Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Agora vocês entendem, posso ser malvada de parar bem ali, mas sou bondosa de trazer logo o próximo. Mas isso não garante nada hahahahaha #bichamá

Enjoy!



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Pode uma pessoa estar mais preocupada em como o outro pode receber a notícia do que com o próprio acontecimento? Descobri que sim.

Era mais que estranho.

Usualmente, quando passava por uma coisa tensa assim, uma das primeiras coisas que fazia era arrumar uma desculpa para encobrir aquilo. Tinha lá meu histórico e até estratégias bem fundadas para alguns casos. Nem sempre dava tempo, era verdade, só que agora que as coisas mudaram, meus planos também passavam por uma transformação.

E era isso, precisava de novos planos de abordagem. Se desde os gregos as tragédias tinham roteiros, ao que parecia, eu precisava formulá-los. Quer dizer, formular como começar meus relatos, pois o “preciso de você calmo” claramente não funcionava com meu irmão. Porque sim, já testei uma vez e, embora não todo falho, não fora lucrativo também.

Terá alguma maneira de contar uma coisa dessas sem que ele não pire?

Claro que não, óbvio que vai ficar ensandecido, posso apostar.

Mas o quanto ensandecido?

Que tal começar com essa: “Murilo, hoje o Hermani não só latiu como me mordeu”? Não, péssimo, péssimo! Primeiro que não entenderia minhas referências, segundo que “preciso de você calmo” era até melhor.

Isso que dá você resolver contar a verdade, uma verdade não tão bonita assim de se dizer. Tudo dependia da maneira como relataria, pois isso que determinaria o efeito, a reação, sei lá. Sei lá mesmo, eu não era bem experiente nisso de falar a verdade, não com todas as letras, na lata assim, pá, pum, aconteceu X e Y, o que era péssimo de minha parte, e mesmo com minhas boas intenções, era hora de experimentar e aprimorar minhas técnicas e estratégias de embromação – olha o que a pessoa está tramando.

A boa embromação, digo.

De qualquer forma, merda, vou ter que contar pro meu mano.

Era nisso que armava em meus pensamentos enquanto estava sozinha à sala do diretor. Juro juradinho que uma das coisas que mais prezava ultimamente era me manter fora de confusão. Bem que eu tentava, viu, bem que eu tentava. Já sobre essa com o André... Bom, eu só não podia imaginar que ele ficaria tão alucinado. Não daquela maneira. Ele nunca tinha me assustado assim, André só latia mesmo.

E em pensar que fora tudo por um jet-ski, o absurdo novamente se fazia risível. Só que um riso um tanto sombrio.

Não foi bem esse sorriso que Thiago, meu supervisor, trazia ao rosto quando adentrou a sala, estava ali para me tranquilizar, acho. Um tanto perdida no que tinha acabado de acontecer, só o fitei mesmo quando entrou, logo eu continuava feito uma estátua encarando as ondas que minhas batidas ao copo descartável faziam na água que lá continha.

– Não se preocupe, por essa você não será notificada.

Ainda bem!

Thiago falou brincando que eu sei, embora detivesse uma ponta séria em sua voz. Apenas legal, muito legal para minha imagem. Que bela entrada na empresa André me cedeu. É uma raiva tardia que me aparece, e que tento ignorar, pois de mim, nem isso ele merece.

Restava-me mesmo era a chateação. Ah, droga. André não tinha melhor coisa para se fazer, não? Ele se faz de pedra no meu sapato até quando some! Porque continuo quebrando cabeça, preocupada, sobre como Murilo vai ouvir isso. E Vinícius! Teria pelo menos umas horas pra pensar até a noite.

Thiago puxa uma cadeira e senta-se ao meu lado, observa-me cuidadoso, quase agachando-se no próprio assento para se manter perto de mim.

– Está melhor? Por que não se afastou dele?

Dou de ombros. O que passou, passou.

– Só achei que ele não tentaria algo... Quer dizer, é o Hermani, ele só fala, não age. E quando faz alguma coisa, nunca dá certo.

Tinha mil exemplos na manga para provar meu argumento, só prefiro não comentar. O assunto “André” já tinha dado pra mim. Era bom que não o visse na faculdade hoje também, não planejava contar de pronto para Gui, senão mais briga ia render e de brigas estou cheia. Se notasse qualquer clima suspeito, eu daria meu jeito de desviar, só isso, e não mentir.

– Você não pode sair confiando assim, Milena. Tem certeza que está bem?

