Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 98
Capítulo 97


Notas iniciais do capítulo

SURPRISE!

Capítulo fresquinho pra quem tá chegando da aula - ou começando uma chata daquelas ^^

Enjoy!



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Era umas 9h30 da manhã de terça e eu ainda estava preguiçosamente tomando café-da-manhã. A casa estava um silêncio gostoso, mas mesmo assim deixei o mp3 do celular ligado no aleatório, ao meu lado. Vez e outra pensava na imagem do Gui andando com balões amarrados na mochila dentro do ônibus, como prometeu fazer hoje para Iara. Tenho que me esforçar de sair cedo de casa hoje pra não perder esse espetáculo!

Para cada dia, combinamos de fazer alguma coisa especial. Ontem foi a entrega de presentes, hoje decoração com balões, amanhã bolinhos, quinta recheada de bilhetinhos e na sexta o gran finale, pizza com a galera e música com a Daniela. Essa é a Semana Iara, uma surpresa atrás da outra.

Sorrio besta ao lembrar da animação no dia anterior. Já na entrada, os seguranças sentiram a nova vibe que eu trazia a cada passo determinado, com um embrulho de presente aos braços. Não era grande coisa, só um conjuntinho prateado de brinco e cordão para combinar com aquela pulseirinha que Iara nunca larga, a pulseirinha simples que lhe dei uma vez. Simples pra mim, pra ela era muito mais que isso.

Guardei comigo o presente pra que ela não visse antes da hora – leia-se: escondi na sala do meu chefe curiosíssimo. Na hora do break do café me segurei pra não levar, porque só teríamos uns minutinhos pra conversar e isso não daria certo. Então preferimos mostrar que estávamos de boa, eu e Gui. Pois é, a Iara ainda não sabia!

Na mesinha do café, eu contava pra criatura o que Thiago me disse quando viu o presente de Iara escondido na gaveta dele, que seu aniversário era na outra semana, assim, parecendo Murilo quando quer alguma coisa.

— Vou pensar no caso de fazer bolinho pra ele, vou pensar.

Iara chegou nesse segundo, distribuindo um beijo em mim e outro no Gui.

— Pensar em quê?

— Em seguir uma dica que o Thiago deixou de mensagem subliminar que não foi nada subliminar.

— Hein?

— Nem pergunta, I, nem pergunta. Você não vai querer saber.

Gui riu cúmplice e as sobrancelhas de Iara subiram, mas não disse nada. Já que não arriscou, eu abri logo o jogo. Pra começo de conversa, eu estava com um sorriso de orelha a orelha.

— I, tenho uma coisa pra contar.

— É coisa boa?

— Esse sorrisão na minha cara e na desse bonitinho não é o bastante pra te convencer?

Iara vacilou, em dúvida. Acho que pensava que era pegadinha.

— Vocês estão muito felizes mesmo. O que já estão aprontando?

Me virei pro outro, dramática.

— Viu, cara, a gente aqui querendo contar a maior, e ela nos acusa. Tá difícil.

— O quê, o quê, gente?!

Gui então levantou a pergunta:

— Não tá na cara?

— Estão com caras traquinas sim. Mas vocês não...? Vocês...?

Aí sim a ficha dela caiu e Iara se iluminou.

— É sério? Mi?

— Depende, o que você acha que é?

Nessa hora Gui se aproximou mais e passou o braço por meus ombros, formando e reforçando a bela dupla dinâmica que sempre fomos. Era tão tão tão tão tão bom de estarmos de volta. Me parecia uma nova fase de videogame mesmo, sorri por fim.

— OH MY GOD! Vocês... Vocês...!

— A gente se resolveu. Gui foi implorar meu perdão.

— Hey, não foi assim n...

Antes que Aguinaldo terminasse de falar, lá estava Iara em cima da gente, pulando e abraçando e rindo e comemorando e tanta coisa junta, que eu ficava emocionada de novo.

Mas como eu disse, não tínhamos muito tempo. Logo o coordenador do Gui o chamou e tivemos que voltar ao trabalho. Antes de tudo, pedi pra Iara nos encontrar na cantina no fim do expediente. Como Thiago me liberou cedo, e o Gui também encerrou pela mesma hora, ficamos na nossa mesa conversando e esperando a bonitinha da semana. Estávamos rindo de Murilo no níver passado de Vini e da velha história da bomba de balão quando Iara se materializou ao nosso lado.

