Harry Potter - A nova geração escrita por Júlia França


Capítulo 14
O retorno




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ROSE POV.

_ E então? No que você tem dúvida? – Perguntei, sentada ao lado de Scorpius de frente para a mesinha de centro da minha sala. Ele estava mais calado que o normal, e eu estava mais envergonhada que nunca. Mas imagino que seria pior, porque a minha cabeça não estava exatamente naquele momento. Eu pensava o tempo todo na Pedra da Ressurreição, e ao mesmo tempo eu sentia que tinha entendido alguma coisa de uma forma completamente errada.

_ Sobre a Pedra da Ressurreição. Pode me dar algumas aulas sobre ela? – Perguntou olhando para mim.

_ Tudo que eu sei sobre a Pedra é a lenda. – Murmurei. – E isso acaba comigo. – Massageei minhas têmporas com os dedos, como se isso fosse me ajudar a enxergar alguma coisa a mais nas entrelinhas do conto dos Três Irmãos.

_ Eu acho que tem alguma coisa errada... quer dizer, porque precisariam mexer na estrutura da pedra prá transformar a morte em vida? Talvez só precisem mexer no feitiço que a envolve.

_ Acontece que não é um feitiço. Até onde todos sabem, a Morte é um ser místico, ou seja, ela é a magia.

_ Mas se a gente parar para pensar, então a Pedra é uma parte da magia da morte, que foi usada de uma forma calculada para transformar a morte em vida.

_ Você diz o personagem da história ou a morte em si?

_ A morte em si. Talvez a personagem Morte, só foi usada prá simbolizar a própria morte.

_ Tem razão! Não é só uma história, é um enigma!

_ O símbolo das relíquias pode ser uma runa.

_ Não... já pesquisei. Não existe uma runa como essa.

_ Talvez a junção de várias runas, formando a mensagem que a lenda transmite.

_ Não tinha pensado nisso. – Murmurei, indo até uma estante e pegando um livro de runas. Revirei-o do avesso, mas não encontrei nada parecido com os símbolos.

_ Scorpius... – Chamei, pensando em uma coisa assustadora, mas que poderia ser real.

_ Oi? – Perguntou vindo até mim. – Achou alguma coisa?

_ Não, mas... e se a resposta estiver na lenda?

_ Que resposta?

_ O motivo de a morte não ser transformada em vida definitivamente.

_ Mas lá só cintam a pedra e o seu poder.

_ Pense comigo. A varinha das varinhas é alimentada pela morte. Quanto mais pessoas o seu dono matar, mais forte ela fica. A capa de invisibilidade tem desenhos, como se contassem a história de cada um que já se escondeu com ela. E eles morreram de alguma forma. Apenas o último dono da capa, que é o meu tio, está vivo, mas ele só poderá passar a capa para o filho quando morrer! As relíquias são amaldiçoadas! Alimentadas pela morte!

_ Está querendo dizer que a pedra só poderá funcionar completamente...

_ Com uma troca! Para que alguém morto volte à vida completamente, alguém tem que morrer para manter a morte e a vida em equilíbrio!

_ Mas pessoas morrem todos os dias. Nesse caso, vários mortos não deveriam voltar todos os dias?

_ Mas não seria exatamente assim. Existe alguma forma de oferenda diferente que faz a pedra funcionar. Eu só não sei qual. Algum dia do mês, lua, ou estação do ano.

_ Que tal a lua nova? Quer dizer... uma vida nova, uma morte nova e a pedra representada no símbolo, se parece com essa fase da lua.

_ Pode ser. Mas quando? – E então eu me lembrei. “ três irmãos estavam viajando nunca rua deserta ao crepúsculo” o papai diz que a lenda se passa à meia noite. – Meia noite. A oferenda acontece à meia noite.

_ Lua nova, meia noite. E se o processo precisasse ser feito no dia em que o morto morreu?

_ No caso estamos falando do Voldemort certo?

_ Certo. 2 de maio de 1998.

_ Então teríamos que descobrir em qual ano esse dia acontece durante a lua nova. – Scorpius pegou o celular, provavelmente olhando no calendário.

_ Esse dia já aconteceu em alguns anos desde a sua morte. Ano que vem é um deles.

_ Ok. Amanhã é primeiro de janeiro. Então amanhã já é ano que vem. E então teremos somente cinco meses e dois dias para comprovar a hipótese, e então ele voltaria.

_ Não se os Comensais não descobrirem como é feito o processo.

_ Aposto que eles já sabem. Não teriam tomado Hogwarts assim sem mais nem menos. Eles poderiam ter sido facilmente contidos e correram muitos riscos, só para conseguir vingança.

_ Umbridge e os outros não sabiam segundo Alvo e Julie.

_ Umbridge é só um fantoche. Quem está por trás disso faz o que quiser sem dizer para ela. A questão é quem.

_ Alguém que está na ordem, com certeza. De outro modo ele não saberia sobre o baile de Natal, que foi quando estávamos mais vulneráveis.

_ E eu poderia apostar que não era Kingsley. – Scorpius brincou e eu abri um sorriso. Tudo isso estava me dando nos nervos, e qualquer coisa com o mínimo de graça me faria rir. – A gente vai descobrir isso. Não se preocupe. Não é nem mesmo nossa obrigação.

_ Tem razão. – Murmurei, e meio sem pensar, eu deitei a minha cabeça no seu ombro, mas logo me levantei, com as bochechas rosadas. – Me desculpe.

_ Tudo bem. – Ele disse, me abraçando e me levando para mais perto de si.

