A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 31
XXXI - Cry


Notas iniciais do capítulo

{"Essa garota é muito esquisita,
O que será que há com ela?
Sonhadora criatura
Tem mania de leitura,
É um enigma para nós a nossa Bela"
Só eu me reconheço com a Bela? *ri*}



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Pov. Ian

Vou esperar por você em todo lugar, mesmo sabendo que não vai voltar

A vida é uma grande merda.

Me reprimo mentalmente pelo uso da palavra, não que merda fosse palavrão, nem nada, mas sim porque não deveria usar esse tipo de palavra agora...

Ou melhor, não deveria usar palavra nenhuma e sim procurar a minha cova.

Aquilo doía, sabe? Aquela merda de órgão que fica no seu peito... Eu queria matar algum por simplesmente ter inventado o ser humano e...

Por Gideon, como isso é ridículo, provavelmente não existe “alguém” que inventou o ser humano, além daquele maldito Destino, que segundo algumas pessoas faz e refaz o que quer com a vida dos seres humanos.

Não era como se eu estivesse em humor para discutir sobre a história de como o mundo foi criado, etc. Isso me faria muito Ekat... Eu queria era fazer o que um Lucian faz quando precisa relaxar.

A bala acertou em cheio o alvo, fazendo um perfeito circulo no boneco de tamanho humano. Aquilo não parecia funcionar! De todas as maneiras tentava retirar certos pensamentos da minha cabeça... E era horrível, massante, constrangedor... Como eu não consegui, em nenhum segundo, parar de pensar naquela ruiva? Eu não sabia mais o que fazer...

— Essa foi bem no alvo, Ian — disse Natalie, forçando uma falsa animação na voz. — Cadê o sorriso de vencedor?

— Na cara de alguém que possa utilizá-lo... — Murmurei em resposta. Eu e Natalie estávamos a quase duas horas no centro de treinamento Lucian, os dois fazendo de tudo para “esquecer” certos irmãos Cahills... Ah, como a vida era um tremenda merda!

— Talvez... Você deva parar de pensar um pouco e... — Natalie colocou os cabelos escuros para trás da orelha, revelando um rosto cansado e triste, como no dia em que Isabel foi presa.

— Talvez você também. — Respondi ríspido, sabendo que Natalie iria me perdoar devido a situação... Não era natural de um Lucian sofrer, muito menos era da natureza de um Lucian amar... Porém, aqui estamos, os herdeiros do “trono Lucian” sendo destruídos.

— Sei o que está pensando — falou Natalie, pegando uma arma e se colocando ao meu lado — “Amar é destruir, e ser amado é ser destruído”. — Citou ela. — Quando iremos aprender? — ela atirou duas vezes, e, é claro, acertou em cheio.

— Eu não amo ninguém. — Quando disse isso, meu coração se contraio e eu recuei alguns passos, tentando normalizar a respiração.

— Não deves mentir para sua irmã. — Natalie disse, me observando pelo canto do olho. — Não é como se eu não soubesse o que se passa no seu cor...

— Natalie! — Bradei. — Não importa, ok? Ela foi clara... Não confia em mim e eu não preciso. — Natalie bufou, largando sua arma e me fuzilando com seus olhos cor de âmbar. Era incrível como estávamos a ponto de enlouquecer, com o pior humor do mundo e totalmente grosseiros um com o outro.

— Ian! A última pessoa para quem deve mentir — disse ela, segurando meu braço e olhando-me intensamente. — Sou eu. Eu sei o que está acontecendo e se me deixasse ajud...

— Não quero ajuda, Natalie — embora tudo que eu quisesse fosse ajuda. — Já chorei demais, me machuquei demais... Eu não consigo acreditar em nada... Sou um Lucian, não devo me apaixonar, e se isso aconteceu o “Destino” tem todo direito de me fazer sofrer.

A vida de outra garota...

Pov. Dan

Não é como se tudo fosse fácil, mas sim, tudo é simples.

Amy estava mais estranha que o normal, eu não a vi saindo, mas a vi entrando. A cabeça enterrada dentro nos ombros, os passos rápidos, o som que vinha de sua boca... Era claro que estava chorando, mas aquilo não fazia sentido... Será que ela visitou alguém? Será que saiu da mansão? Será que...

— Amy! — Chamei quando a ruiva já estava no topo da escada. Sem se virar para trás, ela apenas parou, esperando. — O que aconteceu? — Minha voz transmitia toda a minha angustia... Não queria perdê-la, não de novo...

Um silêncio se instalou por algum tempo, ela não disse nada, tão pouco eu, apenas respirávamos, com ela de costas para mim.

— Eu... — Sua voz era trêmula, falava com dificuldade. — Apenas quero... — ela suspirou. — Voltar a dormir...

Aquilo foi como um tapa na minha cara, tão doloroso como veneno de Lucian. Depois de tudo que fiz... Depois de tudo que Ian passou... Como ela poderia ousar dizer aquilo? Como iria realmente querer aquilo?

— Estou cansada, Dan — continuou ela apresada, como se quisesse finalmente se livrar de alguma coisa. — Eu estou vivendo uma coisa tão... falsa. — Sua voz remetia nojo e raiva, e aquilo fazia meu corpo inteiro tremer, o que estava falando?

— Amy...

— Não! — ela me parou. — Não me fale nada... Não tenha pena de mim... Eu estou bem, juro... — Porém sua voz chorosa provava outra coisa. Comecei a subir as escadas, mas provavelmente ao ouvir o barulho de meus passos ela retornou a andar, digo, correr.

— Amy! — Gritei, correndo atrás, porém cheguei tarde demais. A porta bateu contra a minha cara, fazendo-me desejar morrer. — Amy por favor não faça nada! — gritei sobre a porta, batendo nela com força. — Sei que parece difícil mas estamos aqui para ajudar! — Outro pensamento me correu a cabeça. — Ian está aqui! Não deixe que tudo que ele fez por você seja jogado fora, por Gideon, Amy não deixe...

A porta se abriu repentinamente. Parada a minha frente estava uma garota alta, com longos e lisos cabelos ruivos, olhos verdes manchados por cristalinas lágrimas que lhe escoriam a face, o nariz levemente avermelhado e a camiseta amarrotada.

— O que... — Amy tentou, porém sua voz mal era audível. — O que ele fez? — perguntou novamente, falhando na última palavra.

Encontrei seus olhos e disse sério:

— Ian não saiu do hospital... Ele se recusou a sair do seu lado... — Não conseguia entender por quê de repente aquilo parecia tão importante. — Ele se livrou dos Vespers, ele brigou com toda a nossa família... Ele te salvou.

Amy desabou a chorar na minha frente, meus braços a seguraram antes que pudesse atingir o chão. Minha irmã, minha linda e corajosa irmã, chorando por um garoto... Isso era incrivelmente estranho.

— Amy... Amy, o que houve? — Perguntei, enquanto tentava reconfortá-la. — O que há de errado?

— Por favor... — ela disse, depois de alguns segundos. — Trago-o para mim.


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Notas finais do capítulo

{Quase melhorando, prometo!}
[corrigido e revisado]



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