— Eu ainda não acredito que vocês...

E aí atacamos ela de novo. Melhor, sufocamos.

— Eu disse que era só uma questão de vocês conversarem! 

Eu sentia que ela diria isso por toda uma vida, da mesma maneira que repito que Gui e Flá são meu casal 20. Agora que Dani e Bruno também são um casal hiper fofo, eu digo que eles são meu casal 21. Estou pensando em considerar Murilo e Aline meu casal 22 e Djane e Renato o 23. Todos tem dedo meu!

Eu sei, às vezes eu não bato bem.

A porta da sala abre e fecha e um Murilo suado em malha surge de fone tirando seu aparelho mp3 do bolso, distraído. Quem ainda hoje tem um aparelho mp3? É tão difícil ver, mas tão mais seguro de usar na rua. Como o relógio, constato pra mim mesma. Quando ele captura o celular dele na cômoda ali perto, aproveito pra beliscar um pouco sua paciência.

— Tu, chegando a essa hora, desse jeito?

Pra falar a verdade, eu jurava que os horários dele no centro meteorológico já tinham assentado e que a essa hora que ele estivesse no trabalho. Mas né, não olhei a garagem pra saber que o carro ainda estaria ali.

— Fui correr, ué.

— De quem?

Soo divertida enquanto tomo uma das últimas goladas do meu achocolatado. Murilo, por outro lado, faz cara de tédio, embora um pouco sério. Trotando pela cozinha, ele passa por mim para ir até a geladeira.

— Não de quem, de quê. Estresse. Ansiedade. Tava precisando pensar.

Como seu tom não é nada em resposta ao meu, palhaço, nem faço piada sobre esse menino pensar. Na verdade, acabo de me dar conta de um fato.

— Por incrível que pareça, você anda muito calmo. Digo, não transpira estresse e afins. Tá acontecendo algo que eu não saiba?

Entre goladas do suco que ele surrupia da geladeira, Murilo soa desconfiado, daquele que entrega o jogo, mas não completamente.

— Talvez.

Isso me faz me virar de instantâneo na cadeira para ele, com as sobrancelhas exigindo respostas.

— Não é nada, é só um exercício do RH no centro. Só que tô adotando pra vida pessoal também.

— E vocês tão necessitados a esse ponto de precisar de atividades do RH de novo?

A criatura coloca o copo na pia e se encosta na bancada. Pega um pano de prato pra se abanar. Pois é, um pano de prato dobrado. Quando a gente acha que ele tá ficando mais esperto, Murilo tem dessas.

— Até que não, mas depois daquele desastre do ano passado, o RH viu que foram efetivas as medidas que adotaram e não pararam mais. Ajudou muito mesmo na interação e intermediação do trabalho. E o melhor de tudo é que muitos babacas saíram e muita gente enfim prestativas têm entrado.

— Tem gente sendo despedida por ser babaca?!

— Antes fosse! Que nada, alguns foram transferidos de centros, cidades, estados e até estão fora do país, em pesquisas mais científicas. Nesse fim de ano o centro tá preparando uns novos incentivos, aí o movimento tá a mil.

Eu diria que bom, que ótimo, parece bacana, mas a única coisa que penso é:

— Tu num vai embora não, né?

— Ser transferido não tá nos meus planos, pode ter certeza, mana. Nem me atrai no momento pra falar a verdade. Sei lá, às vezes me bate a sensação de... Acho que nunca me senti no lugar onde devia estar quanto agora. Tanto na vida profissa quanto na vida pessoal.

Me viro de volto para meu achocolatado, mais tranquila.

— Quando tu voltar do banho, dou um beijo estalado nessa tua bochecha. Vou ver se arranjo uma estrelinha dourada pra colar na tua testa também.

Tava crente que ele ia me zoar de alguma maneira de volta, mas o que vem é:

— Me indicaram pra um cargo maior.

No mesmo segundo lá estou virada de novo na cadeira.

— Mentira!

— Sério.

Meu mano tem essa linha puxando um sorriso seu de canto, quieto. Aquele que é orgulhoso, mas provavelmente algo o incomoda, pois não está exultante e nem espalhando para os quatro cantos do mundo. Não deixo de congratular ele por isso. Até bato palminha. Queria mesmo era abraçar ele. Mas nojento como ele tava, neeeem que a vaca tossisse uma música inteira!

