Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 53
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Eeeeeeita!

Enjoy!



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Na ala de espera, eu tentava me comunicar com Murilo. Como o sinal não tava de todo modo ruim, porém nem dos melhores, fiz o mesmo com que meu aviso para o Vinícius, mandei mensagem. Pelo caminho todo desde que saí do self-service, fui ligando para o namorado e nada, chamava até cair. Assim foi melhor optar por uma sms, pois quando visse minhas várias ligações, ele poderia se tranquilizar logo.

Na verdade, eu já praticamente levantei da mesa com o celular pendurado no ouvido já que Renato havia me dito que não conseguia falar com Vini e teria que auxiliar Djane para ir à Emergência. Além disso, cogitei que Sávio estaria de moto e aí não daria para ligar para o Vini. Para falar a verdade, nem pensei que estaria mano-a-mano com o Sávio novamente na moto de tanto que a ligação me distraiu.

Essa preocupação então se revelou desnecessária, pois Sávio não estava de moto, mas sim de carro – e dessa vez, graças, não era de André. Quando alcançamos o estacionamento, saí logo procurando as motos ao invés de seguir a Sávio. Este teve que me puxar de volta e indicar o carro, um que era de seu tio, eles andam revezando de vez em quando.

Sávio me deixou primeiro na entrada do hospital e prometeu que logo me encontraria, ele iria estacionar o carro. Quando chegou à ala de espera, eu falava com Renato, que me atualizava do caso. Ambos se cumprimentaram de boa e Renato agradeceu por Sávio ter me acompanhado. Enquanto isso, Djane estava numa ala próxima fazendo alguns exames imediatos.

Com aquele típico bom humor quase nunca abalável do professor, ele nos contou que Djane já estava praticamente em delírio por finalmente ceder que ela estava doente, coisa que ela vinha negando faz tempo. Ela devia estar com febre naquela hora em que chegamos na sua casa, mas como resistiu em ser avaliada, preferi dar um tempo pra mulher. Eu deveria ter insistido mais... Quem sabe aí a febre não tivesse chegado àquele ponto? 40 graus não é besteira, é perigoso isso sim.

Renato me tranquilizou quando notou que fiquei sem jeito por isso. Nos contou mais que quando ele chegou com as compras, ela estava quieta no sofá vendo tv, que ele foi pra cozinha preparar os sanduíches. Ao retornar à sala, ela permaneceu sem se pronunciar e ele ficou em dúvida se interferia ou não, já que, até onde se sabia, Djane tava ignorando-o de propósito. Então Renato só deixou o sanduíche com suco à mesinha da sala e tentava persuadi-la, sem chegar próximo. Assistiram a algum programa qualquer até. Djane só beliscou o sanduíche, resmungando que ele tava importunando demais.

Nisso, dado um tempo, acho que o corpo pesou. Embora deitada no sofá e coberta com uma manta, ela devia estar mesmo mal. Tão mal que arredou o pé. De acordo com Renato, ela o chamou de mansinho e finalmente aceitou que estava doente. Quer dizer, aceitou não, a mulher disse que era provável que ela pudesse estar doente. Desconfiando da moleza de Djane, Renato foi verificar como ela estava e aí viu que ela queimava em febre. Com a confirmação do termômetro, o professor decretou que a levaria pra Emergência e Djane nem chiou!

Renato não se demorou conversando com a gente, logo se mandou pra ficar como acompanhante de Djane. Mesmo não se deixando abalar, era transparente como ele estava preocupado e ficar muito longe de sua amada, ele ficava bem inquieto. Enquanto nos passava esse relatório, o professor basicamente nem olhava pra gente, só para além da gente, que era o corredor onde ficava a ala de exames. Com a promessa de que voltaria em breve com mais notícias, nos deixou na ala de espera e correu para falar com uma enfermeira que apareceu no balcão mais a frente.

Na cadeira ao lado, Sávio se encolhe em si mesmo, me cutuca e puxa papo, quando enfim mando uma mensagem para meu irmão.

– Então... Djane e professor Renato? Nunca desconfiei.

Por um momento, havia esquecido completamente que não são muitas pessoas que têm conhecimento desse relacionamento, principalmente se tratando de alunos. Espero que não role nenhuma agitação negativa quanto a isso quando voltarmos às aulas, o que foi boa a precaução de Renato ter se transferido para outro departamento. Mas boatos são o que não vão faltar naqueles corredores.

Me endireito no assento e rio um pouco. Embora aquilo fosse mesmo fazer render as primeiras fofocas do período, era uma história da qual eu fazia gosto.