_ Scorpius... – Tentei, mas eu estava vulnerável demais para conseguir qualquer coisa, sem falar que eu não queria que ele me soltasse.

_ Rose... – Brincou, chegando mais perto, e depositando um selinho na minha bochecha. – Vamos começar de novo tá legal? Sem beijos... só prá nós nos conhecermos melhor.

_ Ok. – Respondi. – Isso foi um pedido de namoro?

_ Foi.

_ Eu aceito. – Deitei minha cabeça no seu ombro de novo, dessa vez me sentindo segura.

CINCO MESES DEPOIS

ROSE POV.

O meu relacionamento com Scorpius era quase de amizade colorida. Nós não estávamos sendo “namorados” normais, mas sentíamos ciúmes um do outro o tempo todo e brigávamos com frequência, mas eu sentia que ele era importante para mim.

Nunca tínhamos dado um beijo, mas eu sabia que bastava eu pedir para ele dar esse passo. Scorpius só estava esperando o meu momento. Todos as noites mandávamos corujas com cartas para o dormitório do outro e quase sempre dormíamos com raiva, porque brigávamos no final, mas eu sempre esperava ansiosamente para falar com ele.

_ Ao mesmo tempo que nos aproximávamos, nos sentíamos cada vez mais distantes da resposta para o enigma da pedra, que apesar de encontrado, não sabíamos se de fato funcionaria.

Hoje teria quadribol. Grifinória contra Sonserina. Eu como goleira e Scorpius como atacante, mas eu não estava muito focada no jogo. Era dia primeiro de maio, e caso tudo não fosse coisa da nossa mente, Voldemort poderia voltar no dia seguinte.

_ ROSE! - Ouvi James me chamando. Eu já estava de uniforme, enquanto discutíamos mais uma vez as táticas de jogo.

_ O que foi? – Perguntei irritada.

_ Eu estou te chamando a mais de cinco minutos!

_ Eu sei o que tenho que fazer.

_ Como capitão, eu tenho que ter certeza disso. Você parece dispersa.

_ Não é nada.

_ Só não deixe a bola entrar naqueles aros ok?

_ Ok. – Respondi, colocando as luvas de goleira e pegando a minha vassoura.

_ Vamos. – Mary disse. Ela era a batedora mais ameaçadora que eu já vi. Ashley queria fazer o teste para participar do time mas achou melhor não fazer isso, uma vez que além de capitão, James era o seu namorado e poderia parecer trapaça. – O que você tem? – Perguntou, quando os jogadores saíram na nossa frente.

_ Nada. Depois eu conto. – Respondi, suspirando e entrando em campo. Ouvi os uivos dos torcedores.

No final, Grifinória venceu de 190 a 10, sendo que fizemos quatro gols, contra um deles, que, diga-se de passagem, não foi de Scorpius, além de pegarmos o pomo de ouro.

_ O que você tem? – Mary perguntou novamente quando já era noite. Eu estava lendo a correspondência de Scorpius e tinha resolvido dormir no meu antigo dormitório. Foi aí que eu percebi que assim que o relógio tocasse meia noite já seria dia dois de maio. Eu não tinha pensado nisso! Se os Comensais esperassem mais um dia, a oferenda seria feita no dia três de maio. Ou seja, eu tinha apenas duas horas para tentar impedir a tragédia. Contei tudo para Mary.

Coloquei uma roupa preta que me camuflaria com as árvores assim como ela e Ashley fizeram e antes de sair liguei para os meus primos. Combinei com Alvo de não contar nada para Hugo e Lily e saímos na noite. Nosso ponto de encontro seria a casa do Hagrid. Eu não sabia o que poderia fazer caso fosse tudo real, mas a única coisa que descobrir ser realmente capaz seria ver. Mesmo no quinto ano, eu não tinha conhecimento suficiente para encarar uma tropa de Comensais da Morte. Cantamos a história para Hagrid que nos deixou entrar e esperou do lado de fora pela chegada de Julie e Scorpius.

Os homens encapuzados foram chegando, silenciosamente, como se fizesse parte da paisagem, como se estivessem sempre ali, mas nunca fossem notados. Apenas uma figura baixa e cor de rosa causava o contraste entre os homens de preto.

Eles esperavam calmamente até o relógio bater meia noite. A Pedra da Ressurreição estava na mão de Umbridge, que a protegia como se fosse parte de si. Ouvimos as badalados do sino e eu soube que seria naquele momento.

Me senti mal e ao mesmo tempo surpresa quando descobri quem era a vítima da noite, e eu tive certeza que os sentimentos foram os mesmos para quem seria sacrificado, incluído talvez uma pitada extra de medo. Umbridge foi colocada aos gritos de protesto contra uma árvore, a Pedra, firme em suas mãos. Ela tinha sido nomeada diretora, só para que os Comensais soubessem onde encontra-la. Um deles sacou uma faca e cortou sua garganta. Tudo o que eu vi foi a ex-nova diretora caindo no chão e o rosa da roupa virando vermelho, colorido pelo seu sangue.

E depois, como se incorporasse um corpo à muito perdido, que estava deitado no chão, sem chamar a minha atenção, uma névoa preta, que eu tive certeza ser malévola, mesmo nesse estado doentio, entrou no corpo exposto.

A visão seguinte foi muito assustadora para se descrever em palavras. O corpo se levantou e eu imediatamente o reconheci, mesmo não tendo visto nenhuma foto até aquele dia. Seus olhos entraram em foco, grandes orbes verdes brilhantes ao luar, que mais pareciam fendas.


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Notas finais do capítulo

E então?



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