossa vida que nos perguntamos o que estamos fazendo aqui. Quero dizer, por que fazemos o que fazemos e chegamos onde estamos. Aomine ter ido embora apenas me lembrou de fazer-me essa pergunta mais uma vez.

Flashback on.

—Por que ele me deixou ir? – perguntou Daiki quase para si mesmo dando uma tragada no cigarro e tossindo logo em seguida.

—Não sei – respondi mórbida e levemente intoxicada com o forte odor de tabaco.

Só obtive um resmungo em resposta.

Flashback off.

Mentira. A mais pura mentira que eu disse. Sabia mais que bem o porquê dele ter o deixado ir. Amor. E isso... isso fode a nossa cabeça.

Sabe, eu nunca contei muitas coisas sobre mim pra ninguém que eu conhecia, elas são particulares e, sendo assim, deveriam permanecer somente para a minha pessoa.

Essa conversa eu tive uns dois dias antes da partida do Aho. Odiava mentir pra ele, porque mesmo com aquela carranca que carregava, sabia que ele ao menos era muito honesto e sincero com tudo que contava pra mim e eu particularmente admirava essa coragem dele de não ter vergonha da sua história e de tudo que aconteceu nela.

Esse dia, só nesse único dia eu me permiti ser honesta ao menos uma vez com ele antes de ir. Era o mínimo que eu podia fazer. Pode parecer um tanto estúpido e egoísta da minha parte, mas ter roubado um cigarro do maço dele também foi e o gosto é bem amargo, diga-se de passagem.

Nunca fiz questão de lembrar o passado, então creio que não lembro onde tudo começou. Talvez quando minha mãe ficou doente e meu pai perdeu o emprego. Talvez quando eu me apaixonei pela primeira e, arrisco dizer, única vez. Ou então quando me vi sozinha com a minha irmã a mercê da grande Tókio sozinhas. Não me levem a mal, mas essa vida que o Aho e o Kise conhecem nunca me pertenceu.

Meus pais nunca tiveram muito dinheiro, apenas o suficiente. Mamãe era professora, e eu nunca perdi a mania de chamá-la assim. Não me levem a mal (novamente), queria poder descrevê-la ou até mesmo falar seu nome, mas tudo isso me fugiu a cabeça há muito tempo atrás. Meu pai era um faz tudo, trabalhava em qualquer lugar que pudesse. Não lembro sua imagem, ele sumiu há muito tempo, mas às vezes juro que ouço sua voz nos meus pesadelos me mandando acordar para a vida. Sim: acordar para a vida.

Que vida?

Sabe, nunca gostei muito de cigarros. Pra falar a verdade, os odiava profundamente. Minha mãe morreu, eu tinha treze anos e minha irmãzinha Yui tinha três. Nós não fazíamos a mínima ideia do que estava acontecendo. Uma semana depois de ela morrer meu pai falou que ia comprar um maço de cigarros na padaria e nunca mais apareceu (sim, minha relação complicada deriva-se desse insignificante detalhe). Digo, todo o mês chega um envelope com uma pequena quantia em dinheiro de um remetente escrito “Papai”, talvez seja por isso que não lembro mais seu nome e creio também que Yui nunca vai me perdoar por isso. Lamento profundamente, mas talvez as coisas sejam melhores assim.

Ou não.

Também não penso muito nisso.

Mas lembro-me perfeitamente do dia em que ela se foi. Não falo da minha mãe, falo de algo mais... rosa. Aliás, fui daltônica quando criança, tudo na minha vida era rosa por causa dela. Ainda lembro seu nome: Momoi Satsuki, era minha única e melhor amiga. Não, eu não me excluía na escola, mas crianças também podem ser muito cruéis quando você não tem brinquedos de última linha para se juntar as suas rodinhas. E não, não morri por isso, pois eu tinha uma amiga. Um amor de criança inocente e verdadeiro [...] até o dia que deixou de ser inocência. Creio que a maioria das garotas de doze anos espera por um príncipe encantado, eu esperava por uma kawaii irritante me abraçando e jogando conversa fora no caminho de casa. Nós éramos vizinhas, ela morava no apartamento em cima ao meu, na cobertura do prédio. Nos termos gerais ela era linda, os pais tinham dinheiro e era inteligente: tinha tudo pra ser popular, mas preferia andar comigo. Sou grata por ter tido ela na minha vida e falo sério quanto a isso.