– Ah, sim! Às vezes esqueço que isso possa pegar as pessoas desprevenidas.

– Uma vez achei que ela teria algo com o diretor, porque eles são mesmo muito ligados, já percebeu?

– Aham. Fabiano tem um carinho enorme por ela e ela com ele.

Deve ser a “versão Gui” dela, costumo pensar. Aí imagino um dia o Gui sendo meu chefe. Acho que seria mesmo como a relação de Fabiano e Djane, como cão e gato. Eles também são de lua, tem dia que está tudo beleza, na maior paz, depois eles discutem adoidado. Claro, nas conformidades de seus cargos.

Mas Fabiano sempre a apoiava quando necessário, e é tão íntegro que mal deixa as pessoas perceberem que eles têm essa relação linda. Eu mesma demorei tempos pra sacar. Me surpreendi uma vez em que a professora me contou que ele foi um dos poucos que sabia da barra que ela tava passando quando Vinícius ficou em coma. Na verdade, eu nunca agradeci tanto por ele ter estado por Djane, que por muito tempo pensei ter ficado sozinha. De qualquer forma, ela quem se isolava das pessoas por suas razões.

Sávio assente, dessa vez descansando o braço no apoio da cadeira, já escorregando o corpo pelo assento, de repente com uma cara de preguiça engraçada. Como ele, me permito escorregar o corpo, porque parecia que iríamos esperar um tantinho mais por notícias. Ele não precisava ficar, mas insistiu. Não queria me deixar sozinha.

– Acho bonito. E acho bonito ela com Renato, apesar de ainda não tê-los visto juntos de fato. Só de ele vir aqui, acompanhá-la e ser porta-voz dela, o cara já se provou.

– Verdade.

– Eles estão juntos há muito tempo?

– Não tanto. Mas eles se gostam há muito, só não estavam juntos.

– Fico feliz por eles, Djane merec...

Distraída com a conversa, não notei boa parte do que havia ao meu redor. Pessoas espirrando, tossindo, vomitando, lendo, jogando minigames, médicos de um lado para o outro, enfermeiras também, era como qualquer sala de espera chata e com uma tv no mudo em um canal aleatório. Mas venho a notar tudo isso quando alguém quebra aquela bolha de tranquilidade da ala e dispara impaciente assim que fica diante de mim:

– O que ELE tá fazendo aqui?

De início pensei que ele estaria nervoso por Djane, mas aí vi que não. Vinícius estava mal encarando o outro e na mesma hora Sávio se endireitou na cadeira, assim como eu, mas para levantar e apaziguar a situação.

– Sávio só veio me acompanhar, nada demais.

Antes que o próprio pudesse confirmar qualquer coisa, Vinícius deu um passo avançando, de modo a ficar cara a cara e apontar o dedo em ordem para Sávio, que levantou os braços em rendição.

– Eu não gosto de você e muito menos de você ficar perto da MINHA namorada.

– Entendo, cara.

Chateada pela grosseria, tento puxar Vini para que se afaste e pare com isso, mas ele permanece no mesmo lugar, resistindo às minhas tentativas. Novamente ameaçador, ele delimita outra ordem de “chega pra lá”. Eu não via essa versão dele faz um tempo e não gostava de vê-la novamente.

– Nem de minha mãe!

– Vini!

Por trás deles vi que uma enfermeira correu para chamar um segurança dali ao lado e todo mundo se virou para a ceninha que ocorria. Até o garoto que tava do outro lado da ala, na parte da triagem que ficava colada a nossa, parou por um momento de vomitar. Sem muito o que dizer, Sávio deu um passo para trás e se defendeu com palavras, coisa que Vinícius então usa para atingir.

– Eu só vim ajudar. Se incomodo, me retiro.

– Pois incomoda, então vai logo embora.

– Vini, não seja grosseiro!

O segurança estava a caminho, corria junto com a enfermeira e falava por aquele aparelhinho de comunicação algo. Legal, vamos todos ser detidos agora, pensei.

Vinícius puxa o braço que tento segurar e se desvencilha de mim. Quando responde, põe mais força na voz zangada e nem por um segundo deixa de encarar o outro, que ficava na dele para não causar um alvoroço maior.

– Ou sou grosseiro ou não respondo por mim, porque eu tô me segurando aqui. Eu não te quero perto da Milena, tá me ouvindo?

– O que está havendo aqui?

O segurança enfim nos alcança, e eu levo a mão à cabeça, com uma vontade enorme de deixar Vinícius sozinho plantado ali, ou pior, se formos postos porta a fora, eu daria um jeito de me mandar, porque não ia querer ficar perto dele comportando-se daquela maneira. Céus, estamos mesmo tendo esse desentendimento na frente de todo mundo?

