A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 23
XXIII - What are we going to do?




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~Mundo Real~

Dias atuais

Pov. Ian

— Oi? — Hamilton disse, acreditando que seria alguma brincadeira de mal gosto.

Meu coração parou.

— Vocês não podem fazer isso! — Ouvi Sinead berrando. Seus cabelos vermelhos e bagunçados voando enquanto ela parecia se lançar em cima da enfermeira Laura.

Dan segurou ela, e a mesma se debatia, com lágrima caindo pelos olhos.

— Vocês não tem esse direito! — Berrou Dan, embora ele estivesse tentando conter Sinead, embora ele mesmo precisasse ser contido. — Vocês não podem fazer isso! Ela é uma paciente! Meu tio paga muito caro para que cuidem dela! Seus...

— Desculpem-me senhores... São ordens de cima. — Explicou a enfermeira, ela parecia sentir mesmo.

Mas eu não estava em condições de relevar isso...

— Seus... Eu não permito! Vamos trocá-la de hospital! Vamos tirá-la daqui! Seu bando de incompetentes! Eu vou...

Nesse momento a porta se abriu e um senhor de óculos fundo de garrafa entrou.

— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, parecia bravo.

Laura começou a gaguejar palavras sem nexo, e fazer gestos com as mãos, como se não conseguisse concluir o seu pensamento.

— Quero saber quem mandou desligar as máquinas de Amy! — digo alto. Minha voz parece brava o suficiente até para mim.

— Sinto muito, mas isso não interessa. — Respondeu o médico, me lançando um olhar de nojo — Ordens, são ordens.

— Sinto muito eu! — Exclamo, o encarrando. — Pois essa ordem será jogada no lixo, Amy vai sair desse hospital agora!

— Creio que não será possível. A paciente está em péssimo estado, não apresenta melhoras. Se ela for deslocada pode morrer no processo.

— Se ficar aqui, ela morrerá no processo! — Hamilton berra, enquanto abraça uma Sinead chorosa.

Eu estava com raiva, nervoso, com uma vontade idiota de matar alguém, e não havia pensado no que aquilo significava.

Se desligassem as máquinas, Amy morreria. Se tentássemos dirá-la daqui, sem a permissão dos médicos, e sem a ajuda desses, ela teria uma boa chance de morrer.

Não parecia fazer sentido, nenhuma das duas opções.

Amy não pode morrer.

O mundo inteiro pode desabar, todos a minha volta podem sucumbir em desespero, mas Amy Cahill deve ficar viva!

— Não pedimos permissão. — Eu disse e joguei os médicos para fora do quarto.

Antes de me verem fechar a porta do quarto, o médico, cujo nome eu não sei, me lançou um olhar de desprezo e ignorância. As palavras que saíram de sua boca me apavoraram como eu nunca fiquei apavorado.

— Tente salvá-la, Kabra. Tente salvar a doce descendente de sua família suja! Mas Amélia Cahill estará morta em menos de 72 horas.

A vida de outra garota...

— Vesper! — Natalie disse, e seu corpo deu uma leve tremida com a palavra. Madison e Regan se entre olharam, claramente nervosas, e Jonah mexeu no cabelo, tentando esconder o desconforto.

— Amy está em perigo aqui! — Sinead foi a primeira a falar. Ela estava abraçada no namorado, este com uma cara de quem comeu e não gostou.

Eu sabia que Amy e Hamilton eram bem amigos, desde que a busca terminou eles ficaram bem próximos, e não posso esconder o quanto fiquei aliviado em descobrir que ele e Sinead estavam namorando.

— Jura, gênio? — disse Ned. O irmão e ele estavam tentando criar algum tipo de dispositivo para conseguir levar Amy para fora daqui.

— Ned! — Sinead disse, embora sua voz tenha soado fraca, deu para perceber que a menina tentava repreender o irmão.

— O que, Sinead? — disse Ned irritado. — Não é hora de ficar declarando o óbvio e sim de agir.

— Calma, Ned — Madison Holt disse, chegando do lado dele. — Todos entendemos que isso está sendo complicado, e agradecemos que vocês estão tentando...

— Madison! — Ted bradou — Deixe-nos em paz! Está sendo bem difícil!

Madison fez cara de choro, mas logo substituiu essa cara por uma de nojo, e deu um rápido beijo na bochecha de Ned antes de se levantar e ir para a porta, ao lado da irmã e de Jonah.

Ned parecia claramente mais feliz, embora ainda estivesse com aquela cara de irritado.

— Precisamos de um plano! — disse Natalie, dando voz aos meus pensamentos.

— Sim... Alguma ideia? — disse Dan.

— Primeiro, temos que tirá-la daqui em menos de 72 horas. Segundo, se ela for passar mais uma noite aqui... Porta trancada, e todos aqui. Fazemos turnos para dormir. — Meu treinamento Lucian entrou em ação naquele momento, finalmente sendo utilizado para algo melhor do que apenas matar. — Hamilton, Madison e Regan, vocês buscam comida. Sinead, ajude seus irmãos. Natalie, Dan, venham quebrar a cabeça comigo. Jonah, vê se a Amy está bem enquanto vemos isso, qualquer alteração na sua respiração...

— Eu aviso. — Completou o moreno.

