Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 168
Capítulo 167


Notas iniciais do capítulo

VAMOS DE LOVE NESSE CAPÍTULO? VAMO



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Quando abro a porta para DanBru, dou de cara com a cena mais linda entre os dois. Estavam na calçada, um de frente para o outro, compartilhando um sorriso bobo e encantado. Ou melhor, enamorados. Bruno inclusive estava segurando a mão da namorada e a balançava como quem não quer nada. Pra alguma coisa serviu minha demora em andar e abrir para eles.

Estão tão fofos que tenho até dó de atrapalhá-los. Poderia pegar a bacia de pipoca só para observá-los, mas eu quero detalhes e pra isso tenho que interromper mesmo. Dou um pigarreio para chamar atenção.

— Miiiiiiiiiii!

Mesmo eu empatando as duas figuras, não deixo de sorrir com Bruno todo formoso em sua postura de apaixonado às costas da namorada, que me abraça. O meu sorriso se alarga mais quando vejo Sávio estacionando o carro do outro lado da rua. Com isso, Bruno segue meu olhar e comemora que chegaram todos juntos.

Nos cumprimentamos com animação e, para minha felicidade pessoal, sem constrangimentos. Daniela parece estar mais à vontade com Sávio e ao encontro, com risos soltos e seu carinho imenso.

— Quer carona, Lena?

Fico meio perdida com essa pergunta do Bruno.

— Nas minhas costas. Pra você não se exceder aí.

A ordem é de eu me exercitar, mas não nego essa carona só pela bagunça. Preciso de bagunça, amor e risos leves com esses. Ao subir em suas costas, penso que foi uma boa ideia colocar um short saia, pra segurar bem o absorvente no lugar com todos os meus movimentos. Quero bagunça, mas também quero liberdade de não perambular toda hora pelo banheiro.

Bruno segue logo após Saviara e Daniela fecha a porta de casa. Ao chegar na sala, já declara:

— Antes que eu esqueça, a pizzaria tá aceitando reservas pra virada de ano. Acho melhor vocês se mexerem pra não perderem MEU SHOW.

É claro que dou gritinhos com a novidade, ainda nas costas do Bruno. E com seu comentário adorável, meio que sufoco ele.

— Eu já reservei a minha mesa. E pedi pra ficar próximo do palco. Lena! Ar!

Ao me soltar perto do sofá, não deixo de exaltar a fofura deles.

— É que quero espocar vocês, só isso. E vou falar com as famílias pra ver se rola de passarmos a virada lá. Mesmo se não quiserem, o que acho difícil, eu invado a mesa do Bru!

— Eu junto! Nós, na verdade.

Essa é a Iara, já confirmando sua presença com Sávio. Ele é outro que parece animado com a ideia. Aliás, desde o Natal, tenho o notado bem mais aberto às pessoas. Não sei dizer se é pela Iara, se por si, só sei que gosto mais dele assim. E gosto da Iara com ele. Gosto de todo mundo junto, essa é a verdade.

Ao se sentar perto de mim, ela complementa:

— E levo a câmera pra tirar foto! Ganhei do meu irmãozinho. É uma profissional.

Apenas AMO quando a I fala do seu “irmãozinho”. Não funcionaria com o Murilo, mas só porque temos outra linguagem de amor para se expressar. Uma que, penso, está em atualização acho. Ainda é minha peste, criatura e coisa, claro, porém, algo mais além. Nossa relação está bem mais além. Fico nessa mistura de boas sensações que só encosto na Dani, que desata a falar.

— Vou ser fotografada por uma profissional? Ai que tudo!

— Uma amadora profissional, mas que sabe o que tá fazendo.

— Pra mim tá ótimo!

Iara então me cutuca:

— Falando em foto, as da ceia de Natal já estão quase todas prontas.

— Foi rápido, I.

— Foi um Natal memorável. Véspera e data junto.

Não sei se ela quer dizer pelo papo que tivemos no feriado ou se pelo alvoroço que foi a descoberta do Fred na casa, mas acompanho seu sorriso. Logo lembro de seu mural e de uma coisinha que preparei pra ela. Mas Dani é mais rápida do que eu e não resiste em perguntar ao ver nossas expressões.

— Memorável assim é? Quero saber tudo.

Bato meu ombro no dela, acusatória e sacana:

— Na verdade, quem tem que espocar coisas aqui é tu, bonita. Tu e... tu.

Aponto pro Bruno na poltrona, que se mostra pronto para abrir o bico, todo orgulhoso. Já Iara, bem das minhas como é, dita:

— E sem pipoca?