– Nada, é só uma discussão. NÃO É, Vinícius? Já acabou.

Como Vini não se mexe, o segurança o empurra devagar para separá-los mais. Assim que ficam a certa distância, Vini bufa e volta a se aproximar de Sávio, mesmo aos meus audíveis protestos pedindo que não e ao esforço do segurança de segurá-lo.

– Só não faço nada bem aqui porque estamos num hospital e EU respeito a Milena. Então vaza daqui.

– Vini!

Vendo que não tinha outra opção, Sávio assente.

– Não, tudo bem. Ele tá no direito dele. E se fosse me bater, podia me bater. Eu não ia revidar.

Um pouco cabisbaixo e embaraçado por tantos olhares, Sávio se distancia um pouco, faz que compreende a situação para o grupinho que havia se formado ligeiro ali.

Como sempre, ele era o respeitador que dava a cara a tapa. Já havia dado a Gui e agora a Vinícius, que era outro que tava muito interessado em responder no punho. Bufante e ainda mal o encarando, Vinícius parecia estar lutando para não dizer algo mais. Ele que não tentasse algo. Não estava acontecendo nada, era o que eu queria reforçar, mas o que chego a dizer é:

– Sávio, acho melhor mesmo você ir.

– Tudo bem. Melhoras para Djane.

E só assim a confusão dispersa. Com um olhar de quem pergunta “satisfeito?” repreendo aquele comportamento do namorado logo que o segurança o libera e volta a seu posto. As pessoas ao redor acompanharam Sávio até a saída ao mesmo tempo em que ainda nos observam, esperando, quem sabe, Vinícius estourar de novo. Ele que não se atrevesse, o deixaria ali num segundo.

De qualquer forma, de braços cruzados, me retiro para o canto da ala e paro para pegar um pouco de água. Sentia que aquilo não havia acabado e a gente iria discutir. Não podia esperar um instante para eu explicar?

– Cena desnecessária. Ele foi de muita ajuda, sabia?

Muito do revoltado, Vini ignora o que digo e logo demanda:

– Quê que ele tava fazendo na minha casa?

– Ele não... ele não tava lá, ok? A gente se encontrou quando sai com o Renato pra comprar o jantar. Conversamos um pouco e logo Renato avisou que teríamos de vir pra Emergência. Ele me trouxe, SÓ isso.

– E veio com você. Muito bonito... Mi, você sabe que eu odeio esse cara. Odeio como ele te olha. Odeio como...

Apontando para onde Sávio tinha acabado de sair, Vinícius guardava consigo a tensão e a raiva.

– Já passou, Vini.

– ...como ele te tocou.

– Pensei que você já estivesse bem com isso.

– Bom, eu não estou. Não confio nesse cara, essa fuça de santo não me engana. E olha que eu tava aguentando, Mi. Mas vê-lo aqui... foi demais. Quem ele pensa que é?

– Acho que não é a hora, nem o lugar, para discutirmos isso, ok? Vamos só esperar Renato voltar para nos dar notícias, pois até então Djane está fazendo exames. Pediram raio-x e tudo.

– É tão grave assim?

Ah, agora ele quer saber da mãe? Se dependesse dele, estaria esticando história sobre Sávio, sem fazer sequer uma pergunta sobre Djane. Guardo minha indignação sobre seu comportamento e prefiro nem tocar de novo no assunto até segunda ordem.

– Não sei, eles não dizem. Deve ser só precaução.

Diante de mim, Vinícius ainda bufa impaciente. Eu só espero que Renato volte logo e nos interrompa, pois estava difícil não discutir com ele. E uma vez que começássemos, sentia eu que algo desandaria no caminho.

~;~

– Murilo tá mandando um beijo. Não pôde vir por causa do trabalho.

Abaixo o celular e coloco no criado-mudo ao lado do leito onde Djane está deitada. Enquanto esperava os resultados dos exames, ela ficou numa poltrona recebendo soro e medicação pra baixar a febre, mas quando se descobriu que se tratava de pneumonia, transferiram-na para a ala de observação e a puseram num leito.

Se ela reclamou? Nadinha. Tava calma, calma.

Pelo menos foi o que Renato me relatou, pois depois que discuti com Vinícius e que nossa briga meio que rendeu, saí de perto dele. Ádria, uma médica que estava de passagem e viu um pouco da confusão logo foi atrás de mim e me acompanhou. Era a noiva do vulgo enfermeiro bonito, Diogo. Ela estava num break do plantão e conversar com ela me ajudou muito a acalmar, mesmo falando sobre pânico em cerimônias matrimoniais, já que a dela seria dali a uns dias.

