Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 61
Capítulo 60


Notas iniciais do capítulo

Mistérios, mistérios... descobertas, descobertas...



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– Eu não vou pensar no artigo do Sanches, eu não vou pensar no artigo do Sanches, eu não vou pensar no artigo do Sanches, eu não vou pensar no artigo do Sanches, eu não vou pensar no artigo do Sanches.

Flavia mentaliza o mantra a fim de esquecer a atividade complicada da aula do professor Sanches e a manicure dela fica muito tentada a rir da situação, noto. O salão estava tomado por várias mulheres conversando ao mesmo tempo, quase lotado para aquela hora da manhã, era difícil até para ouvir minha amiga. Tava um alvoroço por causa de uma premiação que várias dessas mulheres acompanharam na noite passada. Flávia estava com a manicure e eu com a pedicure.

Era sábado, dia do casamento do enfermeiro bonito, precisávamos de todo um cuidado e desde cedo, por isso marcamos com antecedência nossa produção. O salão ficava perto da casa de Flávia, eu iria passar o dia com ela, uma ajudando a outra a se arrumar, porque duas cabeças e quatro mãos funcionavam melhor e nossos bonitinhos tinham sorte de não precisarem de uns tratos como as mulheres para ir em um festão. Eles não têm que se preocupar em fazer pé, mão ou cabelo, sortudos.

Por um lado pode ser bem chato e monótono, por outro, e considerando estar com sua melhor amiga, principalmente se ela está pirando por ainda não ter encontrado a solução para o estudo de caso sorteado e proposto na aula do professor Sanches, era bem divertido. E eu queria deixar essa produção mais interessante...

– Quer apostar um lanche da cantina que você ainda vai tocar nesse tópico alguma hora deste dia?

– Você, como melhor amiga, devia era me distrair disso.

– Eu, como melhor amiga e apostadora, estou te desafiando quanto a isso.

– Poxa, Mi, teu caso é fácil. Se o professor permitisse trocas, eu...

– Tu teria roubado meu tema, eu sei.

– Ai, sua coisa, não. Eu teria trocado com o Acácio para que a gente pudesse fazer o trabalho juntas. Falando nele, o que foi mesmo aquela ceninha de vocês no pátio ontem no intervalo?

Não foi uma ceninha, reviro os olhos. Flávia já havia me perguntado trilhões de vezes e eu insistia em dizer que não tinha sido nada, porque não foi nada. Eu só queria manter certa distância dele já que ele era, até um tempo atrás, parte da “gangue” do André e eu não me sentia confortável de estar perto de algum deles, mesmo que isso fosse obrigatório por ordens acadêmicas. Eu estava sendo prática, apenas isso.

No dia da aula, o professor Sanches apresentou um material da sua disciplina de Administração Financeira II e sorteou casos para que escrevêssemos artigos a respeito, só que esses casos se repetiam e quem tirou o mesmo do meu foi o Acácio, um aluno que eu praticamente não tinha contato e costumava ser do grupinho de André. Eu não queria ser aquela pessoa que julga pela companhia, mas a memória daquele infeliz ainda era recente e tudo o que eu mais queria nesse novo período era paz.

A atividade não era em dupla por assim dizer, no entanto, poderia ser feita em conjunto, um ajudando o outro, com cada um escrevendo seu próprio artigo. Menos mal. Flávia tirou o mesmo tema que Marcinha e Gui com William. Foi um alívio na verdade, porque o tema de Gui ficou entre o William e Sávio e seria complicado se os dois tivessem que tratar do mesmo tema.

O professor também nos cedeu dicas de autores e livros para a pesquisa, assim, na segunda-feira mesmo, que foi o dia que Murilo me contou sobre o caso da Denise e enquanto eu procurava a matéria da vaca na internet, Acácio surgiu na minha tela por um chat de rede social me perguntando se eu tinha achado um dos livros. Eu tinha conversado com ele brevemente no fim da aula sobre uma impressão de ter um desses que o professor indicou. E tinha de fato, mas demorei a ir atrás por ter me distraído com os rolos do Vini e então com os serviços da empresa. Eu só lembrava quando não tava em casa.

Nisso, em algum dia do meio da semana, Acácio me avisou que havia achado o outro livro com uma boa abordagem do caso que tínhamos. Deu sorte de eu ter levado o livro pra ele e então trocarmos, pra darmos uma verificada sobre as teorias em cima do caso e ter uma visão mais geral. Aí ontem... Ontem, quase no fim do intervalo, ele me encontrou – sim, eu tava me esquivando dele – e me chamou pra fazermos uma reunião no último horário, que seria o de Djane, e que por ela não estar apta a dar aula ainda, seria horário vago.