— Ai, meu Deus, criatura! Tu escolhe me dizer isso logo quando tu tá suado desse jeito? Quando foi isso?

Murilo larga o pano de prato no gancho ali perto da pia e alcança uns papéis-toalha pra enxugar o rosto molhado. Puxa mais uns pra poder se abanar de novo. Nesse meio tempo vejo também um muxoxo e toda a indecisão transpirando dele junto ao suor.

— Ontem. Mas não sei se tô muito nessa onda. Só surgiu essa vaga inesperada, não quer dizer que seja um bom momento. Sinto que ainda tem coisas pelas quais apostar, aí, assumindo esse cargo, não vou poder.

— É, tem que pensar mesmo.

— Tem uma outra vaga... que é mais temporária. Uma fase de teste na verdade. Essa seria uma atividade paralela. Tá aberta faz um tempinho e parece que ainda não acharam a pessoa certa. Aí me ofereceram.

— Que chique. Tu tá muito disputado, hein!

Pela primeira vez nesses minutos que vem um genuíno sorriso do meu mano. Lá vem a criatura se gabar, lá vem. Mas, de novo, me engano. O que andam ensinando nesse RH, meu Deus? Já chegamos ao nível de fazer abdução?

— Que nada, tem um rumo de candidato nessa também. Mas com essa de ontem... Sei lá, fiquei um pouco pilhado. Aí tô investindo nesses exercícios, afinal, provaram que funcionam mesmo.

Olha a fé da pessoa na humanidade!

Volto-me para o fins de meu pão e achocolatado na mesa.

— Que tipo de exercícios você fala?

— Tem uns variados, dependendo do que se trata. Exercícios físicos, mentais, de interação... Quanto mais descansado a gente se mantém, melhor pra agir e tomar decisões.

Agora que o clima está ameno de novo, aproveito pra brincar:

— Tô gostando de ver. Mumuzinho sensato!

Na mesma hora ele passa por mim enrolando o fio do seu fone de ouvido no aparelho e declara:

— Acho que já passamos dessa fase e desse apelido, mana, mas vale comentar que se alguém depois TE matar, não vale reclamar.

Aí ele rouba um pedaço do meu pão, do que praticamente sobrara. Na minha cara. No meu café-da-manhã. Respiro e lido com a provocação com mais provocação. What’s my age again, Blink?

— Não vou te dar mais um beijo estalado.

— Posso pensar em uma ou duas pessoas pra fazer isso.

É abdução sim!

— Humf, eu sei que quando tu faz besteira, vem correndo pedir aquele cafuné pra cachorro chutado.

— Ainda posso pensar em um ou dois nomes. Mas tá, deixa eu ir que tenho trabalho pra vigiar. Me avisa se precisar de help pro almoço.

Murilinho oferecendo ajuda pro almoço? Assim, sem drama, sem porrada, sem trato, sem aposta, sem... Há quanto tempo ele está com essa febre?

Ele está parado no meio da sala visualizando notificações no celular, meio sem saber se continua a ler ou se vai pro quarto, enquanto eu o observo.

— Você tá de boa, mano?

— Tô, por quê?

Termino meu achocolatado, levanto e arrumo as coisas na pia.

— Apenas me lembre de mandar uma cesta de comes e bebes pro RH do centro.

Ouço um bufar baixo dele, que não entende bem onde eu queria chegar e então ouço seus passos para o corredor. Logo mais veio seu resmungo:

— E sou eu quem acusam ser o insano dessa família.

 

~;~

 

— Eu também quero um balão, por que ninguém traz balão pra mim?

Depois dessa da Daniela, ainda na rampa da entrada principal da faculdade, que ela parece fazer questão de nos receber ao ver um balão amarrado no meu fichário, fuzilo o Gui com cara de “viu, as pessoas gostam de balão sim” e ele me devolve com um bufar e uma revirada de olhos. Ele tinha dito que foi mico o suficiente sair de casa com três balões cheios amarrados na mochila e que não iria voltar com nenhum pra aula. Perguntou inclusive quantos anos eu tinha. Não tinha muitas horas que eu tinha me feito a mesma pergunta. Às vezes só é bom ser criança de novo acho. Saudades de ter menos responsabilidades.