Ádria nem devia estar trabalhando, mas queria compensar pelos dias que ficaria fora por causa do casamento e lua-de-mel. O casal vai viajar para uma cidadezinha do interior, onde ela nasceu e não importava o seu cansaço aparente, ela estava feliz. Estonteante, devo dizer. Mas as meninas, suas damas de honra, dentre elas a Michelle, que era amiga da ex-namorada falsa do Vini, estavam a todo custo querendo arrancá-la do expediente.

Me mantive em cima do muro.

– Elas têm um bom ponto e você também.

Não só de compensar os dias fora, Ádria me contou que trabalhar era a única hora de fato que ela “relaxava” dos preparativos, então discutir sintomas clínicos era quase terapêutico. Até porque suas damas de honra toda hora mandavam mensagem ou ligavam.

– Michelle tava me ligando até ainda agora. Aí eu disse que ia salvar uma paciente e desliguei.

– Então você mentiu?

– Não necessariamente. Vi a discussão que você teve na sala de espera. Como estava um pouco longe e você estava de costas, fiquei sem saber se era você mesmo. Quando se afastou do seu namorado, que te reconheci, quis te cumprimentar, mas veio a dúvida se era o momento e aí...

– Aí...

– Vi que você ficou chateada e achei que uma conversa descontraída seria bom para nós duas. E está sendo, não está?

Estava, de fato. Me distraiu a ponto de tomarmos um suco na lanchonete, comprei até gelatina. Uma pena Diogo não estar de expediente no momento, senão levaria para ele quando fosse o cumprimentar.

Ficamos um tempo assim até que o break dela acabou e aí sim, mais tranquila, eu saí procurando pelo professor e por Vinícius. Renato só conseguiu atender minha ligação porque estava lá fora, ele foi chamado pelo autofalante do hospital para a área do estacionamento, parece que algo ativou seu alarme do carro e ele teve que ir resolver, mas me informou onde Djane havia ficado, que Vinícius estava com ela.

Por todo o caminho eu ia me preparando para encarar o namorado depois daquela confusão, mas nem precisei no fim das contas, pois na hora que adentrei a sala de observação, aquela que comporta vários leitos, semelhante à enfermaria, Vini saiu sem muito me olhar de volta com o celular no ouvido. Então fiquei com Djane. Dado um tempinho, meu celular captou uma mensagem de Murilo pedindo notícias, já que meu celular nem chamava. Êta sinal ruim de hospital!

– Ah, tudo bem. Esse menino tem os horários mais improváveis.

– Eu que o diga, agora que ele tá se estabelecendo melhor.

Me recosto na poltrona de acompanhante e sem querer suspiro. Não que meu suspiro pudesse dizer muita coisa, mas algo Djane nota.

– Não precisa disfarçar, querida, já vi tudo.

– Tudo o quê, Djane?

– Vocês brigaram, não brigaram?

– Eu e o Murilo??

Djane ri, bondosa, ajeitando-se no leito para se deitar melhor.

– Posso estar com meus 38, 37 graus, não importa, vi o olhar baixo com que meu filho saiu daqui. Melhor dizendo, aquele encontrão de vocês na porta. Eu vi tudinho. O que houve?

Pois pronto, virou novela. Aí que deito a cabeça no encosto da poltrona mesmo.

– Nada.

– Sei.

– Nada que a senhora precise se preocupar. Nada importante.

– Tão insignificante que nem te chateou, né? Milena, eu passei o dia zangada com vocês e nem assim me abalei a ponto de ficar tristinha pelos cantos. Então o caso foi sério. O que aconteceu? E não diga “nada”!

Balanço a cabeça devagar titubeando e gemo um pouco, resistente de voltar a tal assunto. Assim, decido não abordar mais do que a situação em geral.

– Foi uma discussão idiota, por assim dizer. Eu não concordei com o comportamento dele, nem ele com o meu. Deu no que deu.

– Tem a ver com Renato?

Ela não tá achando que...? Que briguei com Vini por causa de Renato?

Com um tom enfático de “por que haveria esse absurdo?”, respondo:

– Não.

– Hum. Com quê então?

Djane me observa, espera que eu diga algo. Pra quem devia estar descansando, até que ela tá muito acesa de repente. Acho que ela não vai desistir, então suspiro novamente e decido contornar de novo pelo menos.