Assinto, mais calma. Havia chorado um pouco, o que acredito ter sido pelo susto. Foi um baita susto, então eu tava no meu direito.

– Sim.

– Mesmo?

– Mesmo.

– Quer ligar para alguém? Precisa de alguma coisa?

– Não, não. Vou com o Gui, ainda tenho que passar na faculdade, temos umas pendências lá pra resolv...

Paro de falar quando noto que Thiago volta-se para sua cadeira, sentando-se mais ereto e olha para a porta, que eu nem tinha ouvido ser aberta. Com um assentir, meu gerente-chefe me sussurra umas melhoras e se põe de pé, para receber uns documentos. É Filipe quem os traz e entra na sala com uma expressão que não consigo interpretar bem, pois me virei de volta, para sua mesa. Mais que rápido, ele fica atrás de minha cadeira e posso sentir que me avalia.

Não saberia dizer, Filipe me parecia ainda nervoso, inquieto. Eu, no entanto, estava mais para acanhada. Não era novamente uma situação que queria passar com ele, ainda que fosse ele meu “herói”. Se já não me sentisse estranha o bastante, a coisa se eleva mais conforme conversamos.

– Tudo ok? Ele não te machucou não, né?

– Não. O senhor chegou a tempo de qualquer coisa. Obrigada.

Nisso, rodeia minha cadeira, passa pela sua mesa e senta-se na poltrona de diretor. Após ter me deixado aqui em sua sala, ele havia saído transtornado, algo acontecia em questão administrativa e foram o chamar para resolver. Nesse meio tempo que esteve fora, imagino que tenha falado com a segurança, pra se certificar que André estava fora da empresa.

– Acho que devia fazer um boletim de ocorrência contra ele ou algo do tipo.

– Não! Não será necessário... foi... apenas besteira.

Com certa autoridade, Filipe me repreende. Reorganizava uns papéis na sua mesa, assim teve de parar para frisar bem:

– Besteira não, Milena. Ele estava te agredindo. É pior que assédio.

Não dava para dissuadi-lo daquilo, então era melhor concordar, né?

– Ok, sim. Mas sem passagem na polícia, tá? Não quero ter que prestar depoimento ou coisa assim de... novo.

Esqueci totalmente que Thiago detinha-se ao recinto ainda. Ouvi que ele deu um passo para perto da mesa assim que eu declarei o “de novo”. Que vergonha, que vergonha, que vergonha, Senhor!

É claro que ele se espanta. Ou nem tanto assim. Por isso me explico. Ou tento fazer com que minha imagem não desça pelo ralo de vez.

– Você tem passagem na polícia?

– Não! Quer dizer... Ano passado minha casa foi... hã... invadida.

Merda de novo. Filipe me olhou justinho nessa hora. Só que foi tão rápido que nem deu tempo de verificar o que era sua expressão.

Acho que ruborizei. Termino por emendar então:

– Na verdade foi um mal-entendido. Aí tive que ir na delegacia prestar esclarecimento.

Filipe não respondeu, foi Thiago quem aproveitou a deixa:

– Bom, pra quem já disferiu uns belos golpes por aí, acho que você poderia saber lidar com um ladrão.

Eu que o diga! Já quase quebrei o nariz de Filipe por causa disso.

Foi só eu pensar isso que trocamos um olhar rapidamente sem que o outro percebesse. E já que o clima estava amainando, tive a bela ideia de responder, deixando-me levar pelo tom brincalhão, ainda que nervoso, também.

Só que devia ter ponderado melhor sobre isso...

– Ah, sim. Ano passado eu também quebrei um vaso na cabeça de um... Só que aí vi que não era ladrão.

Também não me orgulhava dessa história em particular. Só de lembrar...

– Vou frisar bem sobre as regras de conduta quando você for efetivada na segunda-feira.

Meu chefe tinha um humor instável, apesar de muito boa pessoa. Com esse jeitão todo dele acabei não me sentindo tão mal assim e aos poucos o susto se dispersava. Por isso devolvi a graça antes que ele nos deixasse sozinhos.

– Por favor, frise.

Mas para o que veio depois, eu preferia mil vezes passar uma vergonha com Thiago do que uma mais com Filipe. Controlado dessa vez, puxou papo comigo enquanto terminava de distribuir uns processos a sua mesa. Acho que eu esperava por sua dispensa. Era uma moça educada, apesar de todos os socos que já dei.

– Um vaso, hein. Durona. Iara comentou comigo uma vez.

– Na realidade, eu faltei morrer do coração quando eu vi quem era. Senhor sabe...