— Já te disse que amo como você pensa, I? Porque amo. Pipoca saindo.

Me levanto e lanço minha mão pro Bruno agarrar e ir comigo para cozinha. No caminho, lembro de novo do mural e aproveito para começar a zoeira com umas fotos especiais.

— Dani, pode entregar essas fotos aí da mesinha pra I? Essas embaixo do vaso.

Assim que entro na cozinha, escuto gritinhos, gargalhadas e exclamações diversas variantes de “não acredito” pelo conteúdo. Eram as fotos de Murilo e Vinícius deitados sobre nós um tempo atrás, logo que Iara e Filipe começaram a visitar a casa do vô-sogro. Foi no período que tanto Murilo quanto o Vini passaram a aceitar a presença da I no nosso círculo de domingo e que permitiu que eu fizesse uma brincadeira com eles, dorminhocos. Na foto, estavam deitados em seus cochilos e melecados de creme ao rosto.

Era uma lembrança que definitivamente precisava estar naquele mural.

Possivelmente com a de hoje.

~;~

Bacias de pipoca nas mãos e sucos na mesa, distantes do meu pé apoiado lá. Ficamos eu, Iara e Sávio no sofá grande esperando a grande história de DanBru, eles sentados no sofá menor, enrolando sobre quem começa, quem conta.

— Tá, eu fui visitar a Dani no domingo. Fui porque... queria saber como estava depois do que aconteceu na faculdade. Fui primeiro na pizzaria, porque pensei que estaria num ensaio, mas tava fechado.

De largado para ereto, Bruno se ajeita no sofá, de modo a envolver o braço pelo corpo de sua namorada, que, por alguma razão, está bem risonha e se contendo. Mas chegaremos lá.

— Teve um problema na cozinha e tiveram que fechar por um dia.

— Daí fui na casa dela. Só que ela tinha saído e eu não tinha avisado que ia passar lá.

— E por um acaso de vida, logo cheguei e... Encontrei ele com meu vizinho.

— Tava sendo uma boa pessoa, ué, fui ajudar o tio com as compras.

— Daí a gente começou a conversar, falar, né, um pouco do que foi o susto, só que eu ainda tava com umas sacolas na mão e entrei em casa só pra deixar lá, mas minha mãe me pediu pra ir na venda comprar umas coisas. Era bem perto e o Bruno foi comigo.

— A gente tava na fila do caixa quando... Um cara simplesmente deu um esbarrão na Dani. E eu vi que foi de propósito. Era pra chamar atenção. Daí cheguei mais perto e segurei a mão dela assim.

Bruno demonstra como a entrelaçou e Dani deixa escapar um fôlego e tanto de prazer em meio ao seu belo sorriso. Mordisco a pipoca para não soltar mais gritinhos, até porque prometemos não interromper, mas tá difícil não surtar de amor com eles.

— E aí falei, né, que tem cara que não respeita e acha que pode fazer tudo quando encontra uma mulher sozinha. E que mudam na hora que veem que está acompanhada. Só que aí meio que invadi o espaço dela também, mesmo que fosse só pro cara vazar. Eu ia soltar, embora não quisesse, mas...

— Eu também não queria.

Iara me acompanha num gritinho abafado.

— E assim saímos do mercadinho, de compras e mãos dadas. Eu tentando aproveitar o máximo e tentando não ser babaca também por esse contato, afinal... não era pr...

Daniela o interrompe novamente, dessa vez apertando sua mão e levando ao seu colo. Bruno, ao contrário, não parecia tão seguro. Desde a vez que sentiu verdadeiro remorso sobre o que fez na viagem, e então o episódio de revelar isso na faculdade, ele tem estado mais cauteloso. Ele vira para Dani como se toda a sala sumisse de repente e fosse apenas os dois conversando.

— Eu permiti, não permiti?

— Mas estava com medo de estar forçando a barra.

— Eu também. E eu também tentava me agarrar a esse contato o máximo que dava.

Daí sem querer eu solto um “awn” junto de Iara, e os dois parecem notar onde estão e com quem estão. Sávio, na outra ponta do sofá, toma um gole de seu suco para disfarçar um sorriso, todo cortês.

— Enfim, daí esse bobo distraído aqui quase caiu na rua.

— É porque eu tava dando espaço pra essa bonitinha aqui, que tava na calçada e eu tava andando na rua, a gente ainda de mãos dadas e isso por si só me distraiu. Nem vi a pedra.

