~Mundo Real~

POV. Ian

Amy...

Amy...

Amy Cahill...

Amélia Cahill...

Ruiva…

Madrigal…

Princesa …

Adorável…

Meu amor…

Amy não saí da minha cabeça.

Aquela menina burra...

“Nessa manhã cinzenta, sinto ao lhes informar, que a jovem Amélia Cahill, 15 anos, neta de Grace Cahill, sofreu na noite de ontem um acidente de carro.

Amélia saiu de uma reunião de família sem ser percebida, roubou o carro de sua au pair, e dirigiu na auto estrada.Não se sabe direito o que ocorreu, alguns dizem que fui a chuva que fez o carro derrapar, outros julgam que fui o fato da menina não saber dirigir, ou até mesmo alguns acham que a menina estava sofrendo por problemas pessoais, as autoridades não sabem ao certo, mas Amélia bateu o carro contra um caminhão, e se encontra em estado de coma [...]”

Meu último pensamento antes de cair na inconsciência de tanto chorar foi: “Amy odeia ser chamada de Amélia”

A vida de outra garota...

Eu estava no hospital. Isso por si só já me deixava nervoso, mas o motivo pelo qual eu vim aqui me deixa ainda mais.

Eu vou ir vê-la...

Deveria ter vindo ontem, como todos os outros, mas quero poder vê-la sem plateia. Quero poder chorar sem ser julgado. Quero ela.

Andei até a porta, mal conseguindo segurar meus pensamentos, meu coração... Ele clamava por ela, ele queria ela, aqui e agora. Ele era dela. Meu coração batia por ela. E agora ele não tinha ela. Ele estava quebrado. Ele havia chorado. Ele... Ele estava morto temporariamente até ela voltar.

Depois de descobrir que ela havia entrado em coma, passei por todos os estágios da dor, da perda e da raiva:

1)Negar tudo, e dizer que isso jamais poderia ter acontecido com a minha Amy.

2)Ficar em choque como saber como agir.

3)Berrar e espancar qualquer coisa na sua frente.

4)Berrar e chorar.

5)Chorar.

Após tudo isso, eu decidi que iria fazê-la voltar.

Isso era claro.

Amy era minha.

E eu dela.

Eu só ainda estou vivo porque tenho esperança dela voltar.

Porque ela está em coma. Não morta.

Meu coração fica pequeno só com a ideia de Amélia Cahill morta.

Não, ela não está morta.

Em coma não é morta.

Ela ainda pode voltar para mim.

E ela vai voltar.

Parei na porta do quarto. Nellie havia me avisado que Dan fora retirado do quarto após berrar com os médicos, dizendo que queria sua irmã agora. Ou seja seria somente, ela e eu. Eu e ela. Nós dois. Somente.

Abri a porta devagar respirando pesadamente. O quarto era simples, como ela iria gostar que fosse, pequeno e aconchegante. Os aparelhos estavam ligados e os batimentos cardíacos eram monitorados. O sofá branco para visitas estava no canto, e a cama no meio do quarto.

Tomando coragem olhei para ela.

Os cabelos vermelhos presos para trás. Os braços presos a aparelhos. Os tubos no nariz. Os machucados por todo corpo me fizeram recuar. Um corte abaixo do olho esquerdo indo até o final dos lábios. A perna, claramente quebrada, presa acima do seu corpo. Os machucados e ataduras por tudo. Mas tudo isso era suportável.

O que me fez recuar realmente, o que gelou meu coração, foi os olhos dela. Os olhos dela, brilhantes, cor de jade, olhos que sorriam por si só, os olhos mais lindos do mundo, fechados.

A vida de outra garota...

— Ian? — Ouvi a voz de Natalie na porta, ela estava com a mesma roupa do dia anterior, os olhos vermelhos, o cabelo sujo, nada disso era do perfil de Natalie Kabra. Nem mesmo quando Isabel foi presa ela deixou de tomar banho e se vestir como se fosse uma princesa.

— Nat? — Chamei, levantando os olhos de Amy. Eu estava no chão, ajoelhado ao lado de Amy, com as mãos na única parte sem tubos do corpo dela, seus dedos. Agarrado aos dedos de Amy.

— Ian! — Nat se lançou em minha direção e eu percebi as lágrimas no seu rosto. A tão esnobe Natalie Kabra chorando. Isso era novidade. — Por que com ela? Amy é um anjo, ela é doce com todos, ela...

— Shiu... — Pedi, sentindo as lágrimas nos meus olhos. — Calma, Nat. — Com a mão livre, abracei ela, e com a outra continuei segurando os dedos de Amy. — Dan não vai deixar nada acontecer com a irmã, ele a ama. E Nat, nós não vamos deixar nada acontecer com ela!

— C-coma... As pessoas... Que entram em...Coma... Elas têm muitas chancesde não conseguir... Voltar. — Ela chorou, desesperadamente.

— Amy é forte! — Eu disse, tentando acalmá-la e me acalmar ao mesmo tempo. — Ela venceu as 39 clues! Ela mudou tudo! Ela é uma Madrigal, ela é uma guerreira, uma heroína... Ela vai conseguir!

— Como pode ter certeza?

Como? Como eu sabia? Ela fez tudo isso sozinha não? Ela saiu correndo, mesmo sabendo que não estava bem... Eu a chamei. Eu senti que ela ia se machucar! Eu sabia! E ela não veio quando eu chamei. Ela pode nunca mais voltar a vida, ou pode dormir por anos. Mas mesmo assim.

— Porque eu sinto. Com todas as partes do meu ser eu sinto que ela vai ficar bem!

Eu vou lhe esperar Amélia Cahill. Nem que isso seja a última coisa que eu faça. Nem que eu tenha que esperar anos e anos eu vou lhe esperar. Nem que eu tenha que morrer lhe esperando, eu irei lhe esperar.

— Como?

Deu de perguntar difíceis, Natalie!

Eu sei disso desde que conheci ela...Desde que eu vi ela pela primeira vez... Desde que nosso olhares se cruzaram.

Isso foi aumentando com o tempo, isso, essa coisa que a gente tem... Eu senti isso na Coreia, quando eu mesmo quase a matei, eu sabia que ela ia viver, não isso não é desculpa para o que eu fiz, mas mesmo assim...

Eu sei disso a cada minuto.

Todas às vezes que eu olho nos olhos dela eu sei que ela vai sobreviver.

Porque eu estou disposto a morrer para isso acontecer. Para ela ficar viva. Qualquer coisa. Por ela tudo.

— Ian — Natalie suplicou. — Como você sente isso? Por que tem tanta certeza? — Ela chorava, obviamente pensando que eu não tinha a resposta.

— Porque eu estou disposto a fazer qualquer coisa para que isso aconteça. Eu me mataria por ela. Ela é tudo para mim. Amy, eu vou trazer você de volta. Porque eu te amo.