Flashback on.

Era um dia estúpida e ironicamente ensolarado (creio que eu não era tão cínica naquele tempo), e a única coisa que pairava na minha cabeça é que ela estava indo embora exatamente daqui a algumas horas. Lembro-me de sair do apartamento logo cedo dando bom dia à Mamãe, que já estava deitada na cama porque mal conseguia se manter em pé – aquilo era muita crueldade com alguém tão dócil – e então fui para o andar de cima.

Logo não reconhecia o apartamento vazio. Sem os móveis bonitos e meia dúzia de tapetes que cobriam quase todo o chão, e o quarto dela, que agora só restavam as paredes rosa. E acredite quem quiser que, antes dela, eu odiava essa maldita cor. Como eu disse: esse sentimento fode nossa cabeça, mas eu era jovem demais, era tudo muito bonito e doloroso, era o charme da coisa.

Ela estava terminando de fechar uma caixa grande de papelão, ou ao menos tentando.

—Quer ajuda Mo? – perguntei da forma mais animada que pude.

—Por favor! – ela exasperou com toda a sua inocência.

Sim, era a descrição perfeita pra ela naquele momento: inocente. Completamente inerte a tudo que ocorria a sua volta. Apenas seguia o fluxo das coisas sempre com esperança de tudo.

Fechei a caixa afinal e ela se sentou em cima ficando exatamente da minha altura.

—Há-há, olha Sugi, eu fico da sua altura sentada! – e me olhava de forma boba esperando eu encará-la séria, pois tudo que ela queria era simplesmente me irritar – Preciso te falar uma coisa...

—Oe pode falar – a inocente ali era eu, pobre coitada.

—Eu não posso gritar, chega mais perto baka! – limitei a me aproximar – [...] Eu te amo chata! – disse dando um singelo beijo na ponta do meu nariz.

“Inocente” pensei.

—Eu também te amo Bakasuki – disse rindo da sua cara emburrada pelo apelido composto.

—Humpf eu sei – disse de forma convencia e por um momento minha espinha gelou, algo não parecia mais com aquela voz infantil de sempre – Da mesma forma que eu!

Eu estava decidida a contar pra ela, mas... ainda não havia especificado nada, o que ela queria dizer com aquilo afinal?

E então pela primeira vez a inocente ali era eu.

—Não... acredite – disse de cabeça baixa.

Ela rebateu com um olhar tristonho que logo se transformou em surpresa quando pus uma mão em sua bochecha e a beijei. Sim, eu fiz isso. E ainda mais: teria me arrependido para o resto da vida se não o tivesse feito.

—M-Me desculpa! – falei quando finalmente cai em mim.

Ela soltou uma risada leve entre suas bochechas, que se encontravam tão vermelhas quanto as minhas naquele momento.

—E-eu te amo May – gaguejou tão baixo que se eu não estivesse tão atenta a cena, não teria escutado – Me desculpa por ir.

Era definitivo: tão inocente quanto ela, era eu. E aquilo tudo era o início do fim.

A mãe dela logo chegou pegando duas das caixas que estavam no quarto e descendo, nos assustando. Seu pai fez o mesmo. E nós ficamos lá, em silencio, encarando uma a outra até não haver mais nada naquele quarto além das paredes rosa e o carpete de madeira. Nos despedimos uma última vez quando a vi indo no banco de trás do carro, singelos acenos e então ela desapareceu da minha vida pra ficar somente no meu coração.

Eu estava decidida que odiaria tudo dali pra frente: a vida, o vento, a terra e todas as pessoas nela menos aquele ponto rosa no meio da multidão. E então Mamãe morreu algum tempo depois. Em uma semana, meu pai foi comprar seus malditos cigarros. E então aprendi o significado real de “acordar para a vida”: eu trabalhando em dois empregos de meio período à tarde e à noite enquanto terminava os estudos de manha, cuidando de uma irmã pequena e contando dinheiro pra comida e coisas que precisássemos até o próximo mês.