Só que ele tava numa das mesas afastadas da lanchonete com aquele grupinho, Sávio no meio até, e eu disse que andava muito ocupada, já tinha planos pra sair cedo, contando com esse horário vago e que era preferível a gente se encontrar online pra escolher as abordagens pro estudo de caso. Acho que ele notou que eu tava me esquivando – ele e metade da faculdade sacaram. Ainda bem que essa hora o Gui já tinha subido para a classe, eu não queria ver onde isso daria.

O Acácio realmente estava interessado em só fazer a atividade, eu sei, eu só não queria me aproximar dele. Aí eu marquei de tratar com ele no domingo à tarde, pois tinha compromisso pro fim de semana e isso era bom para nos dar tempo de dar uma boa pesquisada antes de debater o assunto.

Mas já que Flávia insiste tanto nesse ponto sobre a tal ceninha, abro logo o jogo:

– Eu só não tava a fim de fazer o trabalho junto como ele tava propondo.

– E como ele tava propondo?

– De a gente fazer uma reunião a respeito pra debater ideias. Prefiro que seja mais informal que isso, pela internet mesmo dá.

Folheio uma revista que estava ao meu lado e Flávia pensa um pouco a respeito. Acho que unindo essa resposta às outras mil que já dado a ela.

– É por causa ainda do Hermani, não é?

Eu ia confirmar, mas de repente meio que o salão parou. Digo, foi parando gradativamente de um modo muito estranho só por minha amiga ter falado o sobrenome “Hermani”. Uma garota que estava na poltrona ao lado, em que uma moça terminava de lavar seus cabelos, levanta a cabeça interrompendo o enxágue e se vira para nós:

– Você disse “Hermani”?

E aí sim várias bocas falatórias foram se calando aos poucos e umas olhando paras as outras e nem eu nem Flávia entendendo o que era a situação. A garota insistiu mais com o olhar, instigando minha amiga a responder:

– André Hermani?

Sem jeito, Flávia assente.

– Sim, ele mesmo. Por quê?

~;~

Foi como dar partida à confusão, pois várias das mulheres presentes começaram a falar da família Hermani, como alguns eram admiráveis, outros detestáveis e, embora eu não tivesse conhecido outros além de André, já me bastava ele e por óbvio ele se enquadrava na classificação dos detestáveis. Família Hermani parecia ser a nova novela da vez.

No meio desse alvoroço, a moça que enxaguava o cabelo da garota a puxou de novo para terminar de jogar água e a tal continuou a falar, como se estivéssemos conversando mesmo:

– Já saí com esse traste, te entendo.

Senti que Flávia ficou um pouco desconfortável, pois sim, ela já havia ficado com André uma vez, quando não sabia a criatura de merda que ele era, então por mim e por ela eu discordei com a garota:

– Não, eu não saí com ele, só tivemos... hããã... muitos desentendimentos. A questão que estávamos conversando é que um dos seus discípulos, por assim dizer, é praticamente meu par numa atividade da faculdade e eu tô evitando contato direto por causa do André. Mesmo que ele já tenha se escafedido da cidade.

Uma garota que estava fazendo um corte no seu cabelo nos chamou atenção quando começou a falar. Ela estava um pouco mais a nossa frente, o salão não era tão grande assim, e estava um pouco apertado. Mas ela soube fazer sua voz chegar até nós e novamente as meninas presentes pararam um pouco da novela para ouvi-la também.

– Eu quase dei uma festa quando soube que esse cretino foi embora!

Eu sabia que o André era odiado em muitos lugares e pelas mais diversas pessoas, mas nunca achei que iria encontrar várias delas num mesmo ponto e que quisessem comemorar a retirada dele como eu. A cabeleireira até concordou, comentando sobre a irmã de André, que antes a contratava para fazer uns penteados e sempre queria enrolá-la pagando menos. Eu nem sabia que aquela coisa tinha irmã!

Não sabia que ele tinha sido expulso de um clube! – ainda que essa fosse fácil de imaginar. André tinha se enfurecido e quebrado um quarto em que estava passando o dia e se negava a pagar por causa de um serviço que não tinha sido de seu agrado. Então era recorrente isso dele... Não me admira mais que tivesse um advogado andando pra cima e pra baixo com ele. Onde André passava, ele deixava um rastro de merda.