Dani ri do namorado e é inevitável rir também. Mas me seguro de exprimir qualquer coisa mais sobre a fofura deles para que não parem. Dani então emenda:

— Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra. Essa era do Vinícius de Moraes?

Tá, essa eu ia responder, mas o Sávio é mais rápido e gosto que ele esteja assim, participativo. Ativo na verdade. Atirada mesmo é a Iara, o que também amo.

— Acho que é do Carlos Drummond.

— Tá, continuem, continuem!

Bruno faz uma careta pra Iara, mas retoma o relato.

— Eu aproveitei essa hora também pra puxar um... assunto específico. A virada de ano. Acredito que nossos convidados aqui não sabem bem o que aprontei na virada passada. Se bem que essa eu acho que comentei com o Sávio.

— De vocês estarem na mesma praia? Acho que me falou algo assim.

— É, a gente tava com um grupo de primos e alguns se conheciam e papo vai, papo vem, eles combinaram aquela dinâmica que a gente vê nas séries americanas, de pares toparem se beijar na entrada de ano. A Dani ficou combinada com um cara e eu fiquei uma pilha de ciúmes.

— AHÁ!

Aponto pro Bruno como quem pega alguém no pulo. O que de fato aconteceu.

— Eu sempre disse que você gostava dela. E que tava com ciúmes sim.

— Dizia até demais. Mas estava certa, eu que não queria assumir o que sentia. E sem assumir, meio que interrompi o combinado e beijei a Daniela na cara dura, sem ela saber que era eu ali. Eu não entendia bem o que tava fazendo, só... beijei. E foi incrível. E depois fui terrível com ela. Falei um monte de baboseiras sobre amizade e me afastei.

— Se não fosse a perna da Lena aqui em cima de mim, eu ia aí te dar uns bons cascudos.

Eu, que tinha colocado mesmo minha perna por cima da I, retiro e coloco de volta à mesinha de centro.

— Não seja por isso.

Mas a impeço logo no mínimo ímpeto que ela faz de levantar.

— Tá, depois os cascudos, deixa ele terminar.

— Digo logo que aceito umas na cara, porque eu fiz besteira das grandes. Fiz muitas besteiras na verdade. A Dani me deixava maluco e confuso, mas isso também não justifica. Agora assumo mesmo. Fui babaca e fiz merda. E sim, foi por ciúmes. E um sentimento parecido me bateu só de pensar no que seria a virada desse ano. Não no sentido de impedir que ela ficasse com alguém, mas de infelizmente esse alguém não ser eu.

Dani o beija no rosto, de leve, e toma a vez da história.

— Ele queria saber se eu tinha planos e eu não tinha nada formado ainda. Os primos distantes não poderiam vir, assim como a família não tinha firmado nada, e tem a banda. Mas daí perguntei por que ele queria saber. E ele disse com todas as letras que gostaria de me beijar à meia-noite. Se eu “tivesse o interesse”.

Com aspas ao ar, ela sorri um sorriso meigo e encabulado. Bruno, dessa vez, assume uma expressão sacana.

— E sabem o que ela me respondeu? Que tinha alguém.

Dani dá um tapinha ao ombro dele.

— Tinha, ué. Você.

— É, mas enquanto eu não sabia, tava morrendo por dentro.

Bruno faz drama e Daniela entra na dele.

— Por isso tive que te salvar. Antecipei nosso beijo.

Ela não só faz drama como arrebata ele com um bem na nossa frente. A chuva de pipoca que eu e Iara fazemos neles não bem os alcança, mas nossos gritinhos e o assobio alto do Sávio sim. Eles sabiam que eram comemoração e chateação ao mesmo tempo por pararem a história. Afinal, teriam muito tempo para se pegar. Pra contar o restante não.

— Tá, e o resto?

Com leves selinhos, eles se separam, graciosos e perdidos.

— Onde a gente tava mesmo?

— Vocês se beijaram. O tempo parou.

Bruno olha para Dani, fazendo um carinho em seus cabelos curtíssimos.

— E não é que parou mesmo? Porque eu só queria beijá-la e nunca mais soltar. Por isso perguntei se poderíamos ter uma nova chance.

— Era o que eu mais queria também. Então reatamos ali mesmo.

O show de comemoração se dá novamente com pipoca voando, gritos, assobios, felicitações e beijos, beijos bem animados desse meu casal. Só param mesmo quando a Iara quase engasga ao tomar suco às gargalhadas. Não recomendo, mas realmente, estava difícil não ser feliz assim.