Acontece que ele não sabia.

– Quem era?

Primeiro saltei os olhos. Segundo, desviei remexendo na minha bolsa, hesitante de continuar aquilo. Céus, o que eu diria? Que quase matei o filho dele? Que achei que tinha matado seu garoto? Thiago, volta aqui, vamos conversar!

Aquele silêncio de minha não resposta e espera dele era ainda pior. Amassei um lábio no outro e engoli a seco, abaixando a cabeça. Eu teria que dizer. Um dia ele saberia, não? Por que não começar a testar estratégias de como contar a verdade com o sogrinho?

– Q-q-quem era? O senhor não sabe?

Sem querer gaguejei. E que bela enrolação era a minha. Digna. Digna de pena, isso sim. De repente sair de supetão e ignorar minha educação seria uma opção melhor.

Filipe traçou um caminho mais rápido, chutou o primeiro que lhe veio à cabeça:

– Ai, Deus, foi no Murilo?

Por que todo mundo sempre acha?

Ok, melhor não pedir resposta. Até porque eu tava me complicando mais.

– N-não. Foi... hmmmm... no Vishnichius.

Claro que abaixei a voz o máximo que pude na hora de citar o nome. Me sentia novamente naquele bar bebendo leite com meus amigos por falta de bebida melhor e Gui soltando todas as minhas peripécias. Podia ver bartender se afastar institivamente de mim. Não era por menos.

Ó facepalm de vida.

– Quem? Não ouvi.

Ó inocência num pobre homem...

Mais uma vez me segurei. Não sei se queria ser aquela quem o contaria isso.

– Milena... está me deixando preocupado. Se não foi no Murilo... em quem foi?

Bati uma sapatilha na outra, olhando dessa vez para o chão.

Ok, hora da verdade.

No um, dois...

Respira, Milena, você consegue. Não precisa olhar direto nos olhos dele.

Derrotada, revelo de vez:

– Foi no Vinícius.

Por favor, não me mata por quase matar seu filho?!

– O quê? MILENA!

– Pensei que o senhor soubesse!

– Bom, Iara não me contou ESSE detalhe!

Ele estava zangado comigo e eu tinha culpa nesse cartório. Assim me pus de pé, já recuperada (ou não!) e dei meu jeito de sumir dali. Me bastava essas situações todas, oras. Iria encontrar o Gui, obter minhas gelatinas, pegar minha nota e ir pra casa. Metade do dia tinha se esvaído já, o que era muito bom pra minha sanidade.

– É, então melhor eu, enquanto funcionária, melhor deixá-lo sozinho, porque, senhor, enquanto meu sogro... bom, eu não tenho onde enfiar a cara.

Eu não tinha!

~;~

– Aconteceu uma coisa estranha.

Saltei meus olhos pela segunda vez no dia, achando por um segundo que Gui havia me descoberto. Mas não teria, teria? A última coisa que pedi a Filipe antes de sair era que abafasse o caso. Thiago também não iria espalhar e ninguém mais sabia do ocorrido. Com exceção dos seguranças, claro.

Iara não estava na empresa, tinha dado uma saída para resolver uns pepinos. Foi o que Gui me disse quando o reencontrei na sala de espera. Ele me esperava há bastante tempo na verdade. Depois de sair do escritório do diretor, dei uma passada básica no banheiro só pra apagar qualquer vestígio daquele incidente. Deus abençoe por a maquiagem ser portátil, aliás. A que usei não era minha, mas das meninas que estavam no banheiro feminino.

– O-o que aconteceu?

Ainda bem que Gui se mantém concentrado na direção, pois não me viro para ele, fico mentalizando ser casual e calma enquanto observo o trânsito ao redor sem na realidade captar muito. Quando seu celular notificou uma mensagem, ele puxou o aparelho para uma vista rápida, sem se deter. Estávamos a caminho da faculdade. Era um pouco cedo para ir, mas quem sabe professora Silvana se adiantasse hoje? Afinal, havia outras turmas também para dar suas notas.

Desejava muito que assim fosse, me livrava logo. Como da última vez, ela pareceu ter ouvido minhas preces. Silvana poderia ouvir de novo, né? Vai que acontece?

– Minha mãe.

Nunca pensei que sentiria tanto alívio de ouvir falar da vaca desgraceira. Digo, da mãe de Gui. O fôlego que prendia saiu que ele nem notou, estava imerso demais naquilo.

– Que tem ela?

– Não sei bem. Esses dias ela não tá tão invasiva e agora me mandou uma mensagem. Suspeita talvez.