Com várias mulheres conversando sobre isso, acabei me animando e contando sobre umas coisas que ele já tinha feito na faculdade. Nunca vi tanta mulher agradecendo por não fazer a mesma faculdade que o cara. Flávia também se empolgou e desceu a raiva comigo. Ela contou que cheguei a dar um soco no maldito e eu expliquei o porquê de minha ação, que foi por uma tentativa de André de me ferrar no estágio. A manicure até disse que eu devia ser compensada por ter estudado e trabalhado ao lado desse safado. Não sou de acreditar em carma, mas compensação... é, até que eu queria.

Só sei que direta ou indiretamente todas ali tiveram uma experiência com algum componente da família Hermani, todas tinham uma, duas ou três histórias para contar. O “lado bom” mesmo da família era basicamente só o pai, um filho adotado e um sobrinho do patriarca. A mãe não era do time da ruindade, mas também não era das melhores pessoas.

Me parecia mesmo uma novela e uma que, em algumas cenas, gostaria de ter assistido. Como o caso que a cabeleireira conta, de que a irmã de André havia a jogado na piscina numa discussão sobre o preço de um serviço e a mulher não sabia nadar. Quem a salvou foi o pai, que chegou a tempo de ver a cena, e tratou a cabeleireira do modo mais respeitável possível. Acho que a mulher até suspirou.

Mas antes que eu pudesse verificar isso melhor, a moça que antes enxaguava o cabelo e então estava sendo atendida para fazer uma escovinha, comentou algo que me deu uma grande interrogação.

– Também já saí com um desses seguidores do André, o cara era até legalzinho, mas não durou nada demais. Uma vez ele me levou numa festa em que o André era o anfitrião e nela rolava muita briga. Sinceramente, nunca vi um cara tão mesquinho e idiota daquele jeito, ficava humilhando a torto e a direito quem tava ao seu lado. Isso é jeito de tratar as pessoas? Aí eu pedi pra ir embora, claro. Sabe o que o carinha fez? Teve que bater o ponto praticamente, foi falar com o André para avisar que tava de saída. Não era como uma despedida de amigos e tal, era pela maneira que André simplesmente mandava ali, como se fossem todos seus subordinados...

Era estranho mesmo. Não que eu não acreditasse ou mesmo pudesse visualizar a cena, era que até esse comportamento de rei do André me fazia suspeitar. Não consigo ver como ele podia controlar todas as pessoas ao seu redor por um simples status.

– ...Quando foi no estacionamento, eu perguntei por que ele tinha ido dar satisfação de nossa saída. O carinha só me disse que “quando se é amigo de André, é porque tem dívida com ele”. Eu não quis mais saber do caso, só de sair dali. Ainda encontrei esse figurão por aí em umas festas, mas o que eu mais fazia era desviar meu caminho e, se possível, avisar as garotas presentes pra evitar esse coisa. Elas não mereciam topar com um ser desprezível desses.

Assinto como as outras mulheres, que começam a debater essa questão de aceitar avisos de outras garotas, que é melhor evitar do que testar aviso. Eu, por outro lado, começo a maquinar sobre isso que garota mencionou... sobre dívidas. Que tipo de dívida, eu queria questionar. Mas a discussão vai para outros lados e no meio desse fuzuê, e da minha troca com Flávia, de pedicure pra manicure e vice-versa, me retiro para meus pensamentos enquanto observo o movimento ao longe.

Que tipo de dívida teria Acácio e os outros?

Pior. Teria o Sávio alguma dívida com André?

Que tipo de dívida, droga!

~;~

– Ai, Flávia!

Minha amiga repuxa uma mecha de cabelo com força, me trazendo para o mundo real. Desde aquela hora da manhã no salão, com as mulheres contando as mais diversas histórias sobre a família Hermani, não tinha me saído da cabeça uma em especial. Que André não teria amigos de verdade, era de se imaginar, mas que os mantivesse por perto por causa de coisas que eles deviam a ele, era algo muito triste. Triste para os cidadãos, não para o André, esse ser desprezível por natureza.

– Faz horas que te chamo aqui, pra saber pra que lado tu quer a franja, e tu aí viajando, sua chata. Bora logo que quero fazer minha maquiagem.

Flávia tava chateada porque logo hoje havia aparecido uma daquelas espinhas malditas na sua testa e toda hora ela puxava sua franja para cobrir. Não adiantava o quanto eu dissesse que não estava visível, ela insistia em dizer que tava sim. Eu mesma tinha feito uma escova nela e ajeitado sua franja, agora ela só fazia uma babyliss em mim e toda hora parava pra ajeitar a fivela que eu havia posto pra segurar mais a sua franja.

– Pro direito, Flá, pro direito. Te disse isso desde a hora que preparávamos o jantar com sua mãe.