– Não sei se é adequado mencionar, Djane, é um caso entre a gente. A propósito, desculpe se me meti nos seus assuntos com o professor. Na verdade, ele só precisava desabafar, andava um pouco nervoso por como a situação estava indo. E não sem motivo, né?

Ela desvia o olhar, agora sim parecendo cansada. E teimosa, tal qual seu filho querido.

– Eu só não precisava ficar doente.

– Djane.

– O resto eu dava um jeito, Milena, juro!

– Mas Djane, isso tava te desgastando de um jeito que até Fabiano concordou com todo o esquema. Fabiano! Por que insistir em algo assim?

Com cara de culpada e resistente, Djane soa como uma menina que fez a coisa errada e ainda não se arrependeu.

– Eu tenho meus motivos.

– E motivos que espero explicar bem isso. Se não quiser dizê-los, não precisa.

E de menina culpada, ela passa para menina curiosa num piscar de olhos.

– Digo se me disser o motivo da discussão de vocês.

Tombo a cabeça pro lado. Eu ia repreendê-la por propor essa troca, mas de última percebo algo estranho. Parecia que ela queria confessar os tais motivos e acho que ela só não queria entregá-los tanto de bandeja assim. Era como chamar atenção sem chamar atenção demais. Era uma técnica, uma boa técnica. Papai era desses que vivia usando, então acabei notando logo o propósito por debaixo. Quer dizer, que havia um.

– Você quer conversar sobre isso, não é?

– Sobre a discussão de vocês?

– Não, não, sobre os seus motivos.

Pega no flagra, minha sogrinha só aperta os lábios e fica sem jeito.

– Talvez. Mas preciso dizer antes de mais nada que há um outro lado da história nesse complô.

Endireito minha cabeça, surpresa.

– Outro lado?

– Sim e... bom, melhor outra hora. O Vinícius tá voltando.

Djane move a cabeça de modo a indicar que seu filho estava de volta à ala de observação. O leito de Djane era um desses que ficava no meio, então tinha uma visão privilegiada de modo que eu não precisava me mover para confirmar a informação. Antes que ele nos alcançasse, sua mãe se vira na cama e cochicha pra mim:

– Vê se vocês não brigam de novo, viu. Não gosto dessa carinha de vocês. Acho que agora ele te leva pra casa.

– Como a senhora sabe?

Ela não responde e não precisa, porque a primeira coisa que Vinícius fala quando chega próximo a nós, meio sem jeito, é:

– Mi, você quer ir pra casa?


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Notas finais do capítulo

Eita que desandou!
Já Djane pianinha... até eu desconfio. Sei não. Mais mistério pra nossa coleção é desvendar esses tais motivos... Alguém arrisca algo?

E sobre desvendar as mil temporadas (mentira!) de MoE? Ah, essa é fácil.
Comecei a quebrar em temporadas pra ter mais controle dos muuuuuitos capítulos e não assustar vcs, leitores - além, claro, de enfatizar fases da fic. Fico feliz que mtos persistem na história por gostarem da galera. Pelo que conferi esse post seria do capítulo 202. Acreditem, ainda tô besta aqui. DUZENTOS CAPÍTULOS. EU ESCREVI DUZENTOS CAPÍTULOS. Já plantei pé de feijão no quintal quando criança, então acho que posso riscar ~escrever um livro~ da lista de coisas a fazer na vida, apesar de não ser de fato um livro, né haha

Vou nem conferir quantas páginas já foram, não quero me assustar mais que isso :D

É engraçado contabilizar tudo assim, olhar pra trás. Como bem já mencionei outras vezes, MoE iniciou-se em 2011. No ano seguinte foi complicado pela faculdade e me exigiu uma longa pausa, que foi recompensada em 2013, qnd comecei a postar mesmo. Sei lá, a coisa engatou e qnd me apercebi, era o começo do fim.

Não era pra ser essa long (meu Deus, DUZENTOS, sim, ainda tô espantada) ou pelo menos não tão novela. Mas MoE não se faz pelos números, culpem a história, que roubou as rédeas de mim. Isso não quer dizer que ficou sem controle, muito pelo contrário, ganhou foi mais espaço, desenvolvimento e abraçou, com o tempo, mais e mais núcleos.

Os planos pra 2015 com certeza é de a iminente despedida. Foi bom enqnt durou (e dura), não pretendo fazer essa loucura de novo. Quero explorar outras :))

É como a própria sinopse diz: "todo fim é espaço para um recomeço. E, claro, abertura para novas odisseias."

Espero não ter assustado vcs com os números. Até a próxima!



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