Mas não ligo de vir com um balão amarrado nas minhas coisas, nem se tinha gente olhando no busão. Trouxe um pra Flá, pra ela não reclamar que tamo dando só atenção pra Iara, já que na semana as duas são aniversariantes. Eu bem sei como a Flávia pode ser um pouco ciumenta. Sou mais olhares de gente que eu não conheço do que melhores amigas querendo me matar. O Gui diz que consegue dobrar ela. Diz também que se eu contar isso pra minha amiga, ele vai alegar intriga da oposição.

Parece que as coisas estão mesmo quase voltando ao nosso normal. Mas, né, ainda é um pouco cedo para qualquer conclusão.

— Seu aniversário já passou, Dani.

Entre nós, onde se enfiou pra ficar batendo de leve no balão contra o vento, ela responde. Dani tem essa carinha de falsa zangada e gargalho só de ouvir o drama desses dois:

— Eu me lembro muito bem de ter cantado uma música em especial pra ti, bonitinho, na pizzaria, pelo TEU aniversário. Humf. Num canto mais e... pensei que fosse sua garota.

Não deixo de comentar.

— Deixa o Oliveira ouvir isso!

Foi só falar e ele apareceu. Quer dizer, chegamos na área da catraca, e o Bruno estava por ali, no pé da escada ao lado. Ao menos estava distraído o bastante para não ter ouvido nada, no celular, conversando com alguém. Amoroso, e menos chato, Aguinaldo passa logo com seu cartão de estudante pela catraca dizendo:

— Vocês SÃO minhas garotas. Mas de mico já bati a cota de hoje.

— Uuuuuuui, que tu fez?

Eu ia entregar o Gui de bandeja como uma boa melhor amiga faz, porque foi apenas hilário demais a gente ter começado uma baderna na empresa só por fazer uma boa ação. Quem diria que uns poucos balões iriam chamar tanto a atenção dos pequeninos da área de amamentação? Aguinaldo estava chateado assim porque havíamos levado bronca e advertência. Ok, eu também tava um pouco chateada por esse tiro pela culatra, mas cada vez que eu lembrava, eu começava era a rir.

Anyway, estava com tudo na ponta da língua como O BABADO pra contar, quando o Sávio de repente vem do pátio, nos vê e é tarde demais para ele mudar o caminho. Ele, que tem uma linha fraca de sorriso ao rosto ao ver o balão, passa direto para a escada, e os dois ali, Team-Not-Sávio, logo percebem e ficam quietos, sentindo o clima. Corroborando com essa sensação chata, Dani não perde a chance de me beliscar a paciência de novo (porque ela foi/é muito resistente quanto a minha ideia) – e faz isso como se eu não tivesse ali, ao mesmo tempo que me olhava de rabo de olho:

— Ainda não acredito que a Milena me fez concordar com essa apresentação de sexta e colaborar junto com esse daí.

Com um suspiro baixo, acrescento:

— Te disse que estaria tudo bem se você não quisesse, ma...

— Mas você veio com essa história da Iara e me comoveu.

Eu não ia discutir mais aquilo, já tinha avisado, e cada vez que ela me colocasse nessa posição, eu apenas iria deixar a Dani falar sozinha. Estava pronta para fazer isso, quando o Gui intervém:

— Dani, tá bom, valeu?

Por um momento só olho para o Gui, porque não imaginaria que ele interferiria dessa maneira tratando-se do que é a conversa. A gente acordou em manter a distância dele e Sávio, principalmente no que tocava a parte do plano que se referenciava à Iara. Enquanto Sávio cuidava dos preparativos da festa da namorada, Gui era quem cuidava dos preparativos da parte da Flávia e eu era uma das pontes que unia os esquemas – o outro era o Murilo. Aguinaldo respeitava meu espaço e eu respeitava o dele.

Já Dani faz cara de poucos amigos, indignada. Ela sustenta mais seu material ao braço e não deixa de retrucar essa.

— Tá bom nada, tá é péssimo, isso sim.

Desconfortável, estou para dar no pé dali, quando Gui revida de volta, calmo, mas de certa maneira seguro:

— Você não tá sendo obrigada a falar com ele, está?

— Bom, não.

Daniela olha confusa pro Aguinaldo e essa sua postura repentina. Eu afirmaria que me sinto da mesma maneira se a Dani não estivesse levando isso para um lado ruim. Apenas fico na minha e assisto a essa cena dos dois.

— Então não tem o porquê mais dessa discussão.