A única coisa que restou foram os jogos de basket aos sábados, que ela tanto amava e me ensinou a amar também. Mas eu não tinha mais uma televisão, pois precisamos vendê-la um pouco antes da sua mudança pra pagar o tratamento da Mamãe. Numas férias, consegui emprego numa lanchonete no centro que pagava um pouco mais e onde tinha uma televisão enorme e o dono adorava basket e então todos os sábados voltaram a ser dia de jogo. Qual não foi a minha surpresa: um pontinho rosa na Winter’s Cup como treinadora da Academia Tōō e seu novo astro, ex-membro da Geração dos Milagres: Aomine Daiki. Uma das três melhores de Tókio.

—Satsuki... – sim, eu ainda lembrava seu nome.

Flashback off.

E então chegamos aos dias atuais, onde eu conheci o Aho e consequentemente, Kise.

Mais especificamente, na conversa que tivemos dois dias antes dele pegar aquele maldito voo pros Estados Unidos. Bafo de uísque e muita fumaça foram regados pra se ter a coragem de falar tudo aquilo. Realmente não esperava que tudo aquilo fosse sair da minha boca, ele já tinha até desistido de me perguntar, mas, como eu disse, esse era o dia sem mentiras.

Flashback on.

—Hm então quer dizer que você ama minha melhor amiga?

—Melhor amiga? – perguntei meio perdida.

—Hai, melhor amiga. Desde que ela entrou na Teikō e mal tinha peitos – falou com certo descaso.

Dei mais um gole da bebida adocicada, ele sutilmente virou o copo todo.

—Hm, sem querer ser língua dura, mas então porque nunca vi vocês juntos? – aquilo estava me corroendo.

—Por quê? Você queria? – perguntou me olhando maliciosamente.

Rimos.

—Aho – isso havia sido um “sim” disfarçado.

—Brincadeira baixinha – ugh – Ela foi viajar no final do ano passado, ver os pais, logo no nosso primeiro dia finalmente livres daquele inferno.

—Quanta animação...

—Você nem imagina – mais irônico impossível – Ei...

—Diga – terminei de virar meu copo, já podia ouvir os sinos na minha cabeça.

—Me promete uma coisa? – ele parecia receoso ou com medo, sei lá, eram tantas emoções numa feição só.

—Claro, desde que eu possa cumprir – brinquei com ele, que por sua vez deu uma tragada extremamente profunda.

Nós éramos uma cena deplorável de ser observada, realmente.

—Cuida deles por mim, por favor – ele já falava baixo encarando fixamente um canto aleatório do quarto.

—Deles?

—Meu Kise e a rosada...

Tirei o cigarro de sua boca e trouxe seu rosto na direção do meu, encarando-o.

—Farei o melhor que eu puder – sorri confiante e então beijei sua testa.

Flashback off.

Nós éramos bombas relógio, prestes a explodir e acertar aqueles que amamos.

(suspiro)

And if you're in love, then you are the lucky one

(e se você está apaixonado, então você é um sortudo)

'cause most of us are bitter over someone

(porque a maioria de nós está sofrendo por alguém)

Setting fire to our insides for fun

(incendiando nosso interior por diversão)

To distract our hearts from ever missing them

(para distrair nosso coração de qualquer saudade)

But I'm forever missing her

(mas eu sempre sentirei falta dela)


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Notas finais do capítulo

Nee, como vocês acham que vai ficar esse meu OC? hein hein? Vinga ou não? Ainda é amor recíproco? Ou só lembrança? (ノ゜ω゜)ノ tcham tcham tchaaaam

Obs: os Extras são intercalados com os capítulos normais e são sobre SatSugi, então não se preocupem que logo terá AoKise de volta pro cês ∩(︶▽︶)∩

Obs autora 2.0: atualize ee i foto do perfil tuts tuts
—De novo?!?!?! (┛◉Д◉)┛彡
—Novamente ☜(⌒▽⌒)☞