— Exato. —disse e me sentei no grande sofá, tentando de todas as maneiras tirar imagens de tortura da minha mente.

A vida de outra garota...

O quarto era pequeno demais para dez pessoas. Estávamos todos um em cima do outro, era difícil andar, as portas ficavam trancadas e a única janela do pequeno quarto tinha que ser vigiada enquanto estava aberta.

O piso de madeira clara estava coberto de mantimentos e alguns sacos de dormir, menos do que precisaríamos, mas o suficiente para vivermos por dois dias.

Havia se passado dez horas. Em 62 horas deveríamos sair dali, porém nada parecia muito certo.

Os Starlings não conseguiam criar nada bom o suficiente, embora ainda tentassem. Sinead teve a grande ideia de ligar para Alistair, mas não conseguiu contato. O mesmo aconteceu com Dan, que tentava ligar para Nellie ou Fiske.

Sinead achava que alguém poderia ter cortado as linhas, porém Hamilton pensava que poderiam eles ter sido sequestrados.

No final, nem meu computador pegava direito, e embora tentássemos, não conseguíamos falar com ninguém.

Com a porta trancada o tempo inteiro, por mais que as batidas vinham as vezes, as coisas iam ficando cada vez mais tensas. Os horários no banheiro eram duros, já que tínhamos medo de cortarem nossa água. Por sorte, isso ainda não havia acontecido.

Não importava quantas ideias novas tivéssemos, nenhuma era boa o suficiente. Todas terminavam do mesmo jeito. Com a Amy morta. E isso estava totalmente fora de questão.

— Não adianta Ian! — Desabou Natalie, se jogando no sofá. Seus cabelos negros estavam presos em um coque bagunçado, e seu olhar era de alguém que já fez demais por um dia. — Tudo que pensamos acaba do mesmo jeito! Eu acho melhor... — Ela se interrompeu, os olhos brilharam.

— Acha melhor? — Perguntou Dan, que estava ao lado dela.

— Pararmos de tentar dificultar! — Natalie sorriu, como se tivesse acabado de conseguir o prêmio nobel da paz. — Vocês não percebem? Temos que simplificar!

Tanto eu, tanto Dan, olhamos para ela confusos. Simplificar? O que? Simplificar o que?

— C-como assim, Nat? — Dan perguntou, os cabelos loiros sujos, mas quando Natalie olhou para ele, eu percebi um olhar de carinho e afeto nos olhos da minha irmã.

— Não conseguem ver? Estamos aqui quebrando a cabeça quando a resposta está nas nossas frentes. Temos que tirar Amy daqui!

— Isso todos já sabem, Natalie, mas a questão é: como? — eu disse, tentando não revirar os olhos. — Pensamos em um jato particular pegar ela pela janela, mas não conseguimos trazer ninguém aqui. Nem falar com ninguém. Pensamos em levá-la escondida pelo duto de ar, mas não dá, nem sabemos onde o duto vai parar... — Disse olhando irritado para o ar-condicionado. — Se sairmos com essa maca do quarto, vão desligar tudo.

— Mas ai que está, Ian! — Ela disse, levantando a voz. Os outros nos olharam, esperançosos. — Temos que fazer o que eles acham que jamais faríamos!

Sinead sorriu, como se entendesse a lógica da minha irmã.

— Tirar Amy do hospital pela porta da frente! — Ela falou, ainda sorrindo.

— Não vejo como isso é possível... — Jonah disse, mas Regan falou.

— Mas é claro! — Ela exclamou, para ninguém em especial.

— Ninguém vai suspeitar! Só precisamos de um bom plano. — Madison encurtou.

— Vocês podem fazer o favor de explicar! — berrei.

Natalie sorriu, e disse calma:

— Tudo é questão de deixar a mostra. Eles não vão esperar que a gente saia do quarto com a Amy em uma cadeira e leve ela para fora do hospital! — As peças começaram a fazer sentido na minha cabeça.

— Então... Só precisamos de uma cadeira de rodas? — pergunta Hamilton.

— Sim... Porém tem câmeras... — disse Ned.

— Podemos desligá-las... — disse Ted. — Isso é fácil.

— Desligar câmeras, pegar cadeira de rodas, colocar a Amy sentada lá, e ir embora —disse Jonah. — Mas... e os remédios?

— Levamos! — disse Natalie, como se a resposta fosse muito clara. — Podemos levar esses fios onde ela está conectada para qualquer lugar. — Ela balançando um tubo onde tinha soros dentro.

— Quando chegarmos no laboratório, podemos reconstruir isso... — disse Sinead, sonhadora.

— E então, Amy ficará bem! — Regan completou, batendo palmas animadas. Ela se jogou no colo de Jonah, e os dois riram baixo, com novas esperanças renovadas.

— Natalie, você é um gênio! — Dan sorriu para ela, feliz. Natalie corou de leve, mas lançou sorrisos na direção de Dan, que retribuiu. Tal irmão, tal irmã...

— Ok, Starlings, quando podem desligar as câmeras? — Pergunto.

— Em menos de trinta minutos, Ian. — disse Ted, e Ned confirmou.

— Então comecem... Vamos tirar Amy daqui.


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Notas finais do capítulo

[corrigido e revisado]