— Cara, você tá TRAINDO o movimento?!

— Não se trata de “movimento”, só tô dizendo que você tá criando caso sem necessidade e pra mim essa situação já deu.

Debochada, Dani revida também:

— Pra mim soa que você tá traindo o movimento sim.

— Se isso me impede de perder mais pessoas, vou trair o que tiver de trair.

Acordando pra vida ao redor daquela bolha aleatória, vejo que começamos a chamar atenção. Bruno, que havia se distanciado, nessa hora se vira de volta e também percebe o clima pesado. Concordando com ele em um olhar rápido, era hora de interromper aquilo antes que desse um problema maior.

— Hey, gente, não vamos discutir aqui, né?

Sem palavras pra aquilo, Dani só urra um “rum” e sai dali a passos duros, com Bruno em seu encalço, perdido sobre o que era nossa conversa. As pessoas nos observam e não é nada diferente do que estou acostumada. Então só suspiro, sustento melhor meu material nos braços e sigo pra escada sem nada dizer também. Só quando eu já saltei uns degraus que Aguinaldo parece despertar.

— Lena, espera. Lena!

No degrau de descanso para o lance seguinte ele me alcança e me para. Antes que pudesse me dar qualquer explicação, mando logo a real:

— Só não quero mais briga, ok? Se vocês estão incomodados assim, podem pular fora, sem problema. Não quero ninguém indo obrigado ou se sentindo obrigado a dizer algo.

— Eu não me sinto obrigado, apenas falei a verdade. Se isso significa que tô traindo algum tipo de movimento, que ela ache.

— Aí você começa outra briga.

— Não, ela quem começou a discussão, eu só... disse minha opinião. Se ela não concorda, que seja, eu tô no meu direito de dizer algo.

— Sim, mas aí começar outra brig...

— É assim mesmo, Lena, você sabe. Não podemos viver nos esquivando de situações. Eu quis deixar claro, fui lá e falei. Pronto. Ou você preferia quando eu era do movimento? Não sei sinceramente o que te deixou chateada.

— Não tô chateada. Só... sei lá. Não gosto desse clima.

— Você quer que eu peça desculpas, é isso?

— Bom, iria doer tanto assim? Quer dizer, não se conserta uma briga com outra.

— Doer num doeria, mas né, não dá pra mudar uma ideia se ela não quer se mudada. A ficha dela ainda não caiu.

Massageio as têmporas, embora não tenha dor de cabeça, só um desconforto mesmo. Gui me empurra delicado para continuar a subir as escadas e sigo nessa vibe, baixando a guarda.

— Acho que só tenho que me acostumar que você...

— Eu tô me esforçando.

— Tem razão. Me desculpe.

— Tudo bem. Posso ter exagerado em expressar minha opinião. Mas a Dani às vezes sabe ser bem arisca quando quer. Não sei é como você me aguentava.

Agora ele quer mudar o clima que sei, e me sinto melhor por ele estar contribuindo assim na nossa reabilitação. Sei ainda que tenho que largar mais das barreiras que costumei criar. Era um esforço de cada dia e de cada um, eu bem sabia.

Mas aproveito que ele quer amenizar as coisas e entro na dele sendo a Milena que não deixa uma dessas passar.

— Ainda estou à espera da minha estrela na testa.

— Vou pensar no teu caso.


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Notas finais do capítulo

TrechinhoS do próximo:

"[...] convenhamos, se tenho a chance de pentelhar, pentelho.
— Eu assisto filmes, viu, Max. Filmes e séries e já vi essa história de policial bom e policial mau. Tô de olho!
— É assim que gosto, meu doce.
Ele ainda inventa de piscar pra mim, vê se pode!
Pois é, ele também goxxxxxxxxxxta de pentelhar. "

e

"Quando voltamos para o terraço, que sento na cadeira de balanço, ele fica ao meu lado, encostado na coluna de novo, um pouco calado, e então puxa um assunto que eu não esperava pra essa noite:
— Ei, Lena, me diz uma coisa... Quando o Bart tava pegando no teu pé, era só Djane que te segurava mesmo? Tipo, o motivo.
— Por que pergunta?
— Só responde.
— Ah, acho que sim. Ele usava nossos pontos fracos a favor dele. Me provocava pra prejudicar Djane e... Você não tá pensando em falar com Fabiano sobre Max, ou tá?"

Té!



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