No final da história, os dois me mandaram mensagem, um sem imaginar que o outro também tinha feito isso, enquanto se aprontavam para ir ao cinema e recomeçar com pé direito no escurinho esse extraordinário romance.

Tinha como não querer espocar eles de amor?

~;~

— Afinal, o que o padrinho disse naquele casamento?

Depois do love dos mais recentes pombinhos e um pequeno lanche para complementar a pipoca na barriga, é claro que revelei o vídeo do momento. Aliás, coloquei ele na tela da televisão. Eu não sei de quem foi a melhor expressão chocada, mas com certeza a minha foi a mais dramática ao descobrir que o Bruno soube do vídeo publicado no feriado e não comentou comigo. Ou melhor, não me enviou o link. Logo eu, que queria tanto esse registro!

Para perdoá-lo, agora queria saber que papo motivacional fora esse que fez uma leva de homens – ele, o Murilo e o Vinícius, inclusos – entrarem naquela dança com tanta vontade, soltos e destemidos.

— Já não lembro muito bem o que ele disse por exato, porque ele falou um monte de coisas. Só tem uma que não esqueci: que era para dançar sentindo o ritmo e que esse ritmo deveria ser a forma de a gente declarar nossos verdadeiros sentimentos à pessoa amada. Basicamente o que meu primo Diogo estava fazendo como noivo no palco.

Iara, com graça, se abana.

— Ô como foram verdadeiros.

E o Bruno “belisca” é o Sávio, aporrinhando-o:

— Só falta o Sávio se declarar também, né?

Na mesa da cozinha, Sávio que terminava de mastigar seu sanduíche, não fica encabulado. Pelo contrário, fica sacana.

— Vou esperar o próximo casamento.

Eu, na cabeceira, rio de gargalhar com a cabeça pra trás e rio ainda mais quando o rosto de Iara fica vermelho como uma pimentinha, coisa que ela tenta esconder com o copo de suco. Bruno, ao meu lado esquerdo e de frente para ela, também enxuga a lágrima de tanto rir, só pausa mesmo quando Daniela faz uma declaração especial.

— Só me dizer a data e local que tô lá.

Busco o ar para respirar mais de emoção por ver a Dani mais solta com o Sávio. Não apenas gentil, mas calorosa e divertida. Mas o Bruno acreditaria? Não. Sem aviso e sem ele saber também, meu amigo toca num assunto um tanto delicado, que é o que me faz parar de rir.

— E o Gui, hein? Pensei que ele e a Flávia viriam.

Ao notar o pequeno silêncio que fica perante a mesa, Bruno só levanta uma sobrancelha perdido. Dani, sentada ao lado dele, também olha de mim pra ele e Saviara, sem compreender. Bruno então lembra de um fato antes do incidente.

— Vocês ainda estão brigados, é? Pensei que já estavam de bem. Não são de ficarem muito tempo sem se falar.

Como mais cedo com o Vinícius, sinto que não é mais para desviar desse assunto tão inevitável.

— É, a gente... Não estamos nos falando mesmo. Decidi dar um tempo daqueles dois. Não sei por quanto tempo, mas sinto que vai ser um bom tempo.

— Daqueles dois? Pensei que era só com ele. Até porque no dia do inciden...

Amasso o guardanapo após limpar a boca e o rosto. Falo com uma tranquilidade um pouco atípica e por dentro fico aliviada de poder falar sobre isso, nem que seja o mínimo, de uma maneira mais distante.

— Ali foi uma situação de perigo real e não tive como não agir. E durou só o tempo da emergência mesmo. Eu cheguei a ir na casa da Flávia para conversar um pouco, no feriado até, e acho que foi mais dar um ponto nisso do que para resolver. Não sei se tem como a gente se resolver.

Percebo a expressão levemente atordoada de Iara pelo que digo e que se contém. Não sei dizer se o Bruno nota isso, porque ele está reunindo os copos sujos na mesa. De qualquer maneira, ele emenda, meio penoso pela situação.

— Eu lembro de você falar que era algo sério, mas não podia imaginar essa dimensão toda.

— Às vezes nem eu sei a dimensão toda acho.

Um tanto vaga, falo isso mais pra mim do que pra ele que, sim, percebe.

— E você não quer falar. Tudo bem, eu entendo.

Essa era uma resposta que eu queria ter obtido daqueles dois, mas querer não é poder. Sigo com o que eu quero no momento. Que me parece certo agora.

— Na verdade... Acho que quero falar. Acho que preciso falar isso.

A Iara interrompe, coloca sua mão sobre a minha:

— Não precisa se não quiser, Mi.