Demos uma ajudinha para a mãe de Flávia para nos distrair da ansiedade da festa. Minha fome já dava suas pontadinhas no estômago, mas iríamos jantar só depois de fazer a maquiagem. Festa assim demora, a gente que não ia ficar de pateta morrendo de fome. Vai que a noiva demora mais que o atraso típico? Vai que não tem casamento? É até engraçado o quanto as pessoas podem esperar que a noiva ou o noivo digam “não” perante o altar ou que algum deles não apareçam, como é de costume em novelas. Eu já tinha ido a vários eventos desses quando criança e sempre sofria na longa espera, por isso jantar sim e sempre antes de ir.

Felizmente a tia vaca desgraceira de Flávia havia dado no pé da casa, eu não aguentaria a mulher buzinando no nosso ouvido enquanto nos aprontávamos. Ela provavelmente estaria no nosso pé, porque não teria outra pessoa basicamente para ela estar, já que o pai de Flávia estava viajando, a mãe, descansando, e a irmã e cunhado tinham saído para um aniversário. Mas a grande questão mesmo é que eu ainda ria do desfecho sobre essa saída da tia dela.

Ela era fugitiva!

Ok, não tão brincadeira.

Ela fugiu do marido porque tinha gastado boa parte de um dinheiro dele com compras e tinha que fazer um teatro sobre essas despesas. Por isso inventou essa viagem de folga e demorou esse tempo todo só pra enrolar que isso justificaria o rombo. Olha que cretina! E ainda falava da vida dos outros!

Acabaram descobrindo a façanha, e o marido veio pessoalmente rebocá-la daqui. Flávia disse que nunca se sentiu tão feliz por ver alguém se lascar e bonito. Estaria disposta a dar toda e qualquer informação que o tal marido poderia querer, mas a mãe de minha amiga pediu para que não interferisse, que era melhor não se meter nesse rolo. Então Flá se contentou de apenas se livrar da tia chata. Teve que se contentar, né.

– Já decidiu se vai botar pulseira ou colar?

Eu separava os brincos ponto de luz na penteadeira dela.

– Vou de pulseira mesmo, o colar que achei que combinaria com o vestido não é tão apropriado assim. E você?

– Vou sem colar. Queria estrear no estilo aquele que o Murilo me deu de presente, mas não combina muito com meu vestido também.

– Qual foi esse que ele te deu?

– Foi presente de Natal do ano passado. Um colar de ouro com um pingente de M que tem um M traçado no meio, que ele dizia ser de “Milena” e “Murilo”. Tava esperando algo especial e formal pra usar e até agora nada. Acabei me apegando mesmo sem tê-lo usado.

Foi como se ele tivesse me reafirmado que não iria desistir de mim, ainda que eu tivesse quase desistindo dele, que era nos tempos que a gente tava brigado e tinha sido feio. O colar guardava um misto de sentimentos por isso.

– Aposto que ele ficaria bestinha se você usasse hoje.

Flávia conhece meu mano o bastante para saber que ele se emociona fácil assim. Ainda que fosse agora uma época boa, muito boa entre nós, usar esse colar seria como um auge do meu perdão, algo que Murilo tanto se esforçou para conquistar. Foi tão suado que não teria como não nos marcar. Nesse sentido, o reluzir da joia era como se fosse um grito de paz e reconciliação. Uma lembrança de que mesmos perdidos, a gente devia se dar uma chance.

Hoje já posso dizer que isso não me aperta mais o coração, embora não seja algo que possa simplesmente deixar no passado.

– Apostaria se já não tivesse uma aposta contigo.

– Eu não concordei com essa aposta, não selamos nada, bonitinha.

– Porque tu sabe que tu vai perder.

– Não vou, não.

– Então estamos seladas.

– Só se aumentarmos esse lanche pra dez reais.

Flávia termina de ajeitar minha franja, finalizando o efeito babyliss. Sem desfocar de minha cabeleira, ela cata o spray fixador na ponta da penteadeira e puxa a tampa. Antes que ela fizesse uma pequena fumaça em cima de mim, me viro pra ela, euzinha com a cara mais cínica do mundo.

– Impressão minha ou você quer me extorquir?

– Hey, não fui quem roubou quarenta reais do Gui na viagem.

E retorno à posição anterior, me voltando para o espelho da penteadeira e puxo a caixinha de joias dela do canto, bufante por ela lembrar demais do caso da viagem. Flávia ignora minha reação, só começa a passar o spray devagar em pontos estratégicos para não endurecer demais meu cabelo. A ideia nem era fazer o efeito fixo, era só dar uma persistência maior ao penteado.

– Você não esquece nada, Flá.

– Alguém tem que saber manobrar os esquemas, oras.