– O que diz?

– Para que me lembre que tem um evento importante para irmos em breve. Que ela não vai me pressionar a ir e nem vai dar conta com quem irei. Se irei...

– Isso é bom, né?

– É, eu acho. Não deixa de ser suspeito.

Concordo. Porém, para não dizer que desrespeito a mulher e procuro briga, desvio dessa opinião.

– Vai ver aquela sua “rebeldia” esteja dando certo.

– É, vai ver. Esse dia só ficaria mais completo e perfeito se...

Ele não precisa terminar a sentença para que eu entenda. Flávia. Se Flávia desse uma chance a ele e a eles novamente como casal. Queria poder falar que ela tem estado bem balançada esses dias, assim como ontem aparentava mais calma e com os pensamentos entrando nos eixos. Repensava na verdade sobre aquela proposta dele. Acabei por replantar um “e se...” na cabeça dela e isso se alastrou, tomando vida lá dentro.

Enquanto conversávamos, até Dani sentiu um clima melhor vir dela, pois piscou pra mim. De alguma forma, a saudade a tinha a anestesiado. Enquanto guardava e retratava sobre o melhor de Gui – que virou tópico de discussão – vi em minha melhor amiga que havia certa tranquilidade em falar dele. Não a machucava mais. Pelo menos não como foi por aquelas primeiras semanas de separação deles.

Esperançosa, quero que meu amigo tenha seu dia “completo e perfeito”, tinha em mim um quê de confiança de que podia dar certo.

– Por que não tenta de novo hoje?

Duvidoso, Gui hesita. Mal tira os olhos da avenida para mim, embora mostre certa ansiedade sobre isso:

– Acha que...?

– Acho que seria um bom dia para tentar, digamos assim.

Devo ter tanta esperança que quase pude sentir o mel sair da minha boca só de imaginar. Eles mereciam essa volta e, ao que parece, a vac... a mãe dele está dando uma trégua. O mais sensato sim seria esperar para ver, mas não sei, novamente sinto que devo dar um empurrãozinho nos dois.

– Mas eu tinha prometido dar um tempo...

– Gui, ouça a voz da sabedoria.

Acho que estava inspirada.

– É disso que tenho medo.

Ou não.

Ouch! Que facada no coração!

– Eu falo sério, Mi. Não sei se aguento ser rejeitado mais uma vez. E se o que ela mais precisa é de tempo? Posso... ser amigo dela. Ainda que sinta uma falta tamanha, e-eu... sei lá. Posso tentar. O que não consigo é parar de pensar nela. Me chame de bobo e idiota o quanto quiser, mas passei tempo demais esperando que ela me notasse. Fui eu quem me apaixonei primeiro.

Ok, isso ele nunca tinha me dito. Não com todas essas palavras.

Me surpreendeu, na verdade.

– Quem te disse isso?

– Sei disso. Ela só foi notar minhas investidas muito tempo depois.

Queria poder guardá-lo num potinho e conservar esse feeling fofo para sempre. Por isso não deixo de destacar:

– Isso foi lindo, cara.

– Não é tão lindo enquanto a pessoa não corresponder. E continua não lindo enquanto estou longe dela.

Tá, relevo porque ele tem o direito de ficar chateado. Só por isso.

Dou de ombros, ele me sacaneia.

– Continua lindo pra mim.

– Aff, você não conta.

Agora eu me chateio. Ou finjo me chatear.

– Ah, tá, obrigada pela parte que me toca. Eu aqui dando a maior força, sou esculachada. Pois deixa, da próxima vez que a Flá vier com um “posso reconsiderar a proposta dele”, eu vou dizer que não, viu.

Talvez eu devesse reconsiderar que quanto mais você falar o que não deve às pessoas, menos deve levar a mão à boca feito um sinalizador gritante ao ar de que soltou o que não era pra ter soltado. Não é uma boa técnica, pois dá muito na cara.

Por um segundo me pergunto se é por isso que Murilo falha tanto em guardar segredo, já que ele é o primeiro a se integrar que esconde algo. Ele tem esse coração bom que felizmente o manda dizer a verdade, deve ser o cérebro que não acompanha. Comigo acho que acontecia era o contrário.

Vivendo e aprendendo, Milena.

É claro que Aguinaldo deu conta disso. Digo, de que dele eu guardava essa história de Flávia. Eu estava TERRÍVEL hoje para revelações.

Por isso viro o rosto conforme ele tenta virar para mim, dividido entre a conversa e o comando ao carro ao passarmos por um retorno. Como se o tivesse traído ou algo assim, Gui passa de sossegado para uma pilha para comigo:

– Quando ela disse isso?

– Ont... errr... Algum dia aí.

Ser verdadeira assim, na lata, dá trabalho. Olha o que estou dizendo. Estou sem querer entregando a Flávia. Ela vai me matar.

Se eu disser que faz parte do meu novo eu, desistiria ela de me tacar uma pá e de me enterrar? Droga, não tem jeito. Dizendo verdades ou mentiras eu me meto em confusão. Ou melhor, faço confusões.

Isso que dá ser melhor amiga dos dois! Eu devia era culpá-los. Isso!

E eles deviam ficar logo juntos. Aí acabava isso mais rápido.

– Ontem? Ela disse ontem? Como é que não me conta uma coisa dessas, caramba?

Faço certo descaso para que ele não pire mais ainda. Só que ele pira.

Tá, nem tanto.

– Gui, se eu for te contar tudo, cara... Não dá!

– Pois agora que ajoelhou, vai rezar tudinho. E ai de ti se esquecer uma vírgula!

– O que, vai me deixar plantada na avenida?

Ironizei, só brincando com o perigo. Gui, por outro lado, é categórico.

– Te deserdo.

A gente não é de discutir ou brigar sério, e não seria dessa vez também. Mesmo quando um de nós faz algo de que o outro não concorda, não conseguimos ficar brigados. Nos acostumamos com nossas brincadeiras e temos algumas delas até para essas discussões. Não importa o quanto nos deserdamos, a gente acaba se falando uma hora e é como se não tivéssemos discutido. Era como eu costumava querer que fosse minha relação com o Murilo, mas Gui sempre seria um “irmão” diferente. E quanto a irmãos, não se deve comparar.

– Eu consigo lidar com isso, seu bobo.

– E sem gelatina?

Ah, isso me chama a atenção. Se Flávia queria me assassinar se não levasse os prometidos chocolates, eu assassinaria meu melhor amigo sem dó nem piedade se me tirasse a única coisa doce e boa deste dia. Fico tentada de contar sobre o conselho de seu Júlio, mas ele provavelmente acharia que eu o enrolava.

Então fiz drama.

– Tá, aí tu quer morrer e me levar junto. Não se mexe com uma garota na TPM, lembra?

Ele sorriu. O sacana sorriu e sorriu maldosamente. Capturei de seu perfil ao meu lado no carro de que ele daria uma de espertalhão. Às vezes Gui consegue ser tão transparente que me pergunto se ele sabe disso.

– Não quando ela está explosiva. E você tá no ponto sentimental certo de arrancar informações. Não me esqueço também que jurou não mais mentir. Pelo menos pra coisas sérias. Sou seu melhor amigo, droga, me dê crédito também.

Bufo ante sua tentativa e sei internamente que já perdi essa batalha. Ele merecia essas informações, ele merecia ser feliz. Tentar de novo ser feliz. Se eu podia fazer algo a respeito... por que não?

Mas claro, sem dar tanto gosto da vitória a ele. Eu lá sou besta? Convivo com um Murilo, aprendi que a gente tem que saber ceder na hora certa e com certa resistência só pra manter o suspense da coisa. Rio silenciosamente para comigo ao lembrar-me que meu mano quase pirou quando eu fiquei guardando informações sobre a Aline, quando tive a oportunidade de conversar com ela e, sem querer, soltou-me umas coisas valiosas.

Ah, Gui, você devia era me agradecer!

– Isso é chantagem.

– Tá funcionando?

Finjo pensar sobre o assunto, em dúvidas.

– Foi um péssimo argumento... Só estava certo numa coisa.

Estávamos a essa altura do suspense chegando ao estacionamento de trás do Center. Ele iria pagar o prometido. Eu também.

– No quê?

– Estou no ponto sentimental certo para me arrancarem informações.


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Notas finais do capítulo

Adoro o Gui, mas competir com o Murilo é difícil. Essa parte então de "- Ai, Deus, foi no Murilo?
Por que todo mundo sempre acha?" eu ♡ ❤ ♡ ❤ :)

E, claro, tem essa cara do Filipe qnd descobre em que peça Milena quebrou o vaso. Iara que não quis contar tudo, imagino - pq né, é meio tenso de se comunicar uma coisa dessas. Mas ele bem devia conhecer a norinha, não?

Agora o próximo já tem uma surpresinha pra fechar o combo, não posso dizer :X
Só digo pra correr XD



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