— Não, tudo bem. É hora de falar algumas verdades. Se estiverem dispostos a me ouvir.

Sávio se estica para pôr sua mão sobre a de Iara, que permanece na minha.

— Estamos aqui por você.

Daniela também passa seu braço pela pequena mesa e coloca a mão acima da dele.

— Estamos aqui uns pelos outros.

Seu gesto é tão tocante ao contexto deste encontro que me emociono um pouco. Bruno não hesita depois dessa e se junta ao montante de mãos firmes. Os gestos de apoio de todos acabam por ser de uma força que me preenche por completo. Não sei nem por onde começar, mas ao passar pelo olhar de cada um e terminar no do Bruno, me lembro de um episódio específico que pode ser o ponto inicial perfeito.

— Não sei se você lembra disso, Bruno, que teve uma vez que você me ligou, acho que num domingo à tarde e eu não exatamente te respondi.

— Fala da vez que você desligou na minha cara?!

Ele ri e eu encaro isso como um bom começo mesmo, algo mais ameno. Em outro momento, sei que poderia responder algo como “nem digo que já dormi com o Vinícius na linha”, mas não dá para brincar agora.

 - A questão é que eu tava imprestável de sono naquele dia. Quando fico assim, nem sempre consigo corresponder às pessoas, porém... Fico num considerável nível de falar coisas soltas... No limiar do sono.

Ao expressar isso, me ligo de que estou prestes a falar sobre o que a Flávia descobriu. A operação, os policiais, o grande segredo. Me dou conta também que quase todos, com exceção do Bruno, sabem pedaços desse segredo, coisas que eles não têm ideia de como colar e formar uma ideia inteira.

Nem sei se a missão de Max já acabou, mesmo com tudo o que aconteceu no último dia de aula. Por conta do furo que dei, da Flávia pegando informações cruciais, tive que pedir desculpas a ele pela quebra inconsciente de minha promessa e barganha. Senti uma culpa terrível como se eu fosse responsável por algo. Agora... Agora me sinto completamente diferente. Sinto que posso falar sobre isso e se for o caso, até me responsabilizar. Já estamos de férias e o prazo dado por Fabiano também acabou.

Chega de mentiras.

— Então você falou dormindo quando me atendeu?

— Sim. E a Flávia com o Gui fizeram algo parecido... Só que de uma maneira ruim.

Você consegue, Milena. Neles, você pode confiar.

Continuo, com calma, me preparando para aqueles sentimentos ruins de novo. Me recolho na cadeira sem olhar para ninguém como uma forma de proteção, mesmo sabendo que com eles estou segura.

— Enquanto estive na casa da Flávia, no período que o Murilo ficou fora, os dois... hmmm... propositalmente... Eles me esperaram dormir... pra poder me fazer perguntas e obter informações.

Por visão periférica, dá para notar a inquietude tanto do Bruno quanto da Dani, que se estão completamente voltados para mim, mas é ele quem primeiro se manifesta:

— Como assim? Que informações?

Tomo um fôlego e respondo num fio de voz.

— Sobre a relação do Sávio com o Hermani... e todo o papo de eu dar uma chance.

— Mas...? Espera, tá me dizendo que...?

— Tô. Eles invadiram meu espaço. E muito mais do que isso.

— O q...?

Tomo novamente um fôlego pra jogar ar pro cérebro e falar o que ocorreu propriamente. Sem culpas ou voltas. Me ajeito na cadeira para me mostrar mais aberta e retomo com mais lucidez.

— O mais agravante, ou tão agravante quanto, é que nesse processo... acabei falando mais do que deveria sobre... outras coisas. Coisas grandes e complicadas.

Ante ao silêncio deles, complemento, com mais firmeza:

— Acontece que havia uma investigação na faculdade, que tinha não só a ver com o Hermani, mas com tudo o que vimos no último dia de aula. E que agora acho que finalmente posso me abrir sobre isso.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA VEM AÍ FORTE
Mas muito bom ver o Sávio mais solto e sacana, né?
E o Bruno de volta com a Dani ♥ Fiquei como a Milena e Iara, só gritinhos HAHA
Um dia ainda posto essa cena da reconciliação como extra ^.^


Sobre o próximo, vou adiantar só um trechinho:
"- Cara, você devia ter denunciado isso. De alguma maneira, sei lá.
E Sávio entrega outro ponto importante, que deixa o Bruno boquiaberto:
— Acontece que... eu falei com a polícia."

COISAS VÃO ACONTECER!



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