– Essa é minha garota. Vou de anel apenas. Que tal essa pulseira aqui pra você?

Das mil pulseiras que ela tinha, Flávia insistia em dizer que nenhuma combinava o bastante. Eu discordava totalmente. Havia essa delicada que pego e separo.

– A outra opção que pensei, minha irmã pegou. Então é essa mesmo. Agora cuida, que teu cabelo já tá pronto, e eu quero dar logo um jeito nessa bendita espinha!

Eu poderia dizer que ela está tão ansiosa quanto a noiva, mas não queria mencionar nada enquanto ela estivesse com meus cabelos em mãos. Vai que acontecia um desastre?

– Vai tá escuro, Flá, e com essa franja, mais difícil ainda de ver. Marcou que horas com o Gui?

Ela tira a prancha da tomada e enrola o fio, anda pelo quarto e pega sua nécessaire na cama, pousa-a na minha frente e depois sai para pegar alguns materiais extras, como algodão, guardanapo e cotonete. Eu, por outro lado, dou uns últimos retoques ao penteado me olhando no espelho e logo dou uma esticadinha para o som ao lado, ligo para dar uma animada no ambiente. Se tem algo que faz uma garota sobreviver à hora de passar maquiagem é uma boa música rolando no processo.

Rihanna toma o quarto. Drake também.

Trilha indicada/citada: Rihanna – Take Care (Feat. Drake)

– Nove horas. Na senha dizia nove horas também, eu sei, mas isso é código pra “a gente diz nove, mas começa lá pra nove e meia”.

– Espera eu gravar isso e mandar pra minha mãe. Ela sempre queria aparecer nesses eventos com meia hora de antecedência.

– Mãe é mãe, sempre acha que é pra chegar cedo, quando é totalmente o oposto. Além do mais, chegar atrasada, dependendo do evento, pode ser considerado chique.

Vou retirando os itens da nécessaire dela e juntando com as minhas que eu já havia colocado por ali. Trazendo uma cadeira extra e uma mão carregada de coisas, ela se põe ao meu lado pra dividir o espelho, mas não permanece. Quando finalmente alcanço o meu celular e acho o aplicativo para gravar mensagem de voz, Flávia se distancia de novo. Quando volta para ajeitar sua fivela ao espelho, me encontra apontando o celular.

– O que foi?

– Tô esperando você passar seus ensinamentos sobre etiqueta de atrasos chiques. Mamãe precisa saber.

– Tenho certeza de que ela sabe, só não quer admitir.

– Que nem a história da braguilha. A gente sabe que é educado avisar, mas na hora do vamo ver, a gente praticamente tem que tirar no palitinho porque ninguém quer ser o mensageiro.

– Que história da braguilha?

Então Aguinaldo não contou... O que é pra ele fofocar, ele não fofoca, esse sabido!

– Foi uma no último evento acadêmico que tava eu, o Gui, Sávio e a Ananda tirando na sorte. Pensei que ele tivesse contado.

– Pois agora vai detalhar tudo.

Minha amiga se senta e dá uma pequena organizada nos elementos à mesinha. Já eu, provoco, provoco por essa sua pose de ansiosa e irritada. O que uma espinha não faz num dia de um festão...

– Tu não vai ficar toda ocupada com a maquiagem, senhora apressada?

– Ainda não cheguei no nível maquiagem me ensurdece. Agora conta.


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Notas finais do capítulo

Só sei que... ESSE CASAMENTO PRO-ME-TE.
E aí, libero ainda hoje ou espero a virada de ano?

TrechinhoS pra animar?

"Quando achava que ninguém mais ia “murilar”, Gui apareceu na hora exata para cumprir esse papel.
— Cara, é porque tu ainda não viu esse vestido da Flávia.
E sim, nós meninas, foi quem olhamos feio para ele. A namorada dele até se desvencilhou, tomando meu lado e de Aline. Melhor dizendo, tomou nosso partido. Rá!
— O que tem o meu vestido, Aguinaldo?
— Ele tá perfeito demais, amor. Vocês todas estão lindas demais. Esse é o problema. "

e...

"É no meio do caminho que a criatura simplesmente para na minha frente de repente e quase faz meu prato voar:
— Acha que sou mais uma estatística pra Aline?
Sério que ele poderia imaginar uma coisa dessas? Me espanto momentaneamente com o fato de que ele estava sério e realmente considerava aquilo. Não tinha eu ideia de que Murilo poderia ser esse inseguro ainda em relação à Aline. Quer dizer, nenhum casal pode ser tão 100%, mas quanto a eles eu via claramente."

E prometo MUITAS SURPRESAS MAIS, viu!